sábado, 17 de agosto de 2024

Crendo e vivendo no Senhor, seremos eternos

                                                                 

Crendo e vivendo no Senhor, seremos eternos

A acolhida do Sermão sobre o Batismo, de São Paciano (séc. IV), nos enriquece em nossa espiritualidade, como discípulos missionários do Senhor:

Com Jesus, temos a nossa Ressurreição. Ainda que pela morte passemos, não morreremos para sempre:
“Como trouxemos a imagem do homem terrestre, levemos a d’Aquele que vem do céu; porque o primeiro homem, da terra, é terrestre, o segundo, do céu, é celeste (cf. 1Cor 15,47-49). Assim agindo, diletíssimos, já não mais morreremos. Mesmo que nosso corpo se desfaça, viveremos em Cristo, conforme Ele mesmo disse: Quem crer em mim, mesmo que esteja morto, viverá (Jo 11,15).”

Cremos em Jesus Vivo e Ressuscitado, que nos revela a face de Deus; comunica-nos Seu Espírito, que nos conduz como peregrinos nesta vida, porque agimos pela fé e não pela visão:
“Pelo testemunho do Senhor, estamos certos de que Abraão, Isaac, Jacó e todos os santos de Deus vivem. Destes mesmos diz o Senhor: ‘Todos para Ele vivem; Deus é Deus dos vivos, não dos mortos’ (cf. Mt 22,32). E o Apóstolo fala de si: ‘Para mim, viver é Cristo e morrer, um lucro; desejo dissolver-me e estar com Cristo’ (cf. Fl 1,21-23). De novo: ‘Quanto a nós, enquanto estamos neste corpo, peregrinamos longe do Senhor. Pois caminhamos pela fé, não pela visão’ (2Cor 5,6). É isto o que cremos, irmãos caríssimos.”

Cremos que fomos criados a imagem de Deus e, por meio de Jesus, alcançamos a vida perpétua:
“De resto: ‘Se apenas para este século temos esperança, somos os mais deploráveis de todos os homens (cf. 1Cor 15,19). Como se pode ver, a vida no mundo é a mesma para nós e para os animais, as feras e as aves. A vida deles pode até ser mais longa do que a nossa. Mas o que é próprio do homem, que Cristo deu por Seu Espírito, é a vida perpétua, contanto que não mais pequemos. Porque como a morte se encontra na culpa e é evitada pela virtude, assim o mal faz perder a vida, a virtude a sustenta. Paga do pecado, a morte; dom de Deus, a vida eterna por Jesus Cristo, nosso Senhor (Rm 6,23).
É Ele quem nos redime, perdoando-nos todo o pecado, assim fala o Apóstolo, destruindo o quirógrafo da desobediência lavrado contra nós; tirou-o do meio de nós, pregando-o na Cruz.”

Cremos que Jesus Se encarnou, viveu e morreu e Ressuscitou, e são indizíveis as maravilhas que nos alcançou:
Despindo a carne, rebaixou as potestades, triunfando livremente delas em Si mesmo (cf. Cl 2,13-15). Libertou os acorrentados, rompeu nossas cadeias, como Davi predissera: ‘O Senhor levanta os caídos, o Senhor liberta os cativos, o Senhor ilumina os cegos’ (cf. Sl 145,7-8). E ainda: ‘Rompeste minhas cadeias, sacrificar-te-ei uma hóstia de louvor’ (Sl 115,16-17). Libertados das cadeias, logo nos reunimos, pelo Sacramento do Batismo, o sinal do Senhor, livres pelo Sangue e pelo Nome de Cristo.” 

Urge que fiquemos vigilantes e em oração, até que venha o Dia do Senhor, preservando-nos de toda impureza do mal, porque somente os puros de coração verão a Deus:
Por conseguinte, queridos, somos lavados de uma vez, libertados de uma vez, de uma vez acolhidos no Reino imortal. De uma vez para sempre são felizes aqueles aos quais os pecados foram perdoados e cobertas as culpas (cf. Sl 31,1). Segurai com força o que recebestes, guardai-o bem, não pequeis mais. Preservai-vos puros do mal e imaculados para o Dia do Senhor.”.

Renovemos a alegria da pertença à Igreja, Corpo de Cristo, sendo Ele a cabeça: se o pecado entrou pelo mundo pelo primeiro Adão, a alma vivente; o último Adão, Jesus, nos comunica o Espírito vivificante, que nos acompanha e nos ajuda a viver um novo modo de vida em Cristo, abandonando os erros da vida antiga.

Crendo em Jesus Cristo Vivo e Ressuscitado, continuemos nossa peregrinação, porque pela fé, podemos sentir Sua divina presença, de modo especialíssimo no Augustíssimo Sacramento da Eucaristia.

Caminhemos com o Senhor, partícipes de uma Igreja Sinodal, verdadeiramente missionária e profética, como assim Ele o desejou e nos enviou; uma Igreja que, por sua ação e presença, a serviço da vida plena e feliz, mesmo enfrentando ventos contrários, permanece serena e confiante.

Deste modo, fazemos resplandecer a Luz de Cristo no mundo, e nos tornamos sal da terra, como nos falou o Senhor (Mt 5,13-16).

Contando com a presença do Senhor, e com o Sopro encorajador do Santo Espírito, a Igreja, como uma barca, jamais fica à deriva, e faz sua travessia até a outra margem. Amém. 

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG