sexta-feira, 7 de junho de 2024

“Carta Apostólica Totum Amoris Est” - “Tudo pertence ao amor” (Síntese)

 


“Carta Apostólica Totum Amoris Est” - “Tudo pertence ao amor 

Uma síntese da Carta Apostólica escrita pelo Papa Francisco, em 28 de dezembro de 2022, quando se celebrou o IV Centenário da Morte de São Francisco de Sales, bispo e doutor da Igreja.

O título “Tudo pertence ao amor”, é a expressão do grande legado espiritual por ele deixado, afirma o Papa ao iniciar a Carta.

São Francisco de Sales nasceu no dia 21 de agosto de 1567, na Província de Savoia, no castelo de Sales, foi ordenado Sacerdote em 18 de dezembro de 1593, e ordenado bispo em 8 de dezembro de 1602, morreu no dia 28 de dezembro de 1622

O Papa Francisco menciona e desenvolve a Carta a partir do célebre “Tratado do Amor de Deus”, e para São Francisco de Sales, não havia melhor lugar para encontrar Deus e ajudar a procurá-lo, do que no coração de cada mulher e homem do seu tempo, afirma o Papa Francisco.

No Prefácio do Tratado, encontra-se uma síntese do seu modo de proceder: “Na santa Igreja, tudo pertence ao amor, vive no amor, faz-se por amor e vem do amor”.

A caridade e o amor é que dão valor às nossas obras, e sua vida e escritos assim expressaram, de modo que, não foi por acaso que São João Paulo II o chamava de “Doutor do amor divino”.

Possuía dotes de mediador, como homem do diálogo, e revelou-se inventor de práticas pastorais originais e ousadas, como os famosos «panfletos», afixados por todo o lado e até metidos por baixo da porta das casas.

Deu-se conta de uma verdadeira «mudança de época», à qual era preciso responder através de linguagens antigas e novas.

São Francisco de Sales, controversista hábil e incansável, ia-se transformando, pela graça, num sagaz intérprete do tempo e extraordinário diretor de almas.

Além de “Tratado do Amor de Deus”, também escreveu a “Introdução à Vida Devota”, somado a milhares de cartas de amizade espiritual.

Sobre São Francisco de Sales, assim falou o Papa Bento XVI: “É apóstolo, pregador, escritor, homem de ação e oração; comprometido na realização dos ideais do Concílio de Trento; empenhado na controvérsia e no diálogo com os protestantes, experimentando cada vez mais, para além do necessário confronto teológico, a eficácia da relação pessoal e da caridade; encarregado de missões diplomáticas a nível europeu e de tarefas sociais de mediação e de reconciliação”.

Seu apostolado ilumina o nosso tempo na edificação de uma Igreja não autorreferencial, liberta de toda a mundanidade, mas capaz de habitar no seio do mundo, partilhar a vida das pessoas, caminhar juntos, escutar e acolher; a fim de que saiamos da preocupação excessiva conosco, com as estruturas, a imagem social, perguntando antes quais são as necessidades concretas e as expectativas espirituais de nosso povo, afirma o Papa Francisco, retomando citações da Evangelli Gaudium.

Os seus escritos, além do que se disse, é um convite para que nos abramos, com confiança, às asas ao Espírito, e assim, façamos os voos necessários, pois a graça de Deus não nos torna passivos, mas protagonistas e concriadores.

Também nos ajuda na compreensão da falsa e verdadeira devoção, que é o caminho da perfeição e santidade para todos (como veremos, séculos depois, claramente expresso na Lumen Gentium – Concílio Vaticano II, sobre a vocação universal à santidade).

Na “Introdução à Vida Devota”, São Francisco define a falsa devoção, e, segundo o Papa, não é difícil nela nos revermos, pois é uma descrição graciosa e sempre atual:

Quem se consagra ao jejum, pensará que é devoto porque não come, enquanto tem o coração cheio de rancor; e enquanto não se permite banhar a língua no vinho e nem sequer na água por amor da sobriedade, não sentirá qualquer escrúpulo em mergulhá-la no sangue do próximo com a maledicência e a calúnia. Outro pensará que é devoto porque bisbilha todo o dia uma série interminável de orações; e não dará peso às palavras más, arrogantes e injuriosas que a sua língua lançará, no resto do dia, aos servos e vizinhos. Outro ainda levará de bom grado a mão à carteira para dar esmola aos pobres, mas não conseguirá extrair do coração uma migalha de doçura para perdoar os inimigos; e outrem, por sua vez, perdoará aos inimigos, mas pagar as dívidas nem lhe passará pela cabeça; será preciso o tribunal.”

À luz dos seus escritos, o Papa reflete sobre o êxtase da vida, de modo que, para São Francisco, a vida cristã nunca acontece sem êxtase e, todavia, o êxtase não é autêntico sem a vida.

Deste modo, São Francisco de Sales, com uma imagem muito bela, descreve no mencionado Tratado, o Calvário como “o monte dos enamorados” – lá e somente lá, se compreende que “não é possível ter a vida sem o amor, nem o amor sem a morte do Redentor; mas, fora de lá, tudo é morte eterna ou amor eterno, e toda a sabedoria cristã consiste em saber escolher bem”.

Encerra a carta citando o final do seu Tratado, que é a conclusão de um discurso de Santo Agostinho sobre a caridade:

“Que há de mais fiel que a caridade? Fiel não ao efêmero, mas ao eterno. Ela tudo suporta na vida presente, pela simples razão que acredita em tudo sobre a vida futura: suporta todas as coisas que aqui nos são dadas suportar, porque espera tudo o que lhe foi prometido lá. Justamente nunca acaba. Por isso praticai a caridade e produzi, meditando-a santamente, frutos de justiça. E se encontrardes, em louvor dela, outras coisas que não vos tenha dito agora, que isso se veja no vosso modo de viver”.

Finalmente, o Papa nos convida a crescer em sua devoção a São Francisco de Sales, e contar com sua intercessão, a fim de que sejam derramados, abundantemente, os dons do Espírito no caminho do santo Povo fiel de Deus.

 

 

PS: Desejando ler a mensagem na integra, acesse:

https://www.vatican.va/content/francesco/pt/apost_letters/documents/20221228-totum-amoris-est.html

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