segunda-feira, 24 de junho de 2024
João Batista nos apresentou o Cordeiro de Deus
Cremos no Deus do impossível (19/12)
Sem murmurações, julgamentos e desprezo
Iluminadora é a “Conferência sobre o julgamento do próximo”, escrita por São Doroteu de Gaza (séc. VI), para a reflexão desta passagem do Evangelho.
A misericórdia divina não se afasta da justiça, tão pouco da verdade, não exclui nem elimina o pecador, mas abomina o seu pecado.
Um olhar puro e misericordioso
Um olhar puro e misericordioso
Jesus nos adverte na passagem
do Evangelho de Mateus (Mt 7,1-5), como discípulos missionários seus: “Tira primeiro a trave do teu próprio olho,
e então enxergarás bem para tirar o cisco do olho do teu irmão” (Mt 7,5).
Oremos:
Senhor Jesus, ajudai-me para que jamais desista do esforço para
viver esta advertência, que procedeu de Vosso coração manso e pleno de ternura.
Ajudai-me a superar a contínua tentação de olhar em torno de mim
mesmo, estabelecendo diferenças que podem me reduzir à fiel condição do fariseu,
orando no templo em pé e olhando com olhos de superioridade em relação ao pobre
publicano;
Senhor Jesus, sois a Verdade, que diante da qual jamais posso me
esconder, e bem conheceis o mais profundo de meu coração, concedei-me a graça
de não julgar para não ser julgado; mas que eu faça progressos contínuos para
amar, respeitar e ajudar pela conversão própria e de meus semelhantes. Amém.
domingo, 23 de junho de 2024
Com o Senhor, serenidade nas travessias
Com o Senhor,
serenidade nas travessias
Sejamos
enriquecidos pelo Sermão n.63,1-3), de Santo Agostinho:
“Subiu Ele
a uma barca com seus discípulos. De repente, desencadeou-se sobre o mar uma
tempestade tão grande, que as ondas cobriam a barca. Ele, no entanto, dormia.
Os
discípulos achegaram-se a ele e o acordaram, dizendo: Senhor, salva-nos, nós
perecemos! E Jesus perguntou: Por que este medo, gente de pouca fé?
Então,
levantando-se, deu ordens aos ventos e ao mar, e fez-se uma grande calmaria.
Admirados, diziam: Quem é este homem a quem até os ventos e o mar obedecem?”
(Mt ,23-27).
Vamos
comentar, com a ajuda de Deus, a leitura que o Santo Evangelho nos propõe hoje,
não aconteça que tenham a fé adormecida nos vossos corações, no meio das
tempestades e ondas deste tempo.
Cristo
não teve poder sobre a morte ou o sono? Ou por acaso o sono pôde dominar a
vontade do Navegador Todo-Poderoso? Se pensardes assim, sem dúvida, Cristo e a
fé estão adormecidos em vossos corações. Mas se Cristo vela em vós, a vossa fé
também está acordada. ‘Que Ele faça Cristo habitar em vossos corações pela
fé’(Ef 3,17), disse o Apóstolo.
O sono de
Cristo é sinal de mistério. Os ocupantes da barca representam as almas que
atravessam a vida deste mundo agarradas ao madeiro da cruz. Por outro lado, a
barca é símbolo da Igreja. Sim, verdadeiramente […] o coração de cada fiel é
uma barca que navega no mar e que não se afundará se o espírito mantiver bons
pensamentos.
Insultaram-te:
é o vento que te fustiga. Encolerizaste-te: é a onda que se levanta. Surgiu a
tentação: é o vento que sopra. A tua alma está perturbada: são as vagas que se
elevam. Insultaram-te e desejas vingança; castigaste sem temperança e estás
caído. E por quê? Porque Cristo dorme no teu coração. O que significa que
Cristo dorme? Que tu te esqueceste dele. Acorda Cristo, deixa que Ele te fale.
O que
querias? Vingança. Não te lembras de que quando o crucificaram, ele disse: ‘Pai,
perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem’(Lc 23,34)? O que dormiu em teu
coração não quis vingar-se. Acorda-o! Contempla-o. A sua memória são as suas
palavras; a sua memória é a sua Lei. E se Cristo cuida de ti, te dirás: Quem
sou eu, para querer punir? Quem, para ameaçar a alguém? Talvez eu morra antes de
me vingar. E se morrer, inflamado pela ira, com anseio e sede de vingança,
aquele que não quis punir me receberá? Aquele que disse: ‘Perdoai, e sereis
perdoados, dai, e dar-se-vos-á’ (Lc 6,36-38)? Portanto, reprimirei a minha
ira e pacificarei o meu coração. Cristo deu ordem ao mar e este ficou calmo
(cf. Mt 8,27).
O que
disse acima sobre a ira, aplicai-o a todos os tipos de tentações. És tentado e
estás perturbado: são o vento e as ondas que se levantam. Desperta Cristo e
fala com ele. ‘Quem é Este, a quem até o vento e o mar obedecem?’ (Mt 8,26)
Quem é Ele? ‘Dele é o mar, pois foi Ele quem o formou’ (Sl 95,5): ‘por
Ele é que tudo começou a existir’ Jo 1,3).
Imita,
pois, os ventos e o mar: obedece ao Criador. O mar mostra-se dócil à voz de
Cristo e tu continuas surdo? O mar obedece, o vento acalma-se e tu continuas a
soprar? Que queremos dizer com isso? Falar, agitar-se, meditar na vingança: não
será tudo isto continuar a soprar e não querer ceder diante da palavra de
Cristo? Quando o teu coração está perturbado, não te deixes submergir pelas
vagas.
No
entanto, se o vento nos virar — porque somos apenas humanos — e acicatar as
emoções más do nosso coração, não desesperemos. Acordemos Cristo, para que
possamos prosseguir a nossa viagem por mares mais calmos.”
Nossa
vida consiste numa constante travessia pelo mar da vida, e por vezes os mares
são agitados pelos ventos.
Precisamos
confiar na presença do Senhor na barca de nosso coração, e confiantes em Sua
Palavra, superar todo o medo, vivendo a fé, em atitude orante, confiantes,
suplicantes na mais autêntica relação com o Senhor que jamais nos abandona.
Creiamos que Ele está em nossa barca seja de nosso coração, como
na barca de Sua Igreja em todo o tempo: e a última e poderosa Palavra somente
Ele tem a nos dirigir e a serenidade nos devolver nas travessias cotidianas.
Amém.
PS: Sermão apropriado para a passagem do Evangelho de Marcos (Mc
6,24-34).