Promover a cultura da vida e da paz
Retomemos a Mensagem do Papa Francisco para o 49º Dia Mundial da Paz (2016), em que nos apresenta algumas formas de indiferença:
- A primeira é a indiferença da sociedade humana para com Deus, e consequentemente a indiferença com o próximo e com a criação.
“Vivendo nós numa casa comum, não podemos deixar de nos interrogar sobre o seu estado de saúde, como procurei fazer na Carta Encíclica Laudato Si”.
A poluição das águas e do ar, a exploração indiscriminada das florestas, a destruição do meio ambiente são, muitas vezes, resultado da indiferença do homem pelos outros, porque tudo está relacionado.
De igual modo o comportamento do homem com os animais influi sobre as suas relações com os outros, para não falar de quem se permite fazer noutros lugares aquilo que não ousa fazer em sua casa. (LS n.51)
- A indiferença para com Deus supera a esfera íntima e espiritual da pessoa individual e investe a esfera pública e social, de modo que a paz fica ameaçada pela indiferença globalizada:
“O esquecimento e a negação de Deus, que induzem o homem a não reconhecer qualquer norma acima de si próprio e a tomar como norma apenas a si mesmo, produziram crueldade e violência sem medida. (Papa Bento XVI).
- A indiferença pelo ambiente natural: favorece o desflorestamento, a poluição e as catástrofes naturais com desenraizamento de comunidades inteiras do seu ambiente de vida, constrangendo-as à precariedade e à insegurança.
Com isto temos a criação de novas pobrezas, novas situações de injustiça com consequências muitas vezes desastrosas em termos de segurança e paz social, e com isto guerras foram movidas e ainda serão travadas por causa da falta de recursos ou para responder à demanda insaciável de recursos naturais (LS 31 e 48)
Mas é preciso passar da indiferença à misericórdia, com a conversão do coração, insiste o Papa, e discorre sobre sua última Mensagem para o dia Mundial da Paz (2015), quando abordou o primeiro ícone bíblico da fraternidade humana - o ícone de Caim e Abel (cf. Gn 4, 1-16), evidenciando o modo como foi traída esta primeira fraternidade.
Mas Deus, que não é indiferente à história da humanidade, age por meio de Moisés para libertação da escravidão do Egito. Diz a Moisés:
“Eu bem vi a opressão do meu povo que está no Egito, e ouvi o seu clamor diante dos seus inspetores; conheço, na verdade, os seus sofrimentos. Desci a fim de o libertar da mão dos egípcios e de o fazer subir desta terra para uma terra boa e espaçosa, para uma terra que mana leite e mel” (Ex 3, 7-8).
É importante notar os verbos que descrevem a intervenção de Deus: Ele observa, ouve, conhece, desce, liberta. Deus não é indiferente à nossa história.
Por fim intervém por meio do Seu Filho Jesus, descendo ao meio dos homens, encarnando-Se e revelando-Se solidário com a humanidade, igual a nós, exceto no pecado, para nos redimir.
Jesus ensina-nos a ser misericordiosos como o Pai (cf. Lc 6, 36). Na Parábola do bom samaritano (cf. Lc 10, 29-37) denuncia a omissão de ajuda numa necessidade urgente dos seus semelhantes: «ao vê-lo, passou adiante» (Lc 10, 32).
Urge que sejamos misericordiosos e próximos, sobretudo com todos aqueles que mais sofrem, a fim de que mantenham viva a esperança de um novo tempo, em que a vida seja tratada com o devido respeito, valor e dignidade; de modo que se torna injustificável toda forma de economia ou atitude em relação ao planeta que objetive lucros, colocando em risco tantas vidas.
Que o Espírito do Senhor, fonte iluminadora permaneça com a Igreja para que ela contribua no resplandecer da luz divina, iluminando as realidades obscuras de sofrimento, dor e morte, promovendo e defendendo a cultura da vida e da paz.
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