segunda-feira, 5 de fevereiro de 2024

Santa Águeda, virgem e mártir, modelo de fidelidade ao Senhor!


Santa Águeda, virgem e mártir, modelo de fidelidade ao Senhor!

No dia 05 de fevereiro, a Igreja celebra a memória de Santa Águeda (séc. III). Quanto a sua história, embora não se tenha tanto material disponível, é mais um testemunho de alguém que teve o coração por Cristo seduzido.

N’Ele encontrou a razão do existir, o sentido último e fundamental: a Salvação.

Águeda pôde rezar com o Salmista: “O Senhor é minha luz e salvação, a quem eu temerei?”, ou ainda: “Ainda que eu passe pelo vale da morte, nenhum mal eu temerei…” (Sl 27 e 91).

Uma página viva que revela uma bela verdade: O amor é a força que move o mundo, possibilita dar às coisas seu real valor, discernindo o que é relativo e o que é absoluto!

Águeda foi exemplo de quem manteve a virgindade e fidelidade ao Senhor, mesmo tendo sido condenada a ficar em lugar de má fama e enfrentando toda e qualquer forma de sedução de Quintiano, cônsul do imperador romano. Este ordenou que ela fosse torturada através de açoites, dilaceramento por meio de ganchos de ferro, e queimada com chamas de tochas.

Mas, Águeda sofria tudo isto com alegria, deixando o cônsul furioso. Isto o levou a ordenar, cruelmente, que os seios dela fossem esmagados e arrancados. Mais tarde A reencarcerou, e determinou que nenhum alimento ou socorro médico lhe fosse concedido.

Deus, porém, confortou-a e a curou, na visão que teve em que São Pedro encheu o calabouço de uma luz celestial. Quatro dias depois, Quintiano mandou que ela fosse arrastada nua por cima de carvões acesos misturados com cacos de vasos.

Ao ser levada de volta para a prisão, ela orou: "Senhor, meu Criador, Tu me tens protegido sempre desde meu nascimento; Tu me tens livrado do amor ao mundo, e me tens dado paciência para sofrer. Recebe agora minha alma". Após dizer essas palavras entregou sua vida.

Hoje, num mundo de permissividade em que o prazer se torna como que um ídolo, com perda de valores morais, banalização da sexualidade, muitas vezes ausência de firmes princípios, esta Santa, reconhecida pela Igreja, é mais um exemplo a ser imitado na fidelidade ao Senhor.

Celebrar a memória de Santa Águeda é celebrar a alegria de ver multiplicar, em cada tempo, cristãos convictos da fé e do Evangelho que ouvem, acolhem, proclamam e, com a vida, testemunham.

Reflitamos:

 Até que ponto entregamos nossa vida pelo Evangelho e por causa de Jesus?
 Qual a intensidade e profundidade de nosso apaixonamento por Cristo?
 Que sinal profético somos, no mundo, da Palavra de Deus?

Que, a exemplo de Santa Águeda, saibamos nos colocar nas mãos de Deus com absoluta confiança e esperança! 

Santa Águeda, testemunho da bondade divina


Santa Águeda, testemunho da bondade divina

Completemos nossa reflexão, no dia em que celebramos a memória de Santa Águeda, com o Sermão do Bispo São Metódio da Sicília (Séc. IX), que nos fala deste luminar da fé que correspondeu ao dom que foi concedido por Deus, a verdadeira fonte da bondade.

Santa Águeda foi um autêntico testemunho de entrega, doação na expressão máxima do martírio, em corajosa e incondicional fidelidade a Deus.

“A comemoração do aniversário de Santa Águeda nos reúne a todos neste lugar, como se fôssemos um só. Bem conheceis, meus ouvintes, o combate glorioso desta mártir, uma das mais antigas e ao mesmo tempo tão recente que parece estar agora mesmo lutando e vencendo, através dos divinos milagres com os quais diariamente é coroada e ornada.

A virgem Águeda nasceu do Verbo de Deus imortal e Seu único Filho, que também padeceu a morte por nós. Com efeito, João, o teólogo, assim se exprime: ‘A todos aqueles que O receberam, deu-lhes a capacidade de se tornarem filhos de Deus (Jo 1,12)’.

É uma virgem esta mulher que nos convidou para o Sagrado Banquete; é a mulher desposada com um único esposo, Cristo, para usar as mesmas expressões do Apóstolo Paulo, ao falar da união conjugal. É uma virgem que pintava e enfeitava os olhos e os lábios com a luz da consciência e a cor do Sangue do verdadeiro e divino Cordeiro; e que, pela meditação contínua, trazia sempre em seu íntimo a morte d’Aquele que tanto amava.

Deste modo, a mística veste de seu testemunho fala por si mesma a todas as gerações futuras, porque traz em si a marca indelével do Sangue de Cristo e o tesouro inesgotável da sua eloquência virginal.

Ela é uma imagem autêntica da bondade, porque, sendo de Deus, vem da parte de seu Esposo nos tornar participantes daqueles bens, dos quais seu nome traz o valor e o significado: Águeda (que quer dizer ‘boa’) é um dom que nos foi concedido por Deus, verdadeira fonte de bondade.

Qual a causa suprema de toda a bondade, senão aquela que é o Sumo Bem? Por isso, quem encontrará algo mais que mereça, como Águeda, os nossos elogios e louvores?

Águeda, cuja bondade corresponde tão bem ao nome e à realidade! Águeda, que pelos feitos notáveis traz consigo um nome glorioso, e no próprio nome demonstra as ilustres ações que realizou!

Águeda, que nos atrai com o nome, para que todos venham ao seu encontro, e com o exemplo nos ensina a corrermos sem demora para o verdadeiro bem, que é Deus somente!”

Com Águeda, através de sua fragilidade que manifesta a onipotência de Deus, aprendemos a expressar no mundo a bondade divina através de palavras e muito mais através dos gestos.

Com ela aprendemos a correr sem demora para o verdadeiro bem, Deus, pois somente Deus e sua graça nos basta.

Águeda, a “virgem que pintava e enfeitava os olhos e os lábios com a luz da consciência e a cor do Sangue do verdadeiro e divino Cordeiro; e que, pela meditação contínua, trazia sempre em seu íntimo a morte d’Aquele que tanto amava” também nos ensina a também a ver o mundo com os olhos de Deus, e com os lábios proclamar ao mundo o seu projeto, já experimentado e vivenciado na meditação contínua, na mais perfeita configuração à Jesus Cristo, que por amor em nosso favor morreu e Ressuscitou.

Que Deus nos conceda cada vez mais sermos sinal de Jesus Cristo no mundo, na pureza de alma e coração, que somente é possível quando participamos ativa, piedosa e frutuosamente da Mesa da Eucaristia, prolongando-A no quotidiano, a fim de que não haja a separação empobrecedora do culto e a vida.

Águeda, virgem e mártir, seduzida pelo Amor de Deus, na fidelidade ao Senhor, com o coração inflamado de amor do Espírito, ajudai-nos também a viver mesma fidelidade, com coragem e mansidão, como soubeste viver.

Em poucas palavras...

                                                         

 

“Deus amou tanto o mundo...” 

“Doente, nossa natureza precisava de ser curada; decaída, ser reerguida; morta, ser ressuscitada. 

Havíamos perdido a posse do bem; era preciso no-la restituir. Enclausurados nas trevas, era preciso trazer-nos à luz; cativos, esperávamos um salvador; prisioneiros, um socorro; escravos, um libertador. 

Essas razões eram sem importância? Não eram tais que comoveriam a Deus, a ponto de fazê-Lo descer até à nossa natureza humana para visitá-la, uma vez que a humanidade se encontrava em estado tão miserável e infeliz?”.(1)

 

 

(1)Bispo São Gregório de Nissa (séc. IV)

 

Em poucas palavras...

                                                    


“Cristo, Sumo-Sacerdote, é a nossa propiciação” 

“...Por esse motivo és convidado a olhar sempre para o Oriente, de onde nasce para ti o Sol da Justiça, de onde a luz se levanta sobre ti, para que nunca andes nas trevas, nem te surpreenda nas trevas o último dia; a fim de que a noite e a escuridão da ignorância não caiam sorrateiramente sobre ti, mas vivas sempre na luz da sabedoria, no pleno dia da fé e no fulgor da caridade e da paz”.(1)

 

(1)Das Homilias sobre o Levítico, do Presbítero Orígenes (Séc.III)

Porque sois Bendita

                                                               

Porque sois Bendita

Quantas vezes rezamos:

“Ave Maria, cheia de graça…
bendita sois vós entre as mulheres…”.

Esta exclamação tem fundamentação bíblica na visitação de Maria à sua prima Isabel, em que contemplamos a alegre visita de Deus à humanidade.

Por que Isabel a chamou de bendita, abençoada, ditosa e feliz? (cf. Lc 1,42). Responderei em forma de oração, elevando meu pensamento à Maria, Mãe de Jesus, Mãe de Deus, Mãe da Igreja, Mãe da Humanidade…

Oremos:

Ó Maria, vós sois bendita entre todas as mulheres! Sim, sois verdadeiramente plenamente abençoada, ditosa e feliz!

Vós sois bendita, porque transformastes a maldição de Eva em bênção, fazendo com que Adão, abatido pela maldição, fosse por vós erguido e abençoado.

Teus antepassados encontram em vós a salvação, pois, deste a luz O Salvador que obteve para eles a salvação eterna.

Sem contribuição alguma de homem algum, produzistes o fruto que trouxe a bênção para toda a terra, para toda a humanidade. A maldição que só produzia espinhos, enfim, foi redimida pela sua participação.

Embora sendo apenas uma simples mulher, vos tornastes Mãe de Deus. Sendo Aquele que nasceu de vós realmente Deus feito homem, sois com razão chamada Mãe de Deus, dando verdadeiramente à luz Aquele que amamos, adoramos: Deus!

Vós sois bendita, porque guardastes o próprio Deus no claustro do vosso seio. Habitou em ti aquele que trouxe para toda a humanidade a alegria e a luz divina.

Não hesitastes em dizer sim ao Projeto divino. Não soubeste fazer outra coisa, a não ser a vontade suprema e divina.
Fostes preservada da mancha do pecado original, da desobediência, da arrogância, da prepotência.

Vós sois bendita porque não tivestes medo de participar decididamente na obra da redenção, não deixastes o medo calar teu coração.

Vós sois bendita, porque teus olhos eram inteiramente voltados para Deus e seu Projeto de amor.

Acompanhastes, educastes, participastes da vida do Redentor; terna e mansa possibilitastes, ao lado de José, que Jesus crescesse em tamanho, sabedoria e graça diante de Deus.

Vós sois bendita, porque jamais deixastes morrer dentro de ti o sonho, a esperança, a confiança que contemplamos a rezar o Magnificat, o canto dos pobres. O sonho de um mundo transformado, em que o novo céu e a nova terra se preanunciam como realidade. Não abandonastes Teu Filho, em sua missão, nem na hora da paixão, tão pouco na hora da cruz.

Vós sois bendita, porque deixastes nascer dentro do coração a fé e o reconhecimento de Teu Filho desde a aurora de Sua Ressurreição, e continuas presente em cada Eucaristia que celebramos, desde a primeira, que Seu Filho, aparentemente ausente, presente estava no mistério do pão e do vinho, consagrados e partilhados.

Vós sois bendita, porque jamais deixastes de acompanhar a história da humanidade. Suas aparições e as devoções de todos os cantos e de todos os povos são a mais pura confirmação.

Vós sois bendita, Ó Maria, ontem, hoje e sempre, amém!

PS: Oração que escrevi inspirada no Sermão do Bispo São Sofrônio (séc. VIII).

domingo, 4 de fevereiro de 2024

Em poucas palavras...

                                                                


A Fraternidade Humana

“A Fraternidade leva-nos a abrirmo-nos ao Pai de todos e a ver no outro um irmão, uma irmã, com quem partilhar a vida ou apoiar-se mutuamente para amar, para conhecer” (1)

 

 

(1)Papa Francisco – motivação para a Celebração do 1º Dia Internacional da Fraternidade Humana – 4 de fevereiro de 2021

Compassivos, contemplativos e missionários (VDTCB)

                                                                     


Compassivos, contemplativos e missionários

A Liturgia do 5º Domingo do Tempo Comum (ano B) nos apresenta a passagem do Evangelho em que Jesus cura a sogra de Pedro, à porta da casa deste, faz curas e expulsa demônios ao cair da tarde, e ainda quando era escuro, retira-Se para rezar em lugar deserto (Mc 1, 29-29).

Oportuna a reflexão de São Pedro Crisólogo (séc. V), em que nos apresenta a ação de Deus, incansável na busca dos homens e mulheres para amá-los e não as coisas dos homens.

“A Leitura evangélica de hoje ensina ao ouvinte atento porque o Senhor do céu e restaurador do universo entrou nos domicílios terrenos de Seus servos. Mesmo que nada tenha de estranho que se tenha mostrado afavelmente próximo a todos, ele que com grande clemência tinha vindo para socorrer a todos.

Já conheceis o que moveu Cristo a entrar na casa de Pedro: com certeza não o prazer de recostar-se à mesa, mas a enfermidade daquela que se encontrava na cama; não a necessidade de comer, mas a oportunidade de curar; a obra do poder divino, não a pompa do banquete humano. Na casa de Pedro não se servia vinho, somente se derramavam lágrimas. Por isso Cristo entrou ali, não para banquetear, mas para vivificar. Deus busca aos homens, não as coisas dos homens; deseja dispensar bens celestiais, não espera conseguir as terrenas. Em resumo: Cristo veio buscar-nos, e não buscar as nossas coisas.

Ao chegar Jesus à casa de Pedro, encontrou sua sogra na cama com febre. Entrando Cristo na casa de Pedro, viu ao que vinha buscando. Não se fixou na qualidade da casa, nem na afluência de pessoas, nem nas cerimoniosas saudações, nem na reunião familiar; também não pensou no adorno dos preparativos: Fixou-se nos gemidos da enferma, dirigiu sua atenção ao ardor daquela que estava sob a ação da febre. Viu o perigo daquela que estava para além de toda esperança, e imediatamente coloca mãos para obra de Sua santidade: Cristo nem se sentou para tomar alimento humano, antes que a mulher que jazia se levantasse para as coisas divinas.

Tomou sua mão e sua febre passou. Vês como a febre abandona a quem segura a mão de Cristo. A enfermidade não resiste, onde o Autor da saúde assiste; a morte não tem acesso algum onde entrou o Doador da vida.

Ao anoitecer, levaram-lhe muitos endemoniados; Ele expulsou os espíritos. O anoitecer acontece ao acabar o dia do século, quando o mundo pende para entardecer da luz dos tempos. Ao cair da tarde vem o Restaurador da luz para introduzir-nos o dia sem ocaso, a nós que viemos da noite secular do paganismo.

Ao anoitecer, ou seja, no último momento, a piedosa e solene devoção dos Apóstolos nos oferece a Deus Pai, a nós que somos procedentes do paganismo: são expulsos de nós os demônios, que nos impunham o culto aos ídolos. Desconhecendo ao único Deus, cultuávamos a inumeráveis deuses em nefanda e sacrílega servidão.

Como Cristo já não vem a nós na carne, vem na Palavra: e aonde quer que a fé nasça da mensagem, e a mensagem consiste em falar de Cristo, ali a fé nos liberta da servidão do demônio, enquanto que os demônios, de ímpios tiranos, converteram-se em prisioneiros. Por isso os demônios, submetidos a nosso poder, são atormentados a nossa vontade. O único que importa, irmãos, é que a infidelidade não volte a reduzir-nos a sua servidão: coloquemos antes em nosso ser e nosso fazer, nas mãos de Deus, entreguemo-nos ao Pai, confiemo-nos a Deus: porque a vida do homem está nas mãos de Deus; em consequência, como Pai dirige as ações de Seus filhos, e como Senhor não deixa de preocupar-se por Sua família.” (1)

Esta passagem do Evangelho nos apresenta a identidade de Jesus, três adjetivos que exprimem sua identidade: compassivo, contemplativo e missionário.
             
Compassivo, Se compadece da sogra de Pedro e a cura da febre, para que esta se coloque a serviço, como também curou todos que vieram ao Seu encontro, à porta da casa, bem como expulsou muitos demônios.

Contemplativo, retira-Se antes do amanhecer para colocar-Se em Oração, em diálogo íntimo com o Pai, para continuar a missão que lhe foi confiada, na presença do Espírito que pousa sobre Ele (Lc 4,16-21). A Oração de Jesus revela a Sua perfeita comunhão com o Pai e o Espírito Santo. A Oração é para Ele o que será para Seus discípulos, fonte e cume para que continue a missão.

Missionário, não Se instala nem Se acomoda com a possível acolhida na casa da sogra de Pedro, mas, aos discípulos, diz que é preciso continuar a missão em outros lugares.

Assim também é a Igreja, anunciando a Palavra de Deus, realizando a missão do Senhor, com a força e presença do Espírito, verdadeiro protagonista da missão na construção do Reino.

Anunciar e testemunhar o Senhor e Sua Boa-Nova exige que sejamos como o Divino Mestre: compassivos, contemplativos e missionários.

(1) Lecionário Patrístico Dominical – Editora Vozes - 2013 - pp.380-382

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG