quinta-feira, 11 de julho de 2024

Com amor Eterno, Deus nos ama

                                                    

Com amor Eterno, Deus nos ama


"Eu os atraía com laços de humanidade, com laços de amor; era para eles como quem leva uma criança ao colo, e rebaixava-me a dar-lhes de comer. Meu coração comove-se no íntimo e arde de compaixão" (Os 11,4.8).

Na quinta-feira da 14ª Semana do Tempo Comum (ano par), ouvimos a passagens do Livro do Profeta Oseias (Os 11,1-4-8.c-9).

Trata-se de  uma das mais belas passagens de todo o Antigo Testamento, na qual mediante uma linguagem humana cheia de experiência da intimidade familiar, Deus Se apresenta com o Coração de Pai e Mãe. Já havia Se apresentado com a imagem esponsal, e agora como Pai.

Quanto nos impressiona o Amor de Deus que é diferente do amor humano, pois o Seu amor é totalmente consumado na misericórdia irrevogável e eterna.

Contemplamos uma das mais ternas imagens para descrever o Amor de Deus por nós, o carinho e cuidado materno e paterno que tem para conosco, Seus filhos.

De santidade infinita, o Senhor Deus é o “totalmente outro” do homem e da mulher, e assim Sua fidelidade é eterna, e Seu amor e perdão são sempre possíveis.

Deus sendo totalmente Outro, é o mais belo e puro e eterno Amor, que acolhe, acompanha, perdoa, renova, recria, reconduz... Deus exige tão apenas amor, porque de fato, amor exige amor, e não amor qualquer, mas um amor fiel.

Vejamos o que nos diz o Lecionário Comentado sobre esta passagem:

“Há quem diga que, de calcar a mão sobre a bondade e misericórdia de Deus, corre-se o risco de debilitar a mensagem cristã e tornar vazia a própria vida cristã, a tal ponto é sempre possível o perdão...

Mas nossa própria experiência humana nos diz que não pode ser assim. Um perdão forte, generoso, que procura redimir, muitas vezes vence a ofensa; trará o filho ao pai, o esposo à esposa. Ainda, porém, que nunca se dê isso entre os homens (o que não é verdade), dá-se entre Deus e nós. Amor exige amor. E amor fiel.” (1)

Ainda mais sobre o amor de Deus:

Todos os tons e vocábulos do amor (esponsal, amigável, paterno/materno) são utilizados pelo Profeta (Oseias) para exprimir o que é inexprimível, isto é, a ternura infinita do Deus enamorado loucamente do homem [...] o amor é contagioso e pede amor: e eis que o nosso programa de vida, necessariamente missionário, porque quem recebe deve dar – tem por modelo Jesus e Seu Ministério (Evangelho do dia Mt 10,7-15).” (2)

Contemplemos a ternura infinita do Deus, enamorado loucamente do homem e da mulher, como Oseias tão bem nos apresenta.


(1) Lecionário Comentado - Editora Paulus -  pp.693-694.
(2) Idem

Da ignominiosa idolatria à prelibação da alegria do Amor de Deus!

                                                       

Da ignominiosa idolatria à prelibação da alegria do Amor de Deus!

“Oseias, Profeta do amor, canta a fidelidade do Amor de Deus
para com a humanidade e Sua capacidade de perdão”.

Na Liturgia da Quinta-feira da 14ª Semana do Tempo Comum (ano Par), nos apresenta a passagem do Livro do Profeta Oseias (Os 11,1-9), na qual contemplamos a face misericordiosa de Deus, Sua fidelidade irrevogável que se manifesta no perdão, no convite a conversão.

É sempre imperativo para o profetismo a ser vivido, voltar-se para Deus em absoluta relação de amor com Ele, aprofundando nossa fidelidade aos Seus preceitos, em relacionamentos de gratuidade para com Ele e com nosso próximo. 

A confiança incondicional na Sua presença deve ser sempre acompanhada de frutuosa prática da justiça para que o culto seja a Ele agradável, de modo que, o suor e o sangue, se necessário no chão derramados reguem sementes de um novo amanhecer, tão somente assim o incenso que se sobe no culto, será por Ele aceito.

Profecia é sinal de sangue e suor derramados, incenso ao Deus Vivo e Verdadeiro elevado!

Assim diz o Missal Cotidiano:

“Quando Israel era criança, Eu já o amava, e desde o Egito chamei meu filho... Ensinei Efraim a dar os primeiros passos, tomei-o em meus braços, mas eles não reconheceram que Eu cuidava deles.

Eu os atraía com laços de humanidade, com laços de Amor; era para eles como quem leva uma criança ao colo; e rebaixava-me a dar-lhes de comer. Meu coração comove-se no íntimo e arde de compaixão...”

O Profeta nos convida a refletir, a tomar consciência e abandonar o ignominioso serviço às divindades inexistentes, materializada na adoração muito presente entre nós como nos diz com toda profundidade o Missal Cotidiano (pág. 996):

“Hoje gritariam os Profetas contra muitas divindades a quem os cristãos queimam incenso de sua devoção, pretendendo ao mesmo tempo continuar cristãos: a divindade do dinheiro, do sexo, do comodismo e dos bens de consumo, a divindade do carro, da televisão, do estrelismo em todas as formas, esportes, cinema, moda...

‘Afinal de contas, que mal há nisso?’ pergunta-se. O cristão, porém, não deve caminhar levianamente; deve examinar-se, para ver se e em que medida alguma dessas divindades o impede de ter verdadeiro relacionamento com Deus”.

Somente a fidelidade a Deus e Seu Projeto conduzirá a humanidade à verdadeira felicidade, na construção de relacionamentos fundados na prática da justiça, externados em gestos solidários que levem à edificação da fraternidade universal. 

Eclipsá-lo, mesmo afirmar Sua morte, têm sido motivos para o caos em que muitas vezes nos encontramos mergulhados, sem perspectivas utópicas, sem horizontes promissores...

A reflexão do Livro do Profeta Oseias nos leva a tomar uma atitude: ceder ao ignominioso serviço idolátrico voltando-nos contra nós mesmos ou viver na fidelidade e adoração verdadeira do retorno para Deus em absoluta fidelidade a Sua Lei, que se resume no amor a Ele e ao próximo, prelibando a alegria da conversão, do perdão obtido em alegre e verdadeiro louvor a Ele também oferecido.

A idolatria, a infidelidade e a ingratidão para com Deus levam-nos, inevitavelmente, a uma ignominiosa realidade. Indubitavelmente a adoração e o culto a Deus, expressos no amor e no serviço ao próximo, levar-nos-á a prelibação da alegria no mais fundo de nosso coração, onde Ele fez Sua morada.

Ah, o Amor de Deus, como compreendê-lo?
Impossível para nossos critérios e conceitos.
Amor de Deus, mais que compreendido,
Precisa ser correspondido e vivido,
eis o caminho a percorrer e melhor viver!

Súplica a Nossa Senhora da Pena

 


Súplica a Nossa Senhora da Pena 

Virgem Santíssima, dulcíssima Senhora que, sob a expressiva invocação de Senhora da Pena, reinais como rainha da Beleza e do amor.

Dirigi piedosa sobre nós o vosso olhar maternal e impetrai-nos a verdadeira ciência das coisas divinas, para que possamos, em todo o tempo da nossa vida, professar com coragem as verdades da fé, seladas com o sangue do vosso divino Filho Jesus.

Vós sois a estrela da manhã, prenúncio do sol da justiça e da eterna sabedoria.

Estrela que mais resplandece ao aparecer o sol da Divindade, a todos ilumina, dirige e beneficia.

Estrela da manhã, rogai por nós, vos pedimos com o coração nos lábios.

Rogai por este mundo que prevarica em nome de uma faIsa ciência, se vangloria de ter chegado ao século em que a ciência destronou a fé!

Soberana iluminadora das inteligências, harmonizai a ciência com a fé e  fé e ciência, lidas entre si, possam convosco cantar na Terra e no Céu o hino da glória de Deus, que é o senhor das Ciências. Amém!

 

 

PS: Oração rezada pela Paróquia Nossa Senhora da Pena - Rio Vermelho - MG - autor desconhecido

“Que todos sejam um” (continuação)


“Que todos sejam um”

Completando a reflexão à luz da Carta do Papa São Clemente I aos Coríntios.

A Igreja vivia seus primeiros momentos, como Igreja nascente e fundada sobre a fé de Pedro, a quem o Senhor confiou as chaves do Reino para conduzi-la, procurando respostas aos desafios que se multiplicariam.

Uma dificuldade que ainda hoje nos desafia é o fortalecimento dos vínculos da concórdia e da paz.

São inumeráveis as passagens bíblicas que fazem resplandecer os raios luminosos, para que a obscuridade causada pela discórdia possa ser iluminada e os conflitos superados.

São Clemente, na condução da Igreja não ficou imune e indiferente a tais desafios que, de um modo ou de outro, teimam em sobreviver nos espaços internos da Igreja, e lamentavelmente em tantos outros lugares.

Acolhamos e deixemo-nos iluminar pela carta:

“Vede, diletos, quão grande e admirável é a caridade. A sua perfeição ultrapassa as palavras. Quem é capaz de possuí-la a não ser aquele que Deus quiser tornar digno? Oremos, portanto, e peçamos-lhe misericórdia para sermos encontrados na caridade, sem culpa nem qualquer inclinação meramente humana.

Todas as gerações, desde Adão até hoje, já passaram. Aqueles, porém, que pela graça de Deus foram consumados na caridade, alcançam o lugar dos santos e serão manifestados na parusia do reino de Cristo. Está escrito: Entrai nos quartos por um momento até que passe minha cólera acesa; e lembrar-me-ei dos dias bons e vos erguerei de vossos sepulcros.

Felizes de nós, diletos, se cumprirmos os preceitos do Senhor na concórdia da caridade, para que pela caridade sejam perdoados nossos pecados. Pois está escrito: Felizes aqueles cujas iniquidades foram perdoadas e cobertos os pecados. Homem feliz, a quem o Senhor não acusa de pecado nem há engano em sua boca.

Esta felicidade pertence aos eleitos de Deus, mediante Jesus Cristo, Nosso Senhor, a quem a glória pelos séculos dos séculos. Amém. De tudo quanto faltamos e fizemos, seduzidos por alguns servos do adversário, peçamos-lhe perdão. Aqueles, porém, que se tornaram cabeças de sedição e discórdia, devem meditar sobre a comum esperança.

Quem vive no temor de Deus e na caridade, prefere o próprio sofrimento ao do próximo, prefere suportar injúrias a desacreditar a harmonia, que bela e justamente nos vem da tradição. É de fato melhor confessar o seu pecado do que endurecer o coração.

Quem entre vós é o generoso, quem o misericordioso, quem o cheio de caridade? Que esse diga: “Se por minha causa surgiu esta sedição, esta discórdia e divisão, então eu me retiro, vou para onde quiserdes e farei o que o povo decidir; contanto que o rebanho de Cristo tenha a paz com os presbíteros estabelecidos”.

Quem assim agir, alcançará grande glória em Cristo e será recebido em todo lugar. Do Senhor é a terra, e tudo o que contém. Assim fazem e farão aqueles que vivem a vida divina, da qual nunca se têm de arrepender.”

Não há dúvida de que seremos felizes se cumprirmos os preceitos do Senhor, na concórdia da caridade. Se fizermos morrer no mais profundo de nós tudo aquilo que venha ferir a Unidade - e o que primeiro deve morrer é o orgulho, a soberba, a presunção, o rancor, a ira, a inveja, a indiferença, numa palavra: os vermes dos pecados capitais que nos corroem a alma e, consequentemente, corroem as relações fraternas, de modo a impedir que vejam Cristo em nós.

Urge que geremos Cristo em nós com incansável esforço de conversão, deixando-nos modelar pela Mão Divina, que quer arrancar, extirpar o que nos rouba a felicidade, a maturidade.

Somente assim nos credenciamos à eternidade, quando acolhemos a Palavra que nos purifica. Amém.


Nada prefiramos ao amor de Deus

Nada prefiramos ao amor de Deus

No dia 11 de julho, celebramos a Memória de São Bento, e a Liturgia das Horas nos apresenta um de seus textos da Regra de São Bento (Séc. VI), que nos exorta a nada absolutamente preferir a Cristo.

“Antes de tudo, quando quiseres realizar algo de bom, pede a Deus com oração muito insistente que seja plenamente realizado por Ele. Pois já tendo Se dignado contar-nos entre o número de Seus filhos, que Ele nunca venha a entristecer-Se por causa de nossas más ações.

Assim, devemos em todo tempo pôr a Seu serviço os bens que nos concedeu, para não acontecer que, como Pai irado, venha a deserdar Seus filhos; ou também, qual Senhor temível, irritado com os nossos pecados nos entregue ao castigo eterno, como péssimos servos que O não quiseram seguir para a glória.

Levantemo-nos, enfim, pois a Escritura nos desperta dizendo: Já é hora de levantarmos do sono (cf. Rm 13,11). Com os olhos abertos para a luz deífica e os ouvidos atentos, ouçamos a exortação que a voz divina nos dirige todos os dias: Oxalá, ouvísseis hoje a Sua voz: não fecheis os corações (Sl 94,8); e ainda: Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às Igrejas (Ap 2,7).  E o que diz Ele? Meus filhos, vinde agora e escutai-me: vou ensinar-vos o temor do Senhor (Sl 33,12). Correi, enquanto tendes a luz da vida, para que as trevas não vos alcancem (cf. Jo 12,35).

Procurando o Senhor o Seu operário na multidão do povo ao qual dirige estas palavras, diz ainda: Qual o homem que não ama sua vida, procurando ser feliz todos os dias? (Sl 33,13). E se tu, ao ouvires este convite, responderes: Eu, dir-te-á Deus: Se queres possuir a verdadeira e perpétua vida, afasta a tua língua da maldade, e teus lábios, de palavras mentirosas. Evita o mal e faze o bem, procura a paz e vai com ela em seu caminho (Sl 33,14-15).

E quando fizeres isto, então meus olhos estarão sobre ti e meus ouvidos atentos às tuas preces; e antes mesmo que me invoques, Eu te direi: Eis-me aqui (Is 58,9). Que há de mais doce para nós, caríssimos irmãos, do que esta voz do Senhor que nos convida? Vede como o Senhor, na Sua bondade, nos mostra o caminho da vida!

Cingidos, pois, os nossos rins com a fé e a prática das boas ações, guiados pelo Evangelho, trilhemos os seus caminhos, a fim de merecermos ver Aquele que nos chama a Seu Reino (cf. 1Ts 2,12). Se queremos habitar na tenda real do acampamento desse Reino, é preciso correr pelo caminho das boas ações; de outra forma, nunca  chegaremos lá.

Assim como há um zelo mau de amargura, que afasta de Deus e conduz ao inferno, assim também há um zelo bom, que separa dos vícios e conduz a Deus. É este zelo que os monges devem pôr em prática com amor ferventíssimo, isto é, antecipem-se uns aos outros em atenções recíprocas (cf. Rm 12,10).

Tolerem pacientissimamente as suas fraquezas, físicas ou morais; rivalizem em prestar mútua obediência; ninguém procure o que julga útil para si, mas, sobretudo o que o é para o outro; ponham em ação castamente a caridade fraterna; temam a Deus com amor; amem o seu abade com sincera e humilde caridade; nada absolutamente prefiram a Cristo; e que Ele nos conduza todos juntos para a vida eterna”.

Além de nos exortar a nada absolutamente preferir a Cristo, o Abade nos enriquece, na vivência de nossa fé, com outros ensinamentos, que, como discípulos missionários do Senhor, podemos retomar:

- “Antes de tudo, quando quiseres realizar algo de bom, pede a Deus com oração muito insistente que seja plenamente realizado por Ele”;

- “...devemos em todo tempo pôr a Seu serviço os bens que nos concedeu, para não acontecer que, como Pai irado, venha a deserdar Seus filhos”;

“Cingidos, pois, os nossos rins com a fé e a prática das boas ações, guiados pelo Evangelho, trilhemos os seus caminhos, a fim de merecermos ver Aquele que nos chama a Seu Reino (cf. 1Ts 2,12)”;

- “Assim como há um zelo mau de amargura, que afasta de Deus e conduz ao inferno, assim também há um zelo bom, que separa dos vícios e conduz a Deus”;

- “...antecipem-se uns aos outros em atenções recíprocas (cf. Rm 12,10)”;

- “...ninguém procure o que julga útil para si, mas sobretudo o que o é para o outro”.

Oremos:

“Ó Deus, que fizestes o Abade São Bento preclaro mestre na escola do Vosso serviço, concedei que, nada preferindo ao Vosso amor, corramos de coração dilatado no caminho dos Vossos mandamentos. Por N.S.J.C. Amém.”

Santa Escolástica e São Bento: O mundo precisa de irmãos assim!

                                                                 

Santa Escolástica e São Bento: O mundo precisa de irmãos assim!

No dia 10 de fevereiro, a Igreja celebra a memória de Santa Escolástica, e no dia 11 de julho a memória de seu irmão, São Bento.

É sempre muito oportuno refletirmos a relação entre irmãos e irmãs dentro de uma família, a luz destes dois irmãos.

Não poucos são os irmãos e irmãs que vivem fechados uns para os outros… Há irmãos e irmãs que quase nada conversam dentro de casa, por diversos motivos…

Muitos irmãos e irmãs entram em contendas intermináveis, em disputa de quirelas materiais de heranças deixadas… Mas hão de se multiplicar irmãos e irmãs que passam horas e horas juntos com conversas sadias, edificantes… Hão de se multiplicar irmãos e irmãs que nem o túmulo (a morte) possa separar…

A reflexão é um convite a revermos nossos relacionamentos fraternais. Que ao fim da mesma possamos descobrir se há algo a mudar em nós a partir destes grandes exemplos a serem imitados na fidelidade ao Senhor.

Conheçamos um pouco da vida destes dois irmãos e santos da Igreja, e mais que conhecer é preciso reaprender o caminho da verdadeira fraternidade/amizade…

No séc. V tivemos dois irmãos que até hoje têm muito a nos ensinar. Como sempre os santos estão no seu tempo, mas o transcendem. Santa Escolástica nasceu provavelmente por volta do ano 480 na Úmbria (Itália), e dedicou-se junto a seu irmão, São Bento, ao culto e louvor de Deus.

Sentiu-se sempre ligada ao santo irmão pelo ideal de consagração a Deus e por uma comum vocação de fundadores. Bento, de monges, Escolástica, de irmãs, que passaram a ter o nome de beneditinas, ou por ter São Bento codificado os estatutos da Ordem, ou por ter sido ele o seu grande inspirador.

Consagrada a Deus desde sua infância costumava visitar o irmão uma vez por ano no mosteiro. E assim, por sua vez, São Bento procedia e costumava visitar a irmãzinha. Passavam o dia em santas conversas e louvores ao Senhor e à noite tomavam juntos a refeição.

Segundo conta a tradição, São Bento, que era extremamente rigoroso a Regra, recebeu uma demonstração do poder divino: Deus quis lhe provar que, de fato, o que vale mais é o amor.

Uma noite, Escolástica pediu a Bento que ficasse em seu mosteiro para continuarem a conversa que estavam tendo sobre assuntos espirituais. Bento recusou por causa das regras de sua ordem. 

Quando a religiosa ouviu a negativa do irmão, juntou as mãos sobre a mesa e apoiou a cabeça para rogar a Deus que não o deixasse ir. Naquele momento trovões prenunciaram uma grande tempestade que nem São Bento e os freis, que com eles estavam, poderiam sair. 

Seu irmão foi obrigado a ficar, mas a culpou pelo fato. E ela disse:

Pedi a você e você não me ouviu. Pedi ao Senhor e Ele me ouviu.
Pode ir embora para o seu mosteiro. Vá, se você puder!

E assim passaram a noite, conforme Escolástica desejou: em santas conversas com todos os freis.

Três dias após, estando em oração, São Bento viu a alma de sua irmã subindo ao céu em forma de pomba. Teve tanta certeza de sua partida para a eternidade que pediu que fossem buscar seu corpo para enterrá-lo no próprio túmulo.

Não foi por pouco a insistência dessa sua irmã: Era uma despedida em que Deus realizava Sua santa vontade!

Segundo autores da época, São Bento tão cheio de júbilo por tão grande glória que lhe havia sido concedida, deu graças a Deus onipotente com hinos e cânticos de louvor. O corpo da irmã foi trazido para o mosteiro e depositado no túmulo que ele mesmo preparara para si.

Como disse São Gregório Magno: “… nem o túmulo separou aqueles que sempre tinham estado unidos em Deus”.

Reflitamos:

- Como nos relacionamos como irmãos e irmãs?
- Qual o conteúdo de nossas conversas?

- Qual a intensidade de nossa confiança em Deus quando a Ele nos dirigimos e algo suplicamos?
- O que mais há de se aprender com estes dois irmãos da Igreja?

- Sentimos alegria em partilhar com o outro as maravilhas de Deus em nossa vida?
- Quais são outras possíveis lições que apreendemos deste belo testemunho de Santa Escolástica e São Bento?

Pai Nosso que estais nos céus… 

Santa Escolástica: “Foi mais poderosa aquela que mais amou”

 


Santa Escolástica: “Foi mais poderosa aquela que mais amou”

Vejamos o que nos diz o Papa São Gregório Magno (Séc.VI) em seus Diálogos sobre Santa Escolástica, irmã de São Bento.

“Escolástica, irmã de São Bento, consagrada ao Senhor desde a infância, costumava visitar o irmão uma vez por ano. O homem de Deus descia e vinha encontrar-se com ela numa propriedade do mosteiro, não muito longe da porta.

Certo dia, veio ela como de costume, e ao seu encontro veio seu irmão, com alguns discípulos. Passaram todo o dia no louvor a Deus e em santas conversas, de tal modo que já se aproximavam as trevas da noite quando sentaram-se à mesa para tomar a refeição.

Como durante as santas conversas o tempo foi passando, a santa monja rogou-lhe: ‘Peço-te, irmão, que não me deixes esta noite, para podermos continuar falando até de manhã sobre as alegrias da vida celeste’. Ao que ele respondeu-lhe: ‘Que dizes tu, irmã? De modo algum posso passar a noite fora da minha cela’.

A santa monja, ao ouvira recusa do irmão, pôs sobre a mesa as mãos com os dedos entrelaçados e inclinou a cabeça sobre as mãos para suplicar o Senhor onipotente. Quando levantou a cabeça, rebentou uma grande tempestade, com tão fortes relâmpagos, trovões e aguaceiro, que nem o venerável Bento nem os irmãos que haviam vindo em sua companhia puderam pôr um pé fora da porta do lugar onde estavam.

Então o homem de Deus, vendo que não podia regressar ao mosteiro, começou a lamentar-se, dizendo: ‘Que Deus onipotente te perdoe, irmã! Que foi que fizeste?’ Ela respondeu: ‘Eu te pedi e não quiseste me atender. Roguei ao meu Deus e ele me ouviu. Agora, pois, se puderes, vai-te embora; despede-te de mim e volta para o mosteiro’.

E Bento, que não quisera ficar ali espontaneamente, teve que ficar contra a vontade. Assim, passaram a noite toda acordados, animando-se um ao outro com santas conversas sobre a vida espiritual. Não nos admiremos que a santa monja tenha tido mais poder do que ele: se, na verdade, como diz São João, Deus é amor (1Jo 4,8), com justíssima razão, teve mais poder aquela que mais amou. 

Três dias depois, estando o homem de Deus na cela, levantou os olhos para o alto e viu a alma de sua irmã liberta do corpo, em forma de pomba, penetrar no interior da morada celeste. Cheio de júbilo por tão grande glória que lhe havia sido concedida, deu graças a Deus onipotente com hinos e cânticos de louvor; enviou dois irmãos a fim de trazerem o corpo para o mosteiro, onde foi depositado no túmulo que ele mesmo preparara para si.

E assim, nem o túmulo pôde separar aqueles que sempre tinham estado unidos em Deus.”

De fato, foi mais poderosa aquela que mais amou, como vemos no diálogo entre estes dois irmãos, e quão fecunda é a oração de quem a faz com o coração pleno de amor.

Brotem nossas orações de um coração que muito ama, em total confiança em Deus e sua onipotência e misericórdia.

Com eles, aprendamos a dialogar como irmãos, com conversas sadias e que nos façam progredir no temor de Deus, e na amizade entre nós.

Oremos:

“Celebrando a Festa de Santa Escolástica, nós Vos pedimos, ó Deus, a graça de imitá-la, servindo-Vos com caridade e alegrando-nos com os sinais do Vosso amor. Por N. S. J. C. Amém.”

 

PS: Celebramos a Memória de Santa Escolástica no dia 11 de fevereiro e a de São Bento no dia 11 de julho.

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