sábado, 8 de março de 2025

“Mulher e Homem: Imagem de Deus” (CF 90)

                                                       

           “Mulher e Homem: Imagem de Deus”

Com vistas ao Dia Internacional da Mulher (08/03), retomo a Campanha da Fraternidade de 1990, que teve como tema: "Fraternidade e a Mulher"; e como lema: "Mulher e Homem: Imagem de Deus".

O Objetivo Geral:

Conscientizar que mulher e homem juntos são imagem de Deus e que Deus entregou a criação a todos. Ajudar a ver como, na realidade, a mulher não é reconhecida e tratada como igual ao homem.


Enfocar a vocação inicial da mulher e do homem: construir juntos uma nova sociedade.

A oração:


Creio em DEUS-PAI
- que criou Mulher e Homem à Sua imagem,
entregou aos dois o cuidado pelo mundo
e viu que isto era muito bom;
- que pediu o consentimento de uma Mulher
para realizar Sua obra de Salvação.
 
Creio em JESUS
Filho de Deus,
nascido de uma Mulher,
- que escutava e valorizava as mulheres
e as protegia contra os homens acusadores;
- que tinha mulheres discípulas
que O seguiam e O serviam;
- que apareceu primeiro a Maria Madalena e às mulheres
e as enviou para transmitir
a Boa-nova da Ressurreição aos discípulos.
 
Creio no ESPÍRITO SANTO,
Sopro e princípio da vida,
- que foi derramado sobre mulheres e homens
no dia de Pentecostes
- e que anima a comunidade da Igreja em direção
à igualdade, pois todos, mulheres e homens,
são UM EM CRISTO

O deserto que atravessei...

 

  O deserto que atravessei...
 
“Catedral” Quem não conhece esta belíssima canção? Inspirado nela, há algum tempo, escrevi esta reflexão. Desejo que não sejam apenas palavras, mas um convite para retomarmos o fôlego em nossa travessia do deserto de cada dia, em tempo de grandes dificuldades sociais, econômicas, políticas etc.
 
Um homem moderno se perdeu no deserto e, durante dias arrastou-se, desorientado pelas dunas da areia. A inclemência do sol ardente foi desidratando seu corpo...
 
De repente, a certa distância, avistou um oásis - “Ah, disse a si próprio: esta é uma miragem que quer me enganar!”
 
Aproxima-se do oásis, que não desapareceu. Diante de seus olhos irritados surgiram tamareiras, pedaços de relva verde e, sobretudo uma nascente de água murmurante – “Isto não passa de fantasias produzidas pela fome, e de alucinações auditivas”, dizia para si o andante exausto, “Como é cruel a natureza!”.
 
Pouco tempo depois, dois beduínos o encontraram morto. “Você entende uma coisa dessas?” Perguntou um ao outro. “As tâmaras praticamente estavam ao alcance de sua boca, havia uma nascente ao lado dele, e ele morreu de fome e de sede! Como isso é possível?” “Bem, respondeu o outro, ele era um homem moderno”.
 
Diante de tantas incredulidades e credulidades caducas, precisamos saber em quem confiar: sem dúvida a Fonte de Água Viva habita em cada um de nós (Jo 4,14), e a nossa Verdadeira Comida é o próprio Cristo Jesus Ressuscitado, que Se fez Bebida e Comida para fortalecer nossa caminhada na travessia do deserto da vida.
 
Quantas vezes nossa vida parece uma travessia no deserto que não tem mais fim. As dificuldades parecem ser mais fortes que nossas forças. É preciso que saibamos recorrer à pessoa certa para refazer nossas forças. Esta Pessoa é Jesus, Que jamais nos deixará morrer de fome e cansados: “Eu sou o Pão da Vida, quem vem a mim nunca mais terá fome, e quem crer em Mim nunca mais terá sede” (Jo 6,34).
 
No Evangelho de São Mateus, Ele mesmo nos diz: “Vinde a Mim vós que estais cansados e abatidos, porque o meu fardo é leve e o meu jugo é suave” (Mt 11,30).
 
Esta mensagem muito nos inspira na luta, na caminhada, na travessia do deserto de cada dia.
 
Saciando nossa sede e fome em Jesus, poderemos ser:
 
“Vida, para fazer nascer os que estão morrendo... 
Sol, para fazer brilhar os que não possuem Lua... 
Luz, para iluminar os que vivem na escuridão... 
Chuva, para correr toda a terra e molhar os campos secos e devastados... 
Lágrima, para fazer chorar os corações insensíveis... 
Voz, para fazer falar os que sempre se ocultaram... 
Canto, para alegrar os que vivem na tristeza... 
Luar, para brilhar na noite dos amores incompreendidos... 
Flor, para enfeitar os jardins no outono...
Silêncio, para fazer calar as vozes que atordoam o coração do homem... 
Sino, para repicar nos Natais dos que possuem recordação amarga...
Grito, para gritar a dor dos que sofrem no silêncio... 
 
Olhos, para fazer enxergar os cegos de verdade... 
Força, para fugir dos que a utilizam para o mal. 
Sorriso, para encantar os lábios dos amargurados... 
Sonho, para colorir o sono dos realistas petrificados... 
Veículo, para trazer de volta os que partiram deixando saudades... 
Amanhecer, para fazer um dia a mais de felicidade sobre a Terra...
Noite, para acalentar os que lutam durante o dia... 
Amor, para unir as pessoas e lhes dizer que sou apenas uma delas”. (1)
 
Urge continuarmos firmes em nossa missão, renovando, a cada dia, o ardor missionário; procurando caminhos que melhor contribuam nesta caminhada de Evangelização.
 
Quaresma é o Tempo do fecundo silêncio, recolhimento para rever pensamentos, sentimentos, atitudes, para mais configurados a Cristo Jesus e ao Mistério de Sua Paixão, renovemos a fidelidade no carregar da cruz, para que um dia a alegria Pascal possamos celebrar e no coração senti-la transbordar, acenando para o destino de todos nós: a glória que passa pela cruz.
 
Por enquanto, em meio ao deserto, oásis de amor, revigoramento de nossas forças, Deus na Sua infinita misericórdia não nos deixa faltar.
 
Viver é como se tornar oásis na vida do outro,
bem como o outro na nossa própria.
Nisto Deus Se revela e conosco caminha!
 
(1) Autor desconhecido 

O protagonismo feminino na Igreja e no Mundo

                                                           


O protagonismo feminino na Igreja e no Mundo

“... nosso obrigado à mulher,
pelo simples fato de ser mulher...”

Retomo uma da nota da CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – pelo Dia Internacional da Mulher (2012), com alguns pontos essenciais. 

“Saudamos todas as mulheres pela celebração do Dia Internacional da Mulher. Alegra-nos perceber que, cada dia mais, cresce a consciência da dignidade da mulher e de sua específica contribuição na construção de uma sociedade justa, fraterna e solidária.

Esta data histórica nos convida, antes de tudo, a agradecer às mulheres por sua vocação e missão na Igreja e no mundo.”

Servindo-se da Carta às Mulheres do Beato João Paulo II (1995), afirma:

“... nosso obrigado à mulher-mãe, que se faz ventre do ser humano na alegria e no sofrimento de uma experiência única e que se torna o sorriso de Deus pela criatura que é dada à luz; à mulher-esposa, que une o seu destino ao de um homem, numa relação de recíproco dom, ao serviço da comunhão e da vida; à mulher-filha e mulher-irmã, que levam ao núcleo familiar, e depois à inteira vida social, as riquezas da sua sensibilidade, intuição, generosidade e constância; à mulher-trabalhadora, empenhada em todos os âmbitos da vida social, econômica, cultural, artística, política, pela contribuição indispensável que dá à elaboração de uma cultura capaz de conjugar razão e sentimento, à edificação de estruturas econômicas e políticas mais ricas de humanidade; à mulher-consagrada, que se abre com docilidade e fidelidade ao amor de Deus; à mulher, pelo simples fato de ser mulher que, com a percepção que é própria da sua feminilidade, enriquece a compreensão do mundo e contribui para a verdade plena das relações humanas”.

Acompanha o agradecimento às mulheres cuja presença e atuação marcam fortemente a vida da Igreja – “Sua vocação evangelizadora, vivida no exercício dos vários ministérios, é fundamental à Igreja no desempenho de sua missão de tornar presente entre nós o Reino de Deus.”

Enaltece-se as mulheres por suas conquistas ao longo de uma história marcada pela discriminação e pelo preconceito. Reconhecem que é cada vez mais forte sua presença na família, no mundo do trabalho, na ciência, na educação, na política, na Igreja e na sociedade:

Somos testemunhas do papel decisivo da mulher no processo da redemocratização do País. Não sem razão, comemoramos em 2012 os 80 anos do voto feminino, uma conquista histórica.”

Reconhece, recorda e denuncia as inúmeras situações de violação de seus direitos e de sua dignidade: 

“Milhares delas são vitimas da discriminação, do desrespeito étnico-cultural, do tráfico para exploração sexual e laboral e de inúmeras outras formas de violência. Para muitas, o lar, lugar sagrado de proteção, converteu-se em espaço de dor e sofrimento. A Lei Maria da Penha é outra vitória das mulheres, que vem combater esta violência doméstica de que são vítimas.”

Com uma citação do Documento de Aparecida (n. 454) conclui:

"É urgente escutar o clamor, muitas vezes silenciado, de mulheres que são submetidas a muitas maneiras de exclusão e violências em todas as suas formas e em todas as etapas de suas vidas”.

Finalmente, Maria é apresentada como modelo de mulher e inspiração para todas as mulheres na vivência de sua vocação ao amor e ao cuidado da vida, em todas as suas dimensões, na luta por uma sociedade igualitária, de fraternidade e de paz.

Ave Maria, cheia de graça... 

PS: Postado com vistas ao dia 08 de março - Dia Internacional da Mulher

Mulheres que escrevem uma nova história

Mulheres que escrevem uma nova história

Uma homenagem à todas mulheres, lembrando Díogenes de Sinope, filósofo da Grécia antiga, que perambulava pelas ruas carregando uma lamparina, durante o dia, alegando estar procurando por um homem honesto.

Com lamparina nas mãos, andei por vilas, ruas e praças, e entrei em vários lugares a procura de mulheres virtuosas que constroem com valentia e sabedoria uma nova história.

Encontrei-as em lares, escolas, hospitais, comunidades de fé, e em tantos outros lugares...

Mulheres movidas pelas virtudes cardeais, da prudência, da justiça, da fortaleza e da temperança.

Mulheres que amam a justiça, cujo fruto do trabalho são as virtudes, porque ensinam a temperança e a prudência, a justiça e a fortaleza (Sb 8, 7).

Mulheres prudentes, que dispõem da razão prática para discernir, em qualquer circunstância, o verdadeiro bem e para escolher os justos meios para atingi-lo.

Mulheres que não confundem prudência com a timidez ou o medo, a duplicidade ou dissimulação.

Mulheres sedentas de justiça, movidas e comprometidas pela virtude moral da constante e firme vontade de dar a Deus e ao próximo o que lhes é devido.

Mulheres que desejam e lutam pelos direitos de todos estabelecendo harmonia nas relações humanas, objetivando a promoção do bem comum, vivendo com retidão de pensamentos e conduta.

Mulheres fortes, que no meio das dificuldades e as enfrentando com coragem e ousadia, asseguram a firmeza e a constância na realização do bem.

Mulheres que resistem às tentações de desistir e evadir do mundo, mas que se põem cotidianamente de pé na superação dos obstáculos, vencendo os medos, mesmo da morte, enfrentando provações e por vezes perseguições e discriminações.

Inúmeras que vivem a renúncia de si mesmas, com o sacrifício da  própria vida, na defesa de uma causa justa porque creem no Senhor e em sua Palavra, e assim rezam – “O Senhor é a minha fortaleza e a minha glória” (Sl 118, 14); “No mundo haveis de sofrer tribulações: mas tende coragem! Eu venci o mundo!” (Jo 16, 33).

Mulheres que agem com Temperança, que sabem moderar a atração dos prazeres e encontram equilíbrio no uso dos bens criados.

Mulheres que sabem viver o domínio da vontade sobre os instintos e mantém os desejos nos limites da honestidade, guardando sã discrição e não se deixando arrastar pelas paixões do coração.

Mulheres que vivem com moderação, justiça e piedade no mundo presente (Tt 2, 12).

Às mulheres que encontrei, e não são poucas, movidas pelas virtudes cardeais, dedico estas palavras de Santo Agostinho, pois as vivem de fato:

“Viver bem é amar a Deus de todo o coração, com toda a alma e com todo o proceder [...], de tal modo que se lhe dedica um amor incorrupto e íntegro (pela temperança), que mal algum poderá abalar (fortaleza), que a ninguém mais serve (justiça), que cuida de discernir todas as coisas para não se deixar surpreender pela astúcia e pela mentira (prudência)” .

Parabéns pelo Dia Internacional da Mulher!


PS: Postado com vistas ao Dia 8 de março - Dia Internacional da Mulher

Mulher da Montanha, Mulher da Planície!

Mulher da montanha, mulher da planície 

“Este é o meu Filho amado; ouvi-O” (Mc 9,7) 

À luz da Transfiguração do Senhor (Mc 9,2-20), uma reflexão sobre o protagonismo das mulheres na Igreja e na sociedade. 

Quantas são incansáveis na subida da montanha para ouvir a voz do Filho Amado e contemplar a Sua glória, a fim de que na planície do quotidiano, sejam alegres mensageiras do Verbo, plantando no coração de seus filhos aquilo que ouviram e creem. 

São mulheres que contemplam o Cristo Glorioso e escutam Sua Voz, mas descem para carregar sua cruz de cada dia, participando da transfiguração do mundo, em inúmeros compromissos com tantos rostos desfigurados. 

Muitas são as mulheres da montanha e da planície; mulheres de Deus a serviço da vida, com ousadia, sem esmorecimentos, cansaços e apatias. 

Quem estas mulheres, presenças vivas de Deus, atentas à voz do Filho amado, que conosco convivem? 

São as que fazem o milagre da multiplicação do tempo, cuidando da família, comprometidas em semear a semente do Verbo em tantos corações confiados, e alargam, incansáveis, os horizontes da caridade nas pastorais e serviços diversos da comunidade... 

São as que lavam, passam, cozinham, limpam... E, na hora de descansar, pulam subitamente para cobrir com carinho o filho, a filha em seu sono puro e inocente... 

São as que não fixam tendas eternas na montanha, mas nos revelam a presença de Deus com seu carinho, ternura, paciência, mansidão, esperança, confiança, vitalidade de uma criança... 

São as que acreditam que a família é santuário da vida. Como sacerdotisas, ministras sagradas de seus lares, promotoras da comunhão, da partilha, da fantasia, do sonho, da poesia, da reconciliação e de perdão, portadoras de sãs utopias... 

São as que se revitalizam com a força que vem da Eucaristia, e assim prolongam a presença do Cristo em visitas aos enfermos, cuidado de crianças vulneráveis ou em qualquer outra situação que clame por solidariedade e compaixão. 

São as que se abrem à novidade do Espírito que faz novas todas as coisas, que não permitem que a vida se torne fadiga, incansável monotonia, e assim reinventam cada dia, sem mesmice e indesejável rotina. 

São as que procuram a perfeita sintonia entre a fé e a vida, assumindo no mundo compromisso com a paz, que é fruto da justiça, também no mundo da política. 

São as anônimas que não dão ibope na programação da TV, mas que no cenário do cotidiano, no mais profundo de nosso coração, ocupam todo espaço e tempo, porque são incansáveis em sua santa missão. 

São mulheres de tantos nomes, que não se acomodam diante da realidade dura, nua e crua da fome. 

Com ousadia e profecia, não se curvam à crueldade que ceifa vidas inocentes, quer pelo aborto ou qualquer coisa que atente contra a beleza e a sacralidade da vida.

Que não se calam quando precisam falar, que falam quando não se pode calar. Que escutam quando precisam ouvir, mas que falam quando precisam denunciar... 

Mulheres da montanha e da planície, contigo, nós homens:

- queremos o mundo transformar, transfigurar...;

- aprender contigo: a beleza do choro, da sensibilidade, da ternura, do encantamento, do sonho, da fragilidade que se transforma em força transformadora...;

-  queremos esforços somar, para machismos e preconceitos envelhecidos superar...;

- empenho multiplicamos, na promoção da cultura da Vida e da Paz! 

Oremos: 

Ó Maria, que és por excelência modelo para todas as mulheres, ajudai tantas mulheres que ainda não se descobriram como tu, que andam mergulhadas na planície da mediocridade, da vulgaridade; que são instrumentalizadas, exploradas como objeto sexual, fontes de lucro e prazer, miseravelmente manipuladas, comercializadas, dessacralizadas, desfiguradas. 

Que nós, homens, reconheçamos, em cada mulher, traços perfeitos que, abundantemente, em ti encontramos, para um mundo novo e transformado, desejo de Deus, contemplado na perfeita alegria e na mais bela sintonia. 

Ó Deus, volvei Vosso olhar para as mulheres da montanha, orantes e atentas à voz do Filho Amado, para que, na planície, sejam fiéis praticantes da Divina Palavra, com a presença e ação do Santo Espírito. Amém.


As mulheres e as virtudes cardeais

As mulheres e as virtudes cardeais

Em nossas comunidades, encontramos inúmeras mulheres discípulas missionárias do Senhor que, como Maria Madalena, a “Apóstola dos Apóstolos”, segundo Santo Tomás de Aquino, testemunham a fé no Cristo Ressuscitado, fazendo renascer, a cada dia, a esperança, porque inflamadas pela caridade.

Também, as encontramos em lares, escolas, hospitais, universidades, meios de comunicação, e em tantos outros lugares...

São elas movidas pelas virtudes cardeais (prudência, justiça, fortaleza e temperança); amantes da justiça, cujo fruto do trabalho são as virtudes, porque ensinam a temperança e a prudência, a justiça e a fortaleza (Sb 8, 7).

Mulheres prudentes, que dispõem da razão prática para discernir, em qualquer circunstância, o verdadeiro bem e para escolher os justos meios para atingi-lo; sem jamais confundir prudência com a timidez ou o medo, a duplicidade ou dissimulação.

Mulheres sedentas de justiça, movidas e comprometidas pela virtude moral da constante e firme vontade de dar a Deus e ao próximo o que lhes é devido.

Deste modo, desejam e lutam pelos direitos de todos estabelecendo harmonia nas relações humanas, objetivando a promoção do bem comum, vivendo com retidão de pensamentos e conduta.

Mulheres fortes, que em meio às dificuldades, enfrentando-as com coragem e ousadia, asseguram a firmeza e a constância na realização do bem; resistem às tentações de desistir e evadir do mundo, pondo-se cotidianamente de pé na superação dos obstáculos, vencendo os medos, mesmo da morte, enfrentando provações e, por vezes, perseguições e discriminações.

Vivem a renúncia de si mesmas, com o sacrifício da  própria vida, na defesa de uma causa justa, porque creem no Senhor e em Sua Palavra, e assim rezam – “O Senhor é a minha fortaleza e a minha glória” (Sl 118, 14); “No mundo haveis de sofrer tribulações: mas tende coragem! Eu venci o mundo!” (Jo 16, 33).

Mulheres que agem com Temperança, moderando a atração dos prazeres, encontram equilíbrio no uso dos bens criados; vivendo o domínio da vontade sobre os instintos, mantêm os desejos nos limites da honestidade, guardando sã discrição e não se deixando arrastar pelas paixões do coração.

São verdadeiramente Pascais, testemunhas corajosas do Ressuscitado, a quem dedico estas palavras do Bispo Santo Agostinho: “Viver bem é amar a Deus de todo o coração, com toda a alma e com todo o proceder [...], de tal modo que se lhe dedica um amor incorrupto e íntegro (pela temperança), que mal algum poderá abalar (fortaleza), que a ninguém mais serve (justiça), que cuida de discernir todas as coisas para não se deixar surpreender pela astúcia e pela mentira (prudência)” .



PS: Publicado no jornal Folha Diocesana – Diocese de Guarulhos - Ed. n.264

A Amizade Divina: A amizade que mais precisamos!

                                                               

A Amizade Divina:
A amizade que mais precisamos!

O Bispo Santo Irineu, (séc. II), em seu Tratado contra as heresias nos fala sobre a amizade que mais precisamos: a amizade divina.

“Nosso Senhor, o Verbo de Deus, que primeiro atraiu os homens para serem servos de Deus, libertou em seguida os que lhe estavam submissos, como Ele próprio disse a Seus discípulos: Já não vos chamo servos, pois o servo não sabe o que faz o seu senhor, Eu vos chamo amigos, porque Vos dei a conhecer tudo o que ouvi de meu Pai (Jo 15,15).

A amizade de Deus concede a imortalidade aos que a obtêm. No princípio, Deus formou Adão, não porque tivesse necessidade do homem, mas para ter alguém que pudesse receber os Seus benefícios.

De fato, não só antes de Adão, mas antes da criação, o Verbo glorificava Seu Pai, permanecendo n’Ele, e era também glorificado pelo Pai, como Ele mesmo declara: Pai, glorifica-me com a glória que Eu tinha junto de Ti antes que o mundo existisse (Jo 17,5).

Não foi também por necessitar do nosso serviço que Deus nos mandou segui-Lo, mas para dar-nos a salvação. Pois, seguir o Salvador é participar da salvação, e seguir a Luz é receber a luz.

Quando os homens estão na luz, não são eles que a iluminam, mas são iluminados e tornam-se resplandecentes por ela. Nada lhes proporcionam, mas dela recebem o benefício e a iluminação.

Do mesmo modo, o serviço que prestamos a Deus nada acrescenta a Deus, porque Ele não precisa do serviço dos homens. Mas aos que O seguem e servem, Deus concede a vida, a incorruptibilidade e a glória eterna.

Ele dá Seus benefícios aos que O servem precisamente porque O servem e aos que O seguem precisamente porque O seguem; mas não recebe deles nenhum benefício, porque é rico, perfeito e de nada precisa.

Se Deus requer o serviço dos homens é porque, sendo bom e misericordioso, deseja conceder os Seus dons aos que perseveram no Seu serviço.

Com efeito, Deus de nada precisa, mas o homem é que precisa da comunhão com Deus.

É esta, pois, a glória do homem: perseverar e permanecer no serviço de Deus. Por esse motivo dizia o Senhor a Seus discípulos: Não fostes vós que me escolhestes, mas fui Eu que vos escolhi (Jo 15,16), dando assim a entender que não eram eles que O glorificavam seguindo-O, mas, por terem seguido o Filho de Deus, eram por Ele glorificados.

E disse ainda: Quero que estejam comigo onde Eu estiver, para que eles contemplem a minha glória (Jo 17,24)”.

Aprofundemos nossa amizade com Deus, e, de modo especial, neste Tempo da Quaresma, para solidificarmos nossas amizades humanas, a fim de que sejam mais autênticas, mais conforme o Seu desejo.

A autenticidade e profundidade de nossa amizade com Deus marcará também nossas amizades humanas.

Reflitamos:

- Qual a profundidade de nossa amizade com Deus?
- Correspondemos à amizade que Deus quer estabelecer sempre conosco?
- Como são nossas amizades humanas, nossos relacionamentos com o próximo?
- Quais são as amizades que nos revelam e nos aproximam de Deus?

Oremos:

Ó Deus, Vós que sois tão bom e amável,
ajudai-nos, sobretudo neste tempo quaresmal,
a corresponder ao Vosso imenso Amor,
construindo convosco amizade sólida e sincera,
para que assim, também, com o outro possamos
fortalecer laços de amizade e fraternidade,
adorando-Vos de todo o coração,
construindo uma cultura de vida e de paz.
Amém.


PS: Fonte: Liturgia das Horas - Vol. II - pp. 63-65. 

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