quinta-feira, 26 de setembro de 2024

“Tudo é vaidade”

                                                

 “Tudo é vaidade”

“Vaidade das vaidades, diz o Eclesiastes, vaidade das vaidades! Tudo é vaidade” (Ecl 1,2)

Reflexão à luz à luz da passagem do Livro do Eclesiastes (Ecl 1,2-11) sobre o tema da vaidade.

O autor do Livro, por seu caráter sapiencial, convida-nos a rever nosso modo de pensar e conduta, questionando nossas falsas seguranças e saberes:

“Não é um Livro onde se vão procurar respostas, mas onde se denuncia o fracasso da sabedoria tradicional e onde ecoa o grito de angústia de uma humanidade ferida e perdida, que não compreende a razão de viver”. (1)

A mensagem é explícita: somente Deus dá sentido à nossa existência. A vida somente pelos bens materiais conduz à falência, quem vive por si e para si não encontra saída e sentido para sua vida.

Deste modo, ninguém deve se deixar levar pelas paixões e ilusões perniciosas, porque é vá tanta atividade febril, pois tudo se move, tudo passa, tudo flui sobre a face imóvel da terra, uma vã agitação, sem finalidade, que a nada leva, ou seja, um movimento pendular que recomeça continuamente. (1)

É preciso colher com simplicidade e medida os bens que a vida oferece, de modo que precisamos aprender a nos contentar com o justo meio termo, sem que corramos inutilmente a procura de uma felicidade inatingível. (2)

É preciso o humilde reconhecimento de nossa impotência diante da onipotência divina, que se manifesta como misericórdia, amor, bondade, alegria, vida e paz.

Não podemos colocar a nossa esperança em coisas falíveis e passageiras: “A nossa caminhada nesta terra está, na verdade, cheia de limitações, de desilusões, de imperfeições; mas nós sabemos que esta vida caminha para a sua realização plena, para a vida eterna: só aí encontraremos o sentido pleno do nosso ser e da nossa existência”. (3)

Somente assim compreenderemos a Páscoa de Cristo: “Jesus foi ao fundo da vaidade do homem para nos abrir à esperança de Deus. Celebrando a Eucaristia, celebramos a liberdade trazida por Deus à humanidade, não obstante os determinismos e ‘necessidades’ do mundo, abrindo-a à vida sem fim” (4).

Oremos:

Livrai-nos Senhor de toda a vaidade, a fim de não enveredarmos por caminhos que nos distancie de vós, a fim de que não corramos inutilmente atrás de enganos, absurdos, cujo preço é o tédio e o desencontro conosco mesmos.

Fortalecei nossos passos no seguimento dos vossos, despidos de toda ambição desmedida, vivendo na simplicidade e humildade, tendo tão somente Vós como nossa maior riqueza, e assim revigorados na missão de discípulos missionários, como Igreja, a serviço do Reino, sob a ação e assistência de Vosso Espírito. Amém…




(1) (2) cf. Missal Cotidiano – Editora Paulus – p. 1308-1309
(3) (4) cf. www.dehonianos.org.br 

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG