Transfiguração do Senhor: um Mistério de Luz para o discipulado
“Este é o meu Filho amado.
Escutai o que Ele diz!" (Mc 9,7)
No segundo Domingo da Quaresma (ano B), ouvimos a passagem do Evangelho de Marcos (Mc 9, 2-10), sobre a Transfiguração do Senhor no Monte Tabor.
Sejamos iluminados pelo Sermão, do Papa Leão Magno (séc. V), subindo com ao Monte para ouvir o que Filho amado tem a nos dizer:
“O Senhor manifesta a Sua glória na presença de testemunhas escolhidas, e de tal modo fez resplandecer o Seu corpo, semelhante ao de todos os homens, que Seu rosto se tornou brilhante como o sol e Suas vestes brancas como a neve.
A principal finalidade dessa transfiguração era afastar dos discípulos o escândalo da Cruz, para que a humilhação da Paixão, voluntariamente suportada, não abalasse a fé daqueles a quem tinha sido revelada a excelência da dignidade oculta de Cristo.
(...) aos Apóstolos que deviam ser confirmados na fé e introduzidos no conhecimento de todos os Mistérios do Reino, esse prodígio ofereceu ainda outro ensinamento.
Moisés e Elias, isto é, a Lei e os Profetas, apareceram conversando com o Senhor, a fim de cumprir-se plenamente na presença daqueles cinco homens (incluindo Pedro, João e Tiago), o que fora dito:
Será digna de fé toda palavra proferida na presença de duas ou três testemunhas (cf. Mt 18,16). Que pode haver de mais estável e mais firme que esta Palavra?
Para proclamá-la, ressoa em uníssono a dupla trombeta do Antigo e do Novo testamento, e os testemunhos dos tempos passados concordam com o ensinamento do Evangelho.
(...) Porque, como diz João, por meio de Moisés foi dada a Lei, mas a graça e a verdade nos chegaram através de Jesus Cristo (Jo l, 17). N’Ele cumpriram-se integralmente não só a promessa das figuras proféticas, mas também o sentido dos preceitos da Lei; pois pela Sua presença mostra a verdade das profecias e pela Sua graça, torna-se possível cumprir os Mandamentos.
Sirva, portanto, a proclamação do Santo Evangelho para confirmar a fé de todos, e ninguém se envergonhe da Cruz de Cristo, pela qual o mundo foi redimido.
Ninguém tenha medo de sofrer por causa da justiça ou duvide da recompensa prometida, porque é pelo trabalho que se chega ao repouso, e pela morte, à vida.
O Senhor assumiu toda a fraqueza de nossa pobre condição e, se permanecermos no amor e na proclamação do Seu nome, venceremos o que Ele venceu e receberemos o que Ele prometeu.
Assim, quer cumprindo os Mandamentos ou suportando a adversidade, deve sempre ressoar aos nossos ouvidos a voz do Pai, que se fez ouvir, dizendo: Este é o meu Filho amado, no qual pus todo meu agrado. Escutai-O (Mt 17,5)”.
Este acontecimento contemplamos no quarto Mistério da Luz, um presente que nos foi dado pelo Papa São João Paulo II.
Este acontecimento contemplamos no quarto Mistério da Luz, um presente que nos foi dado pelo Papa São João Paulo II.
Contemplar a glória de Jesus e descer à planície para testemunhar o que ouvimos. Na Planície, no compromisso com a paz, transfigurar a realidade de tantos rostos marcados e desfigurados pela fome, abandono, droga, desamor, desemprego, falta de sentido para a vida, ilhados pela falta da esperança, enfraquecidos pela fraqueza da fé, sem o ardor que queima da chama da caridade...
Subamos ao alto da montanha com o Senhor, e escutemos atentamente o que Ele tem a nos dizer, encorajando-nos para descer à planície, de cada dia, para testemunhar nosso amor e fidelidade à Sua Palavra, ao Seu Evangelho, esperançosos da glória futura, mas corajosamente carregando a cruz do tempo presente.
A subida na montanha, por mais esplêndida que seja a experiência, é apenas um momento provisório daquilo que será nos céus, antes é preciso enfrentar os desafios na planície.
A Transfiguração, enfim, é o pleno cumprimento de toda Profecia e da Lei. É convite para que vivamos nossa vocação profética na prática incondicional da Lei do Amor: a Caridade, que é a Plenitude da Lei, seu pleno cumprimento.
Não nos custa contemplar o Transfigurado, pelo contrário, difícil é reconhecê-Lo desfigurado na Cruz e reconhecê-Lo nos desfigurados na planície e com eles nos comprometermos com a sua transfiguração, a fim de que tenham vida plena e feliz.
“Transfiguração: Na Montanha escutar o filho amado,
na Planície compromisso com o Reino, vida plena e feliz...”.
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