sábado, 28 de setembro de 2024

Compromissos com um novo amanhecer


Compromissos com um novo amanhecer

O Missal Dominical nos apresenta uma reflexão pertinente para o momento que vivemos, e que não nos permite indiferença.

Enriqueçamo-nos mutuamente, repensando o presente, revendo o passado e buscando novos caminhos, para que tenhamos um futuro com melhores expectativas.

“A salvação, hoje

O homem moderno parece realmente convencido de ser o dono do seu destino. Hoje há um novo modo de se pôr e viver o problema da salvação. Ao homem de hoje se oferece uma nova esperança terrena.

A visão do homem passa de teocêntrica a geocêntrica e antropocêntrica: operou-se um radical deslocamento de interesses, uma autêntica revolução copernicana no universo espiritual do homem.

Não se considera mais um peregrino que percorre apressadamente o vale de lágrimas deste mundo, todo voltado para a terra prometida da eternidade. Torna-se cada vez mais sedentário; substituiu a tenda movediça pela sólida casa de pedra. As únicas fronteiras que conhece são as terrestres e temporais. Uma esperança humana e terrena tomou o lugar da esperança teologal.

Uma nova missão e uma nova ação dão um sentido novo à sua vida: o da conquista gradual e irreversível do mundo. A fidelidade a terra e a preocupação com a construção da cidade terrena sobrepujaram as esperanças e preocupações escatológicas.

Uma nova confiança no homem é a base desta luta gigantesca. O homem não espera mais a salvação de fora, mas a constrói com suas próprias mãos.

Ambiguidade e desequilíbrio do nosso mundo

Mas talvez o homem esteja percebendo que foi apressado demais ao proclamar sua completa autonomia e ao pregar a morte de Deus, considerando-o supérfluo. A embriaguez do progresso tornou-o, por pouco tempo, cego diante dos permanentes desequilíbrios que existem no mundo e dos fenômenos novos, que, por sua própria novidade, preocupam.

O mundo se apresenta ainda cheio de problemas não resolvidos. Solucionados alguns, permanecem outros cuja solução parece distante ou certamente impossível, enquanto surgem sempre novos problemas, criados pelo próprio progresso, pela ciência e pela técnica.

Aliás, a ciência e a atividade técnica, embora buscando a salvação do homem, são apenas um dos modos de se dispor a ela, ou melhor, apresentam somente o aspecto mais primitivo, mais rudimentar e superficial da solução dos problemas humanos; restam outros problemas sobre os quais a técnica e a ciência positiva nada ou pouco têm a dizer.

Além disso, o homem percebeu às próprias custas, infelizmente, que o progresso técnico é fundamentalmente ambíguo, isto é, aberto tanto ao bem como ao mal, à salvação como à perdição do homem.

A dura experiência de duas guerras mundiais, os campos de concentração, as terríveis devastações da primeira bomba atômica, o desequilíbrio produzido na ecologia, a poluição atmosférica, as obscuras e apocalípticas visões dos futurólogos, lhes propõem novamente o problema de uma ‘salvação’ de dimensões mais vastas e profundas”.

Vivendo em contexto de mudança de época, é tempo favorável de repensarmos nossa conduta, e o modo como estamos semeando as esperanças do futuro no tempo presente.

A reflexão do Missal é um convite a repensarmos que, se quisermos um novo amanhecer pleno de vida para a humanidade, isto somente será possível, se tivermos abertura e coragem de rever os erros cometidos, redirecionar nossos passos, e reencontrar em Deus o sentido da própria História.

Construindo uma história sem Deus, o mundo e a humanidade caminharão, sem perspectivas, para o vazio e à escuridão, e como bem disse o Papa Francisco, sem amor e sem Deus nenhum homem pode viver sobre a terra” (2).



(1)         Missal Cotidiano, Editora Paulus, 1995 - pp.662-663
Encontro do Papa Francisco com os jovens e suas famílias, na praça da Cultura de Lasi (Romênia), no dia 1º de junho de 2019,

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG