terça-feira, 30 de janeiro de 2024

Proximidade e separação

                                                          

Proximidade e separação

Maria viveu “uma mistura de
proximidade e de dolorosas separações”

Retomo parte da reflexão feita pelo Bispo Dom Bruno Forte, na 52ª Assembleia dos Bispos do Brasil (2014), em que retrata os diversos testemunhos da fé, dentre os quais Maria:

“Maria é capaz de um amor atento, concreto, alegre e terno... Maria se aproxima sob o signo da ternura, isto é, do amor que gera alegria, que não cria distâncias, que antes aproxima os distantes, fazendo com que se sintam acolhidos e os enche com o espanto e a beleza de descobrir-se objeto de puro dom...

Mãe atenta e terna, vive as expectativas, os silêncios, as alegrias e as provas que toda mãe é chamada a atravessar: é significativo que nem sempre compreenda tudo sobre Ele.

Mas vai adiante, confiando em Deus, amando e protegendo a seu modo aquele Filho, tão pequeno e tão grande, numa mistura de proximidade e de dolorosas separações, que a tornam modelo de maternidade: os filhos são gerados na dor e no amor por toda a vida”.

- Do que se trata esta mistura de “proximidade e dolorosas separações” com seu Filho, a partir do que nos dizem os Evangelhos?

- Quando aconteceu, nos diversos momentos, desde o anúncio do Anjo que Ela seria Mãe do Salvador por obra do Espírito, até a Morte do seu Filho?

Proximidade e separação, já subentendida no medo sentido e no diálogo, quando do anúncio do Anjo. Maria não deu ouvidos ao medo, mas confiou na promessa de Deus. Ele ficou tão próximo no ventre de Maria, mais do que em qualquer outra criatura, e ela teve que suportar a dolorosa separação, no momento ápice da Morte de Seu Filho.

Proximidade e separação, já experimentada na fuga para o Egito, ao lado do esposo José, na defesa do Menino, tão cedo, tão pequeno, tão frágil, mas já causando medo aos poderosos de Seu tempo.

Proximidade e separação, indiscutivelmente sentida, acolhida e meditada no silêncio do coração, quando da apresentação do Menino Jesus no templo, e as palavras do justo Simeão: “Quanto a você, uma espada há de atravessar-lhe a alma.” (Lc 2, 35).

Proximidade e separação, quando depois de três dias de procura O encontra discutindo com os doutores e sábios no Templo, e guarda, contemplativa, as Palavras do Filho no coração: “Por que me procuravam? Não sabiam que Eu devo estar na casa do meu Pai?” (Lc 2, 49).

Proximidade e separação, quando vê os parentes mais próximos e conterrâneos ficarem estupefatos e escandalizados pelos sinais que o Filho realizava: Esse homem não é o carpinteiro, o filho de Maria e irmão de Joset, de Judas e de Simão? E Suas irmãs não moram aqui conosco? E ficaram escandalizados por causa de Jesus.” (Mc 6, 3).

Proximidade e separação, quando começa a chamar discípulos para O seguirem; multidões arrebanhando, mas na hora decisiva, abandonado, negado, traído, solitário. Ela, porém, como Mãe inseparável, irredutível, acompanhando passo a passo o ápice da alma e do corpo vivido pelo Filho.

Proximidade e separação, acompanhada de lágrimas, dor tão intensa, profunda e indescritível. Como podem crucificar e matar o Amor que um dia se Fez Carne em Seu Ventre? Matam Aquele que se fez Carne em seu Ventre pela ação do Espírito Santo.

Proximidade, separação, pranto, lágrimas...
Quem suportaria tamanha dor?

Lá, ao pé da Cruz...
Proximidade do Filho para ouvir Suas últimas Palavras:
“Mulher, eis aí o seu Filho”; “Filho, eis aí a sua Mãe” (Jo 19, 26).

Desde então, Maria se tornou Mãe da Igreja e Mãe de toda a humanidade.

E lá, nas primeiras páginas dos Atos dos Apóstolos, encontramos Maria, tão próxima, novamente unida ao seu Filho, em Oração, junto com Seus Apóstolos: “Todos eles tinham os mesmos sentimentos e eram assíduos na Oração, junto com algumas mulheres, entre as quais Maria, mãe de Jesus, e com os irmãos de Jesus.” (At 1, 14).

Como a Igreja nos ensina, cremos que, se na proximidade suportou a separação, isto a fez merecedora de com Ele para sempre estar, na glória da eternidade, Assunta ao céu e Coroada Mãe e Rainha por toda a eternidade.

Com Maria aprendamos a viver imensurável proximidade, com a maturidade de também suportar a dor da separação, das renúncias, do peso e exigências da cruz cuotidiana.

Tão somente assim, desejosos de um dia vê-la no céu, e o encontro definitivo com o Pai, o Filho e o Espírito Santo, comunhão profunda e eterna de amor viver, na plenitude de luz mergulhar, com os Anjos e Santos que nos precederam. 

Maria, sempre Maria!
Proximidade, separação, pranto, lágrimas...
Proximidade, comunhão, eterna e plena alegria.
Amém.

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