segunda-feira, 1 de dezembro de 2025

A humildade e a paz

                                                             

A humildade e a paz
 
Estamos vivendo o Tempo do Advento, que consiste em quatro semanas de preparação intensa para a celebração do nascimento do Menino Deus, o Verbo que Se fez Carne e habitou entre nós (cf. Jo 14,6), o Salvador de toda a humanidade.
 
Deste modo, o Advento é tempo de:
 
- renascer algumas coisas em nós, para que outras possam florescer e frutificar; a humildade é uma delas, e uma vez renascida e revigorada, frutos de paz nascerão em nosso coração;
 
- reconhecer que somos terra, húmus, que do pó viemos e ao pó retornaremos; que precisamos aprender usar das coisas que passam e abraçar as que não passam;
 
- derrubar as montanhas do egoísmo, que insistem em permanecer dentro de nós;
 
- elevar os vales da nossa fragilidade, para nos revigorarmos da força divina, para o bom combate da fé;
 
- aplainar caminhos tortos e retirar todas as asperezas que marcam relacionamentos próximos e mesmo distantes;
 
- reter Cristo em nós, “Mas não com laços de injustiça, nem com nós de corda, mas com laços da caridade, com as rédeas do Espírito e pelo afeto da alma... Se queres também reter o Cristo, tenta fazê-lo e não tenhas medo dos sofrimentos. Pois, não raro, é no meio dos suplícios do corpo, nas mãos dos perseguidores, que O encontramos mais facilmente” ”(cf. Santo Ambrósio (séc. IV).
 
Há um texto que pode nos ajudar, e muito, para um bom Advento, e um excelente Natal do Senhor, extraído do Livro 2 “Da Imitação de Cristo”, cap. 2-3, escrito por Tomas Kempis no séc. XV, em que nos apresenta a humildade como o pressuposto para o alcance da paz:
 
“Não te preocupes muito em saber quem é por ti ou contra ti, mas deseja e procura que Deus te ajude em tudo que fizeres.
 
Tem boa consciência e Deus será tua boa defesa. A quem Deus quiser ajudar, nenhum mal poderá prejudicar.
 
Se souberes calar e sofrer, verás certamente o auxílio do Senhor.
 
Ele sabe o tempo e o modo de te libertar, portanto, entrega-te a Ele inteiramente. A Deus pertence aliviar-nos e tirar-nos de toda confusão. Às vezes é muito útil, para guardar maior humildade, que os outros conheçam e repreendam nossos defeitos.
 
Quando o homem, por causa de seus defeitos, se humilha, então facilmente acalma os outros, e desarma os que estão irados contra ele. O humilde, Deus protege e livra; ao humilde ama e consola. Ao homem humilde Se inclina; ao humilde dá-lhe abundantes graças, e depois de seu abaixamento eleva-o a grande honra. Ao humilde, revela Seus segredos, e com doçura o atrai a Si e convida.
 
O humilde, depois de receber uma afronta, conserva sua paz: porque confia em Deus e não no mundo. 
 
Não julgues que fizeste algum progresso se não te considerar inferior a todos. Primeiro conserva-te em paz; depois poderás pacificar os outros. O homem pacífico é mais útil do que o letrado. O homem dominado pelas paixões, até o bem converte em mal e acredita facilmente no mal. O homem bom e pacifico tudo converte em bem.
 
Quem está em boa paz não suspeita mal de ninguém. Mas, quem é descontente e inquieto, com diversas suspeitas se atormenta; não tem sossego nem deixa os outros sossegar. Diz muitas vezes o que não devia; e deixa de fazer o que mais lhe conviria. Preocupa-te com as obrigações alheias e descuida-se das próprias. Zela, portanto, primeiro por ti mesmo, e depois poderás zelar devidamente por teu próximo.
 
Bem sabes desculpar e disfarçar tuas faltas, mas não queres aceitar as desculpas dos outros. Seria mais justo acusares a ti e desculpares teu irmão. Se queres que te suportem, suporta também os outros”
 
Deus nos concede, a cada dia,  novas páginas para serem bem escritas, e tão somente assim escrevemos as linhas do Advento, e o parágrafo de uma vida para uma história de permanente Natal.
 
Preparemo-nos para celebrar o nascimento 
d’Aquele que  nasce e renasce 
a cada instante de nossa História!
Amém!

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