quinta-feira, 19 de outubro de 2023

Amados e atraídos pelo Senhor

                                                     

Amados e atraídos pelo Senhor

Sejamos enriquecidos por um dos Tratados sobre o Evangelista João, escrito por Santo Agostinho, Bispo e Doutor (Séc. V).

Ninguém vem a mim a não ser que o Pai o atraia (Jo 6,44). Não penses ser atraído contra a vontade. A alma humana é atraída também pelo amor. Nem devemos temer que os homens que pesam as palavras e que estão muito longe da compreensão das coisas divinas nos venham talvez censurar por causa desta palavra evangélica da Escritura, e nos dizer: ‘Como é que creio por livre vontade, se sou atraído?’ Respondo eu: ‘Por livre vontade é pouco; és atraído também pelo prazer’.

Que significa ser atraído pelo prazer? Busca tuas delícias no Senhor e Ele atenderá aos pedidos de teu coração (Sl 36,4). Há um gozo do coração, seu pão delicioso é o celeste. Contudo se foi possível ao poeta dizer: ‘Cada um se deixa atrair por seu prazer, não pelo constrangimento, mas pelo prazer’, não por obrigação, mas pelo deleite, com quanto mais força temos de dizer que o homem é atraído para Cristo. O homem que se deleita com a verdade, se deleita com a felicidade, se deleita com a justiça, se deleita com a vida sempiterna, com tudo isso que é Cristo.

Se têm os sentidos do corpo sua satisfação, estará o espírito privado de suas alegrias? Se o espírito não conhece delícias, como se disse então: Os filhos dos homens abrigam-se à sombra de Tuas asas, inebriam-se com as riquezas de Tua casa e Tu lhes darás de beber da torrente de Tuas delícias, por que em Ti está a fonte da vida e à Tua luz veremos a luz? (Sl 35,8-10)

Apresenta-me alguém que ame e entenderá o que falo. Mostra um desejoso, um faminto, um sedento peregrino deste deserto que suspira pela fonte da pátria eterna, mostra alguém assim e saberá de que falo. Se, porém, falo a um indiferente, não compreenderá o que digo.

Estendes um ramo verde a uma ovelha e a atrais. Mostram-se nozes a um menino, e é atraído. E corre para onde é atraído, amando, é atraído, é atraído sem violência corporal, é atraído pelo laço do coração. Se, entre as delícias e prazeres terrenos, aqueles que se apresentam aos seus apaixonados exercem forte atração sobre eles, pois é bem verdade que ‘cada um se deixa atrair por seu prazer’, não atrairá o Cristo revelado pelo Pai? Que deseja a alma com mais veemência do que a verdade? Por isso, deve-se ter uma boca faminta. Para que deseja ele ter um paladar espiritual são, senão para discernir as coisas verdadeiras, para comer e beber a sabedoria, a justiça, a verdade, a eternidade?

Diz o Senhor: Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, cá na terra, porque serão saciados (Mt 5,6), lá no céu. Eu lhe entregarei o que ama, entregarei o que espera. Verá aquilo em que acreditou ainda sem ver. Comerá aquilo de que tem fome, será saciado por aquilo de que tem sede. Quando? Na ressurreição dos mortos porque Eu o ressuscitarei no último dia (Jo 6,54)”.

Discípulos missionários do Senhor o somos não por iniciativa pessoal, mas porque o Senhor assim o quis. Querendo, nos chamou, chamando, nos enviou, e amando-nos, nos atrai permanentemente a Si.

Sintamo-nos sempre chamados, amados e enviados pelo Senhor, de modo que nosso discipulado será uma resposta permanente de amor.

Quanto maior a adesão ao Senhor, quanto mais nos sentirmos por Ele seduzidos, maior será nosso compromisso com o Reino, maior será nossa alegria, porque expressão de uma fé cheia de vigor, com a esperança renovada a cada dia, porque também nutridos pelo amor celebrado e derramado em cada Eucaristia. 

Tenhamos nós o coração seduzido pelo Senhor, para que cada vez mais profundo, sincero sejam nossos compromissos na ação evangelizadora, fortalecendo os pilares da evangelização: Palavra, Pão, Caridade e Ação Missionária.

terça-feira, 17 de outubro de 2023

Oração para o Mês Missionário – 2022

 


                               Oração para o Mês Missionário – 2022
 
 
Tema: “A Igreja é missão”
Lema: “Sereis minhas testemunhas” (At 1,8)
 
Oremos:
 
“Deus Pai, Filho e Espírito Santo, ajudai-nos a viver
este Ano Jubilar Missionário, a assumir e a revigorar
nossa vocação cristã de discípulos missionários,
sendo Igreja sinodal em estado permanente de missão
até os confins do mundo. Pela força do Espírito Santo
e a exemplo da bem-aventurada Pauline Jaricot,
sejamos vossas testemunhas, no anúncio, na oração,
na ajuda material e na doação da própria vida,
principalmente nos ambientes humanos, culturais,
religiosos e geográficos, ainda alheios ao Evangelho.
 
Maria, Rainha das Missões, rogai por nós!”

Oração para o Mês Missionário – 2021

 paixão e da esperança.


Amém       Oração para o Mês Missionário – 2021
 
Tema: Jesus Cristo é missão
Lema: “Não podemos deixar de falar sobre o que vimos e ouvimos” (At 4,20)
 
Oremos:
 
“Deus Pai, Filho e Espírito Santo, comunhão de amor,
compaixão e missão. Nós Te suplicamos:
Derrama a luz da Tua esperança sobre
a humanidade que padece a solidão, a pobreza,
a injustiça, agravadas pela pandemia.
 
Concede-nos a coragem para testemunhar,
com ousadia profética e crendo
que ninguém se salva sozinho,
tudo o que vimos e ouvimos de Jesus Cristo,
missionário do Pai.
 
Maria, mãe missionária, e São José, protetor da família,
inspirem-nos a sermos missionários
da compaixão e da esperança.
Amém
.”

segunda-feira, 16 de outubro de 2023

A inextinguível Caridade Divina e a vigilância necessária

A inextinguível Caridade Divina e a vigilância necessária

O Abade São Columbano, (séc. VII), com suas Instruções, ajuda-nos na fidelidade ao Senhor, na atitude de vigilância da espera do Senhor que vem, procurando manter sempre acesa em nosso coração, a inextinguível chama da caridade, para que a luz divina resplandeça através de nossas ações.

“Que felizes, que ditosos aqueles servos ao voltar encontrar vigilantes! (Lc 12,37).

Preciosa vigília pela qual se mantém para Deus, criador do universo, que tudo penetra e tudo supera!

Oxalá também a mim, embora vil, mas, Seu mínimo servo, Se digne de tal forma sacudir-me do sono da inércia, o desejo de união com Ele cintile mais que os astros e sempre arda dentro de mim o fogo divino!

Quem me dera serem tais os méritos, que minha lâmpada estivesse sempre acesa, a noite, no templo de meu Senhor, para iluminar todos os que entram na casa de meu Deus!

Senhor, concede-me eu Te rogo, em nome de Jesus Cristo, Teu Filho e meu Deus, aquela caridade que não conhece ocaso, a fim de que minha lâmpada possa acender-se e jamais se apague.

Arda para mim, ilumine os outros. Que Tu, Cristo, dulcíssimo Salvador nosso, Te dignes acender nossas lâmpadas, de modo a refulgirem para sempre em Teu templo, receberem perene luz de Ti, que és a luz perene, para iluminar nossas trevas e afugentar de nós as trevas no mundo.

Entrega, rogo-Te, meu Jesus, Pontífice das realidades eternas, Tua luz à minha candeia, para que por esta luz se manifeste a mim o santo dos santos que Te possui, ali entrando pelos umbrais do Teu templo magnífico, e onde somente e sem cessar eu Te veja, Te contemple, Te deseje. Esteja eu apenas diante de Ti, amando-Te, e em face de Tua minha lâmpada sempre resplenda, se abrase.

Suplico tenhas a condescendência de Te mostrares, amado Salvador, a nós que batemos à Tua porta para que, conhecendo-Te, só a Ti amemos, só a Ti desejemos, só em Ti meditemos dia e noite, sempre pensemos em Ti.

Inspira em nós tanto amor por Ti quanto é justo que sejas, ó Deus, amado e querido. Teu amor invada todo o nosso íntimo, Teu amor nos possua por inteiro, Tua caridade penetre em nossos sentidos todos. Deste modo, não saibamos amar coisa alguma fora de Ti, que és eterno.

Uma caridade tamanha que nem as muitas águas do céu, da terra e do mar jamais a possam extinguir em nós, conforme a palavra: E as muitas águas não puderam extinguir o amor (Ct 8,7).

Que tudo se realize em nós, ao menos em parte, por Teu dom, Senhor nosso, Jesus Cristo, a quem a glória pelos séculos. Amém”.

Somente uma comunhão intensa e íntima com o Senhor, e vivendo a fé cristã como um encontro com a Sua Pessoa, é que esta caridade inflamará para sempre nosso coração, como uma eterna chama de amor que nos chamou e nos enviou em missão, como alegres e convictos discípulos missionários do Senhor, comunicando a Sua luz a quantos necessitarem.

“As bem-aventuranças do político”

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“As bem-aventuranças do político”

“A boa política está ao serviço da paz” –
“A paz esteja nesta casa” (Lc 10,5)

Em sua Mensagem do Papa Francisco para o 52º Dia Mundial da Paz,  celebrado no dia 1º de janeiro de 2019, o Papa Francisco nos enriqueceu com as “bem-aventuranças do político”, escritas por uma testemunha fiel do Evangelho, o Cardeal vietnamita Francisco Xavier Nguyen Van Thuan, falecido em 2002:

“Bem-aventurado o político que tem uma alta noção 
e uma profunda consciência do seu papel.

Bem-aventurado o político de cuja pessoa irradia a credibilidade.

Bem-aventurado o político que trabalha para o bem comum 
e não para os próprios interesses.

Bem-aventurado o político que permanece fielmente coerente.

Bem-aventurado o político que realiza a unidade.

Bem-aventurado o político que está comprometido 
na realização duma mudança radical.

Bem-aventurado o político que sabe escutar.

Bem-aventurado o político que não tem medo”.

Urge que tenhamos o exercício da boa política a serviço da paz e da promoção do bem comum; respeitando e promovendo os direitos humanos fundamentais, que são igualmente deveres recíprocos, para que se teça um vínculo de confiança e gratidão entre as gerações do presente e as futuras.

terça-feira, 10 de outubro de 2023

Jesus, a plena manifestação do amor de Deus

Jesus, a plena manifestação do amor de Deus

Na segunda-feira, da 16ª Semana do Tempo Comum, ouvimos a passagem do Evangelho de Mateus (Mt 12,38-42), em que os escribas e fariseus pedem a Jesus um sinal do céu, e Ele responde, “Uma geração má adúltera busca um sinal, mas nenhum sinal lhe será dado, exceto o sinal do profeta Jonas” (Mt 8,39).

Nenhum sinal seria dado para que n’Ele cressem, pois Ele é o grande sinal, o Filho do Homem esperado que veio trazer a Salvação para a humanidade.

Para melhor compreensão das Palavras de Jesus, voltemo-nos à passagem do Livro de Jonas (Jn 3, 1-10), que foi enviado por Deus para pregar a destruição de Nínive, porém Deus desiste de destruí-la, porque o povo se abriu e se converteu à pregação de Jonas.

Evidentemente que também nós, hoje e sempre, como cristãos, precisamos nos colocar no itinerário cristão, num caminhar contínuo acompanhado de sincera conversão e fidelidade ao Senhor:

“Os cristãos foram escolhidos por Deus, não para um privilégio, e sim para um serviço. Fomos escolhidos por Ele para testemunhar uma salvação oferecida a todos...

O Senhor está no meio de nós e nos concede quarenta dias para fazermos penitência. Os habitantes de Nínive acolheram a Palavra de Deus e converteram-se. Só podemos proclamar o convite à conversão se pudermos dar testemunho de que ela tem significado para nós” . (1)

Voltando à passagem do Evangelho, trata-se de uma alusão de Jesus ao fato que diz que nenhum sinal seria dado a esta geração, a não ser o sinal de Jonas, e Ele, Jesus, é maior do que Jonas. É preciso crer na Pessoa e na Palavra de Deus, na escuta e acolhida de Seu Projeto de Vida e Salvação para toda a humanidade:

“A fé não se baseia nos milagres, mas na confiança concedida à Pessoa de Jesus. O próprio milagre não seria percebido sem uma fé inicial, que Ele pode confirmar ou reforçar... A rainha do sul e os ninivitas, que aceitaram prontamente a sabedoria de Salomão e a pregação de Jonas, são-nos propostos por Jesus como exemplos de fé e de conversão interior a imitarmos. Acrescente-se uma precisão: hoje, de fato, o cristão é que deve ser no mundo um sinal que seja apelo à conversão.” (2)

De fato, o Amor de Deus se revela na Pessoa e missão de Jesus, e em Sua Palavra que, se acolhida no mais profundo de cada de um nós, é sempre um forte apelo de conversão (metanoia):

“Também para nós é difícil sair dos nossos esquemas, dos nossos juízos, das nossas condenações sobre nós mesmos (quantas vezes somos o juiz mais desapiedado para conosco próprios!) e acolher a sabedoria tão diferente da de Deus, esse sinal supremo que é a morte e Ressurreição de Cristo, como epifania do grande Amor de Deus para cada homem”. (3)

Portanto, trilhar o caminho de conversão requer de nós a multiplicação de gestos de caridade suscitados pela própria caridade, fecundada na fé fundante e geradora de sagrados compromissos, que tornam visível a esperança de uma nova realidade.

Neste caminho de conversão, somos levados à renúncia de algo que achamos necessário, e é tão apenas supérfluo, concentramo-nos no essencial, porque mais atentos e abertos à mensagem da Palavra Divina, num diálogo frutuoso, em sincera Oração, que nos leve, inevitavelmente, à atenção e solidariedade aos que mais precisam, e que se encontram perto ou mesmo distantes de nós.

A conversão genuína leva à abertura de horizontes novos, porque nos liberta das âncoras de nossas seguranças e nos torna mais disponíveis para o acolhimento da Boa-Nova Pascal de Jesus Cristo.

Somente quando nos abrimos à Epifania do Amor de Deus, revelada e a nós comunicada por Jesus, abrimo-nos à ação do Santo Espírito, plenificados por Sua presença, pomo-nos no caminho da Salvação, cremos no coração, professamos o que cremos com nossos lábios e testemunhamos com a nossa vida, sempre à luz do Mistério Pascal, Mistério de Morte e Ressurreição, sem jamais prescindir da Cruz, assumida corajosamente, cheios de fé, com o ardor da caridade, o fogo do amor de Deus inflamado em nossos corações.



(1) Missal Cotidiano - pág. 190.
(2) Idem - pág. 191.
(3) Leccionário Comentado - pág. 78.

PS: apropriada para a 27ª terça-feira do Tempo Comum, quando se proclama na primeira Leitura a passagem do Livro de Jonas (Jn 3,1-10)

sábado, 14 de maio de 2011

Caminhos novos... Por que não buscá-los?

Caminhos novos... 
Por que não buscá-los?
Sol ilumina, aquece e renasce sempre.
Sol poente indispensável para sol nascente.
Se há outras possibilidades, busquemos...
Novo dia, novo amanhecer...
Novo endereço, nova possibilidade
Luz levar, alegria semear...
Com o blog a espiritualidade renovar...

Quem sou eu

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG