domingo, 25 de junho de 2023

Coragem na travessia (XIIDTCB) (22/06)

Coragem na travessia

“Quem é este homem,
que até o vento e o mar lhe obedecem” 
(Mc 4,41)

No 12º Domingo do Tempo Comum, ouvimos a passagem do Evangelho de Marcos (Mc 4,35-41), que nos apresenta a ação de Jesus que, com Sua Palavra, acalma o vento e o mar – “Silêncio! Cala-te!” (Mc 4,39).

Para aprofundamento e enriquecimento, ofereço dois comentários para reflexão:

- “O Mistério da Encarnação renova-se na História da Igreja: nesta permanece a força invisível (instituída na fé e na esperança) de um povo de pobres, chamado a atravessar as vagas e as tempestades da História numa barca exposta às forças da intempérie.

A fraqueza, a precariedade dos instrumentos e dos meios escolhidos para testemunhar o Reino torna-se o lugar privilegiado, no qual se manifesta o poder de um Outro” (1);

- “O ser da Igreja é, em seu aspecto humano, um ser ameaçado. E não pode ser de outra maneira, porque Deus ainda não é tudo em todos. Em relação à cabeça a Igreja é de natureza claramente divina; como Corpo desta Cabeça, é incontestavelmente de natureza humana.

A Igreja, na medida em que faz depender seu ser de Deus, do evento de Sua Palavra e de Seu Espírito é subtraída às ameaças, justificada, santificada, purificada, preservada do Maligno.

Em seu Senhor Jesus Cristo encontra sua garantia única; somente d’Ele recebe a promessa, somente olhando para Ele adquire a  segurança de sua existência. A fidelidade de Deus lhe promete e lhe garante essa existência. Por parte dos homens que a constituem não existe, de fato, nenhuma garantia no gênero para a Igreja.

Permanece sempre, ao lado da fé, a possibilidade da incredulidade, da heresia, da superstição, como também da ignorância, indiferença, ódio, desespero, até à impotência de sua oração; e isso enquanto durar o tempo, enquanto a manifestação final da vitória de Jesus não tiver dissipado também esta sombra”.

Os ventos fortes e mares agitados continuam a nos atemorizar na ação evangelizadora. Incontáveis desafios, inumeráveis clamores sobem aos céus e pedem nossa resposta solidária, como expressão da compaixão e ternura que devem nos impulsionar constantemente.

Conscientes de nossas fraquezas, limites, imperfeições, empenhemo-nos sempre a fazer o melhor, a serviço da vida e da esperança de novos tempos, novas realidades.

E avancemos nesta travessia, com a certeza de que o Senhor Se encontra em nossa barca, em Sua Igreja, e com Sua Palavra e presença, com a ação do Espírito, experimentemos a bondade e onipotência de Deus, que jamais nos desampara e nos abandona.

A Palavra do Senhor nos acompanha e nos dá segurança nesta necessária travessia: “Silêncio! Cala-te!”.



(1)         Lecionário Comentado – Tempo Comum – Vol. I – Editora Paulus – p.153
(2)        Citado no Missal Cotidiano – Editora Paulus – p.704).

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