“O amor é o pleno cumprimento da Lei”
“Ouvistes
o que foi dito... Eu, porém, digo-vos...”
Reflexão à luz da passagem do Evangelho de Mateus (Mt 5,17-37), encontramos quatro antíteses apresentadas por Jesus Cristo, que não vem
para abolir a Lei, mas para dar a ela o pleno cumprimento.
1ª - “Não matarás” (Mt 5,21-26)
– o Evangelista refere-se a nova interpretação de Jesus: não basta o não
matar uma pessoa, é preciso abafar o mal na sua origem, impedi-lo que nasça e
habite em nosso coração. A condenação não se limita ao momento de matar, mas é
alargada a quem cultiva momentos de ira no coração, ou quem investe contra o
seu próximo com ofensas. Não se pode ofender ninguém, e deve-se cultivar o
máximo respeito de uns pelos outros.
2ª - Adultério (Mt 5,27.30) – Jesus não somente condena o
adultério, como convida a cortar o mal pela raiz, condenando os pensamentos e
desejos já presentes no coração. É preciso fazer todos os esforços para
controlar e submeter os maus desejos ou desejos desonestos, bem como as
paixões.
3ª - Divórcio (Mt 5,31-32) – Jesus afirma que o divórcio não
pode dissolver a união abençoada por Deus, e com isto não se restitui aos
cônjuges separados a liberdade de desposar outra pessoa, de modo que, aquele
que repudia a esposa expõe ao adultério a si mesmo, a esposa, e quem quer que
se case com ela.
4ª - Perjúrio
(juramento) (Mt 5,33-37) – O juramento é uma prova de que as relações entre
as pessoas são falsas. Se a mentira não existisse, não haveria motivo para
recorrer ao juramento. Deste modo, Jesus vai à raiz do problema e afirma a não
necessidade de se recorrer ao juramento, porque a linguagem de todos nós deve
ser sempre sincera e reta – “Sim, sim; não, não”.
Dando
pleno cumprimento à Lei, Jesus exige dos Seus seguidores um amor atento,
profundo, capaz de perceber o espírito da Lei, porque parte do mais profundo do
coração humano; trata-se, portanto de um espírito novo.
Deste
modo o amor é o critério principal que deve caracterizar o discípulo de Jesus,
pois ele vem primeiro que a observância da Lei, e até mesmo, antes do próprio
culto oferecido a Deus. Se não houver amor, de nada adiantam a Lei e o Culto.
Portanto, é possível que não
amemos de fato, e isto acontece quando:
- nos julgamos maiores que os outros;
- exigimos um respeito que destrói a própria fraternidade;
- nos tornamos mordazes, amargos, cáusticos matando, sobretudo
com palavras;
- desonramos o irmão, ou o humilhamos com gestos ou com
palavras;
- somos impacientes e demasiadamente exigentes, sem a atitude de
misericórdia.
Ressoem
as palavras do Apóstolo Paulo aos Romanos:
“Não fiqueis
devendo nada a ninguém, a não ser o amor que deveis uns aos outros; pois quem
ama o próximo, cumpre plenamente a Lei. De fato, os mandamentos: ‘Não
cometerás adultério, não cometerás homicídio, não roubarás, não cobiçarás’,
e qualquer outro mandamento, se resumem neste: ‘Amarás o teu próximo como a
ti mesmo’. O amor não faz nenhum mal contra o próximo. Portanto, o amor é o
pleno cumprimento da Lei” (Rm 13,8-10).
Ó Deus, derramai sobre o nós o Vosso amor em nossos corações,
por meio do Espírito Santo, para que amemos como Jesus amou e não sejamos
escravos da Lei, e assim pautemos todo o nosso pensar e viver. Amém.
Fonte:
Lecionário Dominical – Editora Paulus – Volume I – Tempo comum – pp.254-256
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