sexta-feira, 4 de outubro de 2024

Ó Deus, que tanto nos amais

Ó Deus, que tanto nos amais

Reflexão à luz da Leitura Breve das Vésperas, da Carta de Paulo aos Romanos (Rm 8,28-30).

Num contexto de indiferença, e até mesmo negação da existência de Deus, a mensagem do Apóstolo leva-nos a refletir sobre um Deus que nos ama e, incansavelmente, vem ao nosso encontro. 

Fala-nos sobre o Projeto de Salvação que Deus tem para nos oferecer na acolhida do Espírito Santo, lembrando que tudo Deus faz para aqueles que ama – “Sabemos que tudo contribui para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados para a salvação, de acordo com o Projeto de Deus” (Rm 8,28) .

Portanto, é preciso viver na fidelidade à graça divina, tendo a plena convicção de que o Espírito intercede por nós junto do Pai e nos concede a graça para realizar Seu Projeto de Salvação.

Como discípulos missionários, cabe-nos concretizar este Projeto de Salvação, e assim o faremos se, de fato, nos identificarmos com Jesus, fazendo d’Ele nosso mais belo e precioso tesouro, e por Ele tudo renunciamos para segui-Lo, carregando com fidelidade nossa cruz de cada dia. 

Oremos:

Ó Deus, que tanto nos amais antes que tenhamos existido, porque somos obra de Vossas Divinas mãos, modelai-nos como vaso de argila na mão do Oleiro.

Ó Deus, que nos chamais para uma relação filial, comunicando-nos Vosso amor, concedei-nos proteção em todos os momentos.

Ó Deus, que nos predestinais à santidade, ajudai-nos, pois sem o Vosso auxílio ninguém é forte, ninguém é santo.

Ó Deus, que nos justificais, concedei-nos a Salvação por meio do Vosso Filho, que nos tendo amado, amou-nos até o fim.

Ó Deus, concedei com a morte e Ressurreição de Vosso Filho, a graça de sermos eternos, com a morada do Vosso Espírito em nós, a fim de que sejamos mortos para o pecado e vivos para Vós. Amém.

Em poucas palavras...

 


Precisamos de companheiros de viagem nas tribulações

“Frequentemente, um fato humano difícil como o de Jó é a ocasião para alguém enveredar pelo caminho nada fácil do sentido real das coisas, de um significado que possa realmente dar valor à luta quotidiana pela vida.

Nesta caminhada, tão profundamente humana, todos podemos descobrir-nos irmãos, companheiros de viagem e iluminar-nos reciprocamente com os dons que Deus concede a cada um.” (1)

 

(1)               Lecionário Comentado – Tempo Comum – Volume II – Editora Paulus – Lisboa – pág. 474 - passagem do Livro de Jó (Jó 38,1.12-21;40,3-5)

A fecundidade de uma fé autêntica

                                                               

A fecundidade de uma fé autêntica

 

“Pois bem: no dia do julgamento,

Tiro e Sidônia terão uma sentença menos dura do que vós”

(Lc 10,14)

 

Uma reflexão à luz da passagem do Evangelho de São Mateus (Mt 11,20-24; Lc 10,13-16), em que Jesus dirigiu "ais" de lamentação contra as Cidades de Corazim e Betsaida, pela sua incredulidade e não conversão, não obstante Sua presença e sinais realizados.

Hoje, esta mensagem se dirige a nós. Acolhamos as Palavras do Senhor, para que não tenhamos a mesma sorte destas cidades.

Afastemos toda a infidelidade a Deus, e nos empenhemos em esforços sinceros de conversão, pois bem maior é a nossa responsabilidade, sobretudo porque temos a graça dos Sacramentos, a Palavra de Deus e muito mais.

Mais do que membros da Igreja, é preciso que dela participemos ativamente, a serviço do Reino.

E mais do que fazer parte do povo de Deus, é preciso que vivamos como filhos de Deus.

Urge como discípulos missionários do Senhor, renovar a alegria da missão evangelizadora, no fortalecimento dos seus quatro pilares: da Palavra, do Pão, da Caridade e da Ação Missionária.

Acompanhe a fé, que recebemos como dom, a virtude da esperança, e gestos de caridade se multipliquem, como expressão de sua fecundidade e autenticidade.

Façamos um sincero exame de consciência, a fim de que não nos contentemos em apenas ter fé, mas nos esforcemos por vivê-la; pois para que não sejamos meros ouvintes da Palavra de Deus, mas dela praticantes. Amém.


Em poucas palavras...

 


O silêncio contemplativo de Job

"Senhor Jesus Cristo, que experimentastes a rejeição das cidades de Betsaida e de Cafarnaúm, concedei-nos a graça de permanecermos em silêncio como Job, e na escuta confiante da Vossa Palavra." Amém. (1)

 

 

(1)               Lecionário Comentado – Tempo Comum – Volume II – Editora Paulus – pág. 476

 

Silêncio e contemplação

                                                

Silêncio e contemplação

“Deus faz ouvir Sua voz no vértice do furacão”

A Liturgia da Sexta-feira da 26ª semana do Tempo Comum (ano par) nos apresentará a passagem do Livro de Jó (38,1.12-21; 40, 3-5).

Vejamos o que diz a reflexão do Missal Cotidiano:

“Deus faz ouvir Sua voz no vértice do furacão. Jó ousou interrogar a Deus (13, 13-25); responda agora, se pode, às perguntas que lhe dirige o Onipotente.

Jó, porém, não responde. Sente-se pequenino diante de Deus e reconhece haver falado como insensato.

Deus reconduz Jó a justas medidas de indagação. Como poderia perceber o mistério do mal, se é incapaz de descobrir o das coisas e na natureza?

A Jó cabe unicamente conservar a atitude de silêncio porque este é o lugar do encontro com Deus. O silêncio é sabedoria e contemplação.

O homem deve aceitar que haja zonas de mistério no conhecimento das coisas. Hoje, reduzindo tudo à utilidade, à funcionalidade, perdemos o sentido do mistério.

Ao lado da coerência das leis físicas, existe a angústia do desconhecido e, além da angústia, a expectativa de um ‘ainda mais’ de cada coisa, de um horizonte sem limites.

Este horizonte é o Inteiramente Outro, o Absoluto, que Cristo nos mostra ser um Pai que ama e ressuscita Seus filhos”. (1)

Também podemos passar por momentos difíceis e no “vértice do furacão”, no momento ápice destas dificuldades, como Jó, é melhor tomar a atitude do silêncio para o necessário encontro com Deus, que nos permite abertura e acolhida da sabedoria, em frutuosa contemplação.

Nada somos para questionar a onipotência e a onisciência de Deus, uma vez que é onipotente e misericordioso, que nos amou e nos ama para além de quaisquer limites e parâmetros que possamos conceber.

Há momentos que é melhor nos calarmos diante dos mistérios que envolvem a nossa vida, e mergulhar intensamente no Mistério insondável de Deus, para um reencontro conosco mesmos, e com Ele que habita no mais profundo de nós.

Haveremos de, como Jó, nos reconhecermos pequeninos e insensatos diante de Deus, rompendo nossa surdez e cegueira às manifestações do Amor de Deus, que não nos trata segundo a lógica da utilidade e da funcionalidade das coisas, como é próprio que o façamos.

Nem tudo pode ser explicado pela lógica humana. A lógica de Deus, que em muito a ultrapassa, é sempre um desafio e um convite para nós, como foi para Jó.

Calemos e silenciemos contemplativamente diante dos Mistérios de Deus para que descubramos, ouçamos, acolhamos e vivamos Sua Palavra, que requer de nós abertura e confiança plenas.

Creiamos no Senhor, que morreu e Ressuscitou, o verdadeiro Vinhateiro da única vinha de Deus.

Aprendamos com Jó este caminho; dificílimo, mas não impossível para que nos refaçamos diante dos tropeços, quedas e reerguimentos necessários para que vivamos com alegria a Missão que Deus nos confia, como alegres trabalhadores de Sua vinha.

Oremos:

"Senhor Jesus Cristo, que experimentastes a rejeição das cidades de Betsaida e de Cafarnaúm, concedei-nos a graça de permanecermos em silêncio como Job, e na escuta confiante da Vossa Palavra." Amém. (2)




(1) Missal Cotidiano - Editora Paulus - pág. 1340
(2) Lecionário Comentado -  Tempo Comum  - Volume II - Editora Paulus - pág. 476

Jó: modelo de confiança e serenidade

                                                         

Jó: modelo de confiança e serenidade

Na sexta-feira da 26ª Semana do Tempo Comum (ano par), ouviremos a passagem do Livro de Jó (Jó 38,1.12-21;40,3-5).

Reflitamos sobre a necessária confiança na presença e ação de Deus, que jamais nos abandona na realização de Seu Projeto de vida plena e salvação para a humanidade, bem como a realidade do sofrimento, das dificuldades e das adversidades presentes em nossa vida, e a manifestação amorosa de Deus, que quer de nós confiança e entrega total em Suas mãos, com toda humildade.

É o que compreendemos ao refletir sobre a pessoa de Jó, o seu sofrimento e a inquietante interrogação: onde Deus está no sofrimento do inocente?

“Jó é convidado a aceitar que um Deus de quem depende toda a criação, que até submete o mar, que cuida da criação com cuidados de pai, sabe o que está a fazer e tem uma solução para os problemas e dramas do homem...

O homem, na situação de criatura finita e limitada, é que nem sempre consegue ver e perceber o alcance e o sentido último dos projetos de Deus... só Deus tem todas as respostas; ao homem resta reconhecer os seus limites de criatura e entregar-se nas mãos desse Deus onipotente e majestoso, que tem um projeto para o mundo. Ao homem finito e limitado resta confiar em Deus e ver n’Ele a sua esperança e salvação” (1)

A fé vivida por Jó nos permite afirmar que fé em Deus é compromisso contínuo, e não a busca de Deus como consolação imediata. É preciso entregar-se, abandonar-se nas mãos de Deus e não se isolar do mundo:

“O verdadeiro crente é aquele que, mesmo sem entender totalmente os projetos de Deus, aprende a entregar-se a Ele, a obedecer-lhe incondicionalmente, a vê-lO como a razão última da sua vida e da sua esperança” (2)

A confiança em Deus não nos coloca numa postura de espera passiva, de modo que todos os problemas (terrorismo, violência, doenças, catástrofes, injustiças, insegurança etc.) devem nos inquietar em busca de respostas e saídas. Deus, que nos conduz através das armadilhas da história, nos ilumina nesta procura para que tenhamos vida plena e definitiva.



Fonte inspiradora e citações (1) (2):

O Senhor foi prefigurado na pessoa de Jó

O Senhor foi prefigurado na pessoa de Jó

O Bispo São Zeno de Verona (séc. IV) nos fala em seu Tratado sobre a prefiguração de Cristo na figura de Jó.

“Tanto quanto se pode entender, irmãos caríssimos, Jó prenunciava a figura de Cristo, o que é provado por uma comparação:

Jó é chamado de justo por Deus. Ora, Cristo é a Justiça de cuja fonte bebem todos os bem-aventurados. Dele se disse: Levantar-se-á para vós o Sol da Justiça.

Jó é dito veraz. O Senhor, que declara no Evangelho: Eu sou o Caminho e a Verdade, é a própria Verdade.

Jó foi rico. E quem mais rico do que o Senhor? D’Ele são todos os servos ricos, d’Ele o mundo inteiro e toda a natureza, no testemunho do Santo Davi: Do Senhor é a terra e sua plenitude, o orbe da terra e todos quantos nele habitam.

O diabo tentou Jó por três vezes. De modo semelhante, narra o Evangelista, por três vezes o mesmo diabo esforçou-se por tentar o Senhor.

Jó perdeu os bens que possuía. O Senhor, por nosso amor, abandonou os bens celestes e fez-Se pobre para enriquecer-nos.

O diabo, furioso, matou os filhos de Jó. E aos profetas, filhos de Deus, o louco povo fariseu assassinou.

Jó manchou-se pelas úlceras. O Senhor, assumindo a carne de todo o gênero humano, apareceu manchado com as sujeiras dos pecadores.

Jó foi instigado pela esposa a pecar. A sinagoga quis obrigar o Senhor a seguir a depravação dos anciãos.

Apresentam-se os amigos de Jó a insultá-lo. E ao Senhor insultaram os sacerdotes que deviam cultuá-Lo.

Jó senta-se no monturo coberto de vermes. Também o Senhor no verdadeiro monturo, isto é, na lama desse mundo se demorou rodeado de homens estuantes de crimes e paixões, os verdadeiros vermes.

Jó recuperou tanto a saúde quanto a riqueza. E o Senhor, ressuscitando, concedeu não só a saúde, mas a imortalidade aos que n’Ele creem e recuperou o domínio sobre toda a natureza, segundo Suas próprias palavras: Tudo me foi dado por meu Pai.

Jó teve filhos em substituição aos primeiros. O Senhor também gerou, depois dos filhos dos Profetas, os Santos Apóstolos.

Jó, feliz, descansou em paz. O Senhor, porém, permanece o Bendito eternamente, antes dos séculos, nos séculos e por todos os séculos dos séculos”.

Muitas vezes lembrando os sofrimentos dos justos, vem-nos,  imediatamente, à lembrança Jó; mas quantos de nós fizemos um paralelo entre Jó e o Senhor?

Jó no seu tempo, fidelidade inquestionável a Deus.
O Servo Sofredor, no seu tempo, Amor que ama até o fim.

Quão belas lições podemos tirar deste Tratado, para fortalecimento de nossa espiritualidade na fidelidade ao Senhor!

Como Discípulos Missionários do Senhor,
trilhemos mesmo caminho,
Nutridos pelo Sagrado Pão, inebriados e
redimidos pelo Sagrado Vinho!


PS: Liturgia das Horas – Vol. III – pág. 252-253.

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