domingo, 29 de outubro de 2023
“Vede como eles se amam” (XXXDTCA)
“Misericórdia, Senhor” (XXXDTCC)
Quanto mais próximos do Altar... (XXXDTCC)
Uma fé consciente e robusta é preciso (XXXDTCB)
Uma fé
consciente e robusta é preciso
Vejamos o que nos diz o comentário do Missal Dominical sobre a Liturgia
do 30º Domingo do Tempo Comum (ano B), sobre a passagem do Evangelho de Marcos
(Mc 10, 46-52):
“... Se, no passado, a fé podia constituir uma
explicação ou uma interpretação do universo, um lugar de segurança diante dos
absurdos da história e do mistério do mundo, hoje não é mais assim.
Os movimentos de ideias, o processo tecnológico, a
expansão do consumo, os movimentos migratórios e turísticos, a urbanização
crescente e caótica com as consequentes dificuldades de integração comunitária,
a agressão da publicidade, a instabilidade política, econômica e social, com
todos os problemas daí derivados, concorrem para aguçar a dilaceração interior,
ainda mais sensível nos homens de cultura.
Neste quadro, a carência de uma fé consciente e
robusta favorece a dissolução da religiosidade, até a ruptura total com a
prática religiosa”. (1)
Assim lemos na conclusão do comentário no Missal Dominical:
“Num mundo como o nosso, não há mais lugar para
uma fé anônima, formalista, hereditária. É necessária uma fé fundada no
aprofundamento da palavra de Deus, na opção e nas convicções pessoais. Uma
fé conscientemente abraçada e não passivamente recebida em herança.
Tudo isto comporta um novo modo de enfrentar o
problema da iniciação cristã, um novo modo de considerar a evangelização e a
sacramentalização. Abre-se um imenso campo de ação à pastoral em geral e à
catequética particularmente.
O cristão deverá percorrer (ou repercorrer, se se
trata de adulto) não tanto um caminho feito de etapas e gestos sacramentais,
mas um itinerário de fé, um catecumenato renovado, sem o qual não têm sentido
nem eficácia os gestos sacramentais feitos em prazos fixos.” (2)
Não há mais lugar para uma fé anônima e sem compromissos, e há sempre
um itinerário a ser percorrido para que nossa fé tenha os “predicativos
desejáveis” e “aditivos indispensáveis”.
Nisto consiste a caminhada de fé: um processo permanente, no qual é
preciso que se avance para não recuar.
Vivemos num mundo secularizado, com fortes marcas de ateísmo, em que o
espaço do sagrado muitas vezes é sinônimo de alienação, atraso,
anti-história.
O Papa São João Paulo II,
abordou estas questões na Encíclica Fé e Razão.
Não são inconciliáveis a fé e a razão, pois uma não pode prescindir da
outra, pois do contrário não corroboram para o processo de fraternidade e promoção
da vida, da dignidade humana.
Evidentemente que podemos cultivar uma fé ingênua, marcada pelo
infantilismo, renunciando aos compromissos inerentes a mesma. Delegando a Deus
o que é tarefa humana, descomprometendo-se, lamentavelmente, com aquilo que é
próprio e inadiável nosso.
A fé, mais que uma resposta aos problemas e não uma fuga: uma proposta transformadora, fundada e nutrida pelo Pão da
Palavra e pelo Pão da Eucaristia.
Na fé deve consistir a resposta sedenta de
sentido de vida. A fé deve ultrapassar todo pragmatismo evasivo; todas as explicações
que se encerram em si mesmo.
Há sempre muito mais do que se possa verbalizar, e mais ainda do que se
possa racionalizar, a fim de que cultivemos uma fé consciente e robusta,
procurando respostas aos incontáveis problemas mencionados, de modo que a fé, a
esperança e caridade, como virtudes teologais, amadureçam inseparavelmente em
nosso interior, afastando toda a estimulação e excitação de dilaceramentos
interiores... Tão somente assim, veremos a fé expressa em gestos concretos,
afetivos e efetivos de caridade.
Não há nunca qualquer possibilidade de desistência do carregar da cruz,
ainda que adversos e difíceis sejam os momentos que possamos passar.
Urge uma Fé viva
e uma Esperança com
âncoras nos céus, onde se encontra o Ressuscitado! E, assim a Caridade dará respostas
libertadoras para o mundo que precisa ser transformado.
Oremos:
“Deus
eterno e todo-poderoso, aumentai
em nós a fé, a esperança e a caridade e dai-nos
amar o que prometeis. Por
N.S.J.C. Amém!”
(1) Missal Dominical - Editora Paulus - 1995
- pág. 1057.
(2) Idem.
sábado, 28 de outubro de 2023
“O Senhor acendeu em nós o Fogo do Amor” (28/10)
““O Senhor acendeu em nós o Fogo do Amor”
Reflexão à luz da passagem do Evangelho de Lucas
(Lc 6,12-19), em que Jesus escolhe os doze apóstolos para colaborar na Sua missão
da construção do Reino de Deus, após uma noite toda em oração, e com o Senhor,
aprendemos a importância da oração.
O Senhor nos chama e nos envia em missão, pois Deus, por meio de Seu Filho,
escolheu a quem Ele bem quis: chama-nos pelo nome, confia-nos uma missão.
Jamais pelos nossos méritos, pelo contrário, até mesmo porque não temos nenhum.
Somos chamados não porque sejamos perfeitos, paradoxalmente, chama-nos até por
causa da ausência de nossa perfeição, e assim, manifesta Sua
misericórdia e Seu ardente poder transformador.
Chamou apóstolos e discípulos para serem Seus colaboradores, não porque fossem
necessários, mas para nos conceder a graça da participação.
É próprio do amor de Deus nos amar para nos fazer melhores, mais conforme à Sua
imagem.
Deste modo, para que discípulos missionários sejamos, é preciso:
- sentirmo-nos enraizados em Cristo Jesus, e também n’Ele edificados,
apoiando-nos na fé que nos foi ensinada, transmitida, como uma pequena e
maravilhosa semente no coração plantada, para frutos abundantes produzir;
- participar, colaborar, continuar a missão do Divino Redentor,
contando com Sua presença, força e o Espírito Santo, em total fidelidade ao
Pai;
- sonhar e se comprometer com um mundo novo, sem miséria, violência,
injustiça, impunidade, discriminação; sem a perda da dignidade e sacralidade da
vida, desde a concepção até o seu declínio natural;
- contar com a Divina Força da Palavra e da Eucaristia, que nos
revigora, ilumina, impulsiona, e concede horizontes novos;
- sentir o “Fogo do Amor” de Cristo aceso em nosso coração;
- contemplar o Fogo de Pentecostes vindo sempre ao nosso encontro, irradiando a
chama ardente da caridade, para que reiniciemos sempre um novo caminho de
diálogo, comunhão, amor e serviço em incansável participação na construção do
Reino de Deus;
- poder fermentar, com palavras e ações, um novo tempo, deixando-nos
transformar pela Boa-Nova do Reino de Deus;
Sejamos uma Igreja que rejuvenesce com a Santa Palavra, confiante na presença
do Senhor, que acendeu em nós o fogo do Seu amor, com o envio do Seu Espírito,
junto do Pai!
Vivamos intensamente o tempo da missão, como Igreja missionária que somos,
revigorados e rejuvenescidos com a Santa Palavra; pois “O Senhor acendeu em nós o Fogo do Amor”:
“Uma coisa é certa: Cristo é um amor que acende o fogo na terra. Se a
fé é um movimento secreto e oculto que se liga ao primeiro Pentecostes, é
também uma luz para os homens e os filósofos. O cristão, por seu amor a
Cristo e aos irmãos, é chamado a tornar-se um inegável fermento de
fraternidade, comunhão e participação para toda a humanidade”. (1)
Reavivemos a chama do primeiro amor, que em nosso coração pelo Batismo
um dia foi acesa.
Oremos:
Senhor, fortalecei-nos pela oração, sobretudo nos momentos de grandes decisões,
como assim Vós o fazíeis.
Senhor, que superemos a tentação de querer, muitas vezes, fazer tudo sozinhos,
com alegação de que os outros mais atrapalham que ajudam.
Senhor, fazei-nos discípulos missionários da obra evangelizadora, e assim,
aprendizes e promotores da comunhão e participação.
Senhor, libertai-nos da mentalidade do mundo moderno da política de resultados,
em que os fins justificam os meios.
Senhor, ajudai-nos a superar resquícios de autossuficiência, para não
cairmos no indesejável perfeccionismo, e até mesmo atitudes de exclusão e
indiferença dos dons que os outros possuem.
Senhor, que sejamos servos Vossos, e não Senhores da Vinha, e, como
evangelizadores, com zelo e ardor, nos consumamos por Vós em verdadeira adoração
em Espírito e Verdade, e não sejamos adoradores de nós mesmos.
Senhor, que aprendamos com Vossos mui amados apóstolos a viver com
amor, humildade, coragem, fé, e como peregrinos de esperança, ajudai-nos a
perseverar no bom combate, anunciando e
testemunhando Vossa Palavra, e, um dia, mereçamos contemplar a glória dos céus. Amém.
(1) Missal Cotidiano – Editora Paulus
PS: Apropriado para a Festa dos Apóstolo São Simão e São Judas Tadeu,
Festa celebrada dia 28 de outubro.
Reavivar sempre a chama do primeiro amor (28/10)
Oremos: