sexta-feira, 4 de outubro de 2024

O Senhor foi prefigurado na pessoa de Jó

O Senhor foi prefigurado na pessoa de Jó

O Bispo São Zeno de Verona (séc. IV) nos fala em seu Tratado sobre a prefiguração de Cristo na figura de Jó.

“Tanto quanto se pode entender, irmãos caríssimos, Jó prenunciava a figura de Cristo, o que é provado por uma comparação:

Jó é chamado de justo por Deus. Ora, Cristo é a Justiça de cuja fonte bebem todos os bem-aventurados. Dele se disse: Levantar-se-á para vós o Sol da Justiça.

Jó é dito veraz. O Senhor, que declara no Evangelho: Eu sou o Caminho e a Verdade, é a própria Verdade.

Jó foi rico. E quem mais rico do que o Senhor? D’Ele são todos os servos ricos, d’Ele o mundo inteiro e toda a natureza, no testemunho do Santo Davi: Do Senhor é a terra e sua plenitude, o orbe da terra e todos quantos nele habitam.

O diabo tentou Jó por três vezes. De modo semelhante, narra o Evangelista, por três vezes o mesmo diabo esforçou-se por tentar o Senhor.

Jó perdeu os bens que possuía. O Senhor, por nosso amor, abandonou os bens celestes e fez-Se pobre para enriquecer-nos.

O diabo, furioso, matou os filhos de Jó. E aos profetas, filhos de Deus, o louco povo fariseu assassinou.

Jó manchou-se pelas úlceras. O Senhor, assumindo a carne de todo o gênero humano, apareceu manchado com as sujeiras dos pecadores.

Jó foi instigado pela esposa a pecar. A sinagoga quis obrigar o Senhor a seguir a depravação dos anciãos.

Apresentam-se os amigos de Jó a insultá-lo. E ao Senhor insultaram os sacerdotes que deviam cultuá-Lo.

Jó senta-se no monturo coberto de vermes. Também o Senhor no verdadeiro monturo, isto é, na lama desse mundo se demorou rodeado de homens estuantes de crimes e paixões, os verdadeiros vermes.

Jó recuperou tanto a saúde quanto a riqueza. E o Senhor, ressuscitando, concedeu não só a saúde, mas a imortalidade aos que n’Ele creem e recuperou o domínio sobre toda a natureza, segundo Suas próprias palavras: Tudo me foi dado por meu Pai.

Jó teve filhos em substituição aos primeiros. O Senhor também gerou, depois dos filhos dos Profetas, os Santos Apóstolos.

Jó, feliz, descansou em paz. O Senhor, porém, permanece o Bendito eternamente, antes dos séculos, nos séculos e por todos os séculos dos séculos”.

Muitas vezes lembrando os sofrimentos dos justos, vem-nos,  imediatamente, à lembrança Jó; mas quantos de nós fizemos um paralelo entre Jó e o Senhor?

Jó no seu tempo, fidelidade inquestionável a Deus.
O Servo Sofredor, no seu tempo, Amor que ama até o fim.

Quão belas lições podemos tirar deste Tratado, para fortalecimento de nossa espiritualidade na fidelidade ao Senhor!

Como Discípulos Missionários do Senhor,
trilhemos mesmo caminho,
Nutridos pelo Sagrado Pão, inebriados e
redimidos pelo Sagrado Vinho!


PS: Liturgia das Horas – Vol. III – pág. 252-253.

“O Amor não é amado”

                                                               


“O Amor não é amado”

Neste espaço, ofereço meditações e reflexões, sempre acompanhadas de um convite ao aprofundamento da espiritualidade cristã no seguimento de Jesus, com maior paixão, amor, fidelidade, sem o que não há missão.

Convictos somos de que não há apostolado, não há profecia e tampouco compromissos renovados com um novo amanhecer, com um novo e belo dia, até que possamos ver acontecer a tão sonhada e esperada Parusia.

Empenho-me para, através de cada texto postado, colaborar dando o melhor de mim para o que o Amor, Jesus,  seja amado.

Como O amarão se não houver alguém que O torne presente, e mais que presente a verdade de Seu indispensável Amor?

Como amarão se não O tornarmos conhecido, e também conhecidos tantos Santos e Santas, em artigos mencionados pela riqueza do conteúdo apresentados.

Procuro não apenas apresentar uma citação, mas oferecer um desdobramento, refletindo as implicações para o nosso cotidiano e amadurecimento espiritual na fidelidade ao Senhor e amor à Sua Igreja.

Escrevendo minhas reflexões também O conheço melhor, e assim, torna-se impossível não amá-Lo mais e intensamente.

Somente O amando com toda a alma, força, entendimento, é que poderemos levar o outro a fazer a mesma experiência, ou muito mais que uma experiência: uma verdadeira e profunda relação de amor e amizade até que todos O conheçam e o Amor seja por todos e para sempre amado! 

Finalizo com este pensamento de São Francisco que iluminou esta reflexão: “O amor não é amado”. Sejam estas reflexões o favorecimento para que isto ocorra; e felizes, então, seremos, pois nossa felicidade na correspondência ao amor que o Amado, Jesus, tem por nós.

Em poucas palavras...

                                   


Três recomendações aos párocos

1ª - viver cada vez mais o carisma ministerial específico a serviço das muitas formas de dons semeados pelo Espírito no Povo de Deus;

2º - aprender e praticar o discernimento comunitário, elemento-chave da ação pastoral de uma Igreja sinodal - “conversação no Espírito”;

3º - viver o intercâmbio e a fraternidade entre si e com seus bispos: ser filhos e irmãos para serem bons sacerdotes, viver a comunhão para serem autênticos pais.

 

PS: Recomendações feitas pelo Papa Francisco aos párocos, por ocasião do encerramento do encontro internacional “Párocos em prol do Sínodo - 02 de maio de 2024, em Sacrofano - Roma

O perdão de Cristo: reconciliação e superação

 


O perdão de Cristo: reconciliação e superação
 
Na sexta-feira da 26ª Semana do Tempo Comum, ouvimos a passagem do Livro de Baruc (Br 1,15-22).
 
Trata-se de um autor desconhecido, embora se apresente como secretário de Jeremias, durante o exílio da Babilônia (Br 1,1-2).
 
A passagem é uma prece de confissão, em que os exilados se dirigem a Deus, como sentida expressão da conversão sincera da comunidade judaica: A Aliança com Javé, laço vital entre Deus e Seu povo, foi dilacerada com o pecado.
 
Após a confissão dos pecados, é apresentada a mensagem de esperança da intervenção divina, exortando à confiança em Javé e a possibilidade da alegria com a atitude misericordiosa de Deus para com o povo. 
 
De fato, o Amor de Deus move a história, pois está sempre disposto a perdoar o afastamento dos filhos rebeldes, e a reatar com eles uma história de libertação e de salvação. Um novo êxodo está por vir, é preciso manter a serena alegria e confiança indispensável.
 
Este amor de Deus expresso no perdão nos foi revelado, mais tarde, por Jesus Cristo, o Filho Amado:
 
“O perdão de Cristo não quer levar à passividade nem à fuga. Sequer é uma espécie de vazia e insípida tranquilidade interior. A reconciliação é convite a nos purificarmos sempre mais em contínua superação” (1).


Deste modo, vivenciar a misericórdia de Deus, como o próprio Jesus nos revelou em várias passagens do Evangelho, requer de nós sempre novos rumos, atitudes, novas posturas e novos relacionamentos. Jamais a permissividade ou a conivência com o pecado; ao contrário, sua destruição, nos fazendo sempre novas criaturas, para que vivamos a graça do Batismo.
 
(1) Missal Cotidiano – Editora Paulus – 1995 - Pág. 1339
 

quinta-feira, 3 de outubro de 2024

“Envia-me, Senhor”

                                                        

“Envia-me, Senhor”

"A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos.
 Por isso, pedi ao dono da messe
 que mande trabalhadores para a colheita” (Lc 10, 2)

Vejamos algumas exigências no discipulado, na fidelidade ao envio que o Senhor faz à luz da passagem do Evangelho de São Lucas (10,1-12), conforme Comentário do Missal Cotidiano:

1-          A mansidão necessária na árdua missão de ser enviado como cordeiro em meio aos lobos (v.3);

2-              A pobreza – não confiar nos bens materiais (bolsa, sacola, sandálias) – Sua Confiança é tão apenas na onipotência e força divina, para que o coração não fique dividido e a missão fragilizada, dando um contratestemunho indesejável (v.4);

3-              Espírito de paz – é instrumento da paz compreendida como plenitude vida, alegria, comunhão, de todos os bens divinos necessários para que sejamos felizes plenamente (vv.5-6);

4-       Não ter exigências e viver na gratuidade e na confiança na divina providência que nada nos deixa faltar (v.7);

5-             Solicitude e interesse pelos necessitados anunciando a estes a alegria da Boa Nova do Reino que os acolhe, inclui, ama, perdoa, cura (v.8-9);

6-              Perseverante – se rejeitado continuar em frente, sem jamais desistir do anúncio. Nada pode interromper sua missão, nenhuma rejeição, nenhum obstáculo encontrado no caminho.

7-               Sendo enviado do Senhor, a acolhida implica em acolhida do próprio Deus, de outro lado a rejeição aos enviados do Senhor não ficará impune, pois Deus tratará com maior rigor aqueles que se fecharem a Boa Nova do Reino de Deus.

São sete orientações que Nosso Senhor apresenta aos Seus discípulos ao enviá-los, dois a dois. São 72 que vão à Sua frente, a toda cidade aonde Ele próprio devia ir (v. 1). De casa em casa comunicando a Boa Nova do Reino até que toda a cidade seja iluminada.

Sintamo-nos enviados a proclamar esta mesma Boa Notícia, sempre atual e transformadora da vida daqueles que foram enviados e daqueles que acolhem este anúncio, com a coragem por Deus em nós fortalecida para sermos prontos e perseverantes em nossa resposta: 

"Envia-me, Senhor, com Vosso Espírito,
Para anunciar o Reino de Deus,
Reino de amor, vida, verdade, justiça e paz.
Amém!”

Santos Anjos: reverência, gratidão e confiança

 


Santos Anjos: reverência, gratidão e confiança

No dia 29 de setembro, celebramos a Festa dos Arcanjos São Miguel (Quem é como Deus?), São Rafael (Deus cura!) e São Gabriel (O poder de Deus).

Na Sagrada Escritura, encontramos inúmeras passagens que nos falam dos Anjos e Arcanjos. Não podemos ignorar a realidade dos Anjos.

A devoção aos Anjos da Guarda foi cultivada desde os começos do cristianismo, celebramos a Memória dos Santos Anjos da Guarda, no dia 2 de outubro,  instituída pelo Papa Clemente X no século XVII - 1615.

Os Anjos da Guarda são mensageiros de Deus encarregados de guardar por cada um de nós, e podemos contar com sua proteção no caminho como peregrinos da esperança, e tem uma tríplice função, segundo a literatura judaica:

a) adoração e louvor de Deus;

b) agentes ou mensageiros divinos de assuntos humanos;

c) guardiães dos homens e das nações (Hb 12,15). (1)

Quanto aos anjos, assim nos falou o Papa São Gregório Magno (séc. VI):

“...é preciso saber que a palavra Anjo indica o ofício, não a natureza. Pois estes santos espíritos da Pátria Celeste são sempre espíritos, mas nem sempre podem ser chamados Anjos, porque somente são Anjos quando por eles é feito algum anúncio. Aqueles que anunciam fatos menores são ditos Anjos; os que levam as maiores notícias, Arcanjos…”;

Mais tarde, São Bernardo – séc. XII):

E para que nas alturas nada falte no serviço a nosso favor, envias os Teus Santos Espíritos a servir-nos, confia-lhes nossa guarda, ordenas que se tornem nossos pedagogos.

 

A teu respeito, ordenou a Seus anjos que te guardem em todos os teus caminhos. Esta palavra quanta reverência deve despertar em ti, aumentar a gratidão, dar confiança. Reverência pela presença, gratidão pela benevolência, confiança pela proteção. Estão aqui, portanto, e estão junto de ti, não apenas contigo, mas em teu favor...

São fiéis, são prudentes, são fortes; por que trememos de medo? Basta que os sigamos, unamo-nos a eles e habitaremos sob a proteção do Deus do céu”.

Intensifique-se a reverência, gratidão e confiança pelos anjos que conosco estão, como peregrinos da esperança que somos, na fidelidade a Jesus, como discípulos missionários Seus.

Vençamos todo o medo, como bem nos exortou o bispo acima mencionado.

 

 

(1)  Comentários à Bíblia Litúrgica – Gráfica Coimbra 2 – pág. 889

quarta-feira, 2 de outubro de 2024

Em poucas palavras...

 


A tríplice função dos anjos

“Segundo a literatura judaica, a função dos anjos era tripla: a) adoração e louvor de Deus; b) agentes ou mensageiros divinos de assuntos humanos; c) guardiães dos homens e das nações (Hb 12,15).”

 

(1) Comentários à Bíblia Litúrgica – Gráfica Coimbra 2 – pág.889

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