Transfiguração do Senhor: renova nossa confiança e esperança
Ouvimos a passagem do Evangelho de Mateus (Lc 9,28b-36), e contemplamos a Transfiguração do Senhor, e a manifestação da antecipação de Sua glória, mas que é precedida pelo caminho da doação da vida, do Mistério de Sua Paixão, Morte e Ressurreição.
A Transfiguração do Senhor é um momento fundamental em nosso itinerário quaresmal, pois somos convidados à escuta atenta à voz de Deus e obediência total e radical ao Seu Plano, que Jesus realizou plenamente.
A Transfiguração do Senhor é um momento fundamental em nosso itinerário quaresmal, pois somos convidados à escuta atenta à voz de Deus e obediência total e radical ao Seu Plano, que Jesus realizou plenamente.
Assim o fez, porque Ele é o Filho Amado, que deve ser escutado no Monte Tabor e, com a força do Espírito, a Sua Palavra devemos realizar na planície do quotidiano, na história concreta, com suas alegrias e tristezas, angústias e esperanças...
Deste modo, é explícita a mensagem: o caminho da glória eterna passa, inevitavelmente, pela Cruz, e a experiência vivida no Monte Tabor é a antecipação da glória eterna, para que, quando da experiência da morte de Cruz de Jesus, os discípulos não desanimem, e continuem firmes na fé, no testemunho.
Interrogamos: “Vale a pena seguir um Mestre que nada mais tem para oferecer do que a morte na Cruz?”.
A Transfiguração é a resposta: o aparente fracasso da Cruz é a nossa vitória. Deus Ressuscitou Seu Filho e não permitiu que a morte tivesse a última palavra.
Lembremo-nos das palavras do Apóstolo Paulo aos Gálatas – “Quanto a mim, que eu não me glorie, a não ser na Cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, por meio do qual o mundo foi crucificado para mim, e eu para o mundo.” (Gl 6,14).
A Transfiguração é, portanto, uma teofania, ou seja, uma manifestação de Deus. Os sinais são relatos teofânicos do Antigo Testamento: monte, voz do céu, aparições, vestes brilhantes, nuvem, o medo e a perturbação dos três discípulos (João, Pedro e Tiago).
Jesus é o novo Moisés, e com Ele, uma nova libertação. Com Ele, Deus sela uma nova e eterna Aliança.
Moisés recebeu a Palavra, a Lei no Monte Horeb, Jesus é a própria Palavra do Pai a ser ouvida e acolhida.
A Transfiguração é uma mensagem catequética inesquecível na vida dos discípulos: Jesus é o Filho Amado de Deus, que realiza com Sua vida, doação, paixão e morte de Cruz, o Projeto de salvação divina. Ele apresenta um Projeto a quantos queiram ouvi-Lo e segui-Lo.
O caminho que Ele fará e fez é também o caminho daqueles que O seguirem. O aparente e provisório fracasso será uma eterna e verdadeira vitória.
A Transfiguração é uma mensagem de confiança e esperança – a Cruz não será a palavra final, pois no fim do caminho de Jesus, e na vida dos discípulos que O seguirem, está a Ressurreição, a vida plena, a vitória sobre a morte.
Pela Transfiguração do Senhor, testemunha-se que uma existência feita como dom não é fracassada, ainda que culmine na Cruz. A vida plena e definitiva se vislumbra no horizonte, bem no final do caminho, para todos aqueles que, como Jesus, colocarem sua vida a serviço dos irmãos.
Na planície, por vezes, também podemos ser tentados pelo desânimo, e é nesta hora que a Transfiguração do Senhor não permite que nos entreguemos, recuemos.
Avancemos para águas mais profundas (Lc 5,1-11), fortalecidos pela experiência vivida pelos apóstolos, como um grito ecoado no alto do Monte Tabor, para que não desanimemos, pois Deus não permite que nossa vida seja uma marca de fracasso.
Urge que creiamos na Ressurreição, buscando a vida definitiva, a felicidade sem fim, com coragem e renúncias, carregando a cruz, de cada dia, em total fidelidade ao Senhor.
Escutar Sua Palavra no Monte Sagrado não basta, é preciso vivê-la na planície, no autêntico testemunho da fé. Viver a religião não como evasão, fuga, distanciamento de compromissos concretos de amor e solidariedade.
Sendo assim, a religião jamais será um ópio a nos entorpecer, mas um sagrado compromisso com Deus, e, portanto, com Sua imagem e semelhança, com a humanidade, obra de Suas mãos, e com o mundo que nos entregou para cuidar, desde as primeiras páginas da História da Salvação:
“A vida é combate. O primeiro ato do ser humano no seu nascimento é um grito. Ele deverá lutar para viver. Muitos doentes sabem que devem lutar contra o mal, o sofrimento, o desencorajamento, a lassidão.
Desistir de lutar é sintoma de uma doença que se chama depressão. Podemos lutar para nos curarmos fisicamente. Podemos lutar para nos mantermos de pé na provação. A vida espiritual também é um combate.
O Senhor é Alguém que Se deixa procurar. Segui-Lo supõe, por vezes, escolhas radicais.
Nesta semana, aceitemos conduzir um combate. Não para ser os melhores, nem para esmagar os outros, mas para viver e fazer viver.
A vitória neste combate é-nos anunciada neste domingo, em que nos juntamos ao Senhor Transfigurado. Mas Ele diz-nos que, antes de Ressuscitar, deve passar pelo combate da Paixão. A Ressurreição é a vitória do combate pela vida” (1)
A Eucaristia é, portanto, o momento em que sentimos fortemente a presença de Deus, e refazemos nossas forças, porque no Banquete Eucarístico nossa fé é nutrida, nossa esperança é dilatada e nossa caridade é fortalecida.
(1) Citação extraída do site:
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