À luz das passagens do Evangelho (Lc 4,1-13; Mc 1,12-15), perguntamo-nos: há alguma utilidade na tentação?
Orígenes (séc. II) nos responde:
“Deus não quer impor o bem, quer seres livres [...]. Para alguma coisa serve a tentação. Ninguém, senão Deus, sabe o que a nossa alma recebeu de Deus, nem nós próprios. Mas a tentação manifesta-o para nos ensinar a conhecermo-nos e desse modo descobrir a nossa miséria e obrigar-nos a dar graças pelos bens que a tentação nos manifestou”.
O Bispo Santo Agostinho, por sua vez, mais tarde afirmaria:
“... Deus Se fez homem para que o homem se tornasse Deus. Para que o homem comesse o Pão dos Anjos, o Senhor dos Anjos Se fez homem...
O homem pecou e tornou-se culpado; Deus nasceu como homem para libertar o culpado. O homem caiu, mas Deus desceu. O homem caiu miseravelmente, Deus desceu misericordiosamente; o homem caiu por orgulho, Deus desceu com a Sua graça...
Só nasceu sem pecado Aquele que não foi gerado por homem nem pela concupiscência da carne, mas pela obediência do Espírito”.
Deste modo, para nós a Quaresma é:
- tempo favorável para tomarmos consciência de nossa condição pecadora, reconhecendo que, miseravelmente, podemos cair no pecado e na tentação, se não nos revigorarmos com a prática dos exercícios quaresmais;
- tempo favorável para tomarmos consciência de nossa condição pecadora, reconhecendo que, miseravelmente, podemos cair no pecado e na tentação, se não nos revigorarmos com a prática dos exercícios quaresmais;
- tempo de nos abrirmos à misericórdia de Deus, que desceu ao nosso encontro para nos renovar, em total reconciliação, restaurando a amizade maculada no início da criação;
- tempo de, reconhecedores de nossa miséria, curar as feridas de nossa alma com a graça de Deus que é abundantemente derramada sobre todos nós por meio de Jesus Cristo que, por amor incondicional ao Pai, morreu e Ressuscitou, e nos enviou o Seu Espírito para conosco caminhar, nossos passos fortalecer, até que um dia possamos contemplar a glória de Deus na eternidade, inseridos na plena comunhão de amor e luz divinal.
Conscientes de nossa miséria e sedentos da misericórdia divina, revigorados pela graça de Deus vivamos, sobretudo neste itinerário quaresmal que estamos trilhando, rumo à Páscoa do Senhor.
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