sábado, 25 de novembro de 2023

“Creio na vida eterna”

                                                     

“Creio na vida eterna”

À luz das Conferências do Presbítero, Santo Tomás de Aquino (séc. XIII), reflitamos sobre um dos artigos de nossa fé: “Creio na vida eterna”.

“Com muita propriedade se põe a consumação de todos os nossos desejos, a vida eterna, no final do Símbolo dado aos fiéis, dizendo: ‘Na vida eterna. Amém’.

Em primeiro lugar, a vida eterna une-nos a Deus. Pois Deus mesmo é o prêmio e a consumação de nossos esforços todos: Eu sou teu protetor e tua imensa recompensa (Gn 15,1). Esta união consiste na visão perfeita: Vemos agora como por espelho, em enigma; depois, face a face (1Cor 13,12).

Comporta ainda o máximo louvor, segundo o Profeta: Gozo e alegria nela haverá, ação de graças e voz de louvor (Is 51,3).

E também a perfeita satisfação do desejo, porque lá cada bem-aventurado terá muito além do desejado e esperado. A razão está em que, nesta vida, ninguém pode contentar perfeitamente seu desejo, e criatura alguma sacia o anseio do homem; só Deus o sacia e o excede infinitamente. Por isto, o ser humano não descansa senão em Deus. Santo Agostinho disse: ‘Tu, Senhor, nos fizeste para ti e inquieto está nosso coração enquanto não repousa em ti’.

Já que, na pátria, os santos possuirão a Deus perfeitamente, é evidente que seu desejo será saciado e ainda a glória o excederá. Assim diz o Senhor: Entra no gozo de teu Senhor (Mt 25,21). Agostinho diz por sua vez: ‘O gozo inteiro não entrará nos que se alegram, mas os que se alegram entrarão inteiros nesse gozo. Sereis saciados quando aparecer tua glória’; e outra vez: ‘Quem cumula de bens teu desejo’.

Quanto há de delicioso, tudo ali está com superabundância. Se procuramos delícias, lá haverá o máximo e perfeitíssimo prazer, porque brotando do sumo bem, de Deus: Delícias a tua destra para sempre (Sl 15,11).

Consiste ainda na suave companhia de todos os santos; sociedade agradável a mais não poder, porque cada um terá, em companhia de todos os bem-aventurados, todos os bens. Um amará o outro como a si mesmo, então se alegrará com o bem do outro como se fosse próprio. O que terá por resultado que crescerá a alegria e o gáudio de um, na medida do gáudio de todos”.

Na vida eterna, portanto, seremos saciados quando o Senhor aparecer em Sua Glória.

Por ora, continuemos o peregrinar da fé, rumo à eternidade, construindo relações fraternas entre nós, vivendo o Mandamento do amor a Deus e ao próximo, essência da fé cristã, que nos credencia e nos prepara para a eternidade, a plenitude do amor e da comunhão, com Deus e todos os anjos e santos.

Peregrinando longe do Senhor, aos nossos olhos, mas tão perto de nós, mais do que nós de nós mesmos, como também falou Santo Agostinho, edifiquemos nossas comunidades e a própria existência, fortalecendo os pilares de nossa vida cristã, como vemos expressas nas novas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (2019-2023): pilares da Palavra, do Pão da Eucaristia, da Caridade e da Ação Missionária.

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