segunda-feira, 1 de janeiro de 2024

Síntese da mensagem do Santo Padre Francisco para o 55º Dia Mundial da paz (2022)

 


Síntese da mensagem do Santo Padre Francisco

para o 55º Dia Mundial da paz (2022)

 “Diálogo entre as gerações, educação e trabalho: instrumentos para construir uma paz duradora”, tendo como lema – “Que formosos são sobre os montes os pés do mensageiro que anuncia a paz!” (Is 52, 7).

Como nos tempos dos antigos profetas, continua hoje a elevar-se o clamor dos pobres e da terra implorando justiça e paz

Citando o Papa São Paulo VI, acena para o caminho da paz, que consiste no desenvolvimento integral necessário, pois permanece uma situação marcada por sofrimentos, guerras e conflitos, doenças de proporções, a piora dos efeitos das alterações climáticas e da degradação ambiental, agrava-se o drama da fome e da sede e continua a predominar um modelo econômico mais baseado no individualismo do que na partilha solidária.

Na arquitetura da paz necessária, todos podem colaborar para construir um mundo mais pacífico partindo do próprio coração e das relações em família, passando pela sociedade e o meio ambiente, até chegar às relações entre os povos e entre os Estados.

Apresenta 3 caminhos para a construção de uma paz duradoura, na expressão de um pacto social,

1º - o diálogo entre as gerações, como base para a realização de projetos compartilhados;

2º - a educação, como fator de liberdade, responsabilidade e desenvolvimento;

3º - o trabalho, para uma plena realização da dignidade humana.

Quanto ao diálogo entre as gerações para a construção da paz, em contexto de pandemia que fustiga o mundo, é preciso promover o diálogo entre as gerações, multiplicando generosos testemunhos de compaixão, partilha, solidariedade.

Segundo o Papa, o diálogo significa “...ouvir-se um ao outro, confrontar posições, pôr-se de acordo e caminhar juntos. Favorecer tudo isto entre as gerações significa amanhar o terreno duro e estéril do conflito e do descarte para nele se cultivar as sementes duma paz duradoura e compartilhada”.

Neste  sentido, é preciso praticar o diálogo intergeracional, sobretudo no cuidado de nossa casa comum – “...a oportunidade de construir, juntos, percursos de paz não pode prescindir da educação e do trabalho, lugares e contextos privilegiados do diálogo intergeracional: enquanto a educação fornece a gramática do diálogo entre as gerações, na experiência do trabalho encontram-se a colaborar homens e mulheres de diferentes gerações, trocando entre si conhecimentos, experiências e competências em vista do bem comum”.

Quanto à instrução e a educação como motores da paz, embora tenha diminuído sensivelmente a nível mundial o seu orçamento, mas visto como despesas, elas são os alicerces duma sociedade coesa, civil, capaz de gerar esperança, riqueza e progresso.

Lamenta o aumento com despesas militares, ultrapassando o nível registado no termo da «guerra fria», e parecem destinadas a crescer de maneira exorbitante.

Exorta para que os detentores das responsabilidades governamentais elaborem políticas econômicas que prevejam uma inversão na correlação entre os investimentos públicos na educação e os fundos para armamentos.

Urge a promoção da cultura do cuidado, em todos os âmbitos e de modo especial um pacto que promova a educação para a ecologia integral, segundo um modelo cultural de paz, desenvolvimento e sustentabilidade, centrado na fraternidade e na aliança entre os seres humanos e o meio ambiente.

Afirma o Papa – “Investir na instrução e educação das novas gerações é a estrada mestra que as leva, mediante uma específica preparação, a ocupar com proveito um justo lugar no mundo do trabalho”.  

Quanto a promoção e o assegurar do trabalho na construção da paz O trabalho é um fator indispensável para construir e preservar a paz... Nesta perspectiva acentuadamente social, o trabalho é o lugar onde aprendemos a dar a nossa contribuição para um mundo mais habitável e belo”.

A situação do mundo do trabalho foi agravada pela pandemia Covid-19 –“Faliram milhões de atividades econômicas e produtivas; os trabalhadores precários estão cada vez mais vulneráveis; muitos daqueles que desempenham serviços essenciais são ainda menos visíveis à consciência pública e política; a instrução à distância gerou, em muitos casos, um retrocesso na aprendizagem e nos percursos escolásticos. Além disso, os jovens que assomam ao mercado profissional e os adultos precipitados no desemprego enfrentam hoje perspectivas dramáticas”.

O impacto da crise na economia informal, particularmente devastador, foi que muitas vezes envolve os trabalhadores migrantes – “Em muitos países, crescem a violência e a criminalidade organizada, sufocando a liberdade e a dignidade das pessoas, envenenando a economia e impedindo que se desenvolva o bem comum. A resposta a esta situação só pode passar por uma ampliação das oportunidades de trabalho digno”.

O Papa nos apresenta o trabalho como a “...base sobre a qual se há de construir a justiça e a solidariedade em cada comunidade. Por isso, «não se deve procurar que o progresso tecnológico substitua cada vez mais o trabalho humano... Temos de unir as ideias e os esforços para criar as condições e inventar soluções a fim de que cada ser humano em idade produtiva tenha a possibilidade, com o seu trabalho, de contribuir para a vida da família e da sociedade”.

Urge a promoção em todo o mundo condições laborais decentes e dignas, orientadas para o bem comum e a salvaguarda da criação – “É necessário garantir e apoiar a liberdade das iniciativas empresariais e, ao mesmo tempo, fazer crescer uma renovada responsabilidade social para que o lucro não seja o único critério-guia”.

Fundamental é o papel ativo da política na promoção de um justo equilíbrio entre a liberdade económica e a justiça social – “E todos aqueles que intervêm neste campo, a começar pelos trabalhadores e empresários católicos, podem encontrar orientações seguras na doutrina social da Igreja”.

Finaliza agradecendo os esforços de todos, com generosidade e responsabilidade, para que saiamos desta pandemia acompanhado de lembrança e oração por todas as vítimas e suas famílias.

Conclui abençoando e fazendo um apelo aos governantes e a quantos têm responsabilidades políticas e sociais, aos pastores e aos animadores das comunidades eclesiais, bem como a todos os homens e mulheres de boa vontade, para caminharmos, juntos, por estes três caminhos para a paz, com coragem e criatividade, como artesãos da paz.

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