Com os Presbíteros, avancemos para águas mais profundas
Em tempo de mudança de época, qual o modelo de Padre que precisamos?
Sem levar incorrer em rotulações, urge construirmos juntos um modelo de Padre que venha a responder aos inúmeros desafios e apelos que as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora do Brasil nos apresentam, para lançar, com a comunidade, as redes em águas mais profundas; renovando a vocação batismal; sem fixar morada nas margens; superando toda tentação de acomodação e medo.
Vejamos alguns possíveis “modelos de Padres”, desenvolvendo seu ministério, no contexto de globalização em que vivemos.
Padre-pastor – talvez o mais comum; envolvido, intensamente, nas atividades pastorais; muito dedicado ao serviço da comunidade; mas esta generosidade tem seu risco ou limites.
São inúmeras as solicitações, atividades sociais, atendimento de casos pessoais, o abundante e rotineiro programa de Missas e celebrações dos Sacramentos. Não poucas vezes a consequência é o estresse, prejudicando o equilíbrio pessoal, físico, emocional e espiritual.
O cansaço muitas vezes o impedirá de dar, a devida, atenção aos seus fiéis, podendo cair na tentação de recusar tudo o que é novo, em nome do “não tenho tempo para mais nada”. Ativismo sem controle pode levar ao pouco estudo, oração, aprofundamento, perdendo assim a capacidade de escuta aos anseios e clamores que o cercam.
É preciso repartir as atividades pastorais, ministérios diversos, equipes de colaboradores, animadores de comunidades, equipes de liturgia, pastorais sociais...
Não podemos esquecer que o Padre tem o ministério da síntese, mas não é a síntese de todos os ministérios...
Padre “light” - aquele que ama a Igreja viva e serve aos seus irmãos e irmãs, cultivando honestamente a espiritualidade, a oração e o estudo; empenha-se no trabalho para superação das limitações e fraquezas; divide com o presbitério e comunidade suas riquezas, preocupações e projetos pessoais.
Tem um bom relacionamento com as pessoas, assumindo a causa dos pobres. Mas, falta algo mais, é uma pessoa dividida entre a coragem e o medo de arriscar-se para dentro do que escolheu e quer ser.
Não se trata de Padres em crise, frustrados e infelizes; fala-se do Padre comum, do “bom Padre”, que por causa das circunstâncias tensas e dos desafios da cultura urbana entra em “stress” espiritual, pastoral e psíquico.
Padre-midiático-carismático ou “pop star” - São aqueles que vêm ocupando os espaços nos areópagos modernos da mídia.
Como anunciar Cristo através dos meios de comunicação social, sobretudo através da TV, que penetra na quase totalidade das casas?
Como não trair a autêntica mensagem do Evangelho, sem cair em extremismos emocionais e espetáculos?
Segundo um grande teólogo, “a imagem pública desses presbíteros “pop star” deve mexer com a cabeça de muitos seminaristas e induzir à imitação.
Os próprios fiéis, fascinados por esse tipo de culto e de linguagem, vividos com alta intensidade emocional passam a cobrar dos outros presbíteros mudanças na maneira de celebrar e de se comunicar.”
O ministério presbiteral tradicional: Padres que se inspiram no sacerdócio antes do último Concílio, recuperando formas exteriores que marcaram esta experiência pré-Conciliar.
Buscam formas seguras e certas, diante das incertezas em que estão mergulhados. Caracterizaram-se como sujeitos frágeis; necessitados de certezas, num universo de inúmeras propostas e modelos em processo de contínua mudança, fechando-se a tudo o que se apresenta como novidade.
Com isto possuem dificuldades de relacionamento, com o consequente empobrecimento na Homilia, catequese, sem o sentido de colaboração e comunhão com o outro, sobretudo com o Presbitério.
Padre com competência profissional - Talvez o termo mais próximo fosse especialista em determinado campo específico, não somente pelo gosto pessoal, mas tendo em consideração as necessidades da Diocese, sem cair no subjetivismo, que empobreceria o sentido eclesial.
É também necessário que o Padre, no exercício de seu Ministério, seja incansável no lançar da semente da Palavra Divina no chão do coração dos membros da comunidade que deve conduzir, para que tão somente assim todos solidifiquem a fé, renovem a esperança na prática irrevogável da caridade.
É sempre tempo favorável para rever o caminho feito, e todos colaborarmos mutuamente para que o Presbítero, na fidelidade a Jesus Cristo, o Bom Pastor, a Ele se configure mais perfeitamente.
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