“Bem aventurados os que promovem a paz ,
porque serão chamados filhos de Deus” (Mt 5,9)
Em vários parágrafos acentua a beleza e a dignidade da vida na sua integridade, exortando o respeito pela vida humana em todas as suas dimensões.
Transcrevo literalmente suas palavras:
“Caminho para a consecução do bem comum e da paz é, antes de mais nada, o respeito pela vida humana, considerada na multiplicidade dos seus aspectos, a começar da concepção, passando pelo seu desenvolvimento até ao fim natural.
Assim, os verdadeiros obreiros da paz são aqueles que amam, defendem e promovem a vida humana em todas as suas dimensões: pessoal, comunitária e transcendente. A vida em plenitude é o ápice da paz. Quem deseja a paz não pode tolerar atentados e crimes contra a vida.
Aqueles que não apreciam suficientemente o valor da vida humana, chegando a defender, por exemplo, a liberalização do aborto, talvez não se deem conta de que assim estão a propor a prossecução duma paz ilusória.
A fuga das responsabilidades, que deprecia a pessoa humana, e mais ainda o assassinato de um ser humano indefeso e inocente nunca poderão gerar felicidade nem a paz...
Tão pouco é justo codificar ardilosamente falsos direitos ou opções que, baseados numa visão redutiva e relativista do ser humano e com o hábil recurso a expressões ambíguas tendentes a favorecer um suposto direito ao aborto e à eutanásia, ameaçam o direito fundamental à vida”.
Faz uma longa defesa para que se promova e estrutura natural do matrimônio, como união entre um homem e uma mulher, contra “... as tentativas de a tornar, juridicamente, equivalente a formas radicalmente diversas de união que, na realidade, a prejudicam e contribuem para a sua desestabilização, obscurecendo o seu carácter peculiar e a sua insubstituível função social.”
Não passa indiferente para o Papa a defesa da liberdade de expressão religiosa, o perigo das ideologias do liberalismo radical e da tecnocracia, fomentando uma mentalidade de que o crescimento econômico se deve conseguir mesmo à custa da erosão da função social do Estado e das redes de solidariedade da sociedade civil, bem como dos direitos e deveres sociais.
Aborda com propriedade sobre um dos direitos e deveres mais ameaçados, o trabalho; e tem plena convicção de que construir o bem da paz se dá através de um novo modelo de desenvolvimento e de uma nova visão da economia.
São animadoras e comprometedoras suas palavras, de modo que ninguém pode ser omisso:
“Para sair da crise financeira e econômica atual, que provoca um aumento das desigualdades, são necessárias pessoas, grupos, instituições que promovam a vida, favorecendo a criatividade humana para fazer da própria crise uma ocasião de discernimento e de um novo modelo econômico.
O modelo que prevaleceu nas últimas décadas apostava na busca da maximização do lucro e do consumo, numa óptica individualista e egoísta que pretendia avaliar as pessoas apenas pela sua capacidade de dar resposta às exigências da competitividade.
É preciso relações de lealdade e reciprocidade com os colaboradores e os colegas, com os clientes e os usuários, de modo que a pessoa que “... exerce a atividade econômica para o bem comum, vive o seu compromisso como algo que ultrapassa o interesse próprio, beneficiando as gerações presentes e futuras.
Deste modo sente-se a trabalhar não só para si mesmo, mas também para dar aos outros um futuro e um trabalho dignos.”
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