quarta-feira, 3 de dezembro de 2025

Para que o Natal seja verdadeiro!

                                                               

Para que o Natal seja verdadeiro!

O Tempo do Advento, como a Igreja insiste, é tempo de vigilância ativa, oração, conversão, preparação para um Santo e iluminado Natal do Senhor.

Reflitamos sobre a afirmação do Bispo Santo Ambrósio (séc. IV):

“Com que laços se retêm o Cristo? Não é com laços da injustiça, nem com nós de corda, mas com os laços da caridade, com as rédeas do Espírito e pelo afeto da alma”

Reter Cristo não quer dizer aprisioná-Lo em nosso íntimo. Jamais seria proposto termos uma relação intimista com Deus, o que é muito diferente de uma autêntica intimidade com Deus que devemos permanentemente buscar.

O Tempo do Advento é a possibilidade de esvaziarmos nosso interior de tudo que ofusca a imagem de Deus em nós; eliminação de tudo que possa ocupar espaço na mente e no coração, para que o Senhor tenha uma acolhida e lugar digno em nós.

Reter é como sentir Sua presença, não exilá-Lo de nós. Abrir, decididamente a porta para que Ele venha e em nós faça morada. Ele está à porta e bate, como Ele mesmo disse depois de ter vindo na forma de uma Criança: “Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo” (Ap 3,21).

Já não esperamos mais a primeira vinda de Jesus, mas a segunda, enquanto vivemos a vinda intermediária.

Assim toda a prática de injustiça O afasta e aprisiona; fechamos qualquer possibilidade de um relacionamento sincero com Ele.

Seja para nós o Tempo do Advento um tempo favorável para:

- reforçarmos e multiplicarmos os laços de caridade, não apenas dando uma cesta (o que é maravilhoso para quem recebe tanto quanto para quem dá); mas também laços de caridade mais fraternos, verdadeiros, justos, sinceros;

- não restringir a caridade à oferta do material, ao tangível. Ela nos pede mais, como nos fala o Apóstolo Paulo na Carta aos Coríntios (1Cor 13);

- cuidarmos das “rédeas do Espírito”, que jamais nos aprisiona. Em Cristo, somos uma nova criatura; com Seu Espírito gozamos a verdadeira liberdade. Não há maior liberdade que se possa experimentar do que a liberdade que nos alcança o Espírito.

Conhecendo a Verdade que é Jesus, vivendo-a em fidelidade ao Pai, teremos a presença de Seu Espírito, e então saborearemos os deleites da alegria e liberdade que Ele nos traz, deste modo, o afeto da alma seja contemplado em cada pessoa que encontrarmos no Natal que se aproxima.

Seja para nós o Natal, não apenas a festa das comidas e trocas de presentes, mas a expressão de que, depois de esforços multiplicados, empenhos realizados, o coração devidamente preparado, nos tornamos mais fraternos.

Encontre nossa alma a paz tão desejada, que somente do Senhor pode vir, se O acolhermos no Natal, na caridade, liberdade e afeto. 

Retenhamo-Lo! Mas antes... Antes que seja tarde, comecemos a preparar um digno lugar para Ele.

A beleza do Tempo do Advento (IIDTAA)

                                                           



A beleza do Tempo do Advento (ano A)

Antes de apresentarmos a mensagem que a Liturgia da Palavra nos oferece, podemos assim entender o Tempo do Advento:

“Hoje nós não esperamos a vinda do Messias – que já apareceu em Belém há mais de dois mil anos – mas a Sua manifestação ao mundo. É nesta perspectiva que adquire sentido o Tempo que dedicamos à preparação do Natal, Tempo que mais do que ‘Advento’, deveria ser chamado ‘Preparação para o Advento’” (1).

Agora vejamos o que nos propõe a Liturgia:

- No primeiro Domingo (ano A) retrata a vinda escatológica de Jesus (a Sua segunda vinda gloriosa, que professamos e aguardamos na vigilância). Somos chamados a “atitude da vigilância”. Todos os textos proclamados evocam a manifestação do Senhor no fim dos tempos e a urgência da preparação para este final da história da humanidade na terra.

- No segundo Domingo (e também no terceiro) retrata a Sua vinda na História. A atitude que se ressalta é a “conversão”, a partir da voz de João Batista, que exorta a preparar os caminhos do Messias esperado.

- No terceiro Domingo, temos a identificação de Jesus testemunhado pelas Suas obras. De fato era Ele que haveria de vir. A marca deste Domingo é a “alegria”, pela Sua primeira vinda e a espera paciente e confiante de Sua segunda vinda.

- No quarto Domingo nos fala do “anúncio“ a José, sobre o nascimento do Filho de Maria como Salvador e Deus conosco.

Em relação à Palavra proclamada nestes Domingos:

- Na primeira leitura, percorremos um itinerário de consciência progressiva do caráter salvífico da vinda d’Aquele que foi prometido e que será reconhecido, no quarto Domingo, na Pessoa de Jesus de Nazaré.

- Na segunda Leitura, temos um convite a nos deixar conduzir pela vigilância, paciência e fidelidade às Escrituras, reconhecendo em Jesus, o Filho de Deus, e vivendo a obediência da fé.

Neste sentido, somos convidados à vigilância e à conversão, esperando com alegria e perseverança a chegada de Deus, na encarnação do Verbo, com a destruição da injustiça e da impiedade, trazendo a salvação para todos os que n’Ele crerem.

Concluindo, podemos afirmar que o Tempo do Advento é uma frutuosa introdução no Mistério do Ano Litúrgico e a celebração da tríplice vinda de Jesus: “As poucas semanas que precedem a Festa do Natal constituem uma importante iniciação ao Mistério insondável da Encarnação, que desde então é o âmbito em que vivemos na fé e na esperança” (2).

Sobre esta tríplice vinda, fiquemos com as palavras de São Bernardo (séc. XII), em sua Homilia para o Advento:

“Na primeira vinda, o Senhor veio em carne e debilidade, nesta segunda, em espírito e poder; e na última, em glória e majestade. Esta vinda intermediária é como que uma senda por que se passa da primeira para a última: na primeira, Cristo foi nossa redenção; na última, aparecerá como nossa vida; nesta, é o nosso descanso e o nosso consolo” (3).


(1) Lecionário Comentado - Editora Paulus - p.35
(2) Missal Quotidiano Dominical e Ferial – Editora Paulus – Lisboa – 2011 pp. 27-28
(3) idem p.28 - (in São Bernardo, Homilia sobre o Advento, 5,1-2, Opera omnia, edição cisterciense, 4, 1966, 188-190).

Será Natal para quem viver o Perdão! (IIDTAA)

                                                                   


Será Natal para quem viver o Perdão! 

“Eu confessar?” “Pra que se vou pecar de novo”; “Confessar com padre? Eu não! Confesso diretamente com Deus”; “Eu não tenho pecado, vou confessar o quê?”...

Estas expressões e outras semelhantes ouvimos muitas vezes, portanto, urge que aprofundemos sobre este assunto tão vital para uma vida cristã mais ativa, piedosa, consciente e frutuosa, conhecendo a Doutrina e a fundamentação bíblica do Sacramento da Penitência, que o Papa Francisco tanto insistiu em  sua Carta Apostólica “Misericordia et misera”.

A Igreja recorda-nos precisamente neste período a necessidade irrevogável da Confissão Sacramental, para que possamos viver a Ressurreição de Cristo não só na Liturgia, mas também transcorrer de nossos dias.

O tempo do Advento é um Tempo oportuno para procurarmos um Sacerdote, a fim de receber um dos sete Sacramentos da Igreja, o Sacramento da Penitência. Bem entendido e vivido, este Sacramento nos introduz no Mistério do Amor de Deus, renova-nos, para que melhor imagem d’Ele sejamos: “sede santos como Deus é santo”.

Retomo as palavras de São Josemaria Escrivá, que aconselhava com critério simples e prático que as nossas confissões fossem concisas, concretas, claras e completas., com o objetivo de ajudar a quantos possa, e que cheguem melhor preparados para o Sacramento da Misericórdia Divina:

Confissão concisa, sem muitas palavras: apenas as necessárias para dizermos com humildade o que fizemos ou omitimos, sem nos estendermos desnecessariamente, sem adornos. A abundância de palavras denota às vezes o desejo, inconsciente ou não, de fugir da sinceridade direta e plena; para evitá-lo, temos que fazer bem o exame de consciência.

Confissão concreta, sem divagações, sem generalidades. O penitente “indicará oportunamente a sua situação e o tempo que decorreu desde a sua última confissão, bem como as dificuldades que teve para levar uma vida cristã”, declarando os seus pecados e o conjunto de circunstâncias que tenham caracterizado as suas faltas a fim de que o confessor possa julgar, absolver e curar.

Confissão clara, para sermos bem entendidos, declarando a natureza precisa das faltas e manifestando a nossa própria miséria com a necessária modéstia e delicadeza.

Confissão completa, íntegra, sem deixar de dizer nada por falsa vergonha, para “não ficar mal” diante do confessor.”

É sempre tempo favorável de nossa salvação, de não desperdiçarmos a graça de Deus, como bem falou o Apóstolo Paulo na Carta aos Coríntios. “Sendo assim exercemos a função de embaixadores em nome de Cristo, e é por meio de nós que o próprio Deus vos exorta. Em nome de Cristo, suplicamos: reconciliai-vos com Deus” (2Cor 5,20).

Ele vem ao nosso encontro (IIDTAA)

 

                                   

Ele vem ao nosso encontro


Advento, ouvi que Ele veio, vem e virá.
Também me disseram que Ele vem a cada instante
Portanto, na vigilância e oração fiquemos,
Porque, glorioso, haverá de voltar.
Maranathá, Ele veio, Ele vem, Ele virá.
 
Advento, ouvi que Ele veio, vem e virá.
Há dois mil anos, revestido da fragilidade da meiga criança:
A Palavra se fez Carne e habitou entre nós (cf. Jo 1,14)
E a vida plena e abundante para todos comunicar (cf. Jo 10,10),
Por meio do Mistério de Sua Paixão e Morte e Ressurreição.
 
Advento, ouvi que Ele veio, vem e virá:
Veio e caminhou entre nós e Se fez um de nós,
Igual a nós, exceto no pecado, e nos ensinou
As mais belas lições de amor, partilha, comunhão,
Solidariedade, esperança, fraternidade e perdão.
 
Advento, ouvi que Ele veio, vem e virá,
Sobre as nuvens e pisando no chão de nossa história,
Enxugará todas as lágrimas que verteram desde sempre,
E não haverá mais lágrimas para chorar,
Porque Ele novas todas as coisas fará (cf. Ap 21,5).
 
Advento, ouvi que Ele veio, vem e virá,
Para o luto que ceifa vidas, com ou sem pandemia,
Porque Ele , Caminho, Verdade e Vida (cf. Jo 14,6),
Com Sua vinda e Vida, a morte para sempre vencerá
E a morte da morte, se poderá com os anjos cantar.
 
Advento, ouvi que Ele veio, vem e virá.
Aquele desejamos encontrar e incansáveis procuramos,
Que tão somente amando O encontramos,
Para que uma vez encontrado,
Para sempre O amemos. (1)  
 
Advento: creio que Ele veio, vem e virá:
“Agora e em todos os tempos, Ele vem ao nosso encontro,
presente em cada pessoa humana,
para que o acolhamos na fé e o testemunhemos na caridade,
Enquanto esperamos a feliz realização de Seu reino. Amém. (2)
 
(1)    Conferir Santo Anselmo (séc. XII)
(2)    Prefácio do Advento

Suavidade e beleza do Tempo do Advento (IIDTAA)

                                                              

Suavidade e beleza do Tempo do Advento

Concedei-nos, ó Deus, viver o Tempo do Advento como uma  parábola do tempo presente, em que esperamos com alegria e humildade a hora do grande encontro com Jesus, distribuindo todos os bens com infinita generosidade e de maneira imprevisível, e que voltará em Sua segunda vinda gloriosa, quando menos esperarmos.

Fortalecei-nos, ó Deus, para que vivamos este tempo de gozo espiritual, em que caminhamos olhando para a frente, com o coração pleno de fé, esperança e caridade.

Despertai-nos, ó Deus, para que vivendo este tempo, abramos a Vós nosso coração, acompanhado de orações de súplica confiante e ação de graças por todos os bens que nos concedeis, e dentre eles, o maior de todos os bens, o Bem Divino, que é o Vosso Filho, em comunhão com o Santo Espírito.

Ajudai-nos, ó Deus, para que vivamos com ardor a missão de discípulos missionários do Vosso Filho, assistidos pela docilidade do Santo Espírito, o Vosso projeto para nós, confiantes em Vossa Palavra viva e eficaz, empenhados na prática do bem, orantes e vigilantes em todo o tempo.

Abri, ó Deus, nossos olhos e nosso coração, para que sintamos e vivamos a beleza e suavidade do Tempo do Advento, para  bem celebrarmos as vindas primeira e segunda do Vosso Filho, vivendo intensamente a vinda intermediária, experimentando Vossa força, proteção e imprescindível presença, para que sejamos partícipes de um novo tempo e promotores da fraternidade e amizade social, caminho da paz plena e universal. Amém.

 

Fonte inspiradora: Missal Quotidiano, Dominical e Ferial, Editora Paulus, Lisboa, 2010 – pp.100/102 

João Batista: seu grito ressoa pelos séculos (IIDTAA)

                                                           


João Batista: seu grito ressoa pelos séculos

A Liturgia do 2º Domingo do Advento (ano A) nos apresenta a passagem do Evangelho de Mateus, em que João Batista encontra-se no deserto pregando o batismo de conversão, anunciando a proximidade do Reino de Deus e a necessária preparação do caminho do Senhor e o endireitar das veredas para a Sua chegada (Mt 3,1-12).

Vejamos esta afirmação:

“João Batista já não está nas margens do Jordão. Já desapareceram todos os que ele fustigava. Também Aquele que o Batista anunciava já deixou a terra, depois de ter cumprido a Sua missão. Mas a voz do Precursor continua a ressoar na Igreja, aos ouvidos dos que receberam o Batismo no Espírito Santo: ‘Praticai ações que se conformem ao arrependimento que manifestais!’ Porque essa conversão não é coisa de um dia; terá de continuar ao longo de toda a vida, com a esperança de que se mantém, graças à ‘paciência e consolação que vêm das Escrituras’, como diz São Paulo (Rm 15,4)”. (1)

A voz de João “continua a ressoar na Igreja” e “aos ouvidos dos que receberam o Batismo no Espírito Santo”.

Passaram-se os tempos, novos contextos, mas a voz de João não perde a força profética, porque ainda há muito que ser transformado, para que tenhamos uma nova realidade, em que a vida humana seja, de fato, um templo vivo onde Deus habita.

Uma passagem rápida pelos noticiários em todos os âmbitos, vemos que os valores efêmeros, transitórios, norteiam ações e decisões. Os interesses econômicos, as vantagens prevalecem em detrimento do bem comum, com desvios execráveis, corrupção, cumplicidade, propinas e um esforço conjunto de desmoralização de ações que venham passar a limpo o que for preciso.

A voz profética de João ressoa em todos os âmbitos, para que a conversão nos leve a produzir frutos bons e agradáveis que a fé exige: como pessoa, família, comunidade e sociedade.

Impossível que sua voz não seja ressoada, inadmissível que seja sufocada.

Tenhamos a coragem de afinar nossos ouvidos e captar seu grito, que chega a cada um de nós, certos de que quanto mais nos abrirmos à sua escuta, em sincera atitude de conversão, mais instrumentos de harmonia, concórdia e comunhão haveremos de ser, deixando-nos guiar pela Sagrada Escritura, que é para nós garantia de constância e conforto em todos os momentos, para que não recuemos no testemunho da fé, como tão bem nos exortou também o Apóstolo Paulo (Rm 15,4-9), na segunda Leitura também proclamada neste segundo Domingo do Advento.



(1) Missal Quotidiano e Dominical - Editora Paulus - Lisboa - 2012 p.63

Advento: Conversão e renovação pelo Fogo do Espírito (IIDTAA)

                                                    



Advento: Conversão e renovação pelo Fogo do Espírito

A Liturgia do 2º Domingo do Advento (ano A) nos convida a rever os valores que orientam a nossa vida, a fim de que coincidam com os valores do Reino, daí a necessidade permanente de conversão e amadurecimento, preparando a chegada do Senhor, em mais um Natal a ser celebrado.

Na passagem da primeira Leitura (Is 11,1-10), o profeta Isaías nos fala de um descendente de Davi sobre o qual repousa a plenitude do Espírito de Deus, um Messias.

Sua palavra profética é de fato uma poesia e o sonho de um mundo novo e melhor, numa realidade marcada pela opressão, sofrimento e desolação.

Nisto consiste a mensagem profética de Isaías: a vinda do Messias e a restauração da prosperidade do Reino, com a superação de divisões, conflitos, restaurando a verdadeira paz (Shalom), a plenitude de todos os bens de Deus para uma vida plena e feliz. Um tempo novo sem armas e sem guerras, numa paz sem fim.

E este Messias é o próprio Jesus, como veremos mais tarde, e que, como Igreja que somos, cremos, anunciamos e testemunhamos, e a Sua missão continuamos.

Quanto aos dons, o Messias será mais que Salomão (em sabedoria e inteligência); mais que Davi (conselho e fortaleza); mais que os patriarcas (conhecimento e temor).

Reflitamos:

- Como realizamos esta missão?
- Somos sinais de esperança na realidade em que nos encontramos inseridos?

- O que deve ser mudado em nós (enquanto indivíduos), família e sociedade, para que construamos um mundo novo, com novas relações de comunhão, partilha e fraternidade?

Na passagem da segunda Leitura (Rm 15,4-9), o Apóstolo Paulo exorta que os cristãos sejam o rosto visível do Cristo, testemunhando a união, a partilha e a comunhão, a harmonia, acolhida e a não discriminação, porque vive o amor mútuo.

Deste modo, a comunidade precisa viver a solidariedade com os  mais frágeis e necessitados; doando a vida em favor da vida do outro, promovendo e fortalecendo incansavelmente a unidade.

Reflitamos:

- De que modo nossa comunidade vive este testemunho?

- Quais atitudes acima precisam ser mais marcantes em nossas comunidades?

- Que esforço a comunidade faz para vencer o egoísmo e a autossuficiência?

Na passagem do Evangelho (Mt 3,1-12) destaca-se a pessoa de João Batista, uma voz a gritar no deserto, anunciando a proximidade da concretização do Reino, por isto, sua palavra é um forte grito profético que chama à conversão: “Convertei-vos, porque o Reino dos céus está próximo” (Mt 3,1). E ainda: “Esta é a voz que grita no deserto: preparai o caminho do Senhor, endireitai suas veredas” (Mt 3,2).

Com João Batista, somos exortados à mudança de valores para que se conformem aos valores do Reino; a deixar o supérfluo na procura do que seja, de fato, essencial para a nossa vida.

Podemos falar, então, de uma “metanoia”, uma mudança de mentalidade e atitudes, em total e incondicional retorno ao Deus da Aliança, numa contínua atitude de conversão.

Deste modo, para a acolhida do Messias é preciso esvaziar-se de todo o egoísmo, orgulho, autossuficiência e preocupação excessiva com os bens materiais.

Quanto ao Batismo de João Batista, é precedido pela pregação para um batismo de conversão, arrependimento, perdão dos pecados e agregação ao resto de Israel; o Batismo de Jesus será a introdução a uma relação de filiação divina, incorporação à vida da Igreja e participação ativa em sua missão (batismo no Espírito Santo e no fogo).

Reflitamos:

- Em que precisamos nos converter, neste Tempo do Advento, para bem celebrar o Nascimento do Salvador?
- Quais são os valores que orientam nosso pensar, falar e agir?

- São eles diferentes dos valores do mundo?
- O que significa, hoje, preparar o caminho do Senhor (em todos os âmbitos: pessoal, familiar, comunitário, social e planetário)?

Concluindo, permitamos que o Fogo do Espírito queime nossos pecados, e suas raízes sejam arrancadas de nosso coração, para que nele fiquem apenas entranhadas as raízes da misericórdia, e as obras corporais e espirituais sejam seus desejados frutos no cotidiano.

Sejamos transformados por este Fogo Divino do Espírito, para que celebremos um Natal cristão, recuperando o sentido Pascal do Natal, marcado pela conversão, pela passagem para uma nova atitude, mentalidade, compromissos com a Boa-Nova do Reino.

Somente a partir de corações e mentes renovadas, o mundo terá um novo coração e uma nova mentalidade.


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