quinta-feira, 30 de novembro de 2023

Vigiar e Orar

                                                        


Vigiar e Orar

Tempo de vigiar e orar, tempo de a fé viver,
para solidificar a esperança na vivência de uma
autêntica caridade para com o próximo.

Na quinta-feira da 34ª Semana do Tempo Comum, a Liturgia nos apresenta a passagem do Evangelho de Lucas (Lc 21,20-28).

Trata-se de um convite que o Senhor nos faz para que preparemos Sua vinda gloriosa, tornando, assim, nossa vida mais luminosa e alegre; portanto, uma mensagem de alegria, confiança, esperança e compromisso na acolhida do Filho do Homem, Jesus, que faz acontecer o Projeto de um mundo novo.

Retrata os últimos dias da vida terrena de Jesus e a iminente destruição de Jerusalém (anos 70 D.C.), como de fato aconteceu.

Jesus anuncia uma Palavra de ânimo, “é preciso levantar a cabeça porque a libertação está próxima” (Lc 21,28). 

A comunidade não pode se amedrontar, mas deve abrir o coração à esperança, em atitude de vigilância e confiança.

A salvação não pode ser esperada de braços cruzados. Ela nos é oferecida como dom: Jesus vem, mas é preciso reconhecê-Lo nos sinais da história, no rosto dos irmãos, nos apelos dos que sofrem e buscam a libertação.

É preciso deixar que Ele transforme nossa mente e o coração para que Ele apareça em nossos gestos e palavras, em toda a nossa vida.

Celebramos a esperança de um mundo novo que há de vir e que depende de nosso testemunho: o Reino vem e acontece como realidade escatológica, ou seja, não será uma realidade plena neste tempo em que vivemos. Será plenitude somente depois que Cristo destruir definitivamente o mal que nos rouba a liberdade e ainda nos faz escravos.

Trabalhamos e nos empenhamos pelo Reino, que é já e ainda não, pois ainda que muitas coisas tenhamos feito e o mundo tornado melhor, ainda não será o “tudo melhor” que Deus tem reservado para nós. 

O Reino de Deus é uma realidade inesgotável, imensurável e indescritível, e o vemos em sinais.

Por ora, é preciso vigiar e orar, numa esperança que nos leve a viver uma caridade ativa tornando fecunda a nossa fé, ajudando o próximo a se reerguer de novo.

O tempo é breve: Sabedoria em nossas escolhas

                                                       


O tempo é breve: Sabedoria em nossas escolhas 

A passagem do Evangelho da quinta-feira da 34ª Semana do Tempo Comum (Lc 21, 20-28) nos fala do fim dos tempos, e Jesus alerta: “Jerusalém será pisada pelos infiéis, até que o tempo dos pagãos se complete.”. 

No Comentário do Missal Quotidiano lemos:

“Salvação ou condenação, ruína ou libertação, felicidade ou desespero – a escolha faz-se agora, no tempo, com toda a nossa vida”

Lucas nos apresenta um discurso escatológico de Jesus, ou seja, sobre o fim dos tempos e a Sua volta para o julgamento final de todos.

Há implícita uma verdade que nos ilumina: se O procuramos como nosso amigo e Senhor, de fato o encontraremos com alegria e confiança.

De outro lado, se O ignoramos, descuramos, desprezamos em Sua Pessoa ou presença nos irmãos, nosso encontro com Ele será de medo e de dor.

Em cada instante estamos fazendo escolhas, tomando decisões, dando um matiz Pascal ou não a nossa vida. E, dependendo destas, encaminhamos nossa existência para o desabrochar na plenitude do Amor de Deus ou para o mergulho na escuridão eterna, onde haverá “choro e ranger de dentes”, como já nos alertara O Senhor.

Que Deus ilumine nossos pensamentos, palavras e ações, e nos conceda a sabedoria para fazermos escolhas corretas, determinando todo o nosso existir.

Oportunas são as palavras do Apóstolo Paulo (Rm 4,18): Temos que aprender como Abraão, o Pai da fé: “Ele, esperando contra toda a esperança, creu e tornou-se assim pai de muitos povos, conforme lhe fora dito: ‘Tal será tua descendência”.

Ainda peregrinos que somos, esperemos o Senhor que vem gloriosamente, e que já conosco caminha, sem vacilar na fé, firmando nossos passos. 

Esperamos Sua vinda, solidificando nossa esperança, com a eterna chama viva da caridade que se plenifica na eternidade, confiantes de que um dia O encontraremos e O contemplaremos face a face.


(1) Missal Cotidiano - pág. 1547.       

Que caia a “Babilônia”, venha a “Jerusalém Celeste!”

                                                

Que caia a “Babilônia”, venha a “Jerusalém Celeste!”

A passagem do Livro do Apocalipse (Ap 18, 1-23) descreve a queda de Nínive e da Babilônia. Estas quedas foram celebradas como o fim de impérios prepotentes, cuja ação nefasta foi causa de sofrimento e morte para muitos povos.

A Babilônia representa as forças do mal, muito embora já não existisse mais na época em que o Apocalipse foi escrito, esse nome, no entanto, continuava extremamente mal afamado para os judeus do Antigo Testamento e os cristãos, porque Babilônia evocava no passado, a grande dominadora e destruidora do povo de Deus.

Assim como Nínive, Babilônia é uma cidade desumana, cruel, onde se pratica o homicídio, se mata, onde se trafica drogas, onde não se vive em segurança, onde uns pretendem devorar os outros, onde poucos estão sufocados no luxo e no dinheiro, enquanto uma multidão vive em condição de escravidão, numa vida próxima da bestialidade.

Assim são as cores com que o autor de Apocalipse pinta a cidade da Babilônia e as “Babilônias” de todos os tempos. Mas o autor também diz que esta realidade, esta cidade, tem os seus dias contados. O Cordeiro vitorioso, Cristo Jesus, com Sua vida doada, anuncia e inaugura o Reino de Deus.

A partir de Sua Ressurreição, podemos nos comprometer e nos empenhar no Seu testemunho e na Sua Palavra, em corajosa fidelidade, perseverança até o fim, para que construamos a Jerusalém Celeste.

Há que se esperar e buscar um novo céu e uma nova terra, crendo n’Aquele que faz novas todas as coisas: “O que está sentado no trono declarou então: Eis que faço novas todas as coisas” (Ap 21,5). 

A história, em resumo, pode ser um reerguimento da Babilônia que caiu, cantado e proclamado pelo autor de Apocalipse, ou compromisso incondicional com a Jerusalém Celeste.

Babilônia revigorada, reerguida ou Jerusalém Celeste acolhida, construída, na fidelidade ao Cordeiro Vencedor. 

A perpetuação de cidades que matam ou a humanização das mesmas para que seja espaço da vida, da acolhida, da fraternidade, da dignidade… Lamentavelmente muitas cidades ainda são reproduções, em alguma medida, da Babilônia que caiu, mas teima em ficar de pé. 

Urge compromissos inadiáveis pela construção de uma cidade mais humana, mais morada de Deus.

Urge compromissos com a Cidade de Deus, a Jerusalém Celeste, em que nunca mais haverá morte, nem luto, nem clamor, e nem dor haverá mais porque as coisas antigas passaram (Ap 21,14). 

A fé cristã é o cultivar do sonho, a esperança e compromisso com esta nova realidade como disse o apóstolo Pedro (2 Pd 3,13) – “O que nós esperamos, conforme Suas promessas são novos céus e nova terra, onde habitará a justiça”.

Diante de tudo isso, vem o questionamento: curvo-me diante da Babilônia ou assumo compromissos irrevogáveis, sinceros e corajosos com a Jerusalém Celeste?

O novo céu e a nova terra vêm como iniciativa de Deus e resposta nossa, porque assim Deus quis. Não vêm por decretos impostos e verticalizados, mas por iniciativas e propostas horizontais de comunhão e participação na construção da necessária fraternidade.

PS: Na quinta-feira da 34ª semana do Tempo Comum, ouvimos a passagem do Livro do Apocalipse (Ap 18,1-2.21-23;19,1-3.9a

A graça de anunciar a Palavra do Senhor

                                      

A graça de anunciar a Palavra do Senhor

 “Irmãos, se, pois com tua boca confessares Jesus como Senhor e,
no teu coração, creres que Deus O ressuscitou dos mortos,
serás salvo” (Rm 10,9)

Na Festa do Apóstolo Santo André, ouvimos a passagem da Carta de Paulo aos Romanos (Rm 10,9-18), na qual o Apóstolo nos fala da fé que vem da pregação, e esta, por sua vez, é feita pela Palavra de Cristo.

Vejamos o que nos diz o Lecionário Comentado:

“A fé tem a sua sede no coração e manifesta-se na profissão proferida com a boca (Rm 10,9-10)... A fé é uma resposta à manifestação da fidelidade de Deus: é dar crédito a Deus e abandonar-se completamente a Ele.

A profissão de fé com os lábios é um testemunho público, cheio de gratidão, tributado ao Senhor, para que Ee seja conhecido por todos. Mas a fé acontece, sobretudo, no coração, que é o centro profundo pelo qual toda a nossa existência é orientada: esse centro é composto pelas nossas convicções, pelos nossos desejos e exprime-se nas nossas decisões.

Confiar a Deus a própria vida significa viver segundo a Sua Palavra: professar que ‘Jesus é o Senhor’, significa viver sob o Seu influxo. Nisto consiste a justificação, a ‘salvação’ que é oferecida a todos’”.

Oremos:

Senhor Jesus, fortalecei nossa fé, que tem a sua sede em nosso coração, para ser manifestada na profissão proferida com a nossa boca, acompanhado de obras, revelando sua autenticidade e fecundidade.

Senhor Jesus, seja a nossa fé uma resposta à manifestação da fidelidade ao Vosso Pai de amor, dando a Ele toda a nossa vida e n’Ele depositando toda a nossa confiança, abandonando-nos em Suas mãos, completamente.

Senhor Jesus, ajudai-nos para que a profissão de fé, que fazemos com nossos lábios, seja um testemunho público, cheio de gratidão, tributado a Vós, no amor ao Pai e em comunhão com Vosso Espírito, a fim de que seja por todos conhecido.

Senhor Jesus, que nossa fé seja expressão de nossa vida toda por Vós voltada e configurada, iluminando e solidificando nossas convicções, pelos nossos desejos expressos em nossas decisões, pautadas sempre por Vossa Divina Palavra.

Senhor Jesus, aprendamos como Vós a confiar em Deus, vivendo a vida segundo Vossos Ensinamentos e Mandamentos, professando que sois o Senhor de nossa vida, de Vós mesmos sentimentos e pensamentos tenhamos, a caminho da salvação. Amém.

Lecionário Comentado – Editora Paulus – 2011 – Vol. Quaresma/Páscoa – pp.63-64 - passagem da Leitura - Rm 10,9-18

Aprendendo com André e Pedro... (I)

                                

Aprendendo com André e Pedro...

A Igreja celebra, no dia 30 de novembro, a Festa do Apóstolo Santo André, nascido em Betsaida, sendo primeiramente discípulo de João Batista, depois seguiu a Cristo, e O conhecendo O levou à presença de Pedro.

Sejamos enriquecidos com esta Homilia do Bispo São João Crisóstomo (séc. IV):

“André, tendo permanecido com Jesus e aprendido com ele muitas coisas, não escondeu o tesouro só para si, mas correu depressa à procura de seu irmão, para fazê-lo participar da sua descoberta.

Repara o que lhe disse: Encontramos o Messias (que quer dizer Cristo) (Jo 1,41). Vede como logo revela o que aprendera em pouco tempo! Demonstra assim o valor do Mestre que o persuadira, bem como a aplicação e o zelo daqueles que, desde o princípio, já estavam atentos. 

Esta expressão, com efeito, é de quem deseja intensamente a Sua vinda, espera Aquele que deveria vir do céu, exulta de alegria quando Ele Se manifestou, e se apressa em comunicar aos outros a grande notícia.

Repara também a docilidade e a prontidão de espírito de Pedro. Acorre imediatamente. E conduziu-o a Jesus (Jo 1,42), afirma o Evangelho. Mas ninguém condene a facilidade com que, não sem muita reflexão, aceitou a notícia. É provável que o irmão lhe tenha falado pormenorizadamente mais coisas.

Na verdade, os evangelistas sempre narram muitas coisas resumidamente, por razões de brevidade. Aliás, não afirma que acreditou logo, mas: E conduziu-o a Jesus (Jo 1,42), e a Ele o confiou para que aprendesse com Jesus todas as coisas. Estava ali, também, outro discípulo que viera com os mesmos sentimentos.

Se João Batista, quando afirma: Eis o Cordeiro e batiza no Espírito Santo (cf. Jo 1,29-33), deixou mais clara, sobre esta questão, a doutrina que seria dada pelo Cristo, muito mais fez André.

Pois, não se julgando capaz de explicar tudo, conduziu o irmão à própria fonte da luz, tão contente e pressuroso, que não duvidou sequer um momento.”

André também apresentou Cristo aos pagãos, e na multiplicação dos pães apresentou o rapaz que tinha consigo alguns pães e peixes.

Logo após Pentecostes, pregou o Evangelho em muitas regiões tendo sido crucificado na Acaia.

Celebrando a Festa do Apóstolo Santo André, sejamos revigorados na missão que o Senhor nos confiou de ir pelo mundo e anunciar o Seu Evangelho com renovado zelo, amor e ardor.

Aprendendo com André e Pedro... (II)

                                                                                               

Aprendendo com André e Pedro... 

Aprendamos com André que, tendo encontrado o Senhor, conduzir muitos até Ele, não apenas pelo falar sobre Ele, mas revelando ao outro, pela vida, o quanto o nosso encontro com Ele nos transformou.

Encontrando-se verdadeiramente com o Senhor é impossível retê-Lo, ocultá-Lo, esquecê-Lo. Nunca mais a vida de quem O encontrou será a mesma. 

Feliz quem O encontrou e sabe levar o outro à mesma experiência e encontro transformador.

Haveremos de aprender com André a ouvir o que o Senhor tem a nos dizer, para poder falar “pormenorizadamente” tudo que Ele comunicou ao mais profundo de nosso íntimo, de nossas entranhas, de nosso coração, e não apenas aos nossos ouvidos. 

Aprender com André a fazer o encontro da intimidade, amizade e configuração com Jesus, como aconteceu naquele dia.

Com ele, aprendemos a anunciar, a testemunhar, a doar a vida com coragem e fidelidade até o fim.

Aprendemos amar a Igreja (Corpo) por amor a Cristo (cabeça), completando na carne o que falta à Paixão de Cristo por amor à Sua Igreja, como afirmou o Apóstolo Paulo (Cl 1,24).

Também nos ensina a docilidade e a prontidão, para anunciar a Palavra do Senhor, sem superficialidade, mas na abertura e entrega, ainda que lenta, mas para sempre, porque profunda, porque lhe permitiu a entrada e morada em si para sempre.

Haveremos de aprender com André o consumir-se de amor por Jesus, pois somente assim nossa vida se tornará refulgente da mais bela luz, que tem sua origem na Divina Fonte de luz. Haveremos de aprender, haveremos de viver como viveu. 

Também nós, a exemplo de André, Pedro e os Apóstolos, o mesmo testemunho ao mundo podemos dar.

Que nossa fé seja a mais perfeita configuração a Cristo Rei e Senhor do Universo, para que Seu Reino, de fato, seja Eterno e Universal, o Reino da verdade, da santidade, da graça, do amor, da paz... E, quanto mais digamos acerca do Reino do Senhor, ainda nada o dissemos.

Haveremos de aprender com eles a não economizarmos esforços, numa vigilância de caridade ativa até que Ele venha. Esta é a nossa esperança, acompanhada da mais frutuosa e germinadora fé. Amém.

“Segui-me”

                                                 

“Segui-me”

Celebramos dia 30 de novembro, a Festa de Santo André, e, na Liturgia, ouvimos a proclamação a passagem do Evangelho em que André estava com seu irmão Simão, quando foi visto por Jesus, que caminhava à beira do mar da Galileia, quando os chamou para O seguirem: “Segui-me, e Eu farei de vós pescadores de homens”.  Imediatamente deixaram suas redes e O seguiram (Mt 4, 18-22).

André, como o próprio Pedro, nos ensina a estarmos sempre atentos à presença de Jesus, que Se aproxima de nós e nos chama para o serviço do Reino.

Ontem, a André Jesus falou - “Segui-me...”; hoje também o Senhor nos chama para segui-Lo, como alegres e convictos discípulos missionários Seus.

Seu chamado se dá em meio aos apelos que alcançam nossos ouvidos, ou são captados pelo nosso olhar, pela nossa sensibilidade aos sofrimentos e dores que constituem a tecida rede da vida, que, com ousadia e coragem, reluta contra os sinais de morte (corrupção, violência, degradação da vida, destruição incomum do meio ambiente...).

O mesmo chamado, ouvimos ao compartilhar na superação das necessidades básicas do existir não satisfeitas, na realidade da miséria, fome, abandono, refugiados em busca de vida e liberdade.

Jesus nos chama em meio à realidade da frieza e relativização do pecado e banalização da morte, na falta de fé, no desconhecimento de Deus ou mesmo na negação ou indiferença a Ele.

Chama-nos para segui-Lo e sermos sinal de Sua presença, comunicando a Sua Palavra, irradiando Sua Divina Luz aos que mergulharam no vale da falta de sentido de vida, na violência, enfim, em tudo o que exige de nós uma resposta de amor.

Para que tudo isto se torne possível, é preciso que deixemos tudo o que estamos fazendo, para sermos uma resposta viva de Deus a todos esses apelos, sinal também de Sua infinita misericórdia, em favor de todos, sem exceção.

Aprendamos com André, Pedro e todos aqueles que não tiveram medo de dizer sim ao chamado do Divino Mestre da Misericórdia.

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