Mateus: chamado pelo Senhor para segui-Lo
“Jesus viu um homem chamado Mateus, sentado na coletoria de impostos e disse-lhe: ‘Segue-me!’ Ele se levantou e seguiu a Jesus” (Mt 9,9)
Ao celebrarmos a Festa de São Mateus, ouvimos a passagem do Evangelho de Mateus (Mt 9, 9-13), que nos apresenta Jesus chamando Levi (também conhecido por Mateus), para o Seu seguimento.
Reflitamos sobre o que acontece com quem tenha sido tocado e chamado pelo Senhor em algum momento de sua vida.
Não pode ficar contida, retida, aprisionada, a experiência pessoal do encontro com o Senhor, que nos chamou pelo nome, a cada um de um modo, e a cada um em uma determinada hora, envolvidos em nossas atividades, como vemos na passagem do Evangelho.
Num dos “Odes de Salomão” assim lemos:
“O Senhor deu-Se me a conhecer na Sua simplicidade, na Sua benevolência tornou pequena a Sua grandeza. Tornou-Se semelhante a mim para que eu O acolha, fez-Se semelhante a mim para que eu O revista.
Não me espantei ao vê-Lo, porque Ele é a misericórdia! Ele tomou a minha natureza para que O possa compreender, a minha figura para que não me afaste d’Ele” (1).
Retomemos estas palavras do Papa Bento XVI:
«No início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo. (...) Dado que Deus foi o primeiro a amar-nos (cf. 1 Jo 4, 10), agora o amor já não é apenas um “mandamento”, mas é a resposta ao dom do amor com que Deus vem ao nosso encontro» (Deus Caritas Est, 1).
Nisto consiste a vida do discípulo missionário do Senhor: tendo encontrado o Senhor, torna-se intermediário de um novo encontro para outra pessoa.
Deste modo, ter encontrado com o Senhor é ter feito a experiência do encontro com a misericórdia feito Carne.
Encontro com Alguém que Se fez próximo de nós, muito mais que possamos compreender, e quer conosco caminhar e fazer-nos discípulos missionários Seus. Ele é a proximidade de cada pessoa e a condescendência para com cada criatura.
Assim haverá de ser sempre o discipulado: encontrar e permanecer com o Divino Mestre, Jesus, deixar-se guiar, permanentemente, por Ele, para que que Ele nos conduza:
“No seguimento humilde e quotidiano do Senhor, saboreamos a Sua misericórdia e experimentamos o que é sermos chamados pela pura graça de Deus” (2).
Os primeiros discípulos deram sua resposta, agora é o nosso tempo, a oportunidade de também nos tornamos autênticas testemunhas do Messias, d’Aquele que veio ao nosso encontro.
Elevemos a Deus orações, por todos nós, para que, tendo feito este encontro com Jesus, sejamos corajosos intermediários, levando muitos ao encontro com o Senhor.
Rezemos de modo especial por todos os cristãos leigos e leigas, para que sejam no mundo um instrumento e sinal de esperança, fé e caridade, para que a luz de Deus se irradie mais forte e ilumine os cantos sombrios de nossa história, marcado ainda, pelo pecado, sofrimento, dor e tantos sinais de morte.
O Senhor nos chama, qual a nossa resposta?
(1) Lecionário Comentado – Vol. Tempo Comum - Editora Paulus - Lisboa 2011 – p.57
(2) Idem – p.58
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