Que caia a “Babilônia”, venha a “Jerusalém Celeste!”
A passagem do Livro do Apocalipse (Ap 18, 1-23) descreve a queda de Nínive e da Babilônia. Estas quedas foram celebradas como o fim de impérios prepotentes, cuja ação nefasta foi causa de sofrimento e morte para muitos povos.
A Babilônia representa as forças do mal, muito embora já não existisse mais na época em que o Apocalipse foi escrito, esse nome, no entanto, continuava extremamente mal afamado para os judeus do Antigo Testamento e os cristãos, porque Babilônia evocava no passado, a grande dominadora e destruidora do povo de Deus.
Assim como Nínive, Babilônia é uma cidade desumana, cruel, onde se pratica o homicídio, se mata, onde se trafica drogas, onde não se vive em segurança, onde uns pretendem devorar os outros, onde poucos estão sufocados no luxo e no dinheiro, enquanto uma multidão vive em condição de escravidão, numa vida próxima da bestialidade.
Assim são as cores com que o autor de Apocalipse pinta a cidade da Babilônia e as “Babilônias” de todos os tempos. Mas o autor também diz que esta realidade, esta cidade, tem os seus dias contados. O Cordeiro vitorioso, Cristo Jesus, com Sua vida doada, anuncia e inaugura o Reino de Deus.
A partir de Sua Ressurreição, podemos nos comprometer e nos empenhar no Seu testemunho e na Sua Palavra, em corajosa fidelidade, perseverança até o fim, para que construamos a Jerusalém Celeste.
Há que se esperar e buscar um novo céu e uma nova terra, crendo n’Aquele que faz novas todas as coisas: “O que está sentado no trono declarou então: Eis que faço novas todas as coisas” (Ap 21,5).
A história, em resumo, pode ser um reerguimento da Babilônia que caiu, cantado e proclamado pelo autor de Apocalipse, ou compromisso incondicional com a Jerusalém Celeste.
Babilônia revigorada, reerguida ou Jerusalém Celeste acolhida, construída, na fidelidade ao Cordeiro Vencedor.
A perpetuação de cidades que matam ou a humanização das mesmas para que seja espaço da vida, da acolhida, da fraternidade, da dignidade… Lamentavelmente muitas cidades ainda são reproduções, em alguma medida, da Babilônia que caiu, mas teima em ficar de pé.
Urge compromissos inadiáveis pela construção de uma cidade mais humana, mais morada de Deus.
Urge compromissos com a Cidade de Deus, a Jerusalém Celeste, em que nunca mais haverá morte, nem luto, nem clamor, e nem dor haverá mais porque as coisas antigas passaram (Ap 21,14).
A fé cristã é o cultivar do sonho, a esperança e compromisso com esta nova realidade como disse o apóstolo Pedro (2 Pd 3,13) – “O que nós esperamos, conforme Suas promessas são novos céus e nova terra, onde habitará a justiça”.
Diante de tudo isso, vem o questionamento: curvo-me diante da Babilônia ou assumo compromissos irrevogáveis, sinceros e corajosos com a Jerusalém Celeste?
O novo céu e a nova terra vêm como iniciativa de Deus e resposta nossa, porque assim Deus quis. Não vêm por decretos impostos e verticalizados, mas por iniciativas e propostas horizontais de comunhão e participação na construção da necessária fraternidade.
PS: Na quinta-feira da 34ª semana do Tempo Comum, ouvimos a passagem do Livro do Apocalipse (Ap 18,1-2.21-23;19,1-3.9a