quarta-feira, 26 de junho de 2024

Jônatas, modelo de amigo verdadeiro! Existirá ele em minha vida?

                                                                 

Jônatas, modelo de amigo verdadeiro!
                           Existirá ele em minha vida?

Reflitamos sobre a amizade de Jônatas e Davi, retratada no Tratado sobre a amizade espiritual, pelo Beato Abade Elredo (séc. XII).

“Jônatas, jovem de grande nobreza, sem olhar para a coroa régia nem para o futuro reinado fez um pacto com Davi, igualando assim, pela amizade, o súdito ao senhor. Deu preferência a Davi, mesmo quando este foi expulso por seu pai o rei Saul, tendo de se esconder no deserto, como condenado à morte, destinado à espada. Jônatas então se humilhou para exaltar o amigo perseguido. Que espelho estupendo da verdadeira amizade! (...) 

Quando Saul pronunciou sentença de morte contra Davi, Jônatas não abandonou o amigo. Por que deve morrer Davi? Que culpa tem? Que fez ele? Tomou sua vida em suas mãos e feriu o filisteu e tu te alegraste. Por que então irá morrer? A tais palavras, louco de cólera, o rei tentou transpassar Jônatas, com a lança contra a parede, ameaçando aos gritos: Filho de mãe indigna, bem sei que gostas dele para vergonha tua, confusão e infâmia de tua mãe. Depois vomitou todo o veneno sobre o coração do jovem, acrescentando incentivo à sua ambição, alimento a inveja, estímulo à rivalidade e a amargura... 


Jônatas, o moço cheio de afeição, guardou o pacto da amizade, forte contra as ameaças, paciente contra o furor, desprezou o reino por causa da amizade, esquecido das glórias, bem lembrado da graça. Tu serás rei e eu serei o segundo depois de ti. Esta é a verdadeira, perfeita, estável e eterna amizade, aquela que a inveja não corrompe, suspeita alguma diminui, não se desfaz pela ambição. Assim provada, não cede; assim batida não cai; assim sacudida por tantas censuras, mostra-se inabalável e, provocada por tantas injúrias, permanece imóvel. ‘Vai, então, e faze tu o mesmo’ ”.

É na Sagrada Escritura que encontramos uma amizade assim, que  encanta os olhos e alegra o coração, pois, ela, embora alguns não acreditem, é possível! 
Foi o amor que moveu Jônatas a por sua vida em risco em favor de seu amigo Davi, e assim, preferiu a sua amizade a posse do Reino. 
Foi o amor que moveu Jônatas a deixar interesses pessoais para cuidar dos interesses do objeto de seu amor, e nos remete às palavras do Apóstolo Paulo na Carta aos Coríntios quando diz: “O amor não procura os seus interesses...” (1 Cor 13,4-5).
Ficamos sensibilizados com a declaração de amizade de Davi para com Jônatas: “Que sofrimento tenho por ti, meu irmão Jônatas, tu tinhas para mim tanto encanto, a tua amizade me era mais cara do que o amor das mulheres” (2 Sm 1,26).
Jônatas amou Davi como a sua própria alma! Uma amizade Verdadeira firmada no Sincero Amor, portanto, um modelo de amigo verdadeiro.

De fato a amizade é bem maior encontrado, mas quem de nós seria capaz de quantificar, avaliar uma verdadeira amizade? 

Amizade que não pode ser palavra esvaziada de conteúdo, amarelada pelos desencantos, esvaecida pela incredulidade, inexistente como realidade.

Amizades inautênticas evaporam como orvalho da manhã; são como nuvem que passa; cristal fino e belo que se quebra ao cair no chão; uma planta bela e viçosa ao amanhecer, murcha e seca no próximo ou mais breve crepúsculo de um dia!
Amizades autênticas não podem ser ditas como quimeras, fantasias impossíveis, inexequíveis, porque elas são, desde sempre, o desejo mais profundo de todos nós, pois são possuidoras da semente da eternidade no tempo presente uma plausível realidade.
Amizades são aventuras incansáveis porque, do contrário, viver não teria razão de ser, fazendo com que o viver seja criação de laços indestrutíveis de amizades, vínculos incorruptíveis que asseguram, amenizam e fundamentam a existência.  
Amizades que se edificam, acrisolam, reluzem na mútua ajuda, na compreensão, correção e perdão, em respeito à liberdade absoluta do outro, do contrário seria indesejável possessão, egoísmo.
Amizades verdadeiras ampliam a liberdade do outro, numa reciprocidade inexaurível, na mútua ajuda no enfrentamento dos desafios, com mais alegria e encantamento lutar.
Não há nada mais tristonho e extenuante que lutar sozinho, não há nada mais amargo do que a solidão,
O abandono, o desencontro, o sentimento da não comunhão. Da mão que não se alcançou, da mão que não se vislumbrou, porque um amigo de verdade não se encontrou.

Diante de tão bela amizade, conclui-se que toda comunidade deve ser espaço do aprendizado do amor fraternal com a promoção da paz, respeito, sinceridade, transparência...

Comunidade como espaço de verdadeiras amizades que sorriem na alegria, são suaves alívios na dor, eternizando-se em Deus!

Jesus, mais do que ninguém, Se relacionou como Amigo, como nosso Verdadeiro e mais Autêntico Amigo:

“Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que seu senhor faz; mas vos chamo amigos, porque tudo o que ouvi de meu Pai Vos dei a conhecer” (Jo 15,15).

Todos desejamos que haja “Jônatas” em nossa vida! Mas não basta querer a amizade de Jônatas, antes, é preciso empenhar-se em ser Jônatas na vida de alguém.

- Quem é Jônatas em minha vida?
- Há mais de um Jônatas em minha vida?

- Sinto-me Jônatas na vida de alguém?
- Caso não tenha e não o seja, o que há de errado?

- Caso haja e seja, rezemos por eles...

Amizades não são como pacotes belos e enfeitados, tampouco são plantas que já deram seus frutos e nada mais se espera, ou um solo extenuado e exaurido condenado à esterilidade.

Amizades renascem sempre num Mistério Pascal de Morte e ressurreição. Amizades são sempre sementes plantadas e cultivadas com a Oração, paciência, mansidão, caridade..., para que possam germinar sempre frutos novos como manifestação do Espírito Santo de Deus!

Em todo tempo, ponhamo-nos sempre em riquíssima aventura divina de construir amizades verdadeiras, que são laços indestrutíveis e criam vínculos incorruptíveis, que se eternizam nos céus!

Encerro com um versículo do Livro dos Provérbios:“Em todo tempo ama o amigo, e na angústia se faz o irmão”  (Pv 17, 17).

Fortaleçamos, em todo o tempo, os vínculos das sagradas amizades.

PS: oportuno para a reflexão sobre a passagem do Primeiro Livro de Samuel (1 Sm 18,6-9;19-1-7)

Pensar na Igreja, rezar por ela Rezar por ela, pensar nela!

Pensar na Igreja, rezar por ela
Rezar por ela, pensar nela!

Oramos pela Igreja, quando nela pensamos; mas, quando rezamos, será que pensamos; refletimos sobre o conteúdo daquilo que rezamos?

Quando refletimos sobre a História da Igreja, vemos páginas de pecados, marcas e cicatrizes deixadas. Talvez, um dia, revisitando esta História, que estamos escrevendo, outros dirão o mesmo de nós.

Condená-la? Execrá-la? Ignorá-la?
Não são as atitudes meritórias de consideração e estima. Devemos amar a Igreja com suas páginas, ora belas, ora nem tanto, mas sempre a Igreja de Cristo!

Sendo Cristo a cabeça e a Igreja o Seu corpo, o amor por Ele torna-se inseparável do amor por ela (Ef 5,21-33). Amor por Cristo deve ser traduzido em gestos concretos no amor por Sua Igreja... Apaixonamento por Cristo na mesma intensidade de apaixonamento pela Igreja.

Assumir sofrimentos no Mistério da Paixão, completando em nossa carne o que falta a Paixão de Cristo, por amor a Sua Igreja: 

Agora regozijo-me nos meus sofrimentos por vós,
e completo o que falta às tribulações de
Cristo, em minha carne pelo
Seu Corpo, que é a Igreja” (Cl 1,24).

Pensar na Igreja, rezar por ela. Rezar por ela, pensar nela! Mais que isto: Edificá-la, santificá-la, eis a missão de todo batizado!
Amor incondicional para santificá-la, edificá-la! 

Em poucas palavras...

 


Fé: dom gratuito de Deus

“A fé é um dom gratuito de Deus ao homem. Mas nós podemos perder este dom inestimável. Paulo adverte Timóteo a respeito dessa possibilidade: «Combate o bom combate, guardando a fé e a boa consciência; por se afastarem desse princípio é que muitos naufragaram na fé» (1 Tm 1, 18-19).

Para viver, crescer e perseverar até ao fim na fé, temos de a alimentar com a Palavra de Deus; temos de pedir ao Senhor que no-la aumente (Mc 9,24; Lc 17,5; 22,32); ela deve «agir pela caridade» (Gl 5, 6) (Tg 2,14-26), ser sustentada pela esperança (Rm 15,13) e permanecer enraizada na fé da Igreja.”  (1)

 

 

(1) Catecismo da Igreja Católica - parágrafo n. 162

Graça e perseverança na missão

                                                           

Graça e perseverança na missão

 “Tende entre vós o mesmo sentimento
que existe em Cristo Jesus” (Fl 2,5)

Retomo as iluminadoras palavras do Papa Francisco na Exortação Apostólica “Evangelii Gaudium”:

 “A verdadeira fé no Filho de Deus feito carne é inseparável do dom de si mesmo, da pertença à comunidade, do serviço, da reconciliação, com a carne dos outros. Na Sua encarnação, o Filho de Deus convidou-nos à revolução da ternura...” E ainda: “Precisamente nesta época, inclusive onde são ‘um pequenino rebanho’ (Lc 12,32), os discípulos do Senhor são chamados a viver como comunidade que seja sal da terra e luz do mundo (Mt 5,13-16). São chamados a testemunhar, de forma sempre nova uma pertença evangelizadora. Não deixemos que nos roubem a comunidade”

Portanto, é sempre tempo de olhar para frente e ver de que modo podemos contribuir, corajosa e decididamente, nesta “revolução da ternura” e sermos, de fato, uma comunidade sal da terra e luz do mundo, jamais permitindo que nos roubem a comunidade e a alegria de pertencer a esta.

É tempo de reavivar a chama da vocação batismal, que em nós foi acesa, para fazer brilhar a luz de Deus, com nossa ação evangelizadora, na mais bela expressão da ternura de Deus, que acolhe, ama e perdoa e recria a vida plena e feliz para todos.

É tempo de sermos uma Igreja missionária, autêntica casa da iniciação da vida cristã, na qual podemos celebrar nossa fé, formados e conduzidos pela Palavra Sagrada, resplandecendo a luz divina nos acontecimentos do cotidiano, mais conforme os desígnios de Deus.

É tempo de sermos uma Paróquia, comunidade de comunidades, onde se vive a proximidade, a comunhão, a fraternidade; uma Paróquia que não se fecha em si mesma, aberta aos horizontes maiores, que nos interpelam e nos desafiam, em evangélica expressão de solidariedade e missionariedade cristã.

Urge que todos nos empenhemos no anúncio e testemunho da Boa-Nova do Evangelho, expressando, assim, um verdadeiro amor inseparável à Igreja e a Jesus Cristo. Quanto mais nos sentirmos amados e envolvidos pelo amor divino, mais vivo e fervoroso será o nosso sim na missão que nos for confiada. 

Oportunas são as palavras do Apóstolo Paulo: “Tende entre vós o mesmo sentimento que existe em Cristo Jesus” (Fl 2,5), pois se os divinos sentimentos do Senhor tivermos, continuaremos firmes n’Ele (Fl 4,1), com Ele e para Ele, do qual nos vem toda força e graça necessária no bom combate da fé (Fl 4,13; 2 Tm 4,6-7), edificando uma comunidade essencialmente evangelizadora, cumprindo assim a sua missão como pequenino rebanho do Senhor.

Em poucas palavras...

 


“Creio em Deus Pai todo-poderoso”

“De todos os atributos divinos, só a onipotência é nomeada no Símbolo: confessá-la é de grande alcance para a nossa vida. Nós acreditamos que ela é universal, porque Deus, que tudo criou (Gn 1,1; Jo 1,3), tudo governa e tudo pode; amorosa, porque Deus é nosso Pai (Mt 6,9); misteriosa, porque só a fé a pode descobrir, quando «ela atua plenamente na fraqueza» (2 Cor 12, 9) (1 Cor 1,18). «Faz tudo quanto lhe apraz» (Sl 115, 3)” (1)

 

(1) Catecismo da Igreja Católica - parágrafo n. 268

Em poucas palavras...

 


Virgem Maria, modelo supremo de fé

“Só a fé pode aderir aos caminhos misteriosos da onipotência de Deus. Esta fé gloria-se nas suas fraquezas, para atrair a si o poder de Cristo (2 Cor 12,19; Fl 4,13).

Desta fé é modelo supremo a Virgem Maria, pois acreditou que «a Deus nada é impossível» (Lc 1, 37) e pôde proclamar a grandeza do Senhor: «O Todo-Poderoso fez em mim maravilhas; 'Santo' –  é o seu nome» (Lc 1, 49).”  (1)

 

(1)  Catecismo da Igreja Católica - parágrafo n. 273

Deus, o único necessário e que permanece

Deus, o único necessário e que permanece

Na quarta-feira da 12ª Semana do Tempo Comum (ano ímpar), ouvimos a passagem do  Livro de Gênesis (Gn 15,1-12.17-18), que nos apresenta Abrão, que teve fé no Senhor, que considerou isto como justiça, e com Ele fez uma Aliança, prometendo uma descendência incontável como as estrelas dos céus.

Vejamos o que nos fiz o Comentário do Missal Cotidiano, sobre esta passagem:

“Nada é pequeno, se há na base um chamado do Senhor. Nada se perde se, vindo de Deus, aceito por nós, é vivido com amor perseverante e com abertura. Fixa-te em Deus único necessário, único que permanece!”. (1)

Oremos:

Concedei-nos, ó Deus, que tenhamos uma fé como a de Abraão, em meio aos anseios, temores, a esperança em Vós sempre renovada.

Ensinai-nos, ó Deus, a exemplo de Abraão, nosso pai na fé, a viver com generosidade, paciência confiando em Vossa grandeza e bondade.

Ajudai-nos a viver, como Vosso servo Abraão, patriarca da fé, uma vida como resposta contínua ao Vosso chamado, plenamente confiantes.

Fortalecei nossa fé, para que a exemplo de Abraão, vivamos convosco uma relação de abertura e amor perseverante.

Iluminai nossos caminhos, nossos olhares, como os de Abraão, para que tenhamos a Vós, ó Deus, como o “único necessário, o único que permanece”. Amém.


(1) Missal Cotidiano – Editora Paulus – p.940

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG