quinta-feira, 18 de julho de 2024
No Senhor refazemos nossas forças
Batismo: dom, graça e missão
Batismo: dom, graça e missão
“Recebe por este sinal o Espírito Santo, o dom de Deus”
Acolhamos a Instrução sobre os ritos depois do batismo, contida no Tratado sobre os Mistérios, escrita por Santo Ambrósio (séc. IV).
“Em seguida banhado nas águas do Batismo, subiste em direção ao sacerdote. Pensa no que se seguiu. Não foi aquilo que Davi cantou: Como o bálsamo na cabeça que desce pela barba, pela barba de Aarão? É o mesmo bálsamo de que fala Salomão: Bálsamo derramado é o Teu nome, por isto as jovens Te amaram e Te atraíram.
Quantas almas renovadas hoje te amam, Senhor Jesus, dizendo: Atrai-nos em Teu seguimento, correremos ao odor de Tuas vestes, para que respirem o odor da Ressurreição.
Entende de que modo se faz, pois os olhos do sábio estão em sua cabeça. A unção escorre pela barba, isto é, pela beleza da juventude; pela barba de Aarão para te tornares da raça eleita, sacerdotal, preciosa. Porque todos no Reino de Deus somos também ungidos pela graça espiritual para o sacerdócio. Recebeste depois a veste branca, indício de teres despido a crosta dos pecados e revestido a casta túnica da inocência, lembrada pelo Profeta quando diz:
Asperge-me com o hissopo e serei limpo, lavar-me-ás e serei mais branco do que a neve. Ora, quem é batizado vê-se purificado pela lei e pelo Evangelho: segundo a Lei, porque como um ramo de hissopo Moisés aspergia o sangue do cordeiro; segundo o Evangelho, porque eram brancas como a neve as vestes de Cristo quando revelou a glória de Sua Ressurreição.
Mais do que a neve se torna alvo aquele a quem se perdoa a culpa. O Senhor, por intermédio de Isaías, diz: Se vossos pecados forem como a púrpura, Eu os alvejarei como a neve.
Trazendo esta veste, recebida no banho do novo nascimento, a Esposa diz, nos Cânticos: Sou escura e formosa, filhas de Jerusalém. Escura, pela fragilidade da condição humana; formosa pela graça. Escura, por vir dentre os pecadores; formosa, pelo sacramento da fé. Vendo tais roupas, exclamam estupefatas as filhas de Jerusalém: Quem é esta que sobe tão alva? Ela era escura; donde lhe veio agora de repente este brilho?
Cristo, que assumira uma veste sórdida, como se pode ler em Zacarias, por causa de Sua Igreja, ao vê-la em vestes brancas, com a alma pura e lavada pelo banho do novo nascimento, diz: Como és formosa, minha irmã, como és formosa, teus olhos parecem-se com os da pomba, sob cuja forma desceu do céu o Espírito Santo.
Lembra-te então que recebeste a marca espiritual, o Espírito de sabedoria e de inteligência, o espírito de conselho e de força, o espírito de ciência e de piedade, o espírito do santo temor. Guarda o que recebeste. Deus Pai te assinalou, o Cristo Senhor te confirmou e deu o penhor do Espírito em teu coração, como aprendeste com a Leitura do Apóstolo”.
Esta Instrução é enriquecedora, para que reflitamos sobre a graça que no dia do Batismo recebemos, assim, como o dia em que fomos confirmados com o Dom do Espírito Santo, quando ungidos e assinalados pelo Óleo do Santo Crisma, e enriquecidos com os sete dons, como ele mesmo assim o descreveu.
Em todo o tempo, agradeçamos a graça que Deus nos concedeu pelo Batismo, de sermos Templo do Espírito Santo, e agraciados pelos sete dons quando confirmados na fé.
Agradecer e viver esta graça e missão: dom de Deus e resposta nossa ao amor Seu Amor e confiança em nós, ainda que não mereçamos, como vemos nesta afirmação do Bispo:
“Sou escura e formosa, filhas de Jerusalém. Escura, pela fragilidade da condição humana; formosa pela graça. Escura, por vir dentre os pecadores; formosa, pelo sacramento da fé.”
Oportuno retomar esta Instrução em nossas Pastorais, de modo especial, na Pastoral do Batismo e do Crisma.
Oremos:
“Ó Deus de eterna misericórdia, que reacendeis a fé do Vosso povo na renovação da festa Pascal, aumentai a graça que nos destes. E fazei que compreendamos melhor o Batismo que nos lavou, o Espírito que nos deu a vida e o Sangue que nos redimiu. Por nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na Unidade do Espírito Santo. Amém”.
Peregrinando na esperança, supliquemos ao Bom Pastor
Peregrinando
na esperança, supliquemos ao Bom Pastor
Sejamos
enriquecidos pelo comentário sobre o Cântico dos Cânticos escrito por São
Gregório de Nissa (séc. IV):
“Onde
pastoreias, ó Bom Pastor, Tu que carregas sobre Teus ombros a toda a grei? Toda
a humanidade, que carregaste sobre os Teus ombros, é, de fato, como uma só
ovelha.
Mostra-me
o lugar de repouso, guia-me até o pasto nutritivo, chama-me por meu nome para
que eu, Tua ovelha, escute a Tua voz, e Tua voz me conceda a vida eterna: Avisa-me, amor de minha alma, onde
pastoreias.
Chamo-Te
deste modo, porque Teu nome supera qualquer outro nome e qualquer entendimento,
de tal forma que nenhum ser racional é capaz de pronunciá-lo ou de
compreendê-lo. Este nome, expressão de Tua bondade, expressa o amor de minha
alma por Ti.
Como
posso deixar de Te amar, a Ti que me amaste tanto, apesar de minha escuridão,
que entregaste a Tua vida pelas ovelhas de Teu rebanho? Não se pode imaginar um
amor superior a este, o de dar a Tua vida por minha salvação.
Ensina-me, portanto - diz o texto sagrado -, onde pastoreias, para que possa
encontrar os pastos saudáveis e saciar-me do alimento celestial que é
necessário comer para entrar na vida eterna; para que possa ainda acorrer à
fonte que proporcionas aos sedentos com a água que brota de Teu lado, manancial
de água aberto pela lança, que se torna para todos os que dele bebem uma fonte de água que jorra para a vida
eterna.
Se
me pastoreias desta forma, me farás recostar ao meio-dia, sestearei em paz e descansarei sob a luz sem mistura
de sombra. Durante o meio-dia não existe sombra alguma, já que o sol está a
cimo; sob esta luz meridiana fazes recostar aos que pastoreaste, ao pores Teus
ajudantes contigo em Teu quarto.
Ninguém
é considerado digno deste repouso meridiano se não é filho da luz e filho do
dia. Mas aquele que se afasta das trevas, tanto das vespertinas como das
matutinas, que simbolizam o começo e o fim do mal, é colocado pelo sol de
justiça na luz do meio-dia, para que repouse debaixo dela.
Ensina-me,
pois, como devo recostar-me e pastar, e qual seja o caminho do repouso
meridiano, não aconteça que por ignorância me afaste de Tua direção e me junte
a um rebanho estranho ao Teu.
Isto
diz a esposa do Cântico, solícita pela beleza que lhe vem de Deus e com o
desejo de saber como alcançar a felicidade eterna.” (1)
Como
Igreja sinodal, caminhando sempre juntos, façamos nossa esta oração ao Bom
Pastor em todos os momentos, sobretudo nos mais adversos.
Grandes
são as dificuldades e desafios, maior é a força e onipotência divina que vêm em
socorro de nossas fraquezas.
Como
peregrinos da esperança, precisamos contar com a presença e a ajuda do Bom Pastor, Jesus, que caminha conosco, e nos
convida - “Vinde a mim vós que estais
cansados sob o peso do vosso fardo e vos darei descanso” (Mt 11,28).
(1)
Lecionário Patrístico Dominical - Editora Vozes - 2013 - pp.
433-434
"Coragem! Sou Eu. Não tenham medo!”
Uma fé viva e luminosa
As chamas da Caridade ardente
As chamas da caridade ardente
“Coragem, sou Eu, não tenhais medo”
(cf. Mt 14,27)
Retomemos a primeira Grande Revelação em que Jesus fala de seu
imenso amor por nós, provavelmente
em 27 de dezembro de 1673, relatada por Santa Margarida Maria:
“Meu Coração
divino é tão apaixonado de amor pelos homens, e por ti em particular, que não
mais podendo conter em Si as chamas de Sua caridade ardente, é preciso que elas
se difundam por teu intermédio, e que Ele se manifeste aos homens para
enriquecê-los de Seus tesouros preciosos, que Eu aqui manifesto, e que contêm
as graças santificantes e salvíficas necessárias para retirá-los do abismo de
perdição”.
Diante do Sagrado Coração de Jesus, silencio-me;
Deixo-me envolver pelas chamas da Sua caridade ardente.
Aqueço meu coração, por vezes frio e cheio de medo,
Medo que não pode nos devorar e levar ao desespero.
Vivamos cada tempo como tempo de graça,
Para que entremos em contato com nosso mundo interno,
Coloquemos nossos pensamentos em ordem,
Observemos e escutemos o significado das nossas emoções.
Tempo de rever a nossa passagem pelo mundo.
Tempo de conversão de posturas de onipotência,
Que levam não somente a humanidade à morte,
Mas o mundo, a Terra, nossa Casa Comum.
Tempo de ouvir os clamores de nosso Planeta,
Que não suporta mais como o tratamos;
Com posturas levando à sua abismal destruição,
Em nome do lucro, capital voraz, a vida aniquilando.
É tempo de renovar a confiança em Deus em nossa “travessia”:
Estamos todos na mesma tempestade, mas não à deriva.
Contamos com a presença do Senhor que nos diz:
“Coragem, sou Eu, não tenhais medo” (cf.
Mt 14,22-33).
Diante do Sagrado Coração de Jesus, continuarei em silêncio,
Totalmente envolvido pelas chamas da Sua caridade ardente.
Coração aquecido, medo permanentemente a ser vencido,
Em Sua Palavra confiando, um novo amanhecer sonhando.
A alegria do encontro, das festas, haverá de voltar.
Cultos, rezas e Missas terão maior e melhor sabor.
Reaprenderemos o que de fato tem ou não valor.
Viveremos intensamente a essência da fé cristã: o Mandamento do Amor.
Oremos:
Coração de Jesus, fonte de vida e de santidade,
Coração de Jesus, propiciação pelos nossos pecados,
Tende piedade de nós, de joelhos suplicamos:
Aquecei-nos com Vossa chama de caridade ardente. Amém.
A inteligência artificial e a sabedoria do coração (súplica)
A inteligência artificial
e a sabedoria do coração (súplica)
Suplicamos, ó Deus, a Vossa Sabedoria para que através da inteligência
artificial, de mãos dadas com a sabedoria do coração, sejamos promotores de uma
comunicação plenamente humana, orientada para o bem de toda a humanidade.
Não permitais, ó Deus, que caiamos na tentação do delírio da
onipotência, com a indevida utilização da inteligência artificial, na funesta
pretensão de um futuro que prescinda de Vós, ou até mesmo decrete a Vossa
morte, como se de Vós não mais precisássemos
Concedei-nos um olhar espiritual, recuperando a sabedoria do
coração, para que possamos ler e interpretar a novidade do nosso tempo e
descobrir o caminho para uma comunicação plenamente humana.
Convertei o nosso coração para que, de fato, ele seja a sede da
liberdade e das decisões mais importantes da vida, como um símbolo de
integridade e unidade, sem jamais ocorrer a perda dos afetos, desejos, sonhos e
da íntima e necessária comunhão convosco.
Abri nossos horizontes para o encontro com o outro, na sabedoria
do saber escutar e falar tão somente o que possa edificar pontes de
fraternidade e amizade social; jamais seja a inteligência artificial usada para
a edificação de muros que nos fragilizam, e nos distanciam, por vezes, numa
terceira guerra em pedaços.
Ajudai-nos na prevenção acompanhada da promoção de uma
regulamentação ética que contorne os efeitos danosos, discriminadores e
socialmente injustos dos sistemas de inteligência artificial, e não caiamos em
polarizações de opiniões púbicas ou a construção de um pensamento único
determinante.
Abertos à Sabedoria do Espírito, sejamos promotores de uma
comunicação que nos liberte de toda forma de escravidão, e estabeleçamos
relações de amor, respeito e liberdade, pois é para a liberdade
que o Vosso Filho nos libertou, por Sua Morte e Ressurreição (cf. Gl 5,1).
Nutri nosso coração, portanto, de liberdade, para que cresçamos
em Sabedoria, colocando toda e qualquer forma de inteligência artificial, a
serviço de uma comunicação plenamente humana; mais uma vez, nós Vos pedimos,
por meio do Vosso Filho, em comunhão com o Santo Espírito. Amém.
PS: Fonte inspiradora: https://www.vatican.va/content/francesco/pt/messages/communications/documents/20240124-messaggio-comunicazioni-sociali.html