terça-feira, 2 de abril de 2024

Lumen Fidei – Capítulo III

Lumen Fidei – Capítulo III

“Transmito-vos aquilo que recebi” (cf. 1 Cor 15,3)

Tendo a Igreja como mãe de nossa fé, o Papa começa afirmando que quem se abriu ao Amor de Deus, acolheu a Sua voz e recebeu a Sua luz, não pode guardar este dom para si mesmo, de modo que a palavra recebida faz-se resposta, confissão e ecoa para outros, com o convite para que também creiam. 

A fé Pascal, tendo como símbolo o Círio, dele emana a luz que acende tantas outras velas. Do mesmo modo, a fé cristã é transmitida  de pessoa para pessoa, revelando a face de Jesus.

A fé dos cristãos possibilita que se lance sementes fecundas, tornando-se uma grande árvore, agraciando o mundo com os seus frutos (n.37-38).

Na ação da Igreja, o Amor é o Espírito que nela habita, mantendo unidos os que creem entre si, fazendo-nos contemporâneos de Jesus, o guia de nosso caminhar na fé, por isto, mais uma vez é preciso dizer que é impossível crer sozinho.

A fé nos abre à comunhão com outro e com Deus – “quem crê nunca está sozinho e, pela mesma razão, a fé tende a difundir-se, a convidar outros para a sua alegria” (n. 39).

Esta transmissão da fé se dá primeiramente no Batismo – “O Batismo recorda-nos que a fé não é obra do indivíduo isolado, não é um ato que o homem possa realizar apenas com as próprias forças, mas tem de ser recebida, entrando na comunhão eclesial que transmite o dom de Deus: ninguém se batiza a si mesmo, tal como ninguém vem sozinho à existência. Fomos batizados” (n. 41).

Batizados em nome da Santíssima Trindade, postos no caminho da fé, pela imersão na água, renascidos para o seguimento de Jesus numa nova existência.

Para a vivência do Batismo, é imprescindível o Alimento da Eucaristia – “é Alimento precioso da fé, encontro com Cristo presente de maneira real no Seu ato supremo de Amor: dom de Si mesmo que gera vida”

Na Eucaristia ocorre a memória da atualização do Mistério da Salvação e nos remete do mundo visível ao invisível; alimentados pelo Pão e o Vinho, Corpo e Sangue do Senhor, somos introduzidos de corpo e alma na plenitude Divina.

Como batizados, é importante o conhecimento e a profissão do Credo, com sua estrutura Trinitária, e confissão Cristológica, em que se repassam os Mistérios da vida de Jesus até à Sua morte.

Pronunciar as palavras do Credo nos leva à comunhão com toda a Igreja, por isto, a vida nova da fé é verdadeiramente comunhão com o Deus vivo.

O Pai Nosso consiste também em elemento essencial na transmissão fiel da memória da Igreja.

Outro elemento para esta comunhão é o Decálogo, que não se trata de um conjunto de preceitos negativos, mas de indicações concretas, para que saiamos do deserto de nosso “eu” referencial, fechado em si mesmo, e entremos em diálogo com Deus, deixando-nos ser abraçados por Sua misericórdia, e tão somente assim irradiá-la (n. 46).

Em resumo: o Credo, a Eucaristia e todos os Sacramentos que dela decorrem e para ela se voltam. O Pai Nosso e o Decálogo são elementos essenciais para a transmissão da fé pela Igreja professada (como pode ser visto e aprofundado no Catecismo da Igreja Católica).

Esta fé porta o caráter de unidade, pois já dizia o Papa São Leão Magno – “Se a fé não é una, não é fé”. Além de una ela se dirige ao Senhor, e formamos um só Corpo, e possui um só fundamento: “... a fé é una, porque é partilhada por toda a Igreja, que é um só corpo e um só Espírito: na comunhão do único sujeito que é a Igreja, recebemos um olhar comum. Confessando a mesma fé, apoiamo-nos sobre a mesma rocha, somos transformados pelo mesmo Espírito de Amor, irradiamos uma única luz e temos um único olhar para penetrar na realidade” (n. 47).

A fé precisa ser confessada em sua pureza e integridade, como um só corpo de verdade, com diversos membros, em analogia com o que se passa no Corpo da Igreja. Somente assim a fé será universal, católica, e a sua luz crescerá para iluminar todo o universo e toda a história (n. 48).

Conclui o presente capítulo acenando para o Magistério que tem a missão de garantir a fidelidade, a obediência, a unidade e a integridade da fé. 

“Lumen Fidei” – Capítulo IV

“Lumen Fidei” – Capítulo IV

“Deus prepara para eles uma cidade” (cf. Hb 11,16)

Neste capítulo, o Papa aprofunda a relação da fé com:

- O bem comum; 
- A família em todas as idades da vida em constante amadurecimento (n. 52);
- A sociedade (compromisso social);
- O sofrimento inerente à condição humana (a fé confere um novo sentido para o sofrimento).

O sofrimento não pode ser eliminado, mas pode adquirir um sentido novo, podendo se tornar um ato de amor, de entrega nas mãos de Deus que não nos abandona; como uma etapa de crescimento na fé e no amor: “a luz da fé não nos faz esquecer os sofrimentos do mundo.” (n. 57).

Um capítulo precioso que confirma tudo quanto se disse anteriormente: o quanto a fé não é uma ilusão, uma evasão, mas uma luz para iluminar a existência humana – “A fé não é um refúgio para gente sem coragem, mas a dilatação da vida: faz descobrir uma grande chamada – a vocação ao amor – e assegura que este amor é fiável, que vale a pena entregar-se a ele, porque o seu fundamento se encontra na fidelidade de Deus, que é mais forte do que toda a nossa fragilidade” (n. 53).

A fé revela quão firmes podem ser os vínculos fraternos, quando Deus Se torna presente no meio da humanidade. É desejo e garantia de Deus a construção de uma cidade fiável, mais justa e fraterna.

A luz da fé coloca-se ao serviço concreto da justiça, do direito e da paz, e é capaz de valorizar a riqueza das relações humanas – “A fé não afasta do mundo, nem é alheia ao esforço concreto de nossos contemporâneos”, afirma o Papa. (n. 51).

Ela é um bem para todos; um bem comum – “A sua luz não ilumina apenas o âmbito da Igreja nem serve somente para construir uma cidade eterna no além, mas ajuda também a construir as nossas sociedades de modo que caminhem para um futuro de esperança” (n. 51).

A fé ilumina até a morte, como a última chamada da fé, o último “Sai da tua terra” (Gn 12,1), o último “Vem!” pronunciado pelo Pai, a quem nos entregamos com total confiança, certos de que nos tornará firmes também na passagem definitiva. A morte não tem a última palavra: a vida venceu a morte, em Jesus Cristo, Morto e Ressuscitado (cf. Mc 15,34).

A fé, afirma o Papa, não é luz que dissipa todas as nossas trevas, mas é lâmpada que guia os nossos passos na noite, e isto já nos basta para continuar nosso caminhar, crendo n’Ele, Jesus, o autor e consumador da fé ( Hb 12,2).

Encerra o capítulo nos convidando a refletir sobre o dinamismo da fé, que se funda na perfeita e estreita vinculação da fé, esperança e caridade.

As virtudes teologais são, de fato, um novo impulso e nova força à vida de todos nós em todas as circunstâncias – “O tempo é sempre superior ao espaço: o espaço cristaliza os processos, ao passo que o tempo projeta para o futuro e impele a caminhar na esperança” (n. 57). 

“Lumen Fidei” – Conclusão

                                                        

“Lumen Fidei” – Conclusão

“Feliz daquela que acreditou” (cf. Lc 1,45)

O Papa conclui a encíclica nos exorta a olhar para Maria, o ícone perfeito da fé, como disse Santa Isabel – “Feliz de ti que acreditaste” (Lc 1,45).

Citando São Justino, na obra “Diálogo com Trifão”, nos convida a olhar para Maria, naquele momento em que aceitou a mensagem do Anjo e concebeu “fé e alegria”. Completa o Papa: “Na Mãe de Jesus, a fé mostrou-se cheia de fruto e, quando a nossa vida espiritual dá fruto, enchemo-nos de alegria, que é o sinal mais claro da grandeza da fé” (n. 58).

Finaliza colocando em nossas mãos uma Oração dirigida a Maria, Mãe da Igreja e Mãe da nossa fé, que poderemos rezar tanto quanto possamos:

Ajudai, ó Mãe, a nossa fé.
Abri o nosso ouvido à Palavra, para reconhecermos
a voz de Deus e a Sua chamada.

Despertai em nós o desejo de seguir os Seus passos,
saindo da nossa terra e acolhendo a Sua promessa.

Ajudai-nos a deixar-nos tocar pelo Seu Amor,
para podermos tocá-Lo com a fé.

Ajudai-nos a confiar-nos plenamente a Ele, a crer no Seu Amor, sobretudo nos momentos de tribulação e Cruz,
quando a nossa fé é chamada a amadurecer.

Semeai, na nossa fé, a alegria do Ressuscitado.
Recordai-nos que quem crê nunca está sozinho.

Ensinai-nos a ver com os olhos de Jesus,
para que Ele seja luz no nosso caminho.

E que esta luz da fé cresça sempre em nós até chegar
aquele dia sem ocaso que é o próprio Cristo,

vosso Filho, nosso Senhor. Amém!”

O mais belo amanhecer

O mais belo amanhecer

Quantos amanheceres já pudemos contemplar, e quantos ainda poderemos? Mas não há amanhecer como aquele que Maria Madalena viveu, quando ainda era escuro, na madrugada da Ressurreição do Senhor.

A partir daquele amanhecer, iniciou-se o novo tempo, o tempo do anúncio e do testemunho da mais bela Notícia que o mundo possa ouvir, a Ressurreição de Jesus: vive para sempre Aquele que fora morto (Jo 20, 11-18).

Como seria o diálogo de um discípulo (um entre tantos seguidores de Jesus da época), sedento da Vida Nova que o Cristo Ressuscitado nos alcançou, e que desejasse descobrir, de Maria Madalena, a mais bela Notícia, uma vez que ela foi a primeira a testemunhá-la?

Discípulo: Maria o que foste fazer no túmulo de Jesus?
Maria Madalena: fui apenas para estar com Ele, ainda que estivesse morto, mesmo que tivesse que buscá-lo, onde quer que O tivessem colocado. Chorei, inicialmente, porque não havia encontrado o Seu Corpo.

Discípulo: O que faria para encontrá-Lo?
Maria Madalena: Estaria disposta a qualquer sacrifício para realizar o meu desejo, mas se as pessoas corresponderem ao Amor de Deus, tanto mais Deus corresponde e corresponderá ao amor da humanidade.

Discípulo: Não entendi. Então você O encontrou?
Maria Madalena: Sim. Recebi a grande recompensa por tê-Lo amado. Fiz a grande experiência do encontro pessoal com o Ressuscitado, e anunciei a quantos pude esta experiência que me trouxe uma alegria imensurável e indescritível, e que o mundo inteiro não poderia me oferecer e tão pouco conter.

Discípulo: Como os discípulos reagiram ao seu anúncio?
Maria Madalena: A Notícia da Ressurreição do Senhor foi uma surpresa para os discípulos. Embora Ele os houvesse alertado, a Notícia os pegou desprevenidos, por isto a sensação desencontrada de temor e alegria.

Discípulo: Por que temor e alegria?
Maria Madalena: Temor, porque se tratava de avizinhar-se do mundo dos mortos, e as Escrituras proibiam, terminantemente, qualquer prática deste tipo. Alegria, porque renascia a esperança de se reencontrarem com o Amigo querido, que havia sido crucificado, crudelíssima e injustamente. Quanto sofrimento! Que dor indescritível Ele sofreu e nós com Ele.

Discípulo: E o que aconteceu após comunicar aos discípulos o fato acontecido?
Maria Madalena: Foram ao túmulo, Pedro e o discípulo que Jesus amava, e confirmaram o que eu havia dito. O último, embora chegando primeiro, entrou depois, “Viu e Acreditou”. E, assim, foi o início de uma missão que haveria de varar os séculos e se espalhar pelo mundo inteiro.

Discípulo: Então, em que consiste a Ressurreição de Jesus para você e para a Igreja?
Maria Madalena: Constitui o âmago do anúncio evangélico, confiado como missão aos discípulos, quando Ele mesmo comunicou com a Sua presença, colocando-Se no meio deles (reunidos com medo dos judeus), dando o Sopro do Espírito e os enviando a perdoar ou os pecadores reter, como bem descreveu o Evangelista (Jo 20,19-31).

Discípulo: Então, não foi nada fácil para os discípulos e para você o início da Missão?
Maria Madalena: De fato, não. Tivemos que superar todo medo, e só foi possível porque não se consegue conservar apenas para si esta experiência que vivemos. Ela provocou uma reviravolta em nossa existência.

Discípulo: A Ressurreição do Senhor deu a você e aos discípulos uma nova perspectiva de vida?
Maria Madalena: Sem dúvida, porque Jesus Ressuscitou, vale a pena viver, apesar das derrotas e dos fracassos, uma vez que Ele Se tornou penhor de vida e esperança. É preciso sempre anunciar isto ao mundo!

Saindo do diálogo imaginário...
É missão de todos nós, batizados, ser um sinal vivo do Ressuscitado no mundo. Alegres e convictas testemunhas com a mais bela missão de ser sal da terra, luz do mundo, fermento na massa.

Oportunas são as palavras extraídas da “Carta a Diogneto” (escrita no séc. III): "Quando entregues à morte, são vivificados. Na pobreza enriquecem a muitos... São desprezados, mas, no meio de desonras, sentem-se glorificados". E finalmente: "Para resumir numa palavra: o que é a alma no corpo, são os cristãos no mundo".

Como Pascais que somos, cremos que cada dia, em cada amanhecer, nasce a Vida, a Força, a Graça e a Luz do Ressuscitado que nos acompanha, iluminando a “noite escura de nossa alma”.   Aleluia! 

Santa Maria Madalena: Que amor, que amizade invejável!

                                                         

Santa Maria Madalena:
Que amor, que amizade invejável!

Na terça-feira da oitava da Páscoa, ouvimos a passagem do Evangelho (Jo 20,11-18), e proclamado, também,  dia 22 de julho, quando celebramos a Memória de Santa Maria Madalena.

Maria Madalena foi mencionada entre os discípulos de Cristo, esteve presente ao pé da Cruz e mereceu ser a primeira a ver o Redentor Ressuscitado, na madrugada da Ressurreição (Mc 16,9).

Através da Homilia do Papa São Gregório Magno (séc. VI), revemos como Maria Madalena sentia o desejo de encontrar a Cristo, que julgava ter sido roubado, e assim renovemos mesmo amor pelo Cristo Ressuscitado.

“Maria Madalena, tendo ido ao sepulcro, não encontrou o corpo do Senhor. Julgando que fora roubado, foi avisar aos discípulos. Estes vieram também ao sepulcro, viram e acreditaram no que a mulher lhes dissera.

Sobre eles está escrito logo em seguida: Os discípulos voltaram então para casa (Jo 20,10). E depois acrescenta-se: Entretanto, Maria estava do lado de fora do túmulo chorando (Jo 20,11).

Este fato leva-nos a considerar quão forte era o amor que inflamava o espírito dessa mulher, que não se afastava do túmulo do Senhor, mesmo depois de os discípulos terem ido embora.

Procurava a quem não encontrara, chorava enquanto buscava e, abrasada no fogo do seu amor, sentia ardente saudade d'Aquele que julgava ter sido roubado. Por isso, só ela O viu então, porque só ela O ficou procurando.

Na verdade, a eficácia das obras está na perseverança, como afirma também a voz da Verdade: Quem perseverar até o fim, esse será salvo (Mt 10,22).

Ela começou a procurar e não encontrou nada; continuou a procurar, e conseguiu encontrar.

Os desejos foram aumentando com a espera, e fizeram com que chegasse a encontrar. Pois os desejos santos crescem com a demora; mas se diminuem com o adiamento, não são desejos autênticos.

Quem experimentou este amor ardente, pode alcançar a verdade. Por isso afirmou Davi: Minha alma tem sede de Deus, e deseja o Deus vivo. Quando terei a alegria de ver a face de Deus? (Sl 41,3). Também a Igreja diz no Cântico dos Cânticos: Estou ferida de amor (Ct 5,8). E ainda: Minha alma desfalece (Ct 5,6).

Mulher, por que choras? A quem procuras? (Jo 20,15). É interrogada sobre o motivo de sua dor, para que aumente o seu desejo e, mencionando o nome de quem procurava, se inflame ainda mais o seu amor por Ele.

Então Jesus disse: Maria (Jo 20,16). Depois de tê-la tratado pelo nome comum de mulher sem que ela o tenha reconhecido abertamente: Reconhece Aquele por quem és reconhecida. Não é entre outros, de maneira geral, que te conheço, mas especialmente a ti.

Maria, chamada pelo próprio nome, reconhece quem lhe falou; e imediatamente exclama: Rabuni, que quer dizer Mestre (Jo 20,16).

Era Ele a quem Maria Madalena procurava exteriormente; entretanto, era Ele que a impelia interiormente a procurá-Lo.” (1)

Santa Maria Madalena: que amor, que amizade!
Imitemo-la!
Procuremo-Lo!
Que nosso amor e amizade pelo Senhor
seja de tamanha intensidade e profundidade,
que O testemunhemos Vivo e Ressuscitado,
com renúncias quotidianas necessárias,
na fidelidade plena no carregar de nossa cruz!

Eis o verdadeiro amor que haveremos de
testemunhar por Cristo Jesus!
Aleluia! Aleluia!


 (1) Liturgia das Horas – Vol. III - pág. 1435-1436.

Procura, reconhecimento e Missão

                                                       

Procura, reconhecimento e Missão

Ele Vive! Aleluia!

No Evangelho, da terça-feira da Oitava de Páscoa, é proclamada a passagem que Maria Madalena vai ao túmulo onde Jesus Se encontrava morto, para chorar a Sua ausência (Jo 20,11-18).

Neste relato, encontramos uma tríplice dimensão das narrativas de aparições: iniciativa, reconhecimento e missão.

Maria Madalena procura um morto. Entretanto, o reconhecimento do Ressuscitado não se dá no mero encontro com Jesus, que ainda permanece desconhecido, o encontro acontece quando Sua presença se torna apelo "pessoal", quando Ele a chama pelo nome: "Maria!".

Iluminadora a citação do Lecionário comentado:

Nesta página evangélica Maria Madalena passa da condição inicial de imobilidade e de choro junto do sepulcro, para jubiloso movimento conclusivo com o qual anuncia aos discípulos a sua experiência do Ressuscitado...

A estada de Maria junto do sepulcro é o sinal do seu apego a Jesus, e o seu pranto é determinado pela ausência do corpo do Mestre no túmulo” (1).

Somente quando ela faz o gesto de deter Jesus, temos a revelação do pleno sentido do acontecimento: a volta de Jesus ao Pai e a investidura para a missão do anúncio aos irmãos. Da iniciativa ao reconhecimento, do reconhecimento à missão!

O propósito do Evangelista é levar-nos a compreender o novo modo de presença do Senhor, bem como um o novo modo de entrar em contato com Ele; e também, indicar-nos 
o novo modo de presença do Senhor entre nós, funda-se a Seu novo modo de "estar com o Pai", glorioso, ainda que não tenha subido para junto do Pai (v. 17):

“Maria não deve deter Jesus, como se Ele tivesse regressado à vida terrena. O Filho, pelo contrário, entrara na comunhão com o Pai, e ela é enviada a anunciar que esta comunhão é oferecida também aos discípulos.

A estes Maria proclama agora a sua fé: ‘Vi o Senhor’ e leva-lhes a mensagem Pascal” .(2)

Sendo nossa fé Pascal, é tempo de exultarmos de alegria, porque a tristeza, o desânimo e o medo cederam lugar à alegria, à esperança e à coragem.

Com as forças renovadas no Mistério Pascal celebrado, tornamo-nos alegres testemunhas de Jesus Cristo Ressuscitado, renovando compromissos com uma humanidade nova, pacificadora e justa.

É Páscoa! Ele caminha conosco, vivo e vitorioso. Prantos e lamentos haverão de dar lugar, em nosso coração, à alegria, à exultação, e palavras trocadas de mútua ajuda, para que jamais recuemos na fé.

De fato, a Páscoa do Senhor não dispensa nossos compromissos batismais, antes, são renovados e fortalecidos.

Aprendamos com Maria Madalena a passar da procura ao reconhecimento, e deste à Missão de testemunhar que Ele Vive, Ele Reina. Eis a nossa Missão! Aleluia! Aleluia!


PS: Fonte de pesquisa: Missal Cotidiano - Editora Paulus - pp. 338-339
(1)  Lecionário Comentado - Editora Paulus - Lisboa - p. 378.
(2)  idem - p. 379.

Mistério de escuridão e luz

 


Mistério de escuridão e luz
 
“No primeiro dia da semana, Maria Madalena
 foi ao túmulo de Jesus, bem de madrugada,
 quando ainda estava escuro, e viu que a
pedra tinha sido retirada do túmulo” (Jo 20,1)
 
Maria Madalena viu a pedra removida e, aos poucos, a Boa Nova da Ressurreição vai aquecer e iluminar seu coração, assim como o coração dos discípulos, que vão testemunhar o glorioso acontecimento que mudou o rumo da história e a condição da humanidade para sempre.
 
A escuridão da noite cedeu à luminosidade de um novo dia,
O primeiro dia da semana, “Por que estais procurando e tre os mortos Aquele que está vivo? Ele não está aqui. Ressuscitou! Lembrai-vos do que Ele vos falou quando ainda estava na Galileia” (Lc 24,5-6).
 
Ressurreição do Senhor, duelaram o ódio e o amor, a impotência da condição humana e a onipotência do amor divino, no Mistério da agonia, Paixão e Morte crudelíssima do Senhor na Cruz - “Deus amou tanto o mundo que nos deu o Seu Filho para que quem n’Ele crê não morra, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16). 
 
A tenebrosa e tétrica escuridão da crueldade e morte do Justo, cedeu ao esplendor da luz da Ressurreição, d’Aquele que tendo nos amado, não poderia morto para sempre ficar, a fim de nos redimir pelo Sangue derramado, na fidelidade ao Pai, jamais abandonado, amado.
 
Não poderiam vencer os vorazes e atrozes inimigos do Redentor, da Luz que Veio para o que era Seu, e os Seus não O receberam. Mas, a todos que O receberam deu o poder de se tornarem filhos de Deus: aos que creem em Seu nome” (Jo 1,11-12).
 
Nem todas as luzes das velas, candeias e estrelas serão o bastante para resplandecer a luz que ilumina nossos caminhos, como Ele mesmo dissera – “Eu sou a luz do mundo. Quem me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida’ (Jo 8,12).
 
Por vezes, caminhamos quando ainda está escuro a procura de uma luz para situações obscuras, procurando manter aceso o fogo sob as cinzas das verdades que passam, com ânsias da verdade que jamais passa, a Verdade que é Ele próprio, que uma vez conhecida nos faz livres (Jo 8,32).
 
Não há nada que nos amedronte a ponto de nos fazer submergir, devorando a coragem para enfrentar os ventos das contrariedades presentes na história em todos os seus âmbitos: – “Eu vos disse tais coisas para terdes paz em mim. No mundo tereis tribulações, mas tende coragem: Eu venci o mundo!” (Jo 16,33).
 
Não há escuridão que seja para sempre, também os santos tiveram suas “Noites Escuras”, na inquieta procura sedenta e inquieta de Deus, a fim de que a luz dos olhos jamais se apague e as palavras nos lábios, de louvor, encantamento, apaixonamento pelo Senhor aos céus elevadas.
 
Trevas e luz...
Depois da escuridão da noite, a madrugada da Ressurreição.
“A Vida venceu a morte. Aleluia.
Ressuscitou como disse. Aleluia!”

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