O Presbítero e a vocação à perfeição
“Sede perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito”
(Mt 5,48)
O Concílio Vaticano II, no Decreto “Presbyterorum Ordinis”, é enriquecedor para a reflexão sobre a vocação dos Presbíteros à perfeição, que todos, pelo Batismo, também são chamados.
Apresento precedendo os parágrafos de pequenos comentários introdutórios para favorecer a compreensão do texto:
Configurados com Cristo Sacerdote e chamados à perfeição, não obstante a condição da fraqueza humana:
“Pelo Sacramento da Ordem, os Presbíteros são configurados com Cristo Sacerdote, na qualidade de ministros da Cabeça, para construir e edificar todo o Seu corpo que é a Igreja, como cooperadores da ordem episcopal.
De fato, já pela consagração do Batismo receberam, como todos os cristãos, o sinal e o dom de tão grande vocação e graça para que, apesar da fraqueza humana, possam e devam procurar a perfeição, segundo a Palavra do Senhor: ‘Sede perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito (Mt 5,48).”
São instrumentos vivos de Cristo, o Eterno Sacerdote, portanto devem atingir a perfeição querida por Jesus:
“Os Sacerdotes, porém, estão obrigados por especial motivo a atingir tal perfeição, uma vez que, consagrados a Deus de modo novo pela recepção do Sacramento da Ordem, se transformaram em instrumentos vivos de Cristo, eterno Sacerdote, a fim de poderem continuar através dos tempos Sua obra admirável que reuniu com suma eficiência toda a família humana.”
O Sacerdote faz as vezes da própria Pessoa de Cristo; é enriquecido por graça especial para que seja curada a fraqueza própria de sua condição de homem:
“Como, pois, cada Sacerdote, a seu modo, faz as vezes da própria Pessoa de Cristo, é também enriquecido por uma graça especial, para que, no serviço dos homens a ele confiados e de todo o povo de Deus, possa alcançar melhor a perfeição d’Aquele a quem representa, e para que veja a fraqueza do homem carnal curada pela santidade d’Aquele que por nós Se fez Pontífice santo, inocente, sem mancha, separado dos pecadores (Hb 7,26).”
O Presbítero, consagrado pela Unção do Espírito Santo e enviado por Cristo, mortifica em si mesmo as obras da carne para total dedicação ao povo que lhe foi confiado, para progredir na santidade, até alcançar a estatura do homem perfeito:
“Cristo, a quem o Pai santificou, ou melhor, consagrou e enviou ao mundo, Se entregou por nós, para nos resgatar de toda a maldade e purificar para Si um povo que lhe pertença e que se dedique a praticar o bem (Tt 2,1), e assim, pela Paixão, entrou na Sua glória.
De modo semelhante, os Presbíteros, consagrados pela unção do Espírito Santo e enviados por Cristo, mortificam em si mesmos as obras da carne e dedicam-se totalmente ao serviço dos homens, e assim podem progredir na santidade pela qual foram enriquecidos em Cristo, até atingirem a estatura do homem perfeito.”
O Presbítero, se dócil ao Espírito, firma-se na vida espiritual, em comunhão com o Bispo e a Família Presbiteral, orientando-se para a perfeição da vida:
“Deste modo, exercendo o ministério do Espírito e da justiça, se forem dóceis ao Espírito de Cristo que os vivifica e dirige, firmam-se na vida espiritual.
Pelas próprias ações sagradas de cada dia, como também por todo o seu ministério, exercido em comunhão com o Bispo e com os outros Presbíteros, eles mesmos se orientam para a perfeição da vida.”
Através dos Presbíteros, embora ministros indignos, se dóceis ao impulso e a direção do Espírito Santo, em íntima união com Cristo, numa crescente santidade de vida, Deus manifesta Suas maravilhas por meio deles:
“A santidade dos Presbíteros, por sua vez, contribui muitíssimo para o desempenho frutuoso do próprio ministério; pois, embora a graça divina possa realizar a obra da salvação também por meio de ministros indignos, contudo Deus prefere, segundo a lei ordinária, manifestar as Suas maravilhas através daqueles que, dóceis ao impulso e direção do Espírito Santo, pela sua íntima união com Cristo e santidade de vida, podem dizer com o Apóstolo: Eu vivo, mas não eu, é Cristo que vive em mim (Gl 2,20)".
Esta reflexão é muito oportuna para que, como presbíteros ou não, reflitamos quão preciosa é esta vocação.
O Ministério Presbiteral é imprescindível na vida da Igreja, em perfeita comunhão e sintonia com todos os demais Ministérios de cristãos leigos que se multiplicam pela graça do Batismo.
Presbíteros e leigos são chamados da mesma forma a perseverar, como os primeiros cristãos, na Doutrina dos apóstolos, na Fração do Pão, na Comunhão Fraterna e na Oração.
Partícipes do Cálice do Senhor, devem fazer da vida uma oferenda, um sacrifício agradável ao Senhor: “Oferecei os vossos corpos, como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus; este é o vosso culto espiritual” (Rm 12, 1), e todos possamos dizer como o Apóstolo:
“Eu vivo, mas não eu, é Cristo que vive em mim” (Gl 2,20).
PS: “Presbyterorum Ordinis”, N.12
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