quarta-feira, 26 de junho de 2024

Graça e perseverança na missão

                                                           

Graça e perseverança na missão

 “Tende entre vós o mesmo sentimento
que existe em Cristo Jesus” (Fl 2,5)

Retomo as iluminadoras palavras do Papa Francisco na Exortação Apostólica “Evangelii Gaudium”:

 “A verdadeira fé no Filho de Deus feito carne é inseparável do dom de si mesmo, da pertença à comunidade, do serviço, da reconciliação, com a carne dos outros. Na Sua encarnação, o Filho de Deus convidou-nos à revolução da ternura...” E ainda: “Precisamente nesta época, inclusive onde são ‘um pequenino rebanho’ (Lc 12,32), os discípulos do Senhor são chamados a viver como comunidade que seja sal da terra e luz do mundo (Mt 5,13-16). São chamados a testemunhar, de forma sempre nova uma pertença evangelizadora. Não deixemos que nos roubem a comunidade”

Portanto, é sempre tempo de olhar para frente e ver de que modo podemos contribuir, corajosa e decididamente, nesta “revolução da ternura” e sermos, de fato, uma comunidade sal da terra e luz do mundo, jamais permitindo que nos roubem a comunidade e a alegria de pertencer a esta.

É tempo de reavivar a chama da vocação batismal, que em nós foi acesa, para fazer brilhar a luz de Deus, com nossa ação evangelizadora, na mais bela expressão da ternura de Deus, que acolhe, ama e perdoa e recria a vida plena e feliz para todos.

É tempo de sermos uma Igreja missionária, autêntica casa da iniciação da vida cristã, na qual podemos celebrar nossa fé, formados e conduzidos pela Palavra Sagrada, resplandecendo a luz divina nos acontecimentos do quotidiano, mais conforme os desígnios de Deus.

É tempo de sermos uma Paróquia, comunidade de comunidades, onde se vive a proximidade, a comunhão, a fraternidade; uma Paróquia que não se fecha em si mesma, aberta aos horizontes maiores, que nos interpelam e nos desafiam, em evangélica expressão de solidariedade e missionariedade cristã.

Urge que todos nos empenhemos no anúncio e testemunho da Boa-Nova do Evangelho, expressando, assim, um verdadeiro amor inseparável à Igreja e a Jesus Cristo. Quanto mais nos sentirmos amados e envolvidos pelo amor divino, mais vivo e fervoroso será o nosso sim na missão que nos for confiada. 

Oportunas são as palavras do Apóstolo Paulo: “Tende entre vós o mesmo sentimento que existe em Cristo Jesus” (Fl 2,5), pois se os divinos sentimentos do Senhor tivermos, continuaremos firmes n’Ele (Fl 4,1), com Ele e para Ele, do qual nos vem toda força e graça necessária no bom combate da fé (Fl 4,13; 2 Tm 4,6-7), edificando uma comunidade essencialmente evangelizadora, cumprindo assim a sua missão como pequenino rebanho do Senhor.

Em poucas palavras...

 


“Creio em Deus Pai todo-poderoso”

“De todos os atributos divinos, só a onipotência é nomeada no Símbolo: confessá-la é de grande alcance para a nossa vida. Nós acreditamos que ela é universal, porque Deus, que tudo criou (Gn 1,1; Jo 1,3), tudo governa e tudo pode; amorosa, porque Deus é nosso Pai (Mt 6,9); misteriosa, porque só a fé a pode descobrir, quando «ela atua plenamente na fraqueza» (2 Cor 12, 9) (1 Cor 1,18). «Faz tudo quanto lhe apraz» (Sl 115, 3)” (1)

 

(1) Catecismo da Igreja Católica - parágrafo n. 268

Em poucas palavras...

 


Virgem Maria, modelo supremo de fé

“Só a fé pode aderir aos caminhos misteriosos da onipotência de Deus. Esta fé gloria-se nas suas fraquezas, para atrair a si o poder de Cristo (2 Cor 12,19; Fl 4,13).

Desta fé é modelo supremo a Virgem Maria, pois acreditou que «a Deus nada é impossível» (Lc 1, 37) e pôde proclamar a grandeza do Senhor: «O Todo-Poderoso fez em mim maravilhas; 'Santo' –  é o seu nome» (Lc 1, 49).”  (1)

 

(1)  Catecismo da Igreja Católica - parágrafo n. 273

Deus, o único necessário e que permanece

Deus, o único necessário e que permanece

Na quarta-feira da 12ª Semana do Tempo Comum (ano ímpar), ouvimos a passagem do  Livro de Gênesis (Gn 15,1-12.17-18), que nos apresenta Abrão, que teve fé no Senhor, que considerou isto como justiça, e com Ele fez uma Aliança, prometendo uma descendência incontável como as estrelas dos céus.

Vejamos o que nos fiz o Comentário do Missal Quotidiano, sobre esta passagem:

“Nada é pequeno, se há na base um chamado do Senhor. Nada se perde se, vindo de Deus, aceito por nós, é vivido com amor perseverante e com abertura. Fixa-te em Deus único necessário, único que permanece!”. (1)

Oremos:

Concedei-nos, ó Deus, que tenhamos uma fé como a de Abraão, em meio aos anseios, temores, a esperança em Vós sempre renovada.

Ensinai-nos, ó Deus, a exemplo de Abraão, nosso pai na fé, a viver com generosidade, paciência confiando em Vossa grandeza e bondade.

Ajudai-nos a viver, como Vosso servo Abraão, patriarca da fé, uma vida como resposta contínua ao Vosso chamado, plenamente confiantes.

Fortalecei nossa fé, para que a exemplo de Abraão, vivamos convosco uma relação de abertura e amor perseverante.

Iluminai nossos caminhos, nossos olhares, como os de Abraão, para que tenhamos a Vós, ó Deus, como o “único necessário, o único que permanece”. Amém.


(1) Missal Quotidiano – Editora Paulus – p.940

terça-feira, 25 de junho de 2024

Falar com sabedoria, ensinar com amor

                                                 


Falar com sabedoria, ensinar com amor 

Ó Deus, fortalecei nossa paciência e tolerância, como discípulos do Vosso Filho, com a presença do Santo Espírito, na espera da Parusia, do novo céu e da nova terra, comprometidos com um mundo mais fraterno, justo e solidário, em que não haverá mais dor, luto, morte e sofrimento. 

Concedei-nos a graça de sermos sábias e corajosas testemunhas da Vossa Misericórdia e compaixão, que recompensa os pacientes e perseverantes no carregar da cruz de cada dia, com suas renúncias necessárias.

Dai-nos o dom da perseverança para o testemunho de uma fé adulta, edificando uma comunidade marcada pelas relações fraternas, superando todas as sombras de murmurações e lamentações de uns contra os outros.

Ajudai-nos a viver uma caridade operosa, com dedicação e alegria, assim como fizeram Vossos profetas e amigos, Jeremias, Jó e tantos outros, ao longo de toda a História da Salvação.

Concedei-nos a mansidão para não nos lamentarmos uns dos outros, pois quem julga e condena será por sua vez julgado e condenado, e o juiz está à porta, Vosso Filho, que veio, vem e virá gloriosamente.

Inspirai-nos para falarmos com sabedoria e ensinarmos com amor (cf. Pr 31,26), com sinceridade e clareza e necessária transparência na vida comunitária, no testemunho de cada palavra pronunciada.

Iluminai nossas palavras e o diálogo, pois são os instrumentos mais oportunos para construir relações verdadeiras e duradouras, mas que podem, também, destruir aquilo que se construiu com muito tempo e muito sacrifício.

Conduzi-nos, para que a verdade de nossas palavras e ações dispensem os juramentos, de modo que quem ouvir um “sim” ou um “não” saberá que nada há a ser acrescentado, tirado ou subentendido, como já nos alertara o Vosso Amado Filho (Mt 5,33-38). Amém. 

 

Fonte inspiradora: Carta de São Tiago (Tg 5,9-12)

Entre o caos e o êxtase

                                                             

Entre o caos e o êxtase

É possível pensar e viver o eterno caos?
É possível e desejável o eterno êxtase?
Nem um nem outro!

A vida oscila entre o caos e o êxtase, em sua exata medida, de modo que o excesso de alguma coisa pode ser tão ruim quanto a sua falta.

Não suportaríamos um caos absoluto, bem como não haveria possibilidade do eterno êxtase, logo, viver é buscar este equilíbrio necessário em nossa vida.

Há muitas coisas que acontecem que chamamos de caos, que parecem ser intransponíveis.

Quantas vezes ouvimos ou mesmo dizemos: “Minha vida está um caos!”
Mas aqui está a grandeza da vida: uma situação caótica clama sempre por superação, ainda que parcial, sem a pretensão de se chegar ao êxtase... 

Caos relacionamento conjugal pede o diálogo, a luz divina, a reconciliação, o perdão, a superação... 
Busca da felicidade possível: entre o caos e o êxtase.

Relacionamento caótico prolongado e/ou êxtase contínuo num casamento é impensável e, muitas vezes, insuportável.

Caos numa relação de amizade pede maior proximidade, maior sinceridade, dedicação, expressão de carinho, avaliação, ponderação, maior atenção com aquele a quem chamamos de amigo.
Reforçar o laço de amizade: entre o caos e o êxtase.

Caos na vivência comunitária pede a proximidade, liberdade, intimidade, solidariedade, amor e verdade.
Fortalecimento da verdadeira comunhão querida: entre o caos e o êxtase.

Caos pela partida abrupta e violenta de uma pessoa pela morte, com suas cicatrizes, que somente com o tempo se tornam suportáveis e superáveis.

A morte muitas vezes se apresenta como caos para quem fica. A sensação de nunca mais a felicidade, de nunca mais o sorriso, a alegria… Mas o mistério da vida comporta a superação da morte. Somente o êxtase vivido em alguns momentos daquele relacionamento é que se tornará fonte para a continuidade do existir.
Viver entre o caos da morte e o êxtase que a vida pode proporcionar.

Caos na vida profissional pede revisão, aperfeiçoamento, novas janelas, novas portas, novas experiências, novos contatos, a busca daquilo que possa, de fato, a pessoa como profissional, realizar: qualificação e realização profissional, na exata medida, entre o caos e o êxtase.

Caos econômico mundial pede a tomada de consciência de que recursos são escassos, economia tem seus limites, há limites para o capital e seu nefasto estrangulamento da vida de pobres e inocentes. 
Uma economia globalizada e solidária: entre o caos e o êxtase.

Caos político que multiplica atentados, bombas, vidas destruídas, restos de construções, dores e profundas desolações. Lágrimas de crianças inocentes em capas de jornais estremecem nosso coração.
E, nos perguntamos: "até quando o caos?"

Não creio que o êxtase do relacionamento entre os povos e nações seja possível, pois muitos são os interesses em jogo, radicalismos exacerbados…
Mas no mundo um clamor: convivência na harmonia possível entre o caos e êxtase.

Caos planetário  agrotóxicos, queimadas, ocupações não planejadas, monoculturas de solos destruidoras, camada de ozônio, aquecimento global… superexploração dos recursos finitos pedem – nova mentalidade, nova postura, novos modos de se relacionar com a criação.

Uma nova mentalidade ecológica há que se fortalecer entre o caos e o êxtase da primeira criação.

E a vida tem seus mistérios, seus encantos e desencantos, encontros e desencontros, buscas e perdas, altos e baixos, luzes e sombras, sonhos e pesadelos, ausências e presenças, ausência de sentido e sua eterna busca, coerências e contradições, enfrentamentos e superações, louvores e lamentações…

A vida é, por isto, um livro a ser escrito, página por página, em que o fio condutor é a busca da felicidade, entre o caos e o êxtase, o percorrer de caminhos, às vezes tenebrosos e algumas vezes, ainda que poucas, veredas ensolaradas.

Com a inesgotável luz divina acolhida quotidianamente, vamos procurando o equilíbrio entre o caos e o êxtase.

Sejamos cumulados com a luz divina para que nossos sonhos se tornem perceptíveis no caos, pois sem ela, nossos sonhos teriam contornos e conteúdos de pesadelos.

Sejamos cumulados, também,  de gratidão divina, para que o êxtase, ou o seu próximo alcance, não nos faça vítimas da arrogância, onipotência, e indiferença do que merece toda a honra, glória e louvor.

Nem caos que nos desmorone e nos roube perspectivas, pedimos ao Senhor, nem êxtase que nos faça indiferentes à Sua imprescindível ação e presença. Amém.

Consagração ao Bom Jesus

                                                               


Consagração ao Bom Jesus

“Dulcíssimo Jesus, que a todos ensinastes o caminho da vida e por todos expirastes no alto da Cruz. Volvei para o mundo ingrato os olhos de Vossa divina misericórdia.

Visto que a todos nos conquistastes pelo preço infinito de Vosso sangue. Vossos somos e Vossos queremos ser agora e sempre.

Nós vos oferecemos nossos pensamentos para que os santifiqueis, nossas palavras e ações para que, segundo à Vossa vontade, sejam retas e puras; nossos sentidos, para que sejam por Vós refreados e dirigidos para o bem.

Nós Vos entregamos de modo absoluto e perpétuo, nossas almas e nossos corpos, suas potências e seus sentidos, nossos negócios e nossas intenções, nossas alegrias e nossas mágoas, o presente e o futuro, nossa vida e nossa morte.

Exterminai, Senhor, em nós, todos os vícios e aumentai todas as virtudes, defendei-nos contra as insídias dos inimigos visíveis e invisíveis e acendei em nossos corações o fogo do Vosso santo amor.

Continuai, ó amantíssimo Jesus, a amparar com Vossa especial proteção todos aqueles que visitam Vosso santuário, pela piedade dos fiéis, erguido no cabeço de formosa colina e por tantas e tamanhas maravilhas da Vossa bondade e onipotência distinguido.

Em Vós ó Bom Jesus, depomos toda nossa confiança e toda nossa esperança, pois Vos escolhemos para nossa única riqueza e nosso único tesouro no tempo, para termos a ventura de Vos gozar e louvar na eternidade. Assim seja”.


P S: Oração ao Bom Jesus – Santuário de Matozinhos – Conceição do Mato Dentro – Diocese de Guanhães - MG

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