sábado, 4 de novembro de 2023

Navegarei e naufragarei...

Navegarei e naufragarei...

Navegarei...
Sempre ao encontro dos que sonham
E se comprometem com um mundo novo possível.

Navegarei...
Ao encontro dos que semeiam o Paraíso
Com sementes que o Senhor em nossas mãos deposita.

Navegarei...
Ao encontro dos que não se curvam
Diante dos deuses, por mãos criadas, de tantos nomes.

Navegarei...
Sem me cansar, noite e dia, ao encontro
Dos que ousam encontrar para humanidade novos caminhos.

Navegarei...
Sem economia de energia, à procura
De quem não se furta aos santos compromissos com o Reino.

Navegarei...
Para me somar com os que creem na santidade da família,
E a cada dia a edificam sobre as bases sólidas da Palavra e da Eucaristia.

Navegarei...
Ao encontro dos que não concedem à morte a última palavra,
Mas professam a fé na Vida que venceu a Morte: Ressurreição.

Navegarei...
Ao encontro de homens e mulheres que, embora a fé não professem,
Pautam a vida pelos princípios fundamentais do amor, da verdade, da solidariedade.

Navegarei...
Minhas velas estão provisoriamente levantadas,
Até que possa desfraldar definitivamente na glória dos céus.

Mas também naufragarei...
Nas águas o que rouba a beleza da vida,
A mentira que enfraquece os relacionamentos de amizade, fraternidade.

Naufragarei...
Nas águas as ambições, que se desmedidas, alcance da infelicidade.
Naufragarei quaisquer sentimentos de arrogância indesejável.

Naufragarei...
Os pecados da omissão, pensamentos, atos e palavras,
Para que de coração puro e reconciliado continue minha travessia.

Naufragarei...
Os sentimentos possíveis de mágoa e ressentimentos,
Porque de nada servem a não ser para afogar-me na melancolia.

Naufragarei...
As máscaras que possivelmente criamos e recriamos,
Pois não são elas que nos garantem segurança, êxito e felicidade.

Naufragarei...
O medo que se manifesta de múltiplas formas,
Para que a fé e a coragem encontrem maior espaço dentro de mim.

Naufragarei...
Tudo aquilo que torna pálida a mais bela utopia,
Para cultivar na mente e coração o nascer de um novo dia.

Naufragarei...
As drogas que roubam a beleza da vida, se consumidas,
Reafirmando a sua dignidade e sacralidade anunciada, promovida.

Há outros naufrágios a serem feitos, enquanto navego.
Entre naufrágios que vou fazendo, vou navegando...

O vento suave do Espírito me impulsiona à outra margem.
O sopro do Espírito me acompanha e me dá segurança.

Naufrágio do que avilta, empobrece a condição humana é preciso.
Navegações à outra margem contando com a misericórdia divina.

Misérias humanas naufragadas tão necessárias.
Misericórdia divina ao navegar seja suplicada.

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG