segunda-feira, 10 de junho de 2024

O inadiável desafio da integração pastoral

O inadiável desafio da integração pastoral

Uma temática muito oportuna e necessária: a integração das pastorais; a comunhão daqueles que, pelo Batismo e pela graça divina (não por próprios méritos), participam da ação evangelizadora, colaborando na edificação da Igreja a serviço do Reino de Deus.

À luz da Sagrada Escritura, façamos nossa reflexão, fundamentados nos Apóstolos Pedro e Paulo e nos ensinamentos do Papa Clemente I (séc. I), que muita luz nos trará para a construção e solidificação da integração pastoral, na maturação da concórdia e mútua ajuda.

É mais do que necessário que, com tenacidade e decidida coragem, nos empenhemos na construção da paz e, por mais que o façamos ainda será pouco para que sejamos, de fato, a visibilidade esplendorosa do rosto do Cristo Ressuscitado.

Portanto, mais do que caminharmos de mãos dadas, precisamos de um coração aberto ao outro, na acolhida, na sinceridade de relacionamentos, no perdão, na abertura e amadurecimento, fazendo valer o que os apóstolos nos ensinaram. 

Mais que mãos dadas, são corações seduzidos, apaixonados e enraizados no amor de Cristo que nos farão mais fraternos, mais credíveis testemunhas do Ressuscitado.

Um aprendizado fundamental enraíza-se na vivência das virtudes teologais - fé, esperança e caridade -, como tão bem é nos apresentado no Catecismo da Igreja Católica (n. 1813).

A integração pastoral é importante, entretanto, somente chegaremos a ela através da Palavra de Deus, que mais do que ser lida e refletida, precisa ser acolhida, vivida e testemunhada, plantada na fertilidade de nosso coração e entranhada no mais profundo de nossa alma.

Voltemo-nos às palavras do Papa Bento XVI:    

"Não se trata de anunciar uma Palavra anestesiante, mas desinstaladora, que chama à conversão, que torna acessível o encontro com Ele, através do qual floresce uma humanidade nova".

Todo tempo seja para nós como um grande Pentecostes, um sopro do Espírito; que a Palavra de Deus não fique apenas no conhecimento, mas seja iluminadora de nossos pensamentos, palavras e ações. E assim, nos coloquemos de mãos dadas a caminho do Reino.

Há um longo caminho a percorrer, sem medos, recuos, acovardamento e deserção. O Ressuscitado conosco caminha, Seu Espírito conosco está para fidelidade maior ao Projeto do Pai.

Sem a integração pastoral, empobrecemos o espírito da Pastoral de Conjunto, e perdemos a força da ação Evangelizadora.

Que cada um faça bem e com amor o que lhe é próprio!


Que cada um faça bem e com amor o que lhe é próprio!

Há muito tempo a Igreja insiste na Pastoral de Conjunto e no respeito às instâncias decisivas e participativas dentro ou até mesmo fora dela, do qual não podemos esquecer, pois estaríamos nos afastando no retrato das primeiras comunidades: “Os cristãos eram perseverantes na doutrina dos apóstolos...” (Atos 2,42-45).

Nas páginas bíblicas contemplamos o agir de Deus e vemos que é próprio do Seu amor nos educar para a liberdade, a responsabilidade e a verdade.

Lamentavelmente, muitos ainda não aprenderam a corresponder à altura este amor, pois não querem ou não se abrem para estes ensinamentos que nos conduziriam inevitavelmente a uma autêntica espiritualidade e maturidade cristã, e consequente fortalecimento de nossas comunidades, conferindo à evangelização mais ardor e renovação em expressões e métodos.

Isto nos leva a refletir sobre a necessidade de retomar um princípio muito forte, o Princípio da Subsidiariedade, que tem seus momentos nascentes na Encíclica “Quadragesimo Anno” (1931), quando o Papa Pio XI já chamava o mundo para a necessária busca de caminhos para uma verdadeira ordem internacional.

O Princípio da Subsidiariedade deve promover uma harmonização das relações entre os indivíduos e as sociedades, instaurando uma verdadeira ordem internacional, sendo também fundamental para a construção de relações de poder e serviço dentro da própria Igreja, devendo ser incansavelmente aprendido em âmbito paroquial, regional, diocesano, enfim, na Igreja como um todo.

Vejamos o que diz o Catecismo da Igreja acerca do referido Princípio no parágrafo 1883: “Segundo este Princípio, uma sociedade de ordem superior não deve interferir na vida interna de uma sociedade inferior, privando-a de suas competências, mas deve, antes, apoiá-la em caso de necessidade e ajudá-la a coordenar sua ação com as dos outros elementos que compõem a sociedade, tendo em vista o bem comum”

E no parágrafo 1884, insistindo na liberdade humana para a qual Deus nos criou e que deve ser acompanhada e inspirada de sabedoria no governo, independente de que ordem seja, diz que: “Deus não quis reter só para si o exercício de todos os poderes. Confia a cada criatura as funções que esta é capaz de exercer, segundo as capacidades da própria natureza. Este modo de governo deve ser imitado na vida social. O comportamento de Deus no governo do mundo, que demonstra tão grande consideração pela liberdade humana, deveria inspirar a sabedoria dos que governam as comunidades humanas. Estes devem comportar-se como ministros da providência divina”.

Portanto, se o Princípio da Subsidiariedade, em nossas comunidades, bem entendido e vivido o for, o poder será a expressão do serviço, como nos ensinou o Senhor; a abertura ao outro e a alegria em servir se farão presentes em todos. Importa nos espaços da Igreja, no bom desempenho da pastoral observar o que lhe é próprio e intransferível sem invadir o espaço do outro.

Concluindo:

Temos ainda muito a aprender para, de fato, correspondermos ao amor e a confiança que Deus, em nós, deposita. Somente assim cresceremos e amadureceremos para aquilo que Deus espera de nós, pois é próprio do Amor de Deus querer sempre o melhor de nós... Eis uma das faces da Misericórdia Divina que alguns já descobriram...

Princípio da Subsidiariedade vivido, pastoral frutuosa será, a começar das comunidades, mas se espraiando na Igreja como um todo.

Temos ainda muito a nos converter para sua prática, estejamos onde estivermos, ou independentemente de onde ou em que participamos.

Que o Princípio da Subsidiariedade jamais seja esquecido! Pois se levado em conta, nos ajudará a avançar para águas mais profundas na perfeita comunhão e participação... 

Exortações Paulinas para o discipulado

 


Exortações Paulinas para o discipulado

Apóstolo Paulo, verdadeiramente um ministro de Deus: firmeza nas tribulações, inúmeras virtudes que acompanham sua vida apostólica, e fidelidade e paixão pelo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Tudo isto, e muito mais, encontramos em suas Cartas na Sagrada Escritura, como podemos conferir na 2ª Carta aos Coríntios (2 Cor 6,1-10; 7,5): – “Em verdade, quando chegamos à Macedônia, nossa carne não teve repouso algum, mas sofremos toda espécie de tribulação: por fora, luta; por dentro, temores.” 

Suas palavras penetram as entranhas de nosso coração: – “Irmãos, como colaboradores de Cristo, nós vos exortamos a não receberdes em vão a graça de Deus, pois Ele diz:’ No momento favorável, Eu te ouvi e no dia da salvação, Eu te socorri.”(2 Co 6,1).

Enriquecidos sejamos pelo comentário do Missal Cotidiano:

“‘Não deixeis escapar o momento favorável’. Vivemos em ambiente ofuscado e aturdido pela publicidade. Na rua ou em casa, é toda uma sequência de flashs, imagens e vozes que propiciam centenas de ocasiões ‘únicas’.

Em meio a esse alarido, chega-nos hoje a voz do apóstolo: ‘Não recebais em vão a graça! Hoje é o dia!’ Corre o risco de chegar deslocada, se a recebermos no mesmo plano das outras ‘vozes’ que desde cedo quase nos tomam de assalto.

‘Trazia todas estas coisas guardadas no coração’ (Lc 2, 51). É uma característica de Maria, viver em plenitude o momento presente, captando-lhe a profundeza.

A eternidade não está espalhada em migalhas de tempo, porém toda concentrada no momento presente. Cada instante é completo, porque cheio da presença de Deus. Viver intensamente o hoje é antiga sabedoria cristã.” (1)

Oremos:

“Ó Deus, força daqueles que esperam em Vós, sede favorável ao nosso apelo, e como nada podemos em nossa fraqueza, dai-nos sempre o socorro da Vossa graça, para que possamos querer e agir conforme Vossa vontade, seguindo os Vossos Mandamentos. Por N.S.J.C. Amém.” (2) 

 

(1) Comentário do Missal Cotidiano sobre a passagem 2 Cor 6,1-10) – Editora Paulus – p.901

(2)Oração do dia – 12ª Semana do Tempo Comum

Construamos diques de coragem

                                                     

Construamos diques de coragem

“Devemos construir diques de coragem
para conter a correnteza do medo”
(Martin Luther King)

Em tempos difíceis e obscuros por que passamos, em diversos âmbitos,  reflitamos sobre a necessária coragem, que pode ser arruinada, absolutamente destruída pelo medo, fazendo multiplicar a dor, sofrimento e morte de tantos.

Recorro às memoráveis palavras de Martin Luther King sobre a missão de construir diques de coragem, para conter a correnteza do medo, e assim, reescrevermos novas páginas de vida plena, abundante e feliz para todos: “Devemos construir diques de coragem para conter a correnteza do medo”.

Oportuna esta definição de diques: são construídos com a função simples, no entanto, muito importante: conter a água. Eles ajudam a evitar que rios e lagos transbordem durante tempestades e provoquem inundações em terras baixas.

São também construídos para drenar terras que, em estado natural, ficariam debaixo d’água, e deste modo, podem ser usados para criar novas áreas de terra seca ao longo de uma região costeira. (1)

Construamos diques de coragem no primeiro espaço vital de todos nós, ou seja, na família, onde refazemos aprendizados que nos acompanham por toda a vida, dentre eles, a coragem, desde as primeiras quedas, ao aprendermos a andar.

Construamos diques de coragem nas escolas, onde a violência, lamentavelmente, se faz presente, colocando em risco alunos e professores, quando nela haveria de ser o espaço da busca e troca de saberes, para vencermos o medo do mar infinito do analfabetismo.

Construamos diques de coragem no vasto e complicado mundo da política, para conter a correnteza da apatia, indiferença, omissão, para salvaguardar sua real vocação: a prática sublime da caridade, que tenha tão apenas em vista a promoção do bem comum.

Construamos diques de coragem  em todos os lugares por onde andarmos, para conter a correnteza do medo, a fim de que não faça ruir e desmoronar os mais sagrados e belos sonhos acordados, que cultivamos de novos céus e nova terra.

É tempo favorável para construir diques, unindo-nos a todas as pessoas de boa vontade, que professem ou não a nossa fé, mas que carreguem na alma a pureza, no coração a caridade, no olhar a esperança, porque creem na dignidade e sacralidade de cada pessoa. 



O crepitar da chama em nossos corações

 


O crepitar da chama em nossos corações

Livrai-nos, Senhor, da tentação das propostas de um messianismo fácil e triunfalista, pois não foi assim que Vos apresentastes como o Verdadeiro Messias.

Renovai em nós o amor, zelo e ardor da missão evangelizadora, com coragem para as renúncias e melhor segui-Lo e servi-Lo na pessoa de nosso próximo, carregando, com ousadia e fidelidade, nossa cruz de cada dia.

Ajudai-nos a viver a graça da fé em Vós, que vivestes plena fidelidade ao Pai na comunhão com o Santo Espírito, até o fim na missão redentora da humanidade, fazendo crepitar a chama do amor em nossos corações.

Concedei-nos a sabedoria para cultivar e manter viva a esperança da chegada do Vosso Reino, já presente entre nós, lançando as sementes fecundadoras de novos tempos, recriando o paraíso, não como uma vil saudade, mas compromisso inadiável sempre.

Inflamai-nos com o fogo do Santo Espírito, para que vivamos a caridade como a plenitude da Lei, como vivestes e nos ensinastes a viver (cf. Rm 13,10), enriquecidos pelos sete dons, e assim, produzirmos os sagrados frutos do Espírito (Gl 5,22). Amém.

 

PS: Passagem do Evangelho de Marcos (Mc 12,35-37)


Deixe... Mas nem tanto

                                     

Deixe... 
Mas nem tanto
         
Deixe que encontrem os peixinhos nos mares.
Deixe que encontrem o ouro ao garimpar os rios.
Deixe que descubram os morangos pelo chão.
Deixe que descubram a pureza do ar no alto monte...

Não roubemos a alegria indescritível do encontro.
Ainda que queiramos, ao mundo gritar, compartilhar,
É preciso que cada um saia de si mesmo,
Indo ao encontro do melhor que o outro tem a proporcionar!

Deixe, apenas deixe...
Se não descobrirem, se, na inércia, a humanidade mergulhar,
Então, não tarde, não muito tarde, mas não muito cedo...
Em tempo certo e oportuno será a hora das coisas divinas bradar!  

Em poucas palavras...

 


A ação da Trindade Santa 

“Todas as coisas são ordenadas segundo suas capacidades e méritos: um só é o Poder, do qual tudo procede; um só é o Filho, por quem tudo começa; e um só é o Dom, que é penhor da esperança perfeita. Nada falta a tão grande perfeição. 

Tudo é perfeitíssimo na Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo: a infinidade no Eterno, o esplendor na Imagem, a atividade no Dom. Escutemos o que diz a palavra do Senhor sobre a ação do Espírito em nós...”. (1)

 

 

(1)Bispo Santo Hilário (Séc. IV)

 

 

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