quarta-feira, 1 de janeiro de 2025
“Mãe da Vida...”
"Proclamemos a Palavra..." (n.4)
Síntese da mensagem do Santo Padre Francisco para o 55º Dia Mundial da paz (2022)
Síntese da mensagem do Santo Padre Francisco
para o 55º Dia Mundial da paz (2022)
“Diálogo entre as gerações, educação e
trabalho: instrumentos para construir uma paz duradora”, tendo como lema
– “Que formosos são sobre os montes os pés do mensageiro que anuncia a paz!”
(Is 52, 7).
Como nos tempos dos
antigos profetas, continua hoje a elevar-se o clamor dos pobres e da terra implorando
justiça e paz
Citando o Papa São Paulo
VI, acena para o caminho da paz, que consiste no desenvolvimento integral
necessário, pois permanece uma situação marcada por sofrimentos, guerras e
conflitos, doenças de proporções, a piora dos efeitos das alterações climáticas
e da degradação ambiental, agrava-se o drama da fome e da sede e continua a
predominar um modelo econômico mais baseado no individualismo do que na
partilha solidária.
Na arquitetura da paz
necessária, todos podem colaborar para construir um mundo mais pacífico
partindo do próprio coração e das relações em família, passando pela sociedade
e o meio ambiente, até chegar às relações entre os povos e entre os Estados.
Apresenta 3 caminhos
para a construção de uma paz duradoura, na expressão de um pacto social,
1º - o diálogo
entre as gerações, como base para a realização de projetos compartilhados;
2º - a
educação, como fator de liberdade, responsabilidade e desenvolvimento;
3º - o
trabalho, para uma plena realização da dignidade humana.
Quanto ao
diálogo entre as gerações para a construção da paz, em contexto de pandemia que fustiga o
mundo, é preciso promover o diálogo entre as gerações, multiplicando generosos testemunhos
de compaixão, partilha, solidariedade.
Segundo o Papa, o
diálogo significa “...ouvir-se um ao outro, confrontar posições, pôr-se de
acordo e caminhar juntos. Favorecer tudo isto entre as gerações significa
amanhar o terreno duro e estéril do conflito e do descarte para nele se
cultivar as sementes duma paz duradoura e compartilhada”.
Neste sentido, é preciso praticar o diálogo
intergeracional, sobretudo no cuidado de nossa casa comum – “...a oportunidade
de construir, juntos, percursos de paz não pode prescindir da educação e do
trabalho, lugares e contextos privilegiados do diálogo intergeracional:
enquanto a educação fornece a gramática do diálogo entre as gerações, na
experiência do trabalho encontram-se a colaborar homens e mulheres de
diferentes gerações, trocando entre si conhecimentos, experiências e
competências em vista do bem comum”.
Quanto à instrução
e a educação como motores da paz, embora tenha diminuído
sensivelmente a nível mundial o seu orçamento, mas visto como despesas, elas
são os alicerces duma sociedade coesa, civil, capaz de gerar esperança, riqueza
e progresso.
Lamenta o aumento com
despesas militares, ultrapassando o nível registado no termo da «guerra fria»,
e parecem destinadas a crescer de maneira exorbitante.
Exorta para que os detentores
das responsabilidades governamentais elaborem políticas econômicas que prevejam
uma inversão na correlação entre os investimentos públicos na educação e os
fundos para armamentos.
Urge a promoção da
cultura do cuidado, em todos os âmbitos e de modo especial um pacto que promova
a educação para a ecologia integral, segundo um modelo cultural de paz,
desenvolvimento e sustentabilidade, centrado na fraternidade e na aliança entre
os seres humanos e o meio ambiente.
Afirma o Papa – “Investir
na instrução e educação das novas gerações é a estrada mestra que as leva, mediante
uma específica preparação, a ocupar com proveito um justo lugar no mundo do
trabalho”.
Quanto a
promoção e o assegurar do trabalho na construção da paz –
“O trabalho é um fator indispensável para
construir e preservar a paz... Nesta perspectiva acentuadamente social, o
trabalho é o lugar onde aprendemos a dar a nossa contribuição para um mundo
mais habitável e belo”.
A situação do mundo do
trabalho foi agravada pela pandemia Covid-19 –“Faliram milhões de atividades
econômicas e produtivas; os trabalhadores precários estão cada vez mais
vulneráveis; muitos daqueles que desempenham serviços essenciais são ainda
menos visíveis à consciência pública e política; a instrução à distância gerou,
em muitos casos, um retrocesso na aprendizagem e nos percursos escolásticos.
Além disso, os jovens que assomam ao mercado profissional e os adultos
precipitados no desemprego enfrentam hoje perspectivas dramáticas”.
O impacto da crise na
economia informal, particularmente devastador, foi que muitas vezes envolve os
trabalhadores migrantes – “Em muitos países, crescem a violência e a
criminalidade organizada, sufocando a liberdade e a dignidade das pessoas,
envenenando a economia e impedindo que se desenvolva o bem comum. A resposta a
esta situação só pode passar por uma ampliação das oportunidades de trabalho
digno”.
O Papa nos apresenta o
trabalho como a “...base sobre a qual se há de construir a justiça e a
solidariedade em cada comunidade. Por isso, «não se deve procurar que o
progresso tecnológico substitua cada vez mais o trabalho humano... Temos
de unir as ideias e os esforços para criar as condições e inventar soluções a
fim de que cada ser humano em idade produtiva tenha a possibilidade, com o seu
trabalho, de contribuir para a vida da família e da sociedade”.
Urge a promoção em todo
o mundo condições laborais decentes e dignas, orientadas para o bem comum e a
salvaguarda da criação – “É necessário garantir e apoiar a liberdade das
iniciativas empresariais e, ao mesmo tempo, fazer crescer uma renovada
responsabilidade social para que o lucro não seja o único critério-guia”.
Fundamental é o papel
ativo da política na promoção de um justo equilíbrio entre a liberdade
económica e a justiça social – “E todos aqueles que intervêm neste campo, a
começar pelos trabalhadores e empresários católicos, podem encontrar
orientações seguras na doutrina social da Igreja”.
Finaliza agradecendo os
esforços de todos, com generosidade e responsabilidade, para que saiamos desta
pandemia acompanhado de lembrança e oração por todas as vítimas e suas
famílias.
Conclui abençoando e fazendo
um apelo aos governantes e a quantos têm responsabilidades políticas e sociais,
aos pastores e aos animadores das comunidades eclesiais, bem como a todos os
homens e mulheres de boa vontade, para caminharmos, juntos, por estes três
caminhos para a paz, com coragem e criatividade, como artesãos da paz.
Mensagem para o 54º dia Mundial da Paz - (Papa Francisco) (2021)
A cultura do cuidado como percurso de paz
Inicialmente,
o Papa saúda os Chefes de Estado e de Governo, responsáveis das Organizações
Internacionais, líderes espirituais e fiéis das várias religiões, aos homens e
mulheres de boa vontade, exortando para o necessário progresso no caminho da
fraternidade, da justiça e da paz entre as pessoas, as comunidades, os povos e
os Estados.
Descreve o gravíssimo cenário do ano de 2020, marcado pela pandemia, em suas manifestações de crise sanitária da covid-19, agravada fortemente pelas crises inter-relacionadas como a climática, alimentar, económica e migratória, e provocando grandes sofrimentos e incómodos.
Este cenário foi motivador para a escolha do tema da mensagem “A cultura do cuidado como percurso de paz”, com a promoção da cultura do cuidado para erradicar a cultura da indiferença, do descarte e do conflito, que hoje muitas vezes parece prevalecer.
À luz da Palavra divina, retrata a obra da criação divina, a origem da vocação humana e a necessidade de cuidarmos uns dos outros, tendo como fundamentação bíblica: Gn 2,8; 2,15; Gn 4,9, 4,15, Gn 2,1-3; Lv 25, alusão aos Profetas Amós e Isaías, Ezequiel, e de modo especial a prática e ministério de Jesus nos Evangelhos (Jo 3,16; Lc 4,18; Jo 10,11-18; Lc 10,20-37 - Jesus é o Bom Pastor que cuida das ovelhas, o Bom Samaritano que Se inclina sobre o ferido, trata as suas feridas e cuida dele.
O ponto culminante da missão de Jesus se dá na Cruz, quando sela o seu cuidado por nós, oferecendo-Se nela e nos liberta da escravidão do pecado e da morte.
Com o dom da Sua vida e o Seu sacrifício, abriu-nos o caminho do amor e disse a cada um de nós: “Segue-Me! Faz tu também o mesmo” (cf. Lc 10, 37).
Fundamental neste sentido é a prática das obras de misericórdia corporais e espirituais vivida pela Igreja ao longo da história, somada aos princípios da Doutrina Social da Igreja como base da cultura do cuidado, que apresenta em parágrafos seguintes, como uma bússola a guiar a todos nós (em todos os âmbitos):
-
o cuidado como promoção da dignidade e dos direitos da pessoa;
-
o cuidado do bem comum;
-
o cuidado através da solidariedade;
-
o cuidado e a salvaguarda da criação.
“Através desta bússola, encorajo todos a tornarem-se profetas e testemunhas da cultura do cuidado, a fim de preencher tantas desigualdades sociais. E isto só será possível com um forte e generalizado protagonismo das mulheres na família e em todas as esferas sociais, políticas e institucionais”.
Esta bússola dos princípios sociais é “necessária para promover a cultura do cuidado, vale também para as relações entre as nações, que deveriam ser inspiradas pela fraternidade, o respeito mútuo, a solidariedade e a observância do direito internacional. A este respeito, hão de ser reafirmadas a proteção e a promoção dos direitos humanos fundamentais, que são inalienáveis, universais e indivisíveis”.
Acena para a criação de “Fundo Mundial” com o dinheiro que se gasta em armas e outras despesas militares para a eliminação da fome e contribuição para o desenvolvimento dos países pobres.
Esta cultura do cuidado pressupõe um processo educativo que nasce na família, e se desenvolve nas Escolas e Universidades; com contribuição das religiões em geral e seus líderes religiosos junto aos fiéis; e todas as pessoas empenhadas no serviço das populações, nas organizações internacionais, governamentais e não governamentais.
Deste modo, não há a paz sem a cultura do cuidado, e esta enquanto compromisso comum, solidário e participativo para proteger e promover a dignidade e o bem de todos, pois a barca da humanidade foi sacudida pela tempestade da crise, e avança com dificuldade à procura dum horizonte mais calmo e sereno.
Neste sentido, o leme da dignidade da pessoa humana e a “bússola” dos princípios sociais fundamentais podem consentir-nos de navegar com um rumo seguro e comum.
Exorta a todos os cristãos que mantenham o olhar fixo na Virgem Maria, Estrela do Mar e Mãe da Esperança.
Urge que todos juntos colaborem, a fim de avançar para um novo horizonte de amor e paz, de fraternidade e solidariedade, de apoio mútuo e acolhimento recíproco.
Conclui motivando-nos, para que não cedamos à tentação de nos desinteressarmos uns dos outros, especialmente dos mais frágeis, não nos habituando a desviar o olhar; ao contrário, é preciso empenho, cada dia, concretamente, para formar uma comunidade feita de irmãos que se acolhem mutuamente e cuidam uns dos outros.
PS: Se desejar conferir na integra, acesse: