Cristo
vive e intercede por nós
Sejamos
enriquecidos por uma das Cartas escrita pelo bispo São Fulgêncio de Ruspe
(Séc.VI), que nos apresenta Jesus Cristo, sempre vivo, intercedendo por nós.
“Antes
do mais, chama-nos a atenção que, na conclusão das orações, dizemos: “por nosso
Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho” e nunca: “pelo Espírito Santo”.
Não
é sem motivo que a Igreja católica o repete, por causa do mistério do mediador
entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem, sacerdote segundo a ordem de
Melquisedec, que com Seu próprio sangue entrou uma vez por todas no santuário,
não feito por mãos de homens, figura do verdadeiro, mas no próprio céu, onde
está à direita de Deus e intercede por nós.
Contemplando
esta função pontifical, diz o Apóstolo: Por
Ele ofereçamos sempre o sacrifício de louvor, o fruto dos lábios daqueles que
confessam Seu nome.
Por
conseguinte, por Ele oferecemos o sacrifício de louvor e da prece, pois,
mediante a Sua morte, fomos reconciliados, nós os inimigos. Por Ele, que Se
dignou tornar-se sacrifício em nosso favor, o nosso sacrifício pode ser bem
aceito diante de Deus.
São
Pedro adverte-nos, dizendo: E vós quais
pedras vivas, entrais na edificação deste edifício espiritual, no sagrado
sacerdócio, oferecendo vítimas espirituais agradáveis a Deus, por Jesus Cristo.
É esta a razão que nos faz dizer: “Por nosso Senhor Jesus Cristo”.
Quando
se menciona o sacerdote, que vem à mente a não ser o mistério da encarnação do
Senhor? Mistério do Filho de Deus que, embora de condição divina, aniquilou-Se
a Si mesmo, assumindo a forma de escravo; em Sua humilhação, fez-Se obediente
até à morte; a saber, feito um pouco menor do que os anjos, possuindo, embora,
a igualdade com Deus Pai.
O
Filho Se diminuiu, permanecendo igual ao Pai, porquanto Se dignou assemelhar-Se
aos homens. Tornou-Se o menor, quando Se aniquilou a Si mesmo, tomando a forma
de servo.
A
diminuição de Cristo é Seu aniquilamento, mas o aniquilamento consiste na
aceitação da forma de servo.
Cristo,
permanecendo na forma de Deus o unigênito de Deus, a quem juntamente com o Pai
oferecemos sacrifícios, tomou a forma de servo, tornando-Se sacerdote.
Assim,
por Ele, podemos oferecer um sacrifício vivo, santo e agradável a Deus. Nunca
nos seria possível oferecer tal sacrifício se Cristo não Se houvesse tornado, Ele
mesmo, sacrifício para nós. N’Ele, a própria natureza do gênero humano é o
verdadeiro sacrifício de salvação.
Com
efeito, quando nos apresentamos para oferecer, mediante nosso eterno Sacerdote
e Senhor, nossas orações, afirmamos ter Ele a verdadeira carne de nossa raça.
O
Apóstolo já dissera: Todo pontífice é
escolhido dentre os homens e a favor dos homens é constituído para as coisas
que dizem respeito a Deus, a oferecer dons e sacrifícios pelos pecados.
Quando,
porém, dizemos: ‘Vosso Filho’ e acrescentamos: ‘que convosco vive e reina na
unidade do Espírito Santo’, comemoramos aquela unidade naturalmente existente
entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo.
Daí
se deduz ser o Cristo o que exerce a função sacerdotal para nós, o mesmo a quem
pertence, por natureza, a unidade com o Pai e o Espírito Santo.” (1)
Oportuno
retomarmos a passagem da Epístola aos Hebreus: “A esperança, com efeito, é para nós qual ancora da vida, segura e
firme, penetrando para além da cortina do santuário, onde Jesus entrou por nós,
como precursor, feito Sumo-Sacerdote e eterno na ordem de Melquisedec” (Hb
6,19-20).
Peregrinos da esperança que somos, na fidelidade ao
Senhor, podemos contar com Sua permanente e eterna intercessão.
Sejam momentos favoráveis ou não;
escuros ou luminosos; de coragem ou medo; saúde ou doença, podemos contar com a
intercessão de Cristo, que vive e reina, e ao Pai, na plena comunhão com o
Espírito Santo. Amém.
(1) Liturgia das Horas – segunda quinta-feira do Tempo Comum
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