domingo, 23 de junho de 2024
Coragem na travessia (XIIDTCB) (01/02)
Testemunhar a fé em todo o tempo (XIIDTCB)
Testemunhar
a fé em todo o tempo
Sejamos
enriquecidos pelo Sermão Escrito por Orígenes (séc. III):
“Senhor, salva-nos, que estamos perecendo. Era
tanto o temor que tinham, estavam tão perturbados e tão fora de si, que
chegaram ao Senhor com grande alteração, sem descanso nem sossego, mas muito
apressados, e lhe disseram assim: Senhor,
salva-nos, que estamos perecendo.
Ó
bem-aventurados e verdadeiros discípulos de Deus! Tendes convosco ao verdadeiro
Senhor e Salvador do mundo, e temeis algum perigo? Tendes convosco a vida, e
temeis a morte? Tendes presente ao Criador do mar, e lhe despertais com medo da
tempestade? Como? Pois não basta seu poder, mesmo que com o corpo durma, para
amansar as ondas e aplacar a tempestade?
Mas
a isto responderão estes santos e tão amados discípulos: ‘Agora nós somos pequenos, somos fracos, não estamos fortificados na
fé, e por isso tememos, ainda não vimos a cruz do Senhor; ainda não fomos
confirmados na gloriosa Paixão e triunfante Ressurreição; na sua maravilhosa
Ascensão aos céus; não nos visitou com a vinda do Espírito Santo sobre nós, e
desta forma não vos maravilheis de que sejamos fracos e temamos, e por isso
mesmo ouvimos muitas vezes que, repreendendo-nos, o Senhor nos chama homens de
pouca fé, e tudo o sofremos com amor e humildade para segui-Lo’.
Por que estais tão
medrosos, homens de pouca fé? Por que não tendes
fortaleza? Por que não tendes perfeita confiança e segurança? Como?
E
se a morte vos viesse, não seria motivo que com muita constância a sofrêsseis?
Não sabeis que a fortaleza é virtude necessária para sofrer tudo o que nos
sobrevém?
Qualquer
perigo e tribulação, até a própria morte se sofre com a fortaleza: a fortaleza
também é útil contra os prazeres, riquezas e honras do mundo, porque com ela
nos defendemos para não nos ensoberbecermos, para não desvanecermos.
Porque
a fortaleza nos ensina a não menosprezar aos nossos inimigos, nem ter em pouca
consideração aos pobres humildes; ensina-nos como não devemos esquecer-nos de
Deus, nem desamparar ao nosso Criador, nem ser-lhe ingratos; e de uma coisa vos
aviso: que se é necessária a virtude da fortaleza para combater as adversidades
e as dificuldades, para armar-se da fé e sofrer tudo por Deus, não é menos
necessária para saber usar das honras, riquezas e prosperidades que o mundo nos
dá, para que não nos sirvam de ciladas em que o diabo nos amarre.
Portanto,
por que estais perturbados, ó homens de
pouca fé? Se crestes que Eu sou verdadeiramente Deus, Criador de todas as
coisas, e por isso me seguistes e me tomastes por Mestre, como duvidais que o
que Eu criei esteja em meu poder e ao meu comando? Por que duvidastes, ó homens de pouca fé? Não sabeis que
está escrito que aquele que pouco crê será repreendido; e o que nada crê, será
menosprezado? Os fracos na fé serão repreendidos, os que forem completamente
alheios à fé serão castigados.
Então, levantando-se,
ordenou aos ventos e ao mar, e houve grande calmaria.
O grande profeta disse: E levantando-se o
Senhor como quem dormia, ou como um poderoso embriagado por vinho, feriu a
todos os seus inimigos nas costas; agora, levantando-se, ordenou aos ventos
e ao mar, e houve grande calmaria. Ordenou aos ventos e ao mar como seu Criador
que era: ordenou aos seus como poderoso, ordenou aos ventos como seu Senhor, e
ordenou-lhes antes por seus discípulos, para que eles, vendo-o, fossem
confirmados na fé.” (1)
Também
nós, podemos passar por momentos difíceis, em que devemos testemunhar nossa fé
em Deus, e n’Ele colocar toda a nossa confiança.
Urge que não
vacilemos na fé, nem esmoreçamos na esperança e não esfriemos na caridade, a
fim de que sejamos resistentes na tentação, pacientes na tribulação e
agradecidos a Deus nos mais preciosos sinais de prosperidade.
(1) Lecionário Patrístico Dominical - Editora Vozes - pp.
412-414
Por Vossa Morte e Ressurreição (XIIDTC)
“Fogo abrasador” (XIIDTCA)
“Não tenhais medo” (XIIDTCA)
Assumir a Cruz quotidiana com a força da Oração (XIIDTCC)
Qual é o impacto de Sua Vida em nós?
A passagem da primeira leitura (Zc 12,10-11; 13,1) nos fala da figura de um Profeta trespassado, que a Igreja mais tarde identificou como o próprio Jesus Cristo, como vemos no Evangelho (Jo 19,34).
O Profeta manifesta total confiança e abertura à vontade de Deus, e o sacrifício deste mártir inocente é fonte de transformação dos corações, de modo que a sua contemplação levará o Povo de Deus a um processo de arrependimento e purificação.
A mensagem nos revela que o sofrimento profético não é em vão, e ainda, que Deus está do lado dos inocentes, perseguidos e massacrados.
Não podemos nos instalar por causa dos medos, cumprindo, com coragem e ousadia, nossos compromissos proféticos, vivendo assim o nosso Batismo, e também, que não se pode ter para com os Profetas atitudes de desprezo, arrogância, frieza e indiferença.
O Apóstolo Paulo na passagem da segunda Leitura (Gl 3,26-29) exorta para que sejamos revestidos de Jesus Cristo, colocando-nos neste caminho de amor e doação da própria vida, tornando-nos herdeiros de vida em plenitude.
A comunidade que adere ao Senhor, e d’Ele se reveste, é marcada pela liberdade e igualdade. Deste modo, é preciso que se destruam quaisquer muros que possam existir ou quaisquer atitudes que fragilizem ou restrinjam a verdadeira liberdade que o Espírito nos concede, não uma liberdade qualquer, que diminua ou escravize o outro; que lhe roube espaço e identidade.
Na passagem do Evangelho (Lc 9,18-24), Jesus começa a etapa decisiva rumo a Jerusalém. O caminho é árduo, marcado pela entrega da vida pelo Reino de Deus. A morte de Cruz está no horizonte bem próximo de Sua existência.
Os discípulos se quiserem segui-Lo, poderão ter o mesmo fim, e por isto Jesus quer saber o que pensam a Seu respeito. Ele não é um Messias que vai reinar sem passar pela Cruz, pois ela precede à glória a ser alcançada. A Cruz será o Seu Trono, como Rei e Senhor.
Tomar a cruz para segui-Lo, implica não pautar a vida pelo prestígio, poder, domínio, acúmulo. É preciso renunciar ao egoísmo e orgulho, e em total confiança em Deus, nutrido pela força da Oração, pôr-se decididamente a caminho, assumindo a cruz quotidiana com a força da Oração.
A interrogação de Jesus chega até nós: “... E vós, quem dizeis que Eu sou?”
É preciso dar resposta à Sua pergunta:
Sejamos também questionados por estas palavras:
Compreenderíamos a nossa vida como liberdade: liberdade de colocar sobre os nossos ombros a nossa cruz e a cruz dos nossos irmãos, de perdermos também a nossa vida como resposta de amor Àquele que nos ama e dá a vida por nós” .(1)
E, tão somente assim, solidificamos nossa fé, renovamos nossa esperança e crescemos na caridade, que amplia e dá sentido à liberdade e à igualdade, para seguirmos, com confiança e serenidade, no carregar da cruz, até que possamos merecer a glória eterna.
Sejamos interpelados pelo Amor d’Aquele que foi trespassado em nosso favor, pela nossa redenção, para que vivamos na liberdade do Espírito, comprometidos com o Reino de Deus.