quinta-feira, 31 de outubro de 2024

Navegarei e naufragarei...

Navegarei e naufragarei...

Navegarei...
Sempre ao encontro dos que sonham
E se comprometem com um mundo novo possível.

Navegarei...
Ao encontro dos que semeiam o Paraíso
Com sementes que o Senhor em nossas mãos deposita.

Navegarei...
Ao encontro dos que não se curvam
Diante dos deuses, por mãos criadas, de tantos nomes.

Navegarei...
Sem me cansar, noite e dia, ao encontro
Dos que ousam encontrar para humanidade novos caminhos.

Navegarei...
Sem economia de energia, à procura
De quem não se furta aos santos compromissos com o Reino.

Navegarei...
Para me somar com os que creem na santidade da família,
E a cada dia a edificam sobre as bases sólidas da Palavra e da Eucaristia.

Navegarei...
Ao encontro dos que não concedem à morte a última palavra,
Mas professam a fé na Vida que venceu a Morte: Ressurreição.

Navegarei...
Ao encontro de homens e mulheres que, embora a fé não professem,
Pautam a vida pelos princípios fundamentais do amor, da verdade, da solidariedade.

Navegarei...
Minhas velas estão provisoriamente levantadas,
Até que possa desfraldar definitivamente na glória dos céus.

Mas também naufragarei...
Nas águas o que rouba a beleza da vida,
A mentira que enfraquece os relacionamentos de amizade, fraternidade.

Naufragarei...
Nas águas as ambições, que se desmedidas, alcance da infelicidade.
Naufragarei quaisquer sentimentos de arrogância indesejável.

Naufragarei...
Os pecados da omissão, pensamentos, atos e palavras,
Para que de coração puro e reconciliado continue minha travessia.

Naufragarei...
Os sentimentos possíveis de mágoa e ressentimentos,
Porque de nada servem a não ser para afogar-me na melancolia.

Naufragarei...
As máscaras que possivelmente criamos e recriamos,
Pois não são elas que nos garantem segurança, êxito e felicidade.

Naufragarei...
O medo que se manifesta de múltiplas formas,
Para que a fé e a coragem encontrem maior espaço dentro de mim.

Naufragarei...
Tudo aquilo que torna pálida a mais bela utopia,
Para cultivar na mente e coração o nascer de um novo dia.

Naufragarei...
As drogas que roubam a beleza da vida, se consumidas,
Reafirmando a sua dignidade e sacralidade anunciada, promovida.

Há outros naufrágios a serem feitos, enquanto navego.
Entre naufrágios que vou fazendo, vou navegando...

O vento suave do Espírito me impulsiona à outra margem.
O sopro do Espírito me acompanha e me dá segurança.

Naufrágio do que avilta, empobrece a condição humana é preciso.
Navegações à outra margem contando com a misericórdia divina.

Misérias humanas naufragadas tão necessárias.
Misericórdia divina ao navegar seja suplicada.

A graça do Ministério Presbiteral

                                                           

A graça do Ministério Presbiteral

Assim falou o Papa São João Paulo II, na Exortação Apostólica pós-sinodal Pastores Dabo Vobis (n.22), sobre o presbítero:

“O presbítero é chamado a assumir em si os sentimentos e as virtudes de Cristo em relação à Igreja, amada ternamente mediante o exercício do ministério; portanto, dele se pede que seja capaz de amar o povo com o coração novo, grande e puro, com um autêntico esquecimento de si mesmo, com dedicação plena, contínua e fiel, juntamente com uma espécie de ‘ciúme’ divino, com uma ternura que reveste inclusive os matizes do afeto materno”.

Deste modo, com o Rito da Ordenação, o presbítero “...é introduzido em um novo gênero de vida, que o une a Cristo com um vínculo original, inefável e irreversível e o habilita a agir ‘in persona Christi’. Configurado a Cristo, Cabeça, Pastor, Esposo e Servo da Igreja, como seu representante e na união com Ele, o presbítero tem uma relação especial com a Igreja de Cristo”.  (1)

Como Presbítero, exerce o tríplice múnus como um servidor e anunciador da Palavra, ministro dos Sacramentos e um guia da comunidade.

Na realização do Ministério, o presbítero é apresentado com várias imagens e aspectos, que se completam e auxiliam na compreensão da natureza íntima de sua identidade, como nos fala o Documento n. 110 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) – Diretrizes para a formação dos presbíteros da Igreja no Brasil que ora apresento, conforme o parágrafo n. 41

a)   Presbítero: De acordo com a Escritura é o ancião, o adulto, já experimentado na vida, e por isto se tornou um sábio, mestre, conselheiro e guia;

b)   Pastor: Uma imagem muito frequente na Sagrada Escritura que designa aqueles a quem cabe colocar-se a serviço do povo. Assim o faz seguindo o exemplo de Jesus Cristo, o Bom Pastor (Jo 10,1-4). Por isto é chamado a ser homem de misericórdia e compaixão, vivendo a proximidade com seu povo e um servidor de todos, particularmente dos que sofrem grandes necessidades.

c)   Profeta: Como mensageiro da Palavra viva de Jesus, anuncia e testemunha a Palavra de Deus, “oportuna e inoportunamente” como falou o Apóstolo Paulo a Timóteo (2 Tm 4,2); proclama o reino de Deus e denuncia o que contradiz o Evangelho;

d)   Servo: O Filho do Homem veio “não para ser servido, mas para servir e dar sua vida em resgate por muitos” (Mc 10,45). O Presbítero participa desta missão do Filho, e participa da autoridade de Cristo-Cabeça com seu serviço, seu dom, sua entrega total, humilde e amorosa pela Igreja;

e)   Missionário: Consciente de que é enviado por Cristo, nunca deve cansar de repetir a si mesmo: “Sou uma missão, e não simplesmente tenho uma missão”, como diz o Papa Francisco. Para tanto, precisa coragem, audácia, fantasia e vontade de olhar não apenas para si mesmo, nem o cumprimento das funções rotineiras, mas ir além, como Igreja, constantemente em saída, rumo às periferias existenciais, ultrapassando as estruturas que já não favoreçam mais à transmissão da fé;

f)    Padre: Trata-se, pelo Sacramento da Ordem, viver o dom da paternidade espiritual, com a missão de gerar, nutrir, educar, organizar e levar à plenitude a comunidade do Povo de Deus;

g)   Sacerdote: É alguém que foi separado para o Evangelho de Deus (Rm 1,1), e em virtude da Ordenação se torna um dom sagrado de Deus para o seu povo. Ele reúne a comunidade para o momento mais alto e importante de sua existência, que é a Celebração Eucarística. Ele é sempre o ministro de Deus e nele, a exemplo de Jesus, tudo deve ser “sacerdotalizado”;

h)   Esposo: Uma vez configurado a Cristo, o Presbítero na sua vida espiritual, é chamado a reviver o amor de Cristo esposo, em sua relação com a Igreja esposa;

i)     Perito em humanidade: Deixa-se atingir pelas grandes questões que envolvem a humanidade, em sinais de amizade, companheirismo e solidariedade com todos, assumindo em seu modo de ser o estilo de Jesus Cristo, que assumiu a condição de servo (Fl 2,7);

j)    Homem da proximidade: O Presbítero está junto de Deus como das pessoas (1 Cor 9,19-23). Oportunas as palavras do Papa Francisco na Homilia da Missa do Crisma de 29 de março de 2018: “Na proximidade com Deus, a Palavra far-se-á carne em ti e tornar-te-ás um padre próximo de toda carne. Na proximidade com o povo de Deus, a sua carne dolorosa tornar-se-á palavra do teu coração e terás do que falar com Deus, tornar-te-ás um padre intercessor”.

k)   Homem da misericórdia: A exemplo de Jesus, exerce o Ministério com cuidado especial em relação aos pobres e marginalizados (Lc 14,13; Mt 25,31-46; Hb 5,7.9);

l)     Homem de oração: O Presbítero por sua disponibilidade a encontros fervorosos com o Senhor, torna-se íntimo das coisas divinas, místico e mistagogo, de modo que é capaz de auxiliar todos os que o procuram, a encontrarem-se com o Mistério de Deus;

m)  Homem de sacrifício: Contemplando o Senhor que oferece a sua vida pelos outros, o Presbítero é capaz de consumir-se com generosidade e sacrifício pelo Povo de Deus;

n)   Irmão universal: Participante da missão de Jesus Cristo e da sua Igreja, leva o Evangelho até os confins da terra; portanto, chamado a construir relações especial com os irmãos de outras Igrejas e confissões cristãs, com os fiéis de outras religiões e com as pessoas de boa vontade.

Elevemos orações por todos os presbíteros, e por todos aqueles que estão se preparando com vistas à Ordenação Presbiteral, para que possam viver estes diferentes aspectos e imagens no exercício do Ministério Presbiteral.

Em cada Presbítero, podemos encontrar um ou outro aspecto e imagem mais presente, de modo que não podemos economizar orações para que cada vez mais se façam presentes em suas vidas, e assim cumpram, com solicitude, empenho, dedicação, o Ministério pela Igreja confiado na santificação, ensino e governo da Igreja.



(1)         Diretrizes para a formação dos Presbíteros da Igreja no Brasil – Edições CNBB – (Documento n.110, n.35)

Em poucas palavras... (Santidade)

                                                          

                          Santidade: revelar a Face de Cristo

Jamais Santidade poderá ser sinônimo de “beatice”, medo de viver, fuga, evasão, alienação. 

O mundo precisa de Santos e Santas que nos revelem a Face de Cristo, que nos comuniquem o Amor do Pai e nos iluminem com a Luz do Espírito.     


Em poucas palavras...

                                                                  


Jesus: do presépio até a Cruz

“O Reino é dos pobres e pequenos, quer dizer, dos que o acolheram com um coração humilde. Jesus foi enviado para «trazer a Boa-Nova aos pobres» (Lc 4, 18) (Lc 7,22).

Declara-os bem-aventurados, porque «é deles o Reino dos céus» (Mt 5,3). Foi aos «pequenos» que o Pai se dignou revelar o que continua oculto aos sábios e inteligentes (Mt 11,25).

Jesus partilha a vida dos pobres, desde o presépio até à cruz: sabe o que é sofrer a fome (Mc 2,23-26; Mt 21,28), a sede  (Jo 4,6-7; 19,28) e a indigência (Lc 9,58).

Mais ainda: identifica-se com os pobres de toda a espécie, e faz do amor ativo para com eles a condição da entrada no seu Reino (Mt 25,31-46).” (1)

 

(1)       Catecismo da Igreja católica – parágrafo n. 544

quarta-feira, 30 de outubro de 2024

Pela estreita porta passarei se...

                                                         

Pela estreita porta passarei se...

... Viver a vocação como resposta ao Amor Divino,
Confiando n’Ele, com o coração de um menino.
Sem hesitações em realizar o Seu Santo desejo,
Para que o mundo não seja tal como eu o vejo.

... Os princípios da ética nortearem meu destino,
Sem trair os princípios em execráveis desatinos.
Pela verdade, justiça, direito, liberdade e amor
A vida pautar, fazendo dela dulcíssimo labor.

... A minha vida marcar pela melíflua ternura,
Sem a perda de horizontes de uma vida mais pura,
Que se expressa em gestos de alegre acolhida
Do dom mais belo e sagrado que é o dom da vida.

... A paixão pelo Reino como fogo me consumir,
Para que a chama do amor não venha a se extinguir.
Como é bela a vida de quem pelo Amor se encanta,
Força que se renova em cada manhã que se levanta!

... Na família, espaço sagrado, empenhos multiplicar,
Para que nela possamos arduamente nos santificar
E bondade, perdão, diálogo, compreensão, ternura,
Amor, respeito, diálogo vividos numa santa candura.

... O Cristo reconhecer presente em cada criatura,
E gestos de comunhão, solidariedade em nova postura.
Laços de comunhão sem desigualdades ou exclusão,
Sinais do Reino credíveis e não indesejável ilusão.

... Não me omitir no bem, que chamado sou a realizar,
Evitando determinadas atitudes para a vida não banalizar.
Defesa da vida da concepção ao seu declínio natural,
Empenho incansável para que prevaleça o bem sobre o mal.

... Revelar ao mundo o Encontro mais desejável:
O Bem Maior - Deus, mais que desejável: amável!
Que a cada encontro um novo desejo de reencontro.
Que a cada reencontro, amor vivenciado: Reencanto!


Passagem do Evangelho: Mt 7,6.12-14; Lc 13,22-30

Seduzidos por Jesus trilhemos o caminho da verdade!

                                                      

Seduzidos por Jesus trilhemos o caminho da verdade!

"Que preciosos e maravilhosos são, caríssimos, os dons de Deus! Vida na imortalidade, esplendor na justiça, verdade na liberdade, fé na confiança, temperança na santidade; e tudo isto nossa inteligência concebe".

 

Sejamos enriquecidos pela Carta aos Coríntios, do Papa São Clemente I (Séc. I). 

"Revistamo-nos de concórdia; e humildes e moderados, rejeitemos para longe toda murmuração e maledicência, justificando-nos não por palavras, mas por obras.

Pois se disse: Quem fala muito, ouvirá por sua vez; ou acaso se julga justo o homem falador? (cf. Jó 11,2).

Cumpre-nos, portanto, estar prontos a fazer o bem; de Deus tudo procede.

Pois Ele nos predisse: Eis o Senhor, e Sua recompensa está diante d'Ele para dar a cada um segundo suas obras (cf. Ap 22,12). Por isso exorta-nos a nós que n’Ele cremos de todo o coração, a não sermos preguiçosos e indolentes em toda obra boa.

Nele nos gloriemos, n’Ele confiemos. Submetamo-nos à Sua vontade e, atentos, observemos a multidão dos anjos, como a Seu redor cumprem Sua vontade.

A Escritura conta: Miríades de miríades assistiam-no e milhares de milhares o serviam e clamavam: Santo, santo, santo, Senhor dos exércitos; toda a criação está cheia de Sua glória (Dn 7,10; Is 6,3).

Por conseguinte também nós, em consciência, congregados como um só na concórdia, com uma só voz clamemos sem descanso para nos tornarmos participantes de Suas excelentes e gloriosas promessas: Os olhos não viram, os ouvidos não ouviram, nem suspeitou o coração dos homens, quão grandes coisas preparou para os que o aguardam (cf. 1Cor 2,9).

Que preciosos e maravilhosos são, caríssimos, os dons de Deus! Vida na imortalidade, esplendor na justiça, verdade na liberdade, fé na confiança, temperança na santidade; e tudo isto nossa inteligência concebe.

O que não será então o que se prepara para aqueles que O aguardam? O Santíssimo Artífice e Pai dos séculos é o único a conhecer a quantidade imensa e a beleza de tudo isso.

Assim, pois, a fim de participarmos dos dons prometidos, empreguemos todo o empenho em sermos contados no número dos que O esperam.

E como se fará isto, diletos? Far-se-á, se pela fé nosso pensamento se estabilizar em Deus, se procurarmos com diligência aquilo que lhe é agradável e aceito, se fizermos tudo quanto se relaciona com Sua vontade irrepreensível e seguirmos a via da verdade, rejeitando para longe de nós toda injustiça”.

Firmemos nossos passos no seguimento de Jesus, Caminho, Verdade e Vida (cf. Jo 14,6), seduzidos por Jesus testemunhemos a verdade! Este é o verdadeiro Caminho na fidelidade a Ele. Quando negamos a verdade, ofendemos a Deus.

Seduzidos por Jesus, por Seu amor, sempre a caminho, testemunhemos com fidelidade esta Verdade que nos liberta.

Com Ele teremos como disse o Papa –“...Vida na imortalidade, esplendor na justiça, verdade na liberdade, fé na confiança, temperança na santidade; e tudo isto nossa inteligência concebe.” 

Sigamos Jesus, o próprio Caminho no caminho, 
a Verdade da verdade para a perfeita alegria e liberdade, 
a Vida Plena, abundante que se prolonga e se torna infinita: 
eternidade! Amém. 

Em poucas palavras...

                                                              


 Maria, modelo de fé

“No campo da fé a única segurança é a de Deus, o único gesto, verdadeiramente inteligente é apoiar tudo em Deus. Então a impossibilidade torna-se possível, como em Maria.”  (1)

 

 

(1)            Missal Cotidiano – Editora Paulus – pp. 1397-1398

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG