quinta-feira, 27 de junho de 2024
Enviados em missão
Servo por amor
Discípulos do Divino Mestre em busca da perfeita sintonia
Discípulos do Divino Mestre em busca da perfeita sintonia
Sejamos iluminados pelo Tratado sobre a verdadeira imagem do cristão, escrito pelo bispo São Gregório de Nissa (séc. IV).
“São três as coisas que manifestam e distinguem a vida cristã: a ação, a palavra e o pensamento. Das três, tem o primeiro lugar o pensamento. Em seguida, a palavra, que nos revela o pensamento concebido e impresso no espírito.
Depois do pensamento e da palavra vem, na ordem, a ação, realizando por fatos o que o espírito pensou.
Portanto, se alguma coisa na vida nos induz a agir ou a pensar ou a falar, é necessário que o nosso pensamento, a nossa palavra e a nossa ação sejam orientadas para a regra divina daqueles nomes que descrevem a Cristo, de modo a nada pensarmos, nada dizermos e nada fazermos que se afaste do seu alto significado.
Então, o que terá de fazer aquele que se tornou digno do grande nome de Cristo, a não ser examinar diligentemente os próprios pensamentos, palavras e ações, julgando se cada um deles tende para Cristo ou se lhe são estranhos?
De muitas maneiras operamos este magnífico discernimento. Tudo quanto fazemos, pensamos ou falamos com alguma perturbação, de nenhum modo está de acordo com Cristo, mas traz a marca e a figura do inimigo, que mistura a lama das perturbações à pérola da alma para deformar e apagar o esplendor da joia preciosa.
O que, porém, está livre e puro de toda afeição desordenada, relaciona-se com o Autor e Príncipe da tranquilidade, o Cristo.
Quem d’Ele bebe, como de Fonte pura e não poluída, as suas ideias e os seus sentimentos, revelará em si a semelhança com o princípio e a origem, tal como a água na própria fonte é igual a que corre no límpido regato e á que brilha na jarra.
De fato, é uma só e mesma a pureza de Cristo e a que se encontra em nossos espíritos. Mas a pureza de Cristo brota da fonte, enquanto a nossa dela flui e chega até nós, trazendo consigo a beleza dos pensamentos para a vida.
Portanto, a coerência do homem interior e do exterior aparece harmoniosa, quando os pensamentos que provêm de Cristo guiam e movem a modéstia e a honestidade de nossa vida”. (1)
Reflitamos sobre a nossa vida cristã autêntica, para encontramos a perfeita sintonia entre pensamento, palavra e ação, de tal modo que reavivemos e consolidemos nossa vocação e eleição.
Procuremos sempre esta perfeita sintonia, de tal modo que quanto maior for, mais autêntica vida cristã, e ressoando as palavras do Bispo, que a “lama das perturbações” não se misture à pérola de nossa alma, apagando o esplendor divino que em nós habita.
O Cardeal Martini (Vida Pastoral nº 266) nos apresenta quatro atitudes que, se verdadeiramente vividas, realizarão a premente necessidade de sintonia entre o pensar, falar e agir, assegurando-nos criatividade e autenticidade como discípulos missionários de Jesus Cristo:
I. A Leitura orante da Bíblia – diariamente, nutrir-se pela Palavra de Deus, para que os pensamentos, por ela, sejam iluminados, expressos em palavras e gestos. O maior bem que se possa desejar e alcançar.
II. O autocontrole – a vontade de Deus há de prevalecer sobre as próprias vontades, com disciplina, renúncia, acrisolamento, amadurecimento, despojamento, desprendimento; alcançando o amadurecimento no discipulado, afastando toda possibilidade de esgotamento e vazio existencial.
III. O Silêncio – Mais do que nunca, é necessário afastar-se da insana escravidão do barulho e das conversas, muitas vezes, inúteis e desnecessárias. Dedicar, ao menos, meia hora por dia para o silêncio e meio-dia a cada semana para pensar em si mesmo, refletir e rezar. Aparentemente inviável e impossível, mas é preciso dar o primeiro passo.
IV. A Humildade – O Espírito Santo é o verdadeiro protagonista da Evangelização. Há de se ter a consciência de que sem o sopro do Espírito nada somos e nada podemos. Dele procedem todos os dons e a graça para que consigamos viver o que falamos, falar o que pensamos e pensar o que rezamos.
A credibilidade da Igreja está relacionada ao seu testemunho do indizível Amor divino, sem incoerências execráveis, na mais perfeita fidelidade Àquele que é a Perfeitíssima Coerência: Cristo Jesus, Nosso Senhor; entranhados em Seu coração e envolvidos pelos laços de Sua indispensável ternura.
A triplicidade vivida é fundamental para o alcance da autêntica felicidade, de modo que, a sua ausência abre espaço para incoerências, infidelidades, contratestemunhos e escândalos, enfraquecendo o conteúdo da Palavra Divina que anunciamos, do Projeto do Reino que acreditamos e do Mistério que celebramos.
Reflitamos:
- Como alcançá-la?
- Qual o caminho para encurtar eventuais distanciamentos entre o que pensamos, falamos e fazemos?
Concluo: quer pensemos, quer falemos, quer façamos qualquer coisa, façamos em nome do Senhor Jesus.
A vida cristã será cada vez mais autêntica, quanto mais encurtemos a distância entre o que pensamos, falamos e agimos, sempre dentro dos propósitos do Evangelho, para melhor correspondermos ao que Deus espera de cada um de nós. Amém!
(1) Liturgia das Horas – Vol. III – pp.354-355.
Em poucas palavras...
A humildade e a caridade
"...O caminho tornou-se escabroso quando o homem pecou; mas tornou-se plano quando Cristo o calcou pela Ressurreição, transformando a vereda estreita em senda real. Por este caminho se corre com dois pés, o da humildade e o da caridade.
A sua altura excelsa agrada a todos; mas a humildade é o primeiro degrau. Porque adiantas o pé para além de ti? Queres cair, não subir. Começa pelo primeiro degrau, isto é, pela humildade, e subirás".
(1)Sermão do Bispo São Cesário de Arles (Séc. VI), sobre as duas exigências no seguimento de Jesus Cristo.
Mães nos dão suporte e segurança
Mães nos dão suporte e segurança
Diante do altar,
um vaso com belas flores,
E era que se
podia ver, porque notável,
Mas havia algo
que quase imperceptível:
Com o olhar poético,
contemplei os pés dos vasos.
Um deles, era
uma pedra suporte
Dando ao vaso
equilíbrio e sustentação.
A pedra
silenciosa e ocultamente ali, diante dos olhares,
Assim acontece,
por vezes, com nossas mães:
No cotidiano,
imperceptíveis, e silenciosas...
Nos garante em
muitos momentos e situações
Equilíbrio e sustentação
de nossos sonhos e projetos,
E de seus lábios
ouvimos: “coragem, você vai conseguir”.
Naquela manhã,
quando parecia eternizar um problema,
Que pareceria
para sempre um imenso pesadelo,
Dela ouvimos: “o
pesadelo há de passar, não deixe de sonhar.”
E em tantos
outros momentos em nossa vida,
Ali se encontra,
se reinventando e dando suporte,
Porque, muitas
vezes, como vasos sem os pés nos sentimos.
Ser mãe, no
silêncio, oculta aos olhares,
Mas com o olhar
que não se fecha,
Às angústias e dores
de um filho.
Mãe é como uma “pedra
que dá suporte”
A um vaso
quebrado, que por vezes o somos,
Ali sempre
presente, nosso carinho e gratidão. Amém.
Vida, força e coragem
Vida, força e coragem
“E Ele me
disse: Profetiza sobre estes ossos e dize: Ossos ressequidos, escutai a Palavra
do Senhor! Eu mesmo vou fazer entrar um espírito em vós e voltareis à vida.” (Ez
37,4)
Ó Bom Jesus, Vós
bem sabeis que por vezes podemos contemplar a realidade como “monte de ossos
ressequidos”, como nos falou o Profeta Ezequiel, num tempo de desolação e
reconstrução, renovando a fina flor da esperança do Povo de Deus, por isto
pedimos, dai-nos vida, força e coragem.
Ó Bom Jesus, que
estais sentado à direita do Pai, porque sois Rei Senhor de todo o Universo,
enviai o Vosso Espírito, a fim de nos restituir a vida a cada um de nós e às
nossas famílias e comunidades, e que jamais nos curvemos diante de situações de
morte, desagregações e aridez.
Ó Bom Jesus, fortalecei
nossos vínculos fraternos, como Igreja Sinodal que somos, caminhando todos
juntos, na comunhão, participação e missão, pois sozinhos não suportamos o peso
da cruz, e fragilizados não seremos testemunhas Vossas.
Ó Bom Jesus,
firmai nossos passos em direção à vida plena que tão somente Vós podeis nos
alcançar, renovando em nossos corações a fé, esperança e caridade, vencendo
todas as dificuldades, tribulações e ventos contrários que a vida nos
apresenta.
Ó Bom Jesus,
contemplando Vosso coração trespassado, contemplo o Novo Nascimento pelo
Batismo, no sinal da água jorrada, e no sangue que também jorrou, a Eucaristia,
Alimento que revigora nossas forças para vivermos sagrados compromissos com o
Reino por Vós inaugurado. Amém.
Fonte: Livro do
Profeta Ezequiel (EZ 37,1-14)