quinta-feira, 1 de agosto de 2024

O Ministério Presbiteral e o “Fogo Devorador”

O Ministério Presbiteral e o “Fogo Devorador”

Retomo uma reflexão que escrevi anos passados, quando da celebração do trigésimo ano da criação da Diocese de Guarulhos.

A memória histórica visitada mantém o “fogo devorador” que em Pentecostes foi aceso e nos acompanha até o seu final.

É sempre tempo favorável e frutuoso para um olhar retrospectivo... Tempo de revermos quantas vidas se consagraram a Deus no realizar de sua vocação, fazendo reconhecimento àqueles que se deixaram consumir pelo Fogo Devorador que é o próprio Deus, como assim o denominou o autor da Epístola aos Hebreus:

Já que recebemos um reino inabalável, conservemos bem essa graça. Por meio dela, sirvamos a Deus de modo a agradar-lhe, isto é, com respeito e temor. Pois o nosso Deus é um Fogo Devorador.” (Hb 12, 28-29).

Alguns Presbíteros continuam a missão em outras Dioceses, até mesmo como epíscopos. Outros já na glória de Deus, porque combateram o bom combate da fé, se apresentaram para receber a coroa da glória aos justos reservada.

Uno-me aos demais que continuam na Diocese, a seu serviço, renovando a cada dia o ardor da vocação, conservando acesa a chama do primeiro amor...

Coloquemos os nomes de todos em oração, quer os que ainda peregrinam na penumbra da fé, quer os já mergulhados na plenitude da luz e do amor, céu.

Como pastores zelosos do rebanho do Senhor, impulsionados e inflamados pelo Fogo Devorador do Amor de Deus, cada um a seu modo, empenhou-se na evangelização na realidade urbana ou periférica, que hoje quase se confunde. Muitas vezes sem recursos, ou com recursos vindos de fora, fez-se a aquisição de terrenos, a construção de capelas, de casas paroquiais e aquisição de veículos, necessários para o trabalho pastoral. 

Inflamados pelo Fogo Devorador do Amor de Deus asseguraram o Sacramento dos Sacramentos, a Eucaristia, o Pão Celestial, e todos os demais imprescindíveis Sacramentos. E, assim nutridos, organizaram e animaram a presença solidária e organização do povo na luta por direitos sociais, conquistas tantas (escolas, postos de saúde, água, segurança, iluminação, asfalto, áreas de lazer etc.)

Foi o mesmo Fogo Devorador que impulsionou a organização da Pastoral de Conjunto, procurando superar qualquer forma de isolamento e individualismo, fortalecendo a comunhão diocesana (num espírito de diocesaneidade).

Fogo Devorador que levou muitos a se dedicarem à formação dos futuros Presbíteros da Igreja (muitos já ordenados). Não basta cuidar do rebanho, é preciso assegurar vocações sacerdotais para que o rebanho não pereça por falta de pastores, pois a messe é grande e poucos são os operários.

Olhemos para trás e imperativamente para o futuro, sem repetir os erros, avançando nas águas mais profundas dos acertos. Escrever o futuro depende das opções que fazemos no presente. Se inflamados pela chama devoradora do Amor de Deus muito maior a probabilidade de acertarmos e fazermos a Igreja verdadeiramente servidora do Reino.

Vivamos a dimensão pascal de nosso ministério, num mistério ininterrupto de morte e ressurreição, para um dia contemplarmos a alegria da Jerusalém Celeste, delas partícipes, porque não nos omitimos em construí-la, solícitos e atentos aos clamores do povo que também se deixa e quer ser devorado por um fogo renovador: o Fogo Devorador do Amor de Deus!

                                                   
PS: Publicado no Jornal Folha Diocesana - Guarulhos - Ed. nº177. 

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG