quarta-feira, 5 de março de 2025

A Penitência agradável ao Senhor

                                                       

A Penitência agradável ao Senhor

“Convertamo-nos sinceramente ao Seu amor.
Abandonemos as obras más, a discórdia
 e a inveja que conduzem à morte.”

Com a Quarta-Feira de Cinzas, iniciamos com toda Igreja o Tempo Quaresmal, em que somos convidados a fazer Penitência, numa sincera preparação para a Páscoa do Senhor, como a manifestação da alegria da Vitória da Vida sobre a Morte.

Neste sentido, a Carta do Papa São Clemente I (séc. I) é muito oportuna, para que encontremos luzes neste caminho de Penitência, como nos ensina a Tradição da Igreja:

“Fixemos atentamente o olhar no Sangue de Cristo e compreendamos quanto é precioso aos olhos de Deus, Seu Pai, esse Sangue que, derramado para nossa salvação, ofereceu ao mundo inteiro a graça da Penitência.

Percorramos todas as épocas do mundo e verificaremos que em cada geração o Senhor concedeu o tempo favorável da Penitência a todos os que a Ele quiseram converter-se.

Noé proclamou a Penitência, e todos que o escutaram foram salvos. Jonas anunciou a ruína aos ninivitas, mas eles, fazendo Penitência de seus pecados, reconciliaram-se com Deus por suas súplicas e alcançaram a salvação, apesar de não pertencerem ao povo de Deus.

Inspirados pelo Espírito Santo, os ministros da graça de Deus pregaram a Penitência. O próprio Senhor de todas as coisas também falou da Penitência, com juramento: Pela minha vida, diz o Senhor, não quero a morte do pecador, mas que mude de conduta (cf. Ez 33,11); e acrescentou esta sentença cheia de bondade: Deixa de praticar o mal, ó Casa de Israel! Dize aos filhos do meu povo: 'Ainda que vossos pecados subam da terra até o céu, ainda que sejam mais vermelhos que o escarlate e mais negros que o cilício, se voltardes para mim de todo o coração e disserdes: 'Pai', Eu vos tratarei como um povo santo e ouvirei as vossas súplicas' (cf. Is 1,18; 63,16; 64,7; Jr 3,4; 31,9).

Querendo levar à Penitência todos aqueles que amava, o Senhor confirmou esta sentença com Sua vontade todo-poderosa.

Obedeçamos, portanto, à Sua excelsa e gloriosa vontade. Imploremos humildemente Sua misericórdia e benignidade. Convertamo-nos sinceramente ao Seu Amor. Abandonemos as obras más, a discórdia e a inveja que conduzem à morte.

Sejamos humildes de coração, irmãos, evitando toda espécie de vaidade, soberba, insensatez e cólera, para cumprirmos o que está escrito. Pois diz o Espírito Santo: Não se orgulhe o sábio em sua sabedoria, nem o forte com sua força, nem o rico em sua riqueza; mas quem se gloria, glorie-se no Senhor, procurando-O e praticando o direito e justiça (cf. Jr 9,22-23; I Cor 1,31).

Antes de mais nada, lembremo-nos das Palavras do Senhor Jesus, quando exortava à benevolência e à longanimidade: Sede misericordiosos, e alcançareis misericórdia; perdoai, e sereis perdoados; como tratardes o próximo, do mesmo modo sereis tratados; dai, e vos será dado; não julgueis, e não sereis julgados; fazei o bem, e ele também vos será feito; com a medida com que medirdes, vos será medido (cf. Mt 5,7; 6,14; 7,1.2).

Observemos fielmente este Preceito e estes Mandamen­tos, a fim de nos conduzirmos sempre, com toda humildade, na obediência às Suas Santas Palavras. Pois eis o que diz o texto sagrado: Para quem hei de olhar, senão para o manso e humilde, que treme ao ouvir minhas Palavras? (cf. Is 66,2).

Tendo assim participado de muitas, grandes e gloriosas ações, corramos novamente para a meta que nos foi proposta desde o início: a paz. 

Fixemos atentamente nosso olhar no Pai e Criador do universo e desejemos com todo ardor Seus dons de paz e Seus magníficos e incomparáveis benefícios.”
  
Com esta Carta somos exortados aos sinceros compromissos que o caminho da Penitência, dando os primeiros passos no caminho quaresmal, empenhados na prática da Oração, Jejum e Esmola.

Deste modo, o Tempo da Quaresma não será apenas de quarenta dias de empenho nesta prática, mas consistirá num tempo de acolhida da graça divina, um momento favorável e fecundo de Salvação.

A acolhida da graça nos vem da contemplação, do recolhimento silencioso diante de Deus, numa busca sincera de conversão a caminho da Salvação. Amém!

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG