sexta-feira, 27 de outubro de 2023

A comunidade: espaço de relações fraternas e vínculos de amor

 


A comunidade: espaço de relações fraternas e vínculos de amor

“Já não escravos, mas irmãos"

Reflexão à luz da passagem da Carta de Paulo a Filêmon (Fm 7-20), que nos propõe refletir sobre o amor, essencial na fortificação do novo modo de se relacionar na comunidade de fé, rompendo barreiras, superando preconceitos, numa relação de irmãos e irmãs em Cristo:

“A fé em Cristo, irmão de todo homem, e o amor para com Ele, extensivo a todas as criaturas, são o fundamento do novo relacionamento interpessoal entre os crentes... A nova ‘humanidade cristã’ liberta o homem de toda forma de escravidão e faz de todos ‘filhos de Deus’, chamados a conviver livremente, todos juntos, vinculados pelo amor fraterno.” (1)

Neste sentido, na mensagem para o 48º Dia Mundial da Paz, celebrado em 1º de janeiro de 2015, o Papa Francisco propôs uma reflexão sobre os conflitos e guerras ideológicas entre as religiões e países, bem como chama a atenção para a necessidade do diálogo e da paz.

Alertou, também, para as diferentes formas de escravidão existentes no mundo, que precisam ser superadas, pois não há lugar para a escravidão aos olhos de Deus e a revelação bíblica - ‘já não escravos, mas irmãos’, que é o versículo inspirador de sua Mensagem, como vemos na Carta de Paulo a Filêmon.

Concluindo, ainda que difícil, é preciso que esta mensagem de Paulo ilumine nossas comunidades e toda a humanidade, pois sem amor, não haverá nunca a liberdade, justiça e paz no mundo.

(1)        Missal Quotidiano – Editora Paulus – 1998 – pág. 1488

Equilíbrio, justiça e piedade no discipulado

 


Equilíbrio, justiça e piedade no discipulado 

Reflexão à luz da passagem da Carta de São Paulo a Tito (Tt 2,1-8.11-14). 

Nesta, o Apóstolo Paulo nos apresenta a face de um Deus que comunica a Sua graça a todos, oferecendo a Salvação, conduzindo a todos para uma vida feliz e verdadeira, com necessário e coerente testemunho de toda a comunidade. 

O Nascimento de Jesus reorienta o curso da História e o sentido de nossas vidas, de modo que, acolhê-lo como nosso Salvador, d’Ele, tornar-se um discípulo, exigirá que vivamos neste mundo com equilíbrio, justiça e piedade,  renunciando ao mal, abandonando a impiedade e as paixões mundanas, como tão bem nos exorta o Apóstolo Paulo escrevendo a Tito. 

A fim de que testemunho de todos da comunidade seja eficaz para uma verdadeira evangelização, não basta um ensinamento apenas, conforme a sã doutrina, mas a sua concretização prática. 

Todo cristão/ã, como membro de uma comunidade tem uma responsabilidade evangelizadora e que não pode ser transferida a outro. 

Urge que façamos nosso exame de consciência para salutar testemunho da fé, como discípulos missionários do Senhor: 

“... o crente que vive agora na expectativa da ‘ditosa esperança’ (v.13), ou seja, da gloriosa manifestação de Cristo, deve comportar-se em conformidade com a ação sacrificial de Jesus: ser um ‘povo purificado’ e ‘cheio de zelo pelas boas obras’” (1). 

Seja, portanto, a nossa vida orientada por estas palavras, com sua densidade salutar e inesgotável: equilíbrio, justiça e piedade. 

Em todos os momentos, nossos pensamentos e ações sejam iluminados por esta exortação, e tão somente assim, teremos vida plena e feliz. 


(1) Lecionário Comentado - Editora Paulus - Lisboa - volume II Tempo Comum - 2011 - pág.765-766

“Divino fogo abrasador”


“Divino fogo abrasador”

A passagem da Sagrada Escritura: 1ª Carta de São João (1Jo 4,6):

“Nós somos de Deus. Quem conhece a Deus nos ouve; quem não vem de Deus não nos ouve. A partir disto distinguimos o espírito da verdade, o espírito do erro”

Vejamos o que nos diz Santo Agostinho, o Bispo de Hipona, no seu Comentário sobre esta passagem: 

“O desejo da visão: a Fé.
O desejo da posse: a Esperança.
O desejo do amor: a Caridade.
Pela espera, Deus faz crescer o desejo.
Pelo desejo, ele cava nas almas.
Cavando nelas, Ele as torna mais capazes de recebê-Lo.”

Desejo, espera e cavar.
Fé, Esperança e caridade.
A visão, a posse, o amor.

Mistério da Trindade, um só Deus,
Três Pessoas na pleníssima comunhão:
Pai e Filho e Espírito, igualmente adoramos.

Mistério encontrado, tudo por encontrar.
Pelo Divino Amor dos Três, somos envolvidos,
Santificando em nós os humanos sentidos.

Em nossa alma, entranha o “divino fogo abrasador”,
Nossas lágrimas enxugando; todo o pranto consolando,
Do abismo da morte nos tirando, ressuscitando...

Sim, tudo isto e muito mais de Deus para nós:
“O desejo da visão: a Fé.
O desejo da posse: a Esperança.
O desejo do amor: a Caridade.
Pela espera, Deus faz crescer o desejo.
Pelo desejo, ele cava nas almas.
Cavando nelas, Ele as torna mais capazes de recebê-Lo.”
Amém.

Vigiai e orai a todo o momento!


Vigiai e orai a todo o momento!

Ó Deus, Pai Onipotente e pleno de misericórdia,
A quem, por meio de Jesus, com o Santo Espírito,
A Trindade Santa eternamente contemplamos.
E por amor tão infinito nos envolve em todo momento.

Vós que sois bendito por todos os séculos,
E que mereceis nossa honra, glória e louvor,
Voltai Vosso olhar para nossa indigna condição:
Tão frágeis, porque humanos, santos e pecadores.

Superando as dificuldades próprias da existência,
Carregando o fardo leve e o suave jugo da Cruz,
Em Vosso Filho encontramos o descanso necessário,
Renovamos forças, refazemos nossos caminhos...

Ajudai-nos, Senhor, nesta caminhada de Salvação!
Vigilantes nas virtudes divinas que nos iluminam:
Fé solidificada, esperança renovada, caridade inflamada,
Contemplaremos a face de Cristo, quando vier em Sua Glória.

Caminhando peregrinos no tempo presente,
Contemplamos Vossa vinda primeira por meio de Jesus,
Pedra angular, sobre a qual edificastes Vossa Igreja,
Aguardando, vigilantes, Sua prometida vinda gloriosa!

Ajudai-nos, ó Deus, jamais desviar do único Caminho
Que é seguir Jesus Cristo, conduzidos pela Verdade,
Para que a Vida plena e abundante alcancemos,
E a glória da eternidade, luminosidade plena mereçamos. Amém.

Ensinai-nos, Senhor, a prática da caridade inteligente


  Ensinai-nos, Senhor, a prática da caridade inteligente

Deus Se revela como misericórdia e compaixão para com os pequenos e pobres, os excluídos de toda ordem, de toda forma, de todo tempo, e em todo tempo.

A misericórdia de Jesus com os poderosos Se manifesta ao abrir-lhes a mente e o coração, para que não se prevaleçam de uma pretensa sabedoria e religiosidade sem compromissos sinceros e concretos com a vida humana, com a dignidade de cada pessoa que carrega em si a imagem real divina.

Religião agradável a Deus é a prática da caridade inteligente que se manifesta na:

- Humildade,
- Procura da verdade,
- Paciência em ouvir,
- Sabedoria em dialogar,
- Fortaleza nas decisões desagradáveis,
- Promoção da vida, acima de toda lei, pelo seu valor inviolável e sagrado,
- No Amor e serviço a Cristo em cada irmão e irmã…

Oremos:

Fazei-nos crescer, Senhor, em caridade e em sabedoria, pois repletos do Vosso Amor saberemos nos colocar a serviço de Vós em cada irmão e irmã, em todos os momentos da vida.

Dai-nos a graça de crescer em sabedoria e conhecimento para descobrir Vossos desígnios e bem realizá-los em nossas vidas e na vida de nossos irmãos.

Conceda-nos não apenas crescer na caridade, mas numa caridade inteligente, que promove, liberta, edifica, ilumina.

Permita-nos, Senhor, a prática da caridade inteligente, que coloca a lei a serviço da vida, a pessoa acima dos próprios interesses, a sinceridade em tudo o que se faz.

Sejamos impregnados, Senhor, de Vosso Amor, para que multipliquemos as obras de misericórdia e possamos ser de Vós resplandecentes luzes.

Saibamos agradecer a Deus Seu Amor por nós e finalmente supliquemos:

“Ó Deus, dai-nos resistência na tentação; paciência na tribulação e gratidão na prosperidade. Amém!”

Finalizo com as palavras de William Shakespeare: 

“A gratidão é o único tesouro dos humildes”.

Senhor, que nosso tesouro, a nossa riqueza seja o sentimento de eterna gratidão por Vosso Amor.

A Arte eleva o espírito e contribui para a fraternidade

A Arte eleva o espírito e contribui para a fraternidade

Arte, um tema que se tornou pauta do nosso cotidiano, como vemos nos noticiários. Mas qual a definição de arte?

No Catecismo da Igreja Católica, encontramos uma definição que muito pode nos ajudar na compreensão da importância e da beleza da arte, e sua contribuição social e da história:

“‘Criado à imagem de Deus’, o homem exprime também a verdade da sua relação com Deus Criador pela beleza das suas obras artísticas.

A arte é, com efeito, uma forma de expressão especificamente humana. Para além da busca da satisfação das necessidades vitais, comum a todas as criaturas vivas, a arte é uma superabundância gratuita da riqueza interior do ser humano. 

Fruto do talento dado pelo Criador e do esforço do próprio homem, a arte é uma forma de sabedoria prática, unindo conhecimento e habilidade para dar forma à verdade duma realidade, em linguagem acessível à vista ou ao ouvido.

A arte comporta assim uma certa semelhança com a atividade de Deus no mundo criado, na medida em que se inspira na verdade e no amor dos seres.

Como qualquer outra atividade humana, a arte não tem em si mesma o seu fim absoluto; mas é ordenada e enobrecida pelo fim último do homem.” (CIC - n.2500).

Sendo a arte “uma forma de expressão especificamente humana” e uma “superabundância gratuita da riqueza interior do ser humano”, muitas vezes aquilo que tem sido chamado de “arte”, é na verdade o seu sequestro, pois fica longe de cumprir estas duas definições.

Sendo “fruto do talento dado pelo Criador e do esforço do próprio homem”, algumas coisas que chamam de “arte”, se encontram longe da expressão do talento dado pelo Criador, até mesmo, em execrável oposição e ironia, vilipendiando a dimensão do sagrado.

Sendo uma forma de “sabedoria prática”, que une conhecimento e habilidade para dar forma à verdade de uma determinada realidade, envolvendo nossos sentidos, algumas manifestações chamadas de “arte”, ao contrário, não revelam absolutamente nada de sabedoria, ou até mesmo revelam seu sepultamento, longe de elevar nossos sentidos.

Não tendo a arte um fim absoluto, ela deve contribuir para o enobrecimento do fim último do homem, que podemos traduzir, na criação de uma relação nova entre as pessoas, da elevação do espírito, da promoção da dignidade e sacralidade da existência humana. No entanto, algumas coisas que chamam de “arte” muito mais contribuem para o empobrecimento do espírito, numa falsa liberdade de expressão, que nada absolutamente contribui para que as diferenças respeitadas se tornem riquezas.

E neste sentido, ainda temos um longo aprendizado para que trilhemos caminhos que nos levem ao encontro com o outro, em sua diferença, mas com o devido respeito, que jamais pode ser ignorado.

Concluindo, a arte em muito pode contribuir para a elevação do espírito humano, a fim de que nos relacionemos mais fraternalmente, desde que ela não seja por nós sequestrada, até mesmo no mau uso de seu nome e função. 

quinta-feira, 26 de outubro de 2023

Juventude: esperança de um novo amanhã!


Juventude: esperança de um novo amanhã!

No ano de 2016, aconteceu na Cracóvia (Polônia) a Jornada Mundial da Juventude.

Muitos são os desafios e ruídos que se multiplicam no trabalho com a juventude: a multiplicidade de informações, que não necessariamente
oferece conhecimento. 

A infinita possibilidade de comunicação, não obstante a dificuldade da comunicação autêntica que promova a verdade, a justiça, a liberdade, a comunhão e a paz.

A juventude nada pode construir atirando pedras, mas somente fará a diferença no mundo se, de fato, reconhecer o seu valor.

Cada jovem pode ser (e há de ser), para o mundo, uma mão de Deus estendida, vivendo o bom combate da fé, na fidelidade total a Jesus Cristo, fruto do encontro que deu novo sentido e alargou os horizontes de sua vida.

Viver a fé nunca foi uma evasão, como que uma anestesia para problemas existenciais e reais do quotidiano. Ao contrário, é o compromisso que se renova em palavras e gestos, porque desta aliança com a caridade, numa relação esponsal, gera o fruto esperança, a fina flor da esperança que embeleza o caminho e renova o desejo de eternidade plena e feliz.

Viver a fé, combater o bom combate da fé, é não deixarmos nunca que as dificuldades a superem. Vivê-la não é para os fracos, mas para os fortes.

Reflitamos:

- Que mundo entregaremos aos jovens?
- De que modo estamos passando pela vida?
- Muitos jovens passam pela vida sem saber o porquê... O que fazemos para direcioná-los, situá-los?

Finalizando, supliquemos a Deus que seja enviado a todos os jovens o Espírito de fortaleza, amor, sobriedade e sabedoria.

Mantenhamos acesa a chama do compromisso evangelizador da juventude, como o Papa Francisco tanto tem insistido; por isto, como Igreja, urge pensar e repensar caminhos de evangelização da juventude, da qual os jovens devem ser protagonistas, evangelizando a própria juventude.

O jovem cristão não deve renunciar a graça de ser para o outro com quem vive, se relaciona, estuda, a própria presença de Jesus que o chamou, acolheu, amou e ama e envia para ser sinal de Sua luminosa presença.

A juventude é e haverá de ser sempre a esperança de um novo amanhã. 

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG