domingo, 3 de dezembro de 2023

Para que o Natal seja verdadeiro! (07/12) (IIDTAC)

Para que o Natal seja verdadeiro!

O Tempo do Advento, como a Igreja insiste, é tempo de vigilância ativa, oração, conversão, preparação para um Santo e iluminado Natal do Senhor.

Reflitamos sobre a afirmação do Bispo Santo Ambrósio (séc. IV):

“Com que laços se retêm o Cristo? Não é com laços da injustiça, nem com nós de corda, mas com os laços da caridade, com as rédeas do Espírito e pelo afeto da alma”

Reter Cristo não quer dizer aprisioná-Lo em nosso íntimo. Jamais seria proposto termos uma relação intimista com Deus, o que é muito diferente de uma autêntica intimidade com Deus que devemos permanentemente buscar.

O Tempo do Advento é a possibilidade de esvaziarmos nosso interior de tudo que ofusca a imagem de Deus em nós; eliminação de tudo que possa ocupar espaço na mente e no coração, para que o Senhor tenha uma acolhida e lugar digno em nós.

Reter é como sentir Sua presença, não exilá-Lo de nós. Abrir, decididamente a porta para que Ele venha e em nós faça morada. Ele está à porta e bate, como Ele mesmo disse depois de ter vindo na forma de uma Criança: “Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo” (Ap 3,21).

Já não esperamos mais a primeira vinda de Jesus, mas a segunda, enquanto vivemos a vinda intermediária.

Assim toda a prática de injustiça O afasta e aprisiona; fechamos qualquer possibilidade de um relacionamento sincero com Ele.

Seja para nós o Tempo do Advento um tempo favorável para:

- reforçarmos e multiplicarmos os laços de caridade, não apenas dando uma cesta (o que é maravilhoso para quem recebe tanto quanto para quem dá); mas também laços de caridade mais fraternos, verdadeiros, justos, sinceros;

- não restringir a caridade à oferta do material, ao tangível. Ela nos pede mais, como nos fala o Apóstolo Paulo na Carta aos Coríntios (1Cor 13);

- cuidarmos das “rédeas do Espírito”, que jamais nos aprisiona. Em Cristo, somos uma nova criatura; com Seu Espírito gozamos a verdadeira liberdade. Não há maior liberdade que se possa experimentar do que a liberdade que nos alcança o Espírito.

Conhecendo a Verdade que é Jesus, vivendo-a em fidelidade ao Pai, teremos a presença de Seu Espírito, e então saborearemos os deleites da alegria e liberdade que Ele nos traz, deste modo, o afeto da alma seja contemplado em cada pessoa que encontrarmos no Natal que se aproxima.

Seja para nós o Natal, não apenas a festa das comidas e trocas de presentes, mas a expressão de que, depois de esforços multiplicados, empenhos realizados, o coração devidamente preparado, nos tornamos mais fraternos.

Encontre nossa alma a paz tão desejada, que somente do Senhor pode vir, se O acolhermos no Natal, na caridade, liberdade e afeto. 

Retenhamo-Lo! Mas antes... Antes que seja tarde, comecemos a preparar um digno lugar para Ele.

Advento: vigiemos e oremos à espera do Senhor (02/12)


Advento: vigiemos e oremos à espera do Senhor

Como Igreja, iniciamos o Tempo do Advento, e nos prepararemos para a celebração do Natal do Senhor.

Serão quatro semanas de recolhimento, vigilância e oração, de modo que sejamos enriquecidos com esta oração universal atribuída ao Papa São Clemente XI (1649-1721).

“Meu Deus, eu creio em Vós, mas fortificai a minha fé;
espero em Vós, mas tornai mais confiante a minha esperança;
eu Vos amo, mas afervorai o meu amor;
arrependo-me de ter pecado, mas aumentai o meu arrependimento.

Eu Vos adoro como primeiro princípio,
eu Vos desejo como fim último;
eu Vos louvo como benfeitor perpétuo,
eu Vos invoco como benévolo defensor.

Que Vossa sabedoria me dirija,
Vossa justiça me contenha,
Vossa clemência me console,
Vosso poder me proteja.

Meu Deus, eu Vos ofereço
meus pensamentos, para que só pense em Vós;
minhas palavras, para que só fale em Vós;
minhas ações, para que sejam do Vosso agrado;
meus sofrimentos, para que sejam por Vosso amor.

Quero o que quiserdes,
porque o que quereis
como o quereis,
e enquanto o quereis.

Senhor, eu Vos peço:
iluminai minha inteligência,
inflamai minha vontade,
purificai meu coração
e santificai minha alma.

Dai-me chorar os pecados passados,
repelir as tentações futuras,
corrigir as más inclinações
e praticar as virtudes do meu estado.

Concedei-me ó Deus de bondade,
ardente amor por Vós e aversão por meus defeitos,
zelo pelo próximo e desapego do mundo.

Que eu me esforce para obedecer aos meus superiores,
auxiliar os que dependem de mim,
dedicar-me aos amigos e perdoar os inimigos.

Que eu vença a sensualidade pela austeridade,
a avareza pela generosidade,
a cólera pela mansidão e a tibieza pelo fervor.

Tornai-me prudente nas decisões,
corajoso nos perigos,
paciente nas adversidades
e humilde na prosperidade.

Fazei, Senhor, que eu seja atento na oração,
sóbrio nos alimentos,
diligente no trabalho
e firme nas resoluções.

Que eu procure possuir
pureza de coração e modéstia de costumes,
um procedimento exemplar e uma vida reta.

Que eu me aplique sempre em vencer a natureza,
colaborar com a graça,
guardar os Mandamentos
e merecer a salvação.

Aprenda de Vós como é pequeno o que é da terra,
como é grande o que é divino,
breve o que é desta vida
e duradouro o que é eterno.

Dai-me preparar-me para a morte,
temer o dia do juízo,
fugir do inferno
e alcançar o paraíso.
Por Cristo Nosso Senhor. Amém”.


Fonte: Missal Romano – pp.1250-1252

“Seja o Tempo do Advento...” (IDTAC) (30/11)


“Seja o Tempo do Advento...”

Deus não está no fim da procura humana,
mas sim no início. O homem é livre no seu ato de fé
e de partida à procura de Deus; mas a sua aventura não é
solitária, porque o próprio Deus o procura e o ama”. (1)

Seja o Advento o tempo desta procura, que é sempre um “novo início”, pois Deus é um Mistério tão grande, que uma vez encontrado, ainda falta tudo para encontrá-Lo, como nos disse Santo Agostinho.

Seja o Advento o tempo de reiniciarmos uma nova preparação, em todos os âmbitos, para bem celebrarmos o Nascimento do Menino Deus, de modo especialíssimo na manjedoura de nosso coração.

Seja o Advento o tempo da vigilância e oração, em que renovamos a graça de sentir a presença d’Aquele que veio, vem e virá, para caminhar conosco, pois é próprio de quem ama, sentir-se bem ao lado do amado.

Seja o Advento o tempo de sentir-se por Deus amado, por meio do Seu Amado Filho, o Verbo que fez morada, comunicando Sua Luz, vida e graça, derramando o amor em nós por meio do Espírito, como nos falou o Apóstolo Paulo.

Seja o Advento, portanto, tempo favorável do recolhimento em sincera e frutuosa oração, abandonando as obras das trevas e nos revestindo com as armas da luz, de modo especial na prática do essencial da fé cristã: o Mandamento do amor.

Seja o Advento o início permanente de nossa procura de Deus, Mistério profundo, imenso e intenso, de amor incansável pela humanidade, não por méritos que possuamos, mas porque Deus é bom e nos ama imerecidamente.


Lecionário Comentado – Vol. Advento/Natal - Editora Paulus – Lisboa - p.42

Em poucas palavras... (IDTAC) (30/11)

 


 

“A oração cristã...”

“A oração cristã é marcada pelo título de «Senhor», quer no convite à oração: «O Senhor esteja convosco», quer na conclusão da mesma: «Por nosso Senhor Jesus Cristo», quer ainda pelo grito cheio de confiança e de esperança: «Maranatha» («O Senhor vem!») ou «Maranatha» («Vem, Senhor!») (1 Cor 16, 22): «Amém, vem, Senhor Jesus!» (Ap 22, 20)” (1)

 

(1)       Catecismo da Igreja Católica – parágrafo n. 451

Que o nosso coração seja manso e humilde (IDTAB)(01/12)

Que o nosso coração seja manso e humilde

“Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim,
porque sou manso e humilde de coração,
e vós encontrareis descanso”
(Mt 11, 29)

Façamos uma breve súplica, à luz da passagem do Evangelho de Mateus (Mt 11, 28-30).

Senhor, que não vivamos a religião do rigorismo e do ritualismo vazio e estéril, sobretudo no que diz respeito às exigências morais.

Senhor, que, à luz do que nos ensinastes, renovemos sagrados compromissos convosco, que viestes ao mundo para trazer a libertação do jugo do pecado e da morte.

Senhor, fortalecei-nos, para que sejamos empenhados na prática de uma verdadeira religião, comprometidos com a libertação de todas as pessoas, de todos os pesos que as oprimem.

Senhor, que  vivamos um verdadeiro cristianismo, não fundamentado no autoritarismo e tão pouco na rigidez sem matizes de ternura, mas fixemos âncoras seguras na humildade e na mansidão de coração.

Senhor, cremos que tão somente assim, tendo a Vós como Pedra principal, Pedra angular, sobre a qual se edifica a Sua Igreja, seremos pedras vivas nesta construção.

Senhor, que em todo tempo e, de modo especial, no Tempo do Advento, nosso coração seja manso e humilde como é o Vosso,  e que isto transpareça em nosso pensar, falar, e agir, sem adiamentos e impensável omissão. 

Em poucas palavras... (IDTAC) (30/11)

 


“Vem, Senhor Jesus!”

“Na última ceia, o próprio Senhor chamou a atenção dos seus discípulos para a consumação da Páscoa no Reino de Deus: «Eu vos digo que não voltarei a beber deste fruto da videira, até o dia em que beberei convosco o vinho novo no Reino do meu Pai» (Mt 26, 29) (Lc 22,18; Mc 14,25).

Sempre que a Igreja celebra a Eucaristia, lembra-se desta promessa, e o seu olhar volta-se para «Aquele que vem» (Ap 1, 4). Na sua oração, ela clama pela sua vinda: «Maranatha» (1Cor 16, 22), «Vem, Senhor Jesus!» (Ap 22, 20), «que a Tua graça venha e que este mundo passe!» (Didaké 10, 6: SC 248, 180 (Funk, Patres apostolici 1, 24).).” (1)


(1) Catecismo da Igreja Católica - parágrafo n. 1403

 

Vigiar e esperar com alegria a chegada de Deus (IDTAB) (01/12)

 Vigiar e esperar com alegria a chegada de Deus

Anos passados, como Pároco da Paróquia Santo Antônio de Gopoúva - Diocese de Guarulhos-SP, tive a graça de celebrar a Renovação Batismal das crianças para o primeiro Encontro com Jesus na Eucaristia,  com ritual próprio, muito bem participado. Velas entregues pelos catequistas foram acesas, respostas cantadas para renovação do Batismo. Cantando, prometia-se fidelidade a Deus e à Sua Palavra, renovando-se as verdades que fundamentam a fé católica.

Tínhamos uma Igreja repleta: pais, mães, a Assembleia de costume e as crianças, como num cenário que vislumbrava o céu! 

Creio que o céu é o pulsar mais forte do coração de uma criança, energia transbordante, amor puro reinante, pureza exuberante…

Tudo isto diante da Trindade Santa, ao lado da Mãe querida e de todos os Santos e Santas de Deus - todos aqueles que nos antecederam e lavaram suas vestes no Sangue do Cordeiro!

Estávamos iniciando o Tempo do Advento que consiste no tempo da alegre espera d'Aquele que veio, vem e virá.

À luz do Profeta Isaías (Is 63-16-17.19 - 64,2-7), vimos que sem Deus nada somos, nada podemos. Sem Ele mergulhamos em nossa imundície, somos como um pano sujo, folhas murchas. Tão fragilizados ficamos que as maldades se multiplicam e somos levados pelos “ventos”. O segredo está em nos deixarmos modelar por Deus, como barro nas mãos do oleiro. Deixar Deus moldar nossos pensamentos, atitudes, sentimentos… Deus está sempre disposto e pronto a nos recriar. Um dia Ele nos criou, o pecado desfez o Seu projeto, mas incansavelmente Ele nos recria, nos refaz…

À luz da Carta de Paulo (1Cor 1,3-9), vimos em que  consiste a vida de uma pessoa com Deus. Quando uma comunidade se torna sinal da Trindade nada lhe falta; torna-se rica da Palavra e do conhecimento e também não lhe falta nenhum dom. Quem tem Deus tem tudo: graça e paz, ou seja, amor, ternura, bondade, força, todos os bens, alegria, vida…

Na passagem do Evangelho (ano B), Jesus nos convidava à vigilância (Mc 13,33-37); e esta consiste em viver uma vida com Deus.

No momento da Homilia, chamei uma das crianças, a Bianca, que carregava a vela na mão. Coincidentemente estava com uma blusa de leve tom róseo combinando com a cor litúrgica do Tempo do Advento. Rosto angelical como deve ter toda criança. Pedi que levantasse um bracinho apontando para o infinito, simbolizando a primeira vinda de Jesus; o outro bracinho, mãozinhas abertas, dedinhos estendidos apontavam para o outro extremo do infinito: a vinda gloriosa do Senhor.

Aquela criança representava todos nós, que contemplamos a vinda intermediária e a fazemos acontecer, quando acolhemos o Senhor na criança, no enfermo, no aflito, no faminto, no sedento, no encarcerado; quando multiplicamos gestos de amor e carinho em favor do outro; quando partilhamos tudo o que temos e o que somos, tão apenas por Amor e pelo Amor…

Reflitamos sobre o que fazer para prepararmos o verdadeiro Natal do Senhor:

- A minha vida tem sido marcada por atitudes de vigilância na espera do Senhor que vem?
- Tenho deixado Deus modelar minha vida, meus pensamentos, meus sentimentos?

- Coloco-me como barro na mão do oleiro, procurando o sopro do Espírito, o sopro de vida?
-  Há atitudes que devo rever, reorientar, redimensionar em minha vida?

-  Sinto a presença de Deus em minha vida? Quando O sinto ausente (na verdade por que me fiz ausente de Sua presença, uma vez que Ele nunca de nós Se faz ausente e distante) como, onde O busco?
-  Sinto-me como pano sujo, folha murcha levada ao vento pelas maldades que eventualmente possa estar fazendo? O que me fragiliza?

-  Como acolho a graça e a paz de Deus em minha vida?
-  Sinto-me pleno, enriquecido de todos os dons, ou ainda reclamo de Deus?

-  Enriqueço minha vida pela escuta, acolhida, meditação e vivência da Palavra, empenhando-me para realizar a vontade de Deus?

A vinda intermediária do Senhor está nos convocando. Preparemos a Sua chegada gloriosa. Não percamos tempo nem mergulhemos em sonolências espirituais, que nos impediriam de estar despertos para a Sua chegada. Não durmamos na fé, não esfriemos na caridade e tão pouco esmoreçamos na esperança de tempos novos que o Advento anuncia.

“A voz do anjo sussurrou no meu ouvido. Eu não duvido, já escuto os teus sinais Que tu virias numa manhã de domingo. Eu te anuncio nos sinos das catedrais…” (Alceu Valença).

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