Transfiguração: O aparente fracasso da Cruz não terá última palavra
Contemplemos a Transfiguração do Senhor à luz do Evangelho de Marcos (Mc 9,2-10) diante de
significativas testemunhas: Moisés (simbolizando a Lei), Elias (a profecia) e
os discípulos João, Pedro e Tiago como testemunhas da Nova Aliança que Ele veio
conosco realizar.
Trata-se de
um momento memorável na vida dos discípulos: Jesus, O Filho amado no qual o Pai
encontra o Seu agrado, tem que ser escutado na “Montanha”, lugar da
manifestação de Deus, e, na Planície do quotidiano, anunciado e testemunhado.
A
Transfiguração é a predição da glória futura que passa inevitavelmente pela
cruz carregada, acompanhada de renúncias quotidianas para maior fidelidade.
Jesus quer assegurar aos Seus que o aparente fracasso da Cruz não terá palavra
última. Que os discípulos não se desesperem nem percam o horizonte do
compromisso que brota com a fé. Passando pela morte Ele Ressuscitará, e assim
todos aqueles que O testemunhar...
Jesus quer
assegurar aos Seus que o aparente fracasso da Cruz não terá palavra última, de
modo que não se desesperem e nem percam o horizonte do compromisso que brota
com a fé.
Ele bem
conhece nossas limitações, fraquezas, medos, desânimos, cansaços... Por isso
nos antecipou, em sinal, a glória futura transfigurando-Se diante dos
discípulos.
Voltemo-nos
para um pequeno trecho da Mensagem Quaresmal do Papa Bento XVI (2011):
“O
Evangelho da Transfiguração do Senhor põe diante dos nossos olhos a glória de
Cristo, que antecipa a Ressurreição e que anuncia a divinização do homem. A
comunidade cristã toma consciência de ser conduzida, como os Apóstolos Pedro,
Tiago e João, «em particular, a um alto monte» (Mt 17, 1), para acolher de novo
em Cristo, como filhos no Filho, o dom da Graça de Deus: «Este é o Meu Filho
muito amado: n’Ele pus todo o Meu enlevo. Escutai-O» (v. 5). É o convite a
distanciar-se dos boatos da vida quotidiana para se imergir na presença de
Deus: Ele quer transmitir-nos, todos os dias, uma Palavra que penetra nas
profundezas do nosso espírito, onde discerne o bem e o mal (cf. Hb 4, 12) e
reforça a vontade de seguir o Senhor.”
O Papa
propõe algo bem forte e concreto: distanciarmo-nos dos boatos da vida
quotidiana para imergir na presença de Deus. Podemos falar de várias feridas
que nos fazem cair nos “boatos da vida”, entre elas a ignorância, a malícia, a
concupiscência e a debilidade do ânimo, a perda da fé, as tentações que o
Senhor venceu no deserto (abundância, prestígio e poder-domínio) etc.
“Distanciar-se
dos boatos da vida...” não é evasão, fuga, ausência de
compromisso; é não ser seduzido pelos ruídos que nos distanciam de Deus e de
Seu Projeto; é não perder o sentido do existir procurando em Deus a fonte
inesgotável de graça, paz e amor para todos nós; é não mergulhar num ativismo
com consequências previsivelmente tristes, estarrecedoras, aniquiladoras... É
não dar ouvidos aos cantares da sedução material do prazer pelo prazer, da
dominação do outro que o leva até mesmo a sua destruição...
Podemos
falar de várias feridas que nos fazem cair nos “boatos da vida”, entre elas, a
ignorância, a malícia, a concupiscência e a debilidade do ânimo, a perda da fé,
as tentações que o Senhor venceu no deserto (abundância, prestígio e poder-domínio)
etc.
Dando mais
um passo no Itinerário Quaresmal, que tem como ponto de chegada e de partida a
Páscoa (a fé na Ressurreição é sempre ponto de chegada e ponto de partida),
queremos subir com o Senhor ao Monte Tabor, distanciando-nos dos fatos da vida
para fazer algo que é extremamente necessário, imprescindível: “imergir
na presença de Deus”.
“Imergir”,
mergulhar, lançar-se com toda confiança; colocar-se diante de Sua presença.
Adorar, escutar, amar, anunciar e testemunhar ao mundo Sua força, amor,
ternura, bondade, presença...
Silenciar
diante do Mistério de Amor. Extasiar-se pelo Seu mais belo esplendor.
Encantar-se, enamorar-se e apaixonada e decididamente colocar-se, por e a Ele,
a serviço, como fez o Apóstolo Paulo (2Tm 1,8-10).
Distanciemo-nos
dos “boatos”, sejamos imersos no mar de misericórdia de Deus. Carregando nossa
cruz transformemos os fatos que nos marcam e desafiam, revendo nossas
mentalidades e atitudes no cuidado do Planeta, nossa casa comum que em dores de
parto geme; escutando seus clamores, buscando alternativas e caminhos,
assegurando não somente a sua sobrevivência, como a nossa e das gerações
futuras, na perfeita dupla solidariedade: solidariedade da sincronia e da
diacronia... Solidariedade entre nós e com aqueles que virão...
Distanciar-se
é preciso! E, assim, imersos no Amor Divino, inseridos, mais do que nunca,
pela Palavra fortalecidos e pelo Pão da Eucaristia nutridos, ardorosas
testemunhas do Senhor sejamos!
Contemplemos
a Transfiguração do Senhor, crendo que o aparente fracasso da Cruz não teve e
nem nunca terá a última palavra.
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