“Fogo abrasador”
Na Liturgia do 12º Domingo do Tempo Comum (ano A), meditamos o Salmo 68.
Retomemos este versículo (v.10): “Pois meu zelo e meu amor por Vossa casa me devoram como fogo abrasador”, e sejamos enriquecidos à luz de uma das Cartas escrita pelo Presbítero São Paulo da Cruz (séc. XVIII), para que também este fogo nos aqueça o coração, e nos faça zelosos pela casa do Senhor e pelos Seus templos, nosso próximo, onde Deus habita, para que nossa fé seja verdadeiramente Pascal.
"Coisa excelente e muito santa é pensar e meditar sobre a Paixão do Senhor, pois por este caminho chegamos à união com Deus.
Nesta escola tão santa, aprende-se a verdadeira sabedoria. Foi aí, que todos os Santos a estudaram. Quando, pois, a Cruz de Nosso Bom Jesus lançar raízes mais profundas em vosso coração, então cantareis: seja 'Sofrer e não morrer'; seja 'Ou sofrer ou morrer', seja, ainda melhor, 'Nem sofrer nem morrer', apenas a perfeita conversão à vontade de Deus.
O amor é força de união e faz seus os tormentos do Bem, muito amado. Este fogo vai até à medula, converte o que ama no amado. De modo mais profundo, o amor se mistura à dor e a dor ao amor. Há, então, uma mistura de amor e de dor tão estreita que não se pode separar o amor da dor, nem a dor, do amor. Por isto, quem ama, se alegra com sua dor e exulta em seu amor sofredor.
Sede, portanto, constantes na prática de todas as virtudes, imitando, de modo particular, o suave Jesus padecente, porque é isto o cume do puro amor.
Procedei de modo que todos reconheçam que trazeis não só interior, mas ainda exteriormente, a imagem de Cristo crucificado, modelo de toda doçura e mansidão.
Quem está interiormente unido ao Filho de Deus vivo, revela no exterior Sua Imagem pelo contínuo exercício da virtude heroica, principalmente pela paciência cheia de força que nem em segredo nem em público se queixa. Portanto, escondei-vos em Jesus crucificado, sem desejar coisa alguma a não ser que todos em tudo aceitem Sua vontade.
Verdadeiros amigos do Crucificado celebrareis sempre no templo interior a festa da Cruz, suportando em silêncio, sem vos apoiar em criatura alguma. Uma festa deve ser celebrada na alegria; por isso os que amam o Crucificado irão à festa da Cruz com rosto jovial e sereno, suportando calados, de forma que permaneça oculta aos homens, só conhecida pelo sumo Bem.
Numa festa há sempre banquete; as iguarias são a vontade divina, a exemplo de nosso Amor crucificado”
Para a solidificação de nossa fé, retomo, também, esta parte da Carta:
“O amor é força de união e faz seus os tormentos do Bem, muito amado. Este fogo vai até à medula, converte o que ama no amado. De modo mais profundo, o amor se mistura à dor e a dor ao amor. Há, então, uma mistura de amor e de dor tão estreita que não se pode separar o amor da dor, nem a dor, do amor. Por isto, quem ama, se alegra com sua dor e exulta em seu amor sofredor”.
Configuremo-nos à Paixão do Senhor, abrindo-nos à verdadeira sabedoria que nos vem da “loucura da Cruz”, para vivermos com ousadia e profecia o amor e a dor que são inseparáveis.
Imitemos o suave Jesus padecente, o cume do mais puro amor, e d’Ele tenhamos mesma doçura, mansidão e paciência.
Celebrar com alegria, com um rosto jovial e sereno, suportando calado o sofrimento, mas com a confiança de que ele não terá a última palavra, e assim fortalecidos na fidelidade ao Senhor, vivendo intensamente o Mistério de Sua Paixão, sejamos devorados pelo fogo abrasador do amor de Deus que jamais nos abandona.
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