terça-feira, 3 de setembro de 2024

Amemos Cristo, o Bom Pastor, ponhamo-nos a caminho!

                                                                         


Amemos Cristo, o Bom Pastor, ponhamo-nos a caminho! 

         “Eu sou o Bom Pastor; conheço minhas ovelhas e as minhas                                                         ovelhas me conhecem” (Jo 10,14) 

A Homilia do Papa São Gregório Magno (séc. VI) nos ajuda a refletir sobre o Bom Pastor, que é o próprio Jesus. 

“Eu sou o Bom Pastor. Conheço minhas ovelhas, isto é, Eu as amo, e minhas ovelhas me conhecem (Jo 10,14). 

É como se quisesse dizer francamente: Elas correspondem ao Amor d'Aquele que as ama. Quem não ama a verdade, é porque ainda não conhece perfeitamente. 

Depois de terdes ouvido, irmãos caríssimos, qual é o perigo que corremos, considerai também, por estas palavras do Senhor, o perigo que vós também correis. 

Vede se sois Suas ovelhas, vede se O conheceis, vede se conheceis a luz da verdade. Se O conheceis, quero dizer, não só pelo que credes, mas também pelas obras. 

O mesmo evangelista João de quem são estas palavras, afirma ainda: ‘Quem diz: Eu conheço Deus, mas não guarda Seus Mandamentos é mentiroso’ (1Jo 2,4). 

Por isso, nesta passagem do Evangelho, o Senhor acrescenta imediatamente:

‘Assim como o Pai me conhece, eu também conheço o Pai e dou minha vida por minhas ovelhas’ (Jo 10,15). 

Como se dissesse explicitamente: a prova de que Eu conheço o Pai e sou por Ele conhecido, é que dou minha vida por minhas ovelhas; por outras palavras, este amor que me leva a morrer por minhas ovelhas, mostra o quanto Eu amo o Pai. 

Continuando a falar de Suas ovelhas, diz ainda: Minhas ovelhas escutam a minha voz, Eu as conheço e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna (Jo 10,27-28). 

É a respeito delas que fala um pouco acima: Quem entrar por mim será salvo; entrará e sairá e encontrará pastagem (Jo 10,9). 

Entrará, efetivamente, abrindo-se à fé, sairá passando da fé à visão e à contemplação, e encontrará pastagem no banquete eterno. 

Suas ovelhas encontram pastagem, pois todo aquele que O segue na simplicidade de coração é nutrido por pastagens sempre verdes. 

Quais são afinal as pastagens dessas ovelhas, senão as profundas alegrias de um paraíso sempre verdejante? 

Sim, o Alimento dos eleitos é o rosto de Deus sempre presente. Ao contemplá-Lo sem cessar, a alma sacia-se eternamente com o alimento da vida. 

Procuremos, portanto, irmãos caríssimos, alcançar estas pastagens, onde nos alegraremos na companhia dos cidadãos do céu. Que a própria alegria dos bem-aventurados nos estimule. 

Corações ao alto, meus irmãos! Que a nossa fé se afervore nas verdades em que acreditamos; inflame-se o nosso desejo pelas coisas do céu. Amar assim já é pôr-se a caminho. 

Nenhuma contrariedade nos afaste da alegria desta solenidade interior. Se alguém, com efeito, pretende chegar a um determinado lugar, não há obstáculo algum no caminho que o faça desistir de chegar aonde deseja. 

Nenhuma prosperidade sedutora nos iluda. Insensato seria o viajante que, contemplando a beleza da paisagem, se esquece de continuar sua viagem até o fim”. 

Amemos Cristo, o Bom Pastor, ponhamo-nos a caminho!

Não ouçamos outras vozes que nos desviem da verdadeira felicidade, pois somente Ele é a porta da verdadeira realização de nossos sonhos e projetos, fonte da plenitude de alegria que celebramos na Páscoa, um Mistério de transbordamento de alegria. 

Amemos Cristo, o Bom Pastor, ponhamo-nos a caminho!

Não nos separemos do rebanho d’Ele, porque a Ele pertencemos, e não haverá ninguém e nada que possa nos fazer encontrar saciedade para nossa sede e fome de amor, vida e paz. 

Amemos Cristo, o Bom Pastor, ponhamo-nos a caminho!

Como família, multiplicando todo esforço necessário para santificá-la e edificá-la na solidez da Palavra ouvida e vivida, Lei maior do Amor, que por todos deve ser acolhida, pois o Mandamento do Amor, a Lei Divina vivida é a plenitude da caridade. 

Que a família seja, o que há de ser: uma escola de eternidade, onde se aprende a viver na terra o que esperamos encontrar nos céus: diálogo, comunhão, alegria, verdade, liberdade, sinceridade, transparência, luz, vigor de quem aprendeu na concretude das relações, o vigor e a saúde que brotam do perdão, da reconciliação. 

Amemos Cristo, o Bom Pastor, ponhamo-nos a caminho!

Fortalecendo nossos laços fraternos na comunidade, revigorando-nos na Mesa da Eucaristia, com mais sólidos e sinceros compromissos pastorais na participação da construção do Reino. 

Amemos Cristo, o Bom Pastor, ponhamo-nos a caminho!

Não há outro caminho. Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida.

Ele é o Bom Pastor! A porta que se abre para nos introduzir nos céus, em verdes pastagens... Quem nelas não quer passear? Quem das Águas Cristalinas não quer beber? Quem do Banquete da Eternidade não quer se saciar? 

Inflamemos o nosso desejo pelas coisas do céu. 

Renovemos a alegria de pertencermos ao rebanho do Senhor. 

Coloquemo-nos diante da ternura, da acolhida, do amor, da voz do Bom Pastor, que nos interpela a novas atitudes, novos compromissos, imitando-O nos mais diversos pastoreios que Deus nos confia, tanto dentro como fora da Igreja: 

Na fidelidade ao Cristo Bom Pastor,
Sejamos conduzidos às verdes pastagens:
Da vida em abundância, da paz, do amor, da alegria,
Na fidelidade no carregar da Cruz a cada dia!
 
Seja inflamado nosso desejo pelas coisas do céu,
Procurando torná-las visíveis, possíveis aqui na terra...
Tão somente assim, o paraíso não será saudade de algo perdido,
Mas, de fato, um projeto, uma meta, um sonho a ser construído!
 

Amemos Cristo, o Bom Pastor, ponhamo-nos a caminho, sem demora!  

 

 

PS: Liturgia das Horas - pág. 679-680 - Vol. II. 

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