Sejamos sinais da Compaixão Divina
Ouvimos na Liturgia do 4º Sábado da quarta semana do Tempo Comum, a passagem do Evangelho de Marcos (Mc 6,30-34), e contemplamos o amor e a solicitude de Deus para com o Seu rebanho, numa incomparável compaixão.
Já no Antigo testamento, Deus já havia prometido ser o próprio Pastor, conforme a passagem do Livro do Profeta Jeremias (Jr 23,1 -6).
O Profeta Jeremias é a voz incompreendida que clama pela conversão e fidelidade do Povo a Deus e ao Seu Divino Projeto Libertador. Por isto é considerado o “Profeta da desgraça”.
Ele denuncia a ação dispersiva dos pastores do seu tempo, e anuncia a pertença do Povo a Deus. Fala da intervenção divina através da repatriação dos exilados (a volta do exílio); a escolha de pastores exemplares e a vinda do Messias.
Já não mais ficarão perdidos e abandonados ao sabor dos ventos e dos mares, dos interesses inescrupulosos de seus pastores, de suas autoridades.
Com Jeremias, aprendemos a confiar em Deus mantendo, nas adversidades, a alegria, a serenidade, a esperança e a paz, e, de modo muito especial, a não usar o povo que nos foi confiado em benefício próprio.
Voltando ao Evangelho, refletimos sobre o regresso dos discípulos que foram enviados em missão, entusiasmados pelos resultados, mas cansados, naturalmente.
Jesus compreende e os convida ao recolhimento, a gozar da intimidade com Ele, recuperando as forças, para não caírem num ativismo que esvazia a vida de sentido e dinamismo.
É preciso estar sempre refeito e disposto para colocar-se com alegria a serviço do rebanho sofrido do Senhor, e nisto consiste a essência de toda atividade pastoral. De modo que podemos dizer tal Cristo, tal cristão.
Questionemo-nos:
- Vivemos num ativismo descontrolado?
- Nossas atividades não são, por vezes, de funcionários eficientes tão apenas?
- Nossas atividades são revigoradas por uma genuína espiritualidade?
- Qual o perigo da fadiga, cansaço, desânimo, diante dos muitos desafios e das respostas que devemos dar diante do povo?
- Diante do rebanho, temos a humanidade e a sensibilidade de Jesus?
- Nosso coração e consciência doem diante dos clamores que brotam da vida do povo simples de nossas comunidades?
- O que procuramos fazer em resposta a estes clamores?
- Como acolhemos e vivemos a proposta de Jesus no cuidado daqueles que nos foram confiados, dentro e fora da Igreja?
Finalizo apresentando um eterno ciclo na vida do discípulo missionário do Senhor por força de seu Batismo: envio, missão, cansaço, descanso, renovação, continuidade.
Começar e recomeçar sempre, sem desânimo, revigorados no Banquete da Palavra e da Eucaristia, a serviço do Reino, até que alcancemos a glória da eternidade, e então brilharemos com os justos, conforme o Senhor nos assegurou.
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