Compromissos com um novo
amanhecer
O
Missal Dominical nos apresenta uma reflexão pertinente para o
momento que vivemos, e que não nos permite indiferença.
Enriqueçamo-nos
mutuamente, repensando o presente, revendo o passado e buscando novos caminhos,
para que tenhamos um futuro com melhores expectativas.
“A
salvação, hoje
O
homem moderno parece realmente convencido de ser o dono do seu destino. Hoje há
um novo modo de se pôr e viver o problema da salvação. Ao homem de hoje se
oferece uma nova esperança terrena.
A
visão do homem passa de teocêntrica a geocêntrica e antropocêntrica: operou-se
um radical deslocamento de interesses, uma autêntica revolução copernicana no
universo espiritual do homem.
Não
se considera mais um peregrino que percorre apressadamente o vale de lágrimas
deste mundo, todo voltado para a terra prometida da eternidade. Torna-se cada
vez mais sedentário; substituiu a tenda movediça pela sólida casa de pedra. As
únicas fronteiras que conhece são as terrestres e temporais. Uma esperança
humana e terrena tomou o lugar da esperança teologal.
Uma
nova missão e uma nova ação dão um sentido novo à sua vida: o da conquista
gradual e irreversível do mundo. A fidelidade a terra e a preocupação com a
construção da cidade terrena sobrepujaram as esperanças e preocupações
escatológicas.
Uma
nova confiança no homem é a base desta luta gigantesca. O homem não espera mais
a salvação de fora, mas a constrói com suas próprias mãos.
Ambiguidade
e desequilíbrio do nosso mundo
Mas
talvez o homem esteja percebendo que foi apressado demais ao proclamar sua
completa autonomia e ao pregar a morte de Deus, considerando-o supérfluo. A
embriaguez do progresso tornou-o, por pouco tempo, cego diante dos permanentes
desequilíbrios que existem no mundo e dos fenômenos novos, que, por sua própria
novidade, preocupam.
O
mundo se apresenta ainda cheio de problemas não resolvidos. Solucionados
alguns, permanecem outros cuja solução parece distante ou certamente
impossível, enquanto surgem sempre novos problemas, criados pelo próprio
progresso, pela ciência e pela técnica.
Aliás,
a ciência e a atividade técnica, embora buscando a salvação do homem, são
apenas um dos modos de se dispor a ela, ou melhor, apresentam somente o aspecto
mais primitivo, mais rudimentar e superficial da solução dos problemas humanos;
restam outros problemas sobre os quais a técnica e a ciência positiva nada ou
pouco têm a dizer.
Além
disso, o homem percebeu às próprias custas, infelizmente, que o progresso
técnico é fundamentalmente ambíguo, isto é, aberto tanto ao bem como ao mal, à
salvação como à perdição do homem.
A
dura experiência de duas guerras mundiais, os campos de concentração, as
terríveis devastações da primeira bomba atômica, o desequilíbrio produzido na
ecologia, a poluição atmosférica, as obscuras e apocalípticas visões dos
futurólogos, lhes propõem novamente o problema de uma ‘salvação’ de dimensões
mais vastas e profundas”.
Vivendo
em contexto de mudança de época, é tempo favorável de repensarmos nossa conduta,
e o modo como estamos semeando as esperanças do futuro no tempo presente.
A
reflexão do Missal é um convite a repensarmos que, se quisermos um novo
amanhecer pleno de vida para a humanidade, isto somente será possível, se tivermos abertura e coragem de rever os erros
cometidos, redirecionar nossos passos, e reencontrar em Deus o sentido da
própria História.
Construindo uma história sem Deus, o mundo e a humanidade
caminharão, sem perspectivas, para o vazio e à escuridão, e como bem disse o
Papa Francisco, “sem amor e sem Deus nenhum
homem pode viver sobre a terra” (2).
(1)
Missal Cotidiano, Editora Paulus, 1995 - pp.662-663
Encontro do Papa Francisco com os
jovens e suas famílias, na praça da Cultura de Lasi (Romênia), no dia 1º de
junho de 2019,
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