Em Jesus, Céu e terra se encontram...
“Cá embaixo e lá em cima,
encontram-se na Cruz, não por
uma explosão, mas por um abraço”
A Liturgia da terça-feira da quinta semana da Quaresma nos apresenta como leituras: Nm 21,4-9; Sl 101,2-3.16,21 e Jo 8,21-30.
A passagem do Livro dos Números, que retrata a caminhada de Israel no deserto, momentos marcados pela desconfiança e descontentamento da parte do povo para com Deus:
“Diz-se que, para Deus, foi mais fácil fazer sair Israel do Egito, do que o Egito do coração de Israel. Quando desaparece do horizonte a meta da liberdade, então surge a saudade da escravidão; quando já não se pensa nos grandes ideais que estão em frente, então chora-se os pequenos prazeres do passado; quando não se é capaz de perceber os sinais da bondade de Deus, então murmura-se contra tudo e contra todos. Deus detesta isto e castiga o Seu Povo, mas embora castigando Ele usa de misericórdia e nunca deixa fechadas as portas da esperança. “ (1)
O Salmo renova, no coração daquele que crê, a confiança em Deus, sobretudo a partir da Morte do Filho na Cruz, pois através d’Ele, Deus Se aproximou definitivamente de todos os que a Ele recorrerem com confiança: vive para sempre Aquele que passou pela Morte e intercede junto do Pai em nosso favor.
A passagem do Evangelho retrata a rejeição dos judeus para com Jesus, que Se apresenta como Aquele que vem trazer a salvação, a redenção dos pecados: “Se não acreditardes que “eu sou’, morrereis nos vossos pecados (Jo 8,24).
Não acolher Jesus como Salvador é desprezar a possibilidade de ser elevado aos céus, é ser devorado pela força gravitacional do pecado que leva inexoravelmente à morte.
O Bispo Santo Ambrósio já dizia a respeito de Jesus: “Ille in terris, ut tu in stellis”: Ele que traz o Céu à terra e eleva a terra ao Céu. Nisto consiste o Mistério Pascal: o Céu e a Terra se tocam.
“Suspenso da Cruz, elevado da terra, o Filho de Deus atrai tudo a Si. O aniquilamento coincide com Sua exaltação, a Sua Morte ignominiosa com a Sua glorificação. Já não é a serpente de bronze que dá a cura, mas é o Crucificado que dá a vida a todos os que se dirigem a Ele com fé. Cá embaixo e lá em cima, encontram-se na Cruz, não por uma explosão, mas por um abraço”. (2)
Vivamos intensamente os dias Quaresmais que nos separam do Tríduo Pascal como Tempo de graça e reconciliação.
Tempo de não nos deixarmos sucumbir pela lei gravitacional do pecado, mas abertos à Misericórdia Divina, reconciliando-nos com Deus e com nossos irmãos, sejamos envolvidos pela ternura divina, como novas criaturas.
Empenhemo-nos para “tirar o Egito” de dentro de nosso coração, sem saudades do passado, em rompimento com o pecado, para que acorramos para uma nova realidade que Deus tem para nós.
Ponhamo-nos sempre a caminho do encontro definitivo com Deus, que passa necessariamente pela fé no Senhor, que por nós na Cruz morreu, mas o Pai O Ressuscitou, enviando-nos o Espírito Santo para nos assistir, até que O contemplemos face a face.
Ponhamo-nos sempre a caminho do encontro definitivo com Deus, que passa necessariamente pela fé no Senhor, que por nós na Cruz morreu, mas o Pai O Ressuscitou, enviando-nos o Espírito Santo para nos assistir, até que O contemplemos face a face.
(1) Leccionário Comentado - Quaresma/Páscoa - pág. 238.
(2) Idem - pág. 241.
Nenhum comentário:
Postar um comentário