sábado, 6 de abril de 2024

Em poucas palavras...

                                                             


O poder do Espírito Santo

“Pelo poder do Espírito Santo, nós tomamos parte na Paixão de Cristo, morrendo para o pecado, e na Sua Ressurreição, nascendo para uma vida nova. Somos os membros do Seu corpo, que é a Igreja (1 Cor 12), os sarmentos enxertados na videira, que é Ele próprio (Jo 15,1-4):

‘É pelo Espírito que nós temos parte em Deus. [...] Pela participação no Espírito, tornamo-nos participantes da natureza divina [...]. É por isso que aqueles em quem habita o Espírito são divinizados’.” (1)

 

(1) Catecismo da Igreja Católica – n. 1988 – citando Santo Atanásio.

Acolher e comunicar a graça divina

                                                         

Acolher e comunicar a graça divina

No sábado da oitava da Páscoa, ouvimos a passagem do Evangelho (Mc 16, 9-15), em que Jesus aparece aos onze discípulos, Ressuscitado, e os envia em missão: “Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16,15).

Eis a nossa missão: cumprir o mando do Senhor, sendo uma Igreja em estado permanente de missão, na fidelidade a Jesus, vivo e Ressuscitado, em plena comunhão com o Pai e o Espírito que nos conduz, pois é Ele o grande protagonista da missão.

Oremos:

Senhor, concedei-nos a Sabedoria do vosso Espírito para que, cumpramos a vontade de Deus e realizemos nossa missão de evangelizadores, discípulos missionários Vossos, que é a mais bela essência da nossa missão, num mundo onde os sinais de contradições e mortes persistem, e neste ser instrumento de vida, amor, paz e luz.

Senhor, movidos pelo Vosso Espírito Santo, ensinai-nos a ser canais de graça divina na vida das pessoas e, ao mesmo tempo, a preparar os nossos corações, e de todos a quem comuniquemos a Semente de Vossa Palavra, para que sejam terrenos férteis, produzindo os frutos que Vosso Pai de nós tanto espera.

Senhor, ajudai-nos, para que nos abramos à graça e ao amor, que é derramado em nossos corações pelo Vosso Espírito, de modo que conheçamos quem sois, sentindo Vossa presença, por Vós chamados, acolhidos, amados e enviados em missão.

Senhor, uma vez abertos a esta graça, que tudo façamos para que Ela aja em nós, e para tantos quantos precisarem, sejamos canais comunicadores desta graça, fazendo de nossa vida doação e serviço, amor e entrega, como assim Vós fizestes, em ato extremo na morte de Cruz, amando-nos até o fim, por isto, o Pai O Glorificou.

Que assim também sejamos. 
Amém. Aleluia! Aleluia!

Anunciemos a Alegre Notícia do Ressuscitado

                                                   

Anunciemos a Alegre Notícia do Ressuscitado

 “Ide pelo mundo inteiro
e anunciai o Evangelho a toda criatura!”

Na Liturgia do Sábado da Oitava da Páscoa refletimos sobre a passagem do Evangelho que nos apresenta mais uma manifestação do Ressuscitado aos discípulos, ainda marcados pela incredulidade do acontecimento da Ressurreição (Mc 16, 9-15).

A dificuldade desta incredulidade deve-se a duas coisas necessárias:

- A atuação da graça divina, que nos revela quem é Jesus na Sua divindade e na sua atuação messiânica;
- A nossa abertura a essa graça, para que possamos acolher a atuação divina em nós.

É o Ressuscitado quem toma a iniciativa de manifestar Sua presença e cabe a nós acolher esta presença e, consequentemente, a Sua graça comunicada para que possa agir frutuosamente em nós, tornando-nos evangelizadores, traduzindo a nossa fé em missão do alegre e corajoso anúncio da Boa Notícia do Ressuscitado a todos os povos, a todas as nações.

Evidentemente, tudo isto somente será possível com a presença e ação do Espírito Santo, que nos foi enviado do Pai, por meio do Filho, com Sua Morte e Ressurreição, como Ele prometera aos Seus discípulos antes de partir.

Ser discípulo missionário do Ressuscitado é ser canal de graça na vida das pessoas, semeando no coração delas, e no próprio, a Semente do Verbo, em fértil terreno para que produza os frutos por Deus esperado, ainda que algumas sementes caiam à beira do caminho, em terreno pedregoso ou espinhoso.

De fato, não obstante a reação dos ouvintes, todo aquele que experimentou a presença do Ressuscitado é impelido a anunciar ao mundo esta experiência transformadora, assim como aconteceu a Maria Madalena, aos onze, conforme a passagem, e a tantos outros ao longo da História.

Renovemos em cada Banquete que participamos a graça do nosso Batismo, sempre iluminados pela Palavra proclamada, ouvida, acolhida para ser anunciada e vivida, bem como nutridos e fortalecidos pelo Pão Salutar da Eucaristia, e inebriados pelo Diviníssimo Sangue do Senhor, que nos redime no Cálice Sagrado, como sinal da Nova e Eterna Aliança de Amor de Deus por nós. Aleluia! Aleluia!

sexta-feira, 5 de abril de 2024

Em poucas palavras...

 


Jesus é o Senhor

 

“Muitíssimas vezes, nos Evangelhos, aparecem pessoas que se dirigem a Jesus chamando-lhe «Senhor». Este título exprime o respeito e a confiança dos que se aproximam de Jesus e d'Ele esperam socorro e cura (Cf. Mt 8.2; 14.30; 15.22 etc.).

Pronunciado sob a moção do Espírito Santo, exprime o reconhecimento do Mistério divino de Jesus (Cf. Lc 1,43;2,11).

No encontro com Jesus Ressuscitado, transforma-se em adoração: «Meu Senhor e meu Deus» (Jo 20, 28). Assume então uma conotação de amor e afeição, que vai ficar como típica da tradição cristã: «É o Senhor!» (Jo 21, 7).” (1)

 

(1)       Catecismo da Igreja Católica n. 448

Alegremo-nos! Vive Aquele que estava morto

Alegremo-nos! Vive Aquele que estava morto

Riquíssimo o Sermão do Papa e Doutor da Igreja, São Gregório Magno (séc. VI), sobre a passagem do Evangelho em que Jesus Ressuscitado entra pela porta fechada, onde se encontravam os discípulos por medo dos judeus. 

“A primeira questão que nos propõe a leitura do texto evangélico é esta: como pôde ser real o Corpo do Senhor depois da ressurreição, se pode entrar na casa estando as portas fechadas? Porém, temos de ter presente que as obras de Deus não seriam admiráveis se fossem compreensíveis para a nossa inteligência; e que a fé não tem mérito algum, se a razão humana lhe oferece as provas.

Mas estas mesmas obras de nosso Redentor, que em si mesmas são incompreensíveis, devemos considerá-las à luz de outras situações suas, para que as façanhas mais maravilhosas tornem críveis as coisas simplesmente admiráveis.

De fato, aquele Corpo do Senhor que, fechadas as portas, entrou onde estavam os discípulos, é exatamente o mesmo Corpo que, no momento de Seu nascimento, saiu aos olhos dos homens do seio selado da Virgem. O que tem, pois de estranho, que Ele, depois de Sua ressurreição, já eternamente triunfante, entrasse através das portas fechadas o que, vindo para morrer, saiu do seio selado da Virgem?

Mas como, diante daquele Corpo visível, duvidava a fé daqueles que O contemplavam, em seguida mostrou-lhes as mãos e o lado; ofereceu-Se para que apalpassem aquela carne, que tinha introduzido através das portas fechadas.

De uma forma maravilhosa e inestimável nosso Redentor, após Sua Ressurreição, revelou um Corpo ao mesmo tempo incorruptível e palpável, para que o mostrando incorruptível convidasse ao prêmio, e apresentando-o palpável assegurasse a fé.

Mostrou-se, pois, incorruptível e palpável para deixar fora de dúvidas que Seu Corpo, depois da ressurreição, era da mesma natureza, mas de glória distinta.

E lhes disse: ‘A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou, assim também Eu vos envio’. Isto é, como Pai, que é Deus, enviou a mim que sou Deus, assim também Eu, que sou homem, vos envio a vós, que sois homens.

O Pai enviou ao Filho e determinou que Se encarnasse para a redenção do gênero humano. Certamente quis que viesse ao mundo para padecer, entretanto, amou ao Filho a quem mandou para a paixão. 

Também aos Apóstolos que Ele escolheu, o Senhor os enviou ao mundo não para gozar, mas – como Ele mesmo foi enviado – para padecer, de forma semelhante aos discípulos que são amados pelo Senhor, mas são enviados ao mundo para padecer. Por isso Ele disse:

‘Como o Pai me enviou, assim também Eu vos envio’, isto é, quando Eu vos envio ao abalo das perseguições, estou vos amando com o mesmo amor com que o Pai me ama, e que, apesar disso, fez-me vir para suportar tormentos.

A palavra ‘enviar’ pode entender-se também de Sua natureza divina. Na verdade, diz-se que o Filho é enviado pelo Pai, enquanto que é gerado pelo Pai. Na mesma ordem de coisas, o próprio Filho nos fala de enviar-nos o Espírito Santo que, sendo igual ao Pai e ao Filho, contudo não Se encarnou.

De fato, Ele diz: ‘Quando vier o Paráclito, que vos enviarei deste o Pai.’ Sendo que deveríamos interpretar a palavra ‘enviar’ unicamente no sentido de ‘encarnar-se’, de modo algum poderia dizer-se do Espírito Santo que seria ‘enviado’, visto que nunca Se encarnou.

Sua missão Se identifica com a processão, pela qual procede do Pai e do Filho. Portanto, assim como se diz do Espírito que será enviado porque procede, assim também se diz corretamente do Filho que é enviado, no sentido de que é gerado”. (1)

Colocando-Se no meio deles, comunica-lhes a paz e, com o sopro, comunica-lhes o Espírito, enviando-os em missão; e, na segunda parte, a nova manifestação do Ressuscitado e a profissão de fé feita por Tomé ao ver e tocar as chagas gloriosas do Senhor – “Meu Senhor e meu Deus” (cf. Jo 20, 19-31).

Destacam-se três pontos:

- O primeiro, quando o bispo fala do Mistério da Encarnação do Senhor no ventre de Maria, e este mesmo corpo glorioso, o corpo do Ressuscitado. Maria concebendo pela ação do Espírito mantém a perpétua virgindade, como expressa um dos Dogmas Mariano da Igreja Católica.

A profissão de fé que fazemos na Encarnação do Senhor não se separa de outra verdade inseparável que também professamos no Creio, a Sua Ressurreição, tendo passado pela morte.

- Segundo, sobre o Senhor Ressuscitado ter-Se manifestado de forma incorruptível e palpável, nos assegurando o mesmo destino, e nos possibilitando o afastamento de qualquer dúvida de Sua vitória sobre a morte, de Sua Ressurreição.

- Terceiro, o fato de, sendo Deus, segunda pessoa da Santíssima Trindade, ter sido enviado pelo Pai, com a presença do Espírito que sobre Ele pousava inseparavelmente, e que tendo nos amado, nos amou até o fim, suportando o padecimento, o sofrimento e a morte para nos redimir e nos reconciliar com Deus por Seu Sangue derramado.

E agora, Ele mesmo, vivo e glorioso, é quem nos envia em missão no mundo, também com a assistência do Espírito Santo, que nos é dado pelo Seu sopro divino.

Na criação, recebemos o sopro para termos vida, e com a Ressurreição do Senhor recebemos o Espírito Santo, que nos faz novas criaturas, e nos assiste na remissão dos pecados.

Com este Sermão, temos a graça de renovar nossa fé na Ressurreição do Senhor, pois se Cristo não tivesse ressuscitado, vazia seria a nossa pregação, e ilusória a nossa fé, como afirmou o Apóstolo Paulo (cf. 1 Cor 15, 13-17).

Renovemos nossa fidelidade ao Senhor, que nos envia com a missão de anunciar e testemunhar a Boa-Nova do Evangelho, fazendo necessárias passagens em nossa vida: da tristeza para a alegria, do desânimo para a esperança; do medo para a coragem, da morte para a vida. 

Oremos: 

“Ó Deus de eterna misericórdia, que reacendeis a fé do Vosso povo na renovação da festa pascal, aumentai a graça que nos destes. E fazei que compreendamos melhor o Batismo que nos lavou, o Espírito que nos deu a vida e o Sangue que nos redimiu. Por nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na Unidade do Espírito Santo. Amém". (2)


(1) Lecionário Patrístico Dominical - Editora Vozes - PP. 343-344 
(2) Oração do dia do 2º Domingo de Páscoa.

A terceira aparição do Ressuscitado

                                                                

A terceira aparição do Ressuscitado

Na sexta-feira da oitava na Páscoa, a Liturgia nos apresenta a passagem do Evangelho de João (Jo 21,1-14) sobre a terceira aparição do Ressuscitado.

A presença e ação do Ressuscitado no seio da comunidade, que dá coragem, confiança e garante a esperança vitoriosa e a pesca frutuosa, plena de êxito.

A missão da comunidade dos que creem é testemunhar e concretizar a missão de Jesus Ressuscitado, que tem garantia de êxito, pois conta com a Sua presença, Sua Palavra e Seu Pão em cada Eucaristia celebrada.

Crer em Sua presença é escrever uma história de amor em nosso quotidiano, para além de nossas debilidades e fraquezas, como assim nos falou o Papa São João XIII:

Não basta ser iluminados pela fé e inflamados pelo desejo do bem para impregnar de princípios sadios uma civilização... é necessário inserir-se em suas instituições” (Pacem in Terris, 148).

Esta presença somente é reconhecida por quem ama, fazendo de sua vida doação e serviço, assim como fez Jesus, fazendo-nos passar da noite do fracasso para o amanhecer do êxito da vitória.

A escuridão da noite e da morte foi iluminada na madrugada da Ressurreição. As aparentes derrotas preanunciaram a vitória! Com Jesus nossa pesca será abundante!

Reflitamos:

- De que modo estamos realizando a missão do Ressuscitado a nós confiada no dia de nosso Batismo?
- Quais são os sinais da presença do Ressuscitado em nossa comunidade?

- Quais são as dificuldades, oposições que enfrentamos no testemunho do Cristo Ressuscitado?
- De que modo somos “pescadores de homens do mar do sofrimento e da escravidão”?

- Quais são as forças que renovam e nutrem a nossa esperança?

É Páscoa! 
Ele está em nosso meio. 
“Alegremo-nos e n’Ele exultemos”. 
Amém. Aleluia! Aleluia!

A terceira aparição do Ressuscitado (continuação)

                                                             

A terceira aparição do Ressuscitado 

Aprofundando a riquíssima linguagem simbólica do Evangelho (Jo 21, 1-19), vemos que João nos apresenta a terceira aparição do Ressuscitado em três grandes partes: a pesca, a refeição e a investidura de Pedro.

Os sete Apóstolos voltam à sua atividade quotidiana:

Sete indica totalidade – uma Igreja toda em missão.

Pescar revela a missão da Igreja – pescar aqueles que se encontram mergulhados no mar do sofrimento e da escravidão.

Noite sem nada pescar – noite como tempo das trevas, da escuridão, da ausência de Jesus. Sem Jesus tudo é um fracasso irremediável - “Sem mim, nada podeis fazer” (Jo, 15,5).

Êxito da pesca – garantida pela presença do Ressuscitado e confiança em Sua Palavra.

Rede com 153 peixes – número marcado pelo simbolismo – resultado da soma dos 17 primeiros algarismos – 10 + 7 = totalidade, todos os peixes conhecidos. Significa a plenitude e a universalidade da Salvação.

O discípulo amado reconhece Jesus, o Ressuscitado – amar é condição para reconhecer Sua presença.

Comer com os discípulos – prefigura-se a Eucaristia – “Os pães com que Jesus acolhe os discípulos em terra são um sinal do Amor, do serviço, da solicitude de Jesus pela Sua comunidade em missão no mundo: deve haver aqui uma alusão à Eucaristia, ao Pão que Jesus oferece, à vida com que Ele continua a alimentar a comunidade em missão” (1)

Concluindo, somos enviados ao mundo para o resgate de humanidade, do mar do sofrimento e da escravidão. Nisto consiste “sermos pescadores de homens”.

É Páscoa!
Pelo Senhor fomos escolhidos, amados, enviados.
Por Ele assistidos, acompanhados, nutridos.

A Ele toda fidelidade, entrega, amor e doação.
Com Ele, servir, testemunhar, nossa missão.

Amar e seguir, seguir e amar.
Amar e servir, Servir e Amar.

Amar o Amado sempre, em fidelidade ao Pai,
que nos enviou o Santo Espírito de Amor.
Amém. Aleluia! Aleluia!


(1) Fonte: www.dehonianos.org

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